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Introdução
O câncer é um dos problemas mais comuns e intensos da
medicina clínica. As estatísticas mostram que o câncer
provoca mais de 20% das mortes e, nos países desenvolvidos, é
responsável por mais de 10% do custo total da assistência
médica.
O câncer não é uma doença única, mas sim um nome
empregado para uma grande variedade de tumores malignos que
se formam pelo mesmo processo básico de crescimento
descontrolado. A proliferação celular resulta numa
( neoplasia ou tumor) que invade os tecidos vizinhos ( daí o
nome câncer, que significa caranguejo) e também pode enviar
metástases para locais mais distantes. O crescimento é
autônomo, cada vez mais maligno e, se não tratado,
invariavelmente é fatal. Dessa forma, o câncer apresenta
mecanismos para romper a defesa imunológica após iniciação do
processo de multiplicação desordenada.
LINFÓCITOS T
Os CTL proporcionam imunidade antitumoral in vivo. Na
verdade, a rejeição de tumores transplantados mediada por CTL
é o único exemplo estabelecido de imunidade antitumoral in
vivo. Nestes casos, as células efetoras são predominantemente
CTL CD8+, fenotípica e funcionalmente idênticos aos CTL
responsáveis pela morte de células infectadas por vírus ou
alogênicas. Os CTL podem desempenhar uma função de vigilância
por reconhecerem e matarem células potencialmente malignas
que expressem peptídeos derivados de proteínas celulares
mutantes e são apresentados associadamente a moléculas da
classe I do CPH. A importância dessa forma de imunovigilância
para tumores de origem não-viral é incerta, já que tais
tumores não são mais freqüentes em animais ou pessoas com
deficiência de linfócitos T em pacientes com supressão da
imunidade devido a drogas terapêuticas ou infecçaõ pelo VIH.
Por outro lado, os CTL tumor-específicos podem ser isolados
de animais e homens com tumores já estabelecidos. Por
exemplo, os linfócitos do sangue periférico de pacientes com
carcinomas e melanomas avançados contêm CTL que podem lisar
tumores explantados dos mesmos pacientes. Além disso, células
mononucleares derivadas do infiltrado inflamatório em tumores
sólidos humanos, os chamados linfócitos infiltrantes de
tumores ( TIL - Tumor-Infiltrating Lymphocytes), também
incluem CTL com a capacidade de lisar o tumor dos quais foram
isolados. Embora estas respostas possam não ser efetivas em
erradicar a maioria dos tumores por si mesmos, a
intensificação das respostas dos CTL pode ser alvo para a
terapia antitumoral em futuro próximo. A vigilância mediada
por CTL contra células infectadas pelo vírus oncogênicos
provavelmente ocorre naturalmente, como é sugerido pelo fato
de que os tumores associados a infecções virais ocorrem mais
freqüentemente em pacientes imunosuprimidos.
Embora os linfócitos T auxiliares CD4+em geral não sejam
citotóxicos para os tumores, eles podem desempenhar um papel
nas respostas antitumorais fornecendo citocinas para o
desenvolvimento de CTL efetivos. Ademais, os linfócitos T
auxiliares ativados por antígenos tumorais podem secretar
fator de necrose tumoral ( FNT) e interferon- γ ( IFN-γ )
que podem aumentar a expressão de moléculas da classe I do
CPH nas células tumorais aumentando sua sensibilidade à lise
pelos CTL. Uma minoria de tumores que expressam moléculas da
classe II do CPH podem ativar diretamente os linfócitos T
auxiliares CD4 + tumor-específicos. Mais comumente, as
células apresentadoras de antígeno ( CAA) profissionais que
expressem a classe II processam e apresentam proteínsa
interiorizadas derivadas de células tumorais que morrem ou
que são fagocitadas. Os linfócitos T CD4+ de indivíduos
portadores de tumores são específicos para produtos de
oncogenes, como a proteína ras mutada, mas ainda não foi
efetuada uma análise minunciosa de outros antígenos que os
linfócitos T auxiliares tumor-específicos podem reconhecer.
MACRÓFAGOS
Os macrófagos são potencialmente importantes mediadores
celulares de imunidade antitumoral. Seu papel é ingerido em
grande parte pela demonstração de que macrófagos ativados
podem preferencialmente lisar células tumorais, e não células
normais, in vitro. Como as células CN, os macrófagos
expressam receptores Fcγ e podem ter como alvos células
tumorais revestidas com anticorpo. Provavelmente os diversos
mecanismos de morte pelos macrófagos de células-alvo dos
tumores são essencialmente os mesmos que os mecanismos de
morte de microorganismos infecciosos pelos macrófagos. Estes
mecanismos incluem a liberação de enzimas lisossômicas,
metabólitos de oxigênio reativo e, em camundongos, óxido
nítrico.
Os macrófagos ativados também secretam a citocina fator
de necrose tumoral (FNT), que, como o nome implica, foi o
primeiro agente caracterizado que pode matar tumores, mas não
células normais. As várias ações do FNT, há evidências
convicentes de que um componente importante da morte de
tumores mediada por macrófagos deve-se à secreção de FNT. Por
exemplo, as células tumorais selecionadas in vitro para
resistência para à morte por macrófagos. A morte por ambos os
mecanismos é lenta (24 a 48 horas), pode ser intensificada
pelos inibidores da síntese de proteínas ou RNA e envolve
fragmentação do DNA nuclear, e não lise osmótica.
O FNT mata os tumores pelo menos por dois mecanismos
diferentes. Primeiramente, a ligação do FNT a receptores de
superfície celular de alta afinidade é diretamente tóxica
para células tumorais. A toxicidade pode ser resultado da
produção de radicais livres. As células normais respondem ao
FNT sintetizando superóxido dismutase, uma enzima que
participa da inativação de radicais livres. Ao contrário,
muitas células tumorais deixam de produzir superóxido
dismutase em resposta ao FNT. Desta forma, parte da
explicação da morte seletiva de células tumorais pelo FNT
pode ser a perda de superóxido dismutase nestas células, o
qual serve para proteger as células normais. Os efeitos
tóxicos diretos do FNT podem também envolver a ruptura das
proteínas do citoesqueleto ou interferência com a formação de
gap junctions. Em segundo lugar, o FNT pode causar necrose
tumoral por mobilizar várias respostas do hospedeiro in vivo.
De fato, até as células tumorais que não possuem receptores
de FNT podem ser erradicadas em camundongos por tratamento
com FNT. Uma observação fundamental é que o FNT erradica
seletivamente tumores vascularizados e é muito menos efetivo
em matar implantes avasculares. Histologicamente, a resposta
ao FNT atue seletivamente sobre os vasos tumorais, produzindo
uma reação semelhante à de Schwartzman, causando trombose de
vasos e necrose isquêmica dos tumores. Os vasos tumorais já
podem estar “iniciados” para desencadear a resposta de
Schwartzman, uma vez que encontrem o FNT. Alguns fatores
angiogênicos derivados do tumor, como o fator de crescimento
endotelial vascular, potencializam as respostas das células
endoteliais ao FNT.
ANTICORPOS
Embora os linfócitos T provavelmente sejam mais
importantes que os anticorpos em mediar respostas imunes
antitumorais efetivas, os hospedeiros portadores de timores
de fato produzem anticorpos contra antígenos tumorais. Os
antígenos que estimulam estas respostas imunes são
previsivelmente limitados a moléculas que não induziram
tolerância. Em alguns casos, estas respostas com anticorpos
são específicas para antígenos virais. Por exemplo, os
pacientes com linfomas associados ao EBV têm anticorpos no
soro contra antígenos virais codificados pelo EBV expressos
na superfície de suas células tumorais. Em outros casos, os
pacientes com câncer produzem anticorpos contra seus próprios
tumores, os quais podem ser usados para “tipagem autóloga” in
vitro para identificar os antígenos tumorais. Nestes casos,
os antígenos reconhecidos estão quase sempre presentes também
nos tecidos nos tecidos normais. Não existe evidência de um
papel protetor de tais respostas humorais contra o
desenvolvimento ou crescimento de tumor. Hibridomas têm sido
preparados com linfócitos B de pacientes com tumores que
produzem anticorpos monoclonais reativos com antígenos com
antígenos dos tumores dos pacientes. Novamente, estes
anticorpos não são específicos para antígenos expressos
exclusivamente em células tumorais. O potencial para
destruição de células tumorais mediada por anticorpos tem
sido em grande parte demonstrado in vitro e é atribuível a
ativação do complemento ou citotoxidade mediada por células e
dependente de anticorpos, na qual macrófagos portadores de
receptor Fc ou células NK mediam a morte. Permanecemos sem
saber se estes mecanismos Ig-dependentes de morte do tumor
desempenham ou não algum papel in vivo.
Bibliografia
1. Alberts B, Bray D, Lewis J, Raff M, Roberts K, Watson JD.
“Biologia Molecular da Célula”. Terceira edição. Editora
Artes Médicas.1997. Capítulo 24 – Câncer , 1255- 1291