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Arcadismo

O Arcadismo se inicia no início do ano de 1700 e por isso recebe o nome também de Setecentismo, ou ainda neoclassicismo. Esta
última denominação surgiu do fato dos autores do período imitarem, não de uma forma pura, mas alguns aspectos da antigüidade
greco-romana ou o chamado Classicismo, e também os escritores do Renascimento, os quais vieram logo após a idade clássica. O
classicismo compreende a época literária do Renascimento, no qual o homem tem a visão antropocêntrica do mundo, ou seja, o
homem como centro de todas as coisas. Os renascentistas prezavam as obras clássicas, já que tinham a convicção de que a arte
tinha alcançado sua perfeição. Assim como os renascentistas, os escritores árcades pretendiam retomar o estilo clássico, contudo
com uma nova maneira, denominada de Neoclássica, de observar as considerações artísticas abordadas naquele período, como a
razão e a ciência, conceitos oriundos do Iluminismo.

 O Iluminismo é determinado pela revolução intelectual ocasionada por volta dos séculos XVII e XVIII, o qual trazia como lema:
liberdade, igualdade e fraternidade, o que influenciou os pensamentos artísticos da época na Europa, e principalmente a Revolução
Francesa, a independência das colônias inglesas da América Anglo-Saxônica e no Brasil, a Inconfidência Mineira.

 O novo modo de analisar a cientificidade e a racionalidade da época árcade fugia das convenções artísticas da época, já que os
escritores retomam as características clássicas, como: bucolismo (busca de uma vida simples, pastoril), exaltação da natureza
(refúgio poético, em oposição à vida urbana), pacificidade amorosa (relacionamentos tranqüilos), a mitologia pagã, clareza na escrita
com utilização de períodos curtos e versos sem rima. Os poetas árcades são freqüentemente citados como fingidores poéticos, pois
escrevem sobre temas que não correspondem com a realidade do período histórico, visto anteriormente.

 Um dos principais escritores árcades foi o poeta latino Horácio, que viveu entre 68 a.C. e 8 a.C., e foi influenciador do pensamento
do “carpe diem”, viver agora, desfrutar do presente, adotado pelo Arcadismo e permanente até os dias de hoje.
Os principais autores do Arcadismo brasileiro são: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Santa Rita Durão.

 1768-1808

As formas artísticas do Barroco já se encontram desgastadas e decadentes. O fortalecimento político da burguesia e o aparecimento
dos filósofos iluministas formam um novo quadro sócio político-cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão. Combate-se
a mentalidade religiosa criada pela Contra-Reforma.

Conhecida como Arcadismo, uma influência que inspirava-se na lendária região da Grécia antiga, já chegava à Itália .

No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a
fundação de academias Arcadismos, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.

Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que
historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes. A primeira obra do arcadismo foi feita em
1768, denominada Obras Poéticas, de Cláudio M. da Costa.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO

A ausência de subjetividade, o racionalismo, o soneto (forma poética), simplicidade, pseudônimos e bucolismo (natureza) e o
neoclassicismo são umas das características do Arcadismo, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco. Entre outros:

FUGERE URBEM

Os árcades buscavam uma vida simples, bucólica, longe do burburinho citadino.


Inutilia truncar

A frase em latim resume grande parte da estética árcade. Ela significa que "as inutilidades devem ser banidas" e vai ao encontro do
desprezo pelo exagero e pelo rebuscamento, característicos do Barroco.
CARPE DIEM

Aproveitar o dia, viver o momento presente com grande intensidade, foi uma atitude inteiramente assumida por esses poetas.

POETAS DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA

Não existiu, no Brasil, uma Arcádia, como em Portugal. Um vigoroso grupo intelectual (o grupo mineiro) destacou-se na arte
Arcadismo e na prática política, participando ativamente da Inconfidência Mineira.

Esse grupo, constituído por Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Manuel Inácio da
Silva Alvarenga e outros intelectuais, foi desfeito de forma violenta, com a prisão, desterro ou morte de alguns poetas, à época da
repressão política em torno do episódio da Inconfidência.

Com os olhos voltados para a terra natal, esses poetas árcades iniciaram o período de transformação da literatura brasileira, que
se vai efetivar, realmente, no século XIX, com os românticos. Tomás Antônio Gonzaga escreveu Marília de Dirceu, uma poesia lírica,
e Cartas Chilenas, poesia satírica. Cláudio Manoel da Costa inspirou-se em Camões para escrever Obras Poéticas. Silva Alvarenga
fez obras em forma clássica. Outros poetas como Basílio da Gama (O Uraguai) e Frei Santa Rita Durão (Caramuru) aparecem neste
cenário.

CONTEXTO HISTÓRICO

Em meados do século XVIII, a Europa passou por uma importante transformação cultural, marcando a decadência do pensamento
barroco. A burguesia inglesa e francesa, impulsionada pelo controle do comércio ultramarino, cresceu, dominando a economia do
Estado. Em contrapartida, a nobreza e o clero, com seus ideais retrógrados, caíram em descrédito.

A ideologia burguesa culta, sustentada na crítica à velha nobreza e aos religiosos, propagou-se por toda Europa, sobretudo na
França, onde foram publicados O Espírito das Leis (1748), de Montesquieu, e o primeiro volume da Enciclopédia (1751), que tem à
frente Diderot, Montesquieu e Voltaire. As idéias desses enciclopedistas, defensores de um governo burguês e do ideal do "bom
selvagem", de Rousseau - "o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe, devendo, portanto, retornar para a natureza"-,
impulsionaram o desenvolvimento das ciências, valorizando a razão como agente propulsor do progresso social e cultural. A
burguesia, em oposição ao exagero cultista barroco, voltou-se para as questões mundanas e simples, relegando a religião a um
segundo plano. Sua arte emergente caracterizou-se pela volta à simplicidade clássica.

Esse movimento, chamado Iluminismo, espalhou-se pela Europa, influenciando Portugal. Marquês de Pombal, ministro de D. José I,
com o propósito de colocar o país em dia com o progresso Europeu, executou a tarefa de renovação cultural, expulsando os
jesuítas, em 1759. O ensino, monopólio do clero, tornou-se então leigo. Fundaram-se escolas e academias, e Portugal passou a
respirar um clima de novidade e de mudanças na arte, ciência e filosofia.

No século XVIII, o Brasil passou por mudanças importantes: a cultura jesuítica começou a dar lugar ao Neoclassicismo; Rio de
Janeiro e Minas Gerais destacaram-se como centros de relevância política, econômica, social e cultural; foi crescente o número de
estudantes brasileiros, que se expuseram às influências dos novos ideais e tendências, em universidades da Europa.

Conseqüentemente, o Iluminismo e os acontecimentos que abalaram a ordem política e social do Ocidente - Independência Norte
Americana e Revolução Francesa - tiveram ampla repercussão no crescente sentimento nativista brasileiro e no descontentamento
reinante, provindo da área de mineração. Vila Rica, em Minas, foi berço dos principais acontecimentos setecentistas, surgindo os
poetas do Arcadismo e a Inconfidência.

CARACTERÍSTICAS

Nesse panorama iluminista de renovação cultural, da segunda metade do século XVIII, nasce uma nova estética poética: O
Arcadismo, também denominado Setecentimo ou Neoclassicismo, que se posiciona contra a exuberância e problemas metafísicos
do Barroco e propõe uma literatura mais equilibrada e espontânea, buscando harmonia na pureza e na simplicidade das formas
clássicas greco-latinas. A frase latina: Inutilia truncat ("as inutilidades devem ser banidas") resume tal posição. Outros temas
clássicos são Fugere urbem ("fugir da cidade"), Locus amoenus ("local ameno"), Carpe diem("aproveitar o momento") e Aurea
mediocritas ("mediocridade do ouro"). A teoria do "bom selvagem" de Rousseau, por sua vez, traduzem a postura árcade.

Os poetas arcádicos, angustiados com os problemas urbanos e o progresso científico, propõem a volta à simplicidade da vida no
campo e o aproveitamento do momento presente. Embora citadinos, recriam, em seus versos, paisagens bucólicas de outras
épocas, verdadeiros fingimentos poéticos, usando pseudônimos gregos e latinos, imaginando-se pastores e pastoras amorosos,
numa vida saudável idealizada, sem luxo e em pleno contato com a natureza. A poesia árcade se realiza através do soneto, com
versos decassílabos e a rima optativa, e a tradição do épico, retomando os modelos do Classicismo do século XVI. A estética
inovadora viria posteriormente com o Romantismo, que vai procurar criar uma nova linguagem, capaz de refletir os ideais
nacionalistas, uma de suas características essenciais.

Também chamado de Escola Mineira, o Arcadismo no Brasil segue os moldes portugueses, resultando em uma poesia refinada
que, ao se utilizar da paisagem mineira como cenário bucólico para os pastores, valoriza as coisas da terra, revelando um forte
sentimento nativista.

A presença do índio na poesia reflete o ideal do "bom selvagem" e dá ao Arcadismo brasileiro um tom diferente do europeu.

Outra característica bem distinta do Arcadismo aqui realizado é a sátira política aos tempos de opressão portuguesa e da corrupção
dos governos coloniais.

O Arcadismo no Brasil é estabelecido por um grupo de intelectuais e a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa
, marca o início do movimento.

A atuação do grupo cessa com o fim trágico da Inconfidência, em 1789. Há controvérsia sobre a existência da Arcádia Ultramarina,
instituída, em 1768, por Cláudio Manuel da Costa, nos moldes da Arcádia Lusitana. Entretanto, mesmo que não tenha havido tal
Academia, há evidências de que, pelo menos, praticava-se o Arcadismo.

ARCADISMO- parte I

Objetivo: esta lição mostrará detalhe sobre o estilo literário: arcadismo. Como surgiu, quais foram os seus
principais autores e escritores. Que ideologias foram as bases para esse movimento e como ele repercutiu na
sociedade da época. Como foi a sua atuação em Portugal.

ARCADISMO

O Arcadismo, ou Setecentismo (anos 1700) ou Neoclassicismo é o período que  caracteriza principalmente a


Segunda metade do século XVIII,porque o espírito reformista envolve este século numa valorização antropocêntrica,
de um saber racional que reflete o desenvolvimento tecnológico, industrial, social e científico. Vive-se, agora, o
Século das Luzes, o iluminismo burguês que prepara o caminho para a Revolução Francesa.

 No início do século XVIII ocorre a decadência do pensamento barroco, para a qual colaboraram vários
fatores: o exagero da expressão barroca havia cansado o público, e a chamada arte cortesã, que se desenvolvera
desde a Renascença, atinge em meados do século um estágio estacionário e mesmo decadente, perdendo terreno
para o subjetivismo burguês; o problema da ascensão burguesa supera a questão religiosa; surgem as primeiras
arcádias, que procuram a pureza e a simplicidade das formas clássicas; no combate ao poder monárquico, os
burgueses cultuam o "bom selvagem", em oposição ao homem corrompido pela sociedade do Ancien Régime ( o
velho regime monárquico). Como se observa, a burguesia atinge a  hegemonia econômica e passa a lutar pelo poder
político, então em mãos da monarquia. Isso se reflete claramente no campo social e artístico: a antiga arte
cerimonial cortesã dá lugar ao gosto burguês.

 O Arcadismo tem espírito nitidamente reformista, pretendendo reformular o ensino, os hábitos, as atitudes
sociais, uma vez que é a manifestação artística de um novo tempo e de uma nova ideologia. No século XVIII a
influência sobre Portugal vem da França devido a emancipação política da burguesia. Essa mesma burguesia é
responsável pelo desenvolvimento do comércio e da indústria e já assistia a algumas vitórias na Inglaterra e Estados
Unidos. Na França, a partir de 1750, os filósofos atacam o poder real e clerical e denunciam a corrupção dos
costumes com grande violência.

 Em Portugal, o Arcadismo estende-se desde 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, até 1825, com a
publicação do poema "Camões", de Almeida Garret, considerado o marco inicial do Romantismo português.

 
No Brasil, considera-se como data inicial do Arcadismo o ano 1768, em que ocorrem dois fatos marcantes: a
fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica, e a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa. A Escola
Setecentista desenvolve-se até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, a qual, com suas medidas
político-administrativas, permite a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.

 - CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL

 No século XVIII, o fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam
um novo quadro sociopolítico-cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão.

 Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contra-Reforma, nega-se a educação jesuítica praticada
nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura
renascentista. A literatura tem por objetivo restaurar o equilíbrio por meio da razão.

 Em meados do século XVIII surge na Inglaterra e na França uma burguesia que passa a dominar
economicamente o Estado, através de um vasto comércio ultramarino e da multiplicação de estabelecimentos
bancários, assenhoreando-se mesmo de uma parte da agricultura. Em toda a Europa tais circunstâncias são
semelhantes, e as influências do pensamento burguês se alastram. Nesse momento, geram-se duas manifestações
distintas, mas que se completam.

 O momento poético nasce de um encontro, com a natureza e os afetos comuns do homem, refletidos
através da tradição clássica e de formas bem definidas, julgadas dignas de imitação  ( Arcadismo); e o momento
poético ideológico, que se impõe no meio do século, e traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e
do clero.

 Em 1748, Montesquieu publica O espírito das leis, obra na qual propõe a divisão do governo em três
poderes ( Executivo, legislativo e Judiciário). Voltaire, como Montesquieu, relacionado com a alta burguesia, defende
uma monarquia esclarecida. Em 1851, dirigido por Diderot e D'Alembert, aparece o Discours préliminaires de
l'encyclopédie, cultuando a razão, o progresso e as ciências. Importante papel desempenhou Jean-Jacques
Rousseau ( O contrato social; Emílio), defensor de uma governo burguês e do ideal de "bom selvagem"o homem
nasce bom, a sociedade é que o corrompe"; portanto, o homem deveria voltar-se para o refúgio da natureza pura).
É dentro desse quadro que se desenvolve o Iluminismo europeu, transformando o século XVIII no Século das Luzes,
que resulta no despotismo esclarecido, governo forte dando segurança ao capitalismo mercantil da burguesia e
preparando terreno para a Revolução Francesa.

 A influência neoclássica penetrou em todos os setores da vida artística européia, no século XVIII.

 Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como Arcadismo, inspirava-se na lendária
região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pan e habitada por pastores que,
vivendo de modo simples, e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o
prazer.

 Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a Arcádia em 1690 - uma academia literária que
reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroso e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes
com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literários árcades usavam roupas e pseudônimos de
pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural.

 No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo
italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.

 Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em
formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes.

 - EXPRESSÃO ARTÍSTICA DA BURGUESIA

 Foi  nesse contexto de fermentação filosófica e lutas políticas que surgiu o Arcadismo, voltado para um
novo público consumidor, formado pela burguesia e pela classe média. Como expressão artística dessas camadas
sociais, o Arcadismo identifica-se com as idéias da Ilustração e veicula-as sob a forma de valores que se opõem ao
tipo de vida levado pelas cortes aristocráticas e à arte que consumiam, o Barroco.

 Daí a idealização da vida natural, em oposição à vida urbana; a humildade, em oposição aos gastos
exorbitantes da nobreza; o racionalismo, em  oposição à fé; a linguagem simples e direta, em oposição à linguagem
rebuscada do Barroco. Esses valores artísticos e culturais assumiram, no contexto da sociedade européia do século
XVIII, um significado de clara contestação política, já que flagravam os privilégios da nobreza e do clero e
propunham uma sociedade mais justa, racional e livre.
 O Arcadismo pode ser visto, sob o ponto de vista ideológico, como um arte revolucionária. Contudo, do
ponto de vista estético, é uma arte conservadora, pois ainda se liga à tradição clássica, tanto tempo cultivada pelas
cortes aristocráticas.

 - CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO LITERÁRIO

 A linguagem árcade é a expressão das idéias e dos sentimentos do artista do século XVIII. Seus temas e
sua construção procuram adequar-se à nova realidade social vivida pela classe que a produzia e a consumia: a
burguesia.

 Outras características da linguagem árcade que merecem destaque:

 Características

 - Arte ligada ao Iluminismo. Oposição ao absolutismo despótico e ao poder (barroco) da Igreja.

 -  Afirmação orgulhosa da racionalidade. Razão = Verdade = Simplicidade e clareza.

 -  Culto da simplicidade. Como se atinge a mesma? Através da imitação (não no sentido de cópia, mas no
de seguir modelos já estabelecidos).

 - Imitação dos clássicos gregos. Em especial, Virgílio e Teócrito, clássicos pastoris.

 - Imitação da natureza campestre, isto é, da ordem e do equilíbrio que essa natureza apresenta, o que dá
a mesma um caráter de paraíso perdido. Dois elementos decorrem da aproximação do árcade da natureza
campestre:

 - Bucolismo: adequação do homem à harmonia e serenidade da natureza.

 - Pastoralismo: celebração da vida pastoril, vista como um eterno idílio entre pastores e pastoras.

 - Ausência de subjetividade. O autor não expressa o seu próprio eu, adota uma forma pastoril ( era comum
os escritores usarem pseudônimos em seus poemas,sonetos e obras, como exemplo: Cláudio Manuel da Costa é
Glauceste Satúrnio, Tomás Antônio Gonzaga é Dirceu, Basílio da Gama é Termindo Sipílio,)

 - Amor galante. O amor é entendido como um conjunto de fórmulas convencionais.

 fugere urbem ( fuga da cidade): influenciados pelo poeta latino Horácio, os árcades defendiam o
bucolismo  como ideal de vida, isto é, uma vida simples e natural, junto ao campo, distante dos centros urbanos. Tal
princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo francês Jean Jacques Rousseau, segundo o qual a civilização
corrompe os costumes do homem, que nasce naturalmente bom.

 aurea mediocritas ( vida medíocre materialmente mais rica em realizações espirituais): A


idealização de uma vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e triste na cidade. Nestes versos de
Tomás Antônio Gonzaga, por exemplo, são exaltados o trabalho manual e o sentimento, em oposição ao
artificialismo e às facilidades da vida urbana:

 Se não tivermos lãs e peles finas,

Podem mui bem cobrir as carnes nossas

As peles dos cordeiros mal curtidas,

E os panos feitos com as lãs mais grossas.

Mas ao menos será o teu vestido

Por mãos de amor, por minhas mãos cosido.

 Idéias iluministas: como expressão artística da burguesia, o Arcadismo direciona certos ideais políticos e
ideológicos dessa classe, no caso, ideais do Iluminismo. Os iluministas foram pensadores que defenderam o uso da
razão, em contraposição à fé cristã, e combateram o Absolutismo.

 
Convencionalismo amoroso: na poesia árcade, as situações são artificiais; não é o próprio poeta quem
fala de si e de seus reais sentimentos. No plano amoroso, por exemplo, quase sempre é um pastor que confessa o
seu amor por uma pastora e a convida para aproveitar a vida junto à natureza. Porém, ao se lerem vários poemas,
de poetas árcades diferentes, tem-se a impressão de que se trata sempre de um  mesmo homem, de uma mesma
mulher e de um mesmo tipo de amor. Não há variações emocionais. Isso ocorre devido ao convencionalismo
amoroso, que impede a livre expressão dos sentimentos. O que mais importava ao poeta árcade era seguir a
convenção, fazer poemas de amor como faziam os poetas clássicos, e não expressar os sentimentos. A mulher é
vista como um ser superior, inalcançável e imaterial.

 Carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é possível, esta idéia  é retomada pelos
árcades e faz parte do convite amoroso.

 - O ARCADISMO EM PORTUGAL

 Para os portugueses, o século XVIII iniciou-se com um processo de modernização, através dos planos
econômico, político, administrativo, educacional e cultural. A produção literária foi ampla e variada, incentivada
principalmente pelas academias literárias árcades. A principal expressão literária desse período, Manuel Maria du
Bocage, foi um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos,  Nas primeiras décadas desse século,
chegaram a Portugal as idéias iluministas, que entusiasmaram intelectuais, artistas e até mesmo o rei D. João V e
seu sucessor D.José I, que desejavam modernizar o país.

 Esse projeto deveria, ainda, satisfazer os interesses da burguesia mercantil e colonial, equiparando
Portugal novamente às grandes nações européias. Com amplos poderes, e, na condição de ministro, o Marquês, foi
indicado a liderar essas idéias.

 Com formação estrangeira, o Pe. Luis Antônio Verney, mudou significativamente o cenário científico e
artístico português, usando projeto de reforma pedagógica. Suas idéias expostas na obra :Verdadeiro método de
estudar (1764), em que o escritor, atacava a orientação que os jesuítas davam ao país. Criticava a arte barroca e
seus adeptos, como o Pe. Vieira.Nem mesmo Camões escapou das críticas, que viam nas antíteses camonianas,
traços da estética barroca.

 Essas críticas originaram um amplo debate sobre a necessidade de renovar a cultura portuguesa. Como
decorrência desse período de agitação cultural, foi fundada a Arcádia Lusitana, em 1756, considerada o marco
introdutório do Arcadismo em Portugal.

 As academias literárias

 As academias literárias eram agremiações que tinham por objetivo promover o debate permanente sobre a
criação artística, avaliar criticamente a produção de seus filiados e facilitar a publicação de suas obras.

 Portugal contou com duas importantes academias árcades: a Arcádia Lusitana, que efetivamente deu início
ao movimento árcade em Portugal, e a Nova Arcádia (1790), que contou com o maior poeta português do século
XVIII: Manuel Maria Barbosa du Bocage.

 O gênero literário predominante durante o Arcadismo português foi a poesia.

 Durante o século XVIII, dos escritores portugueses que mais se destacaram , um merece atenção especial:

 MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE:(Elmano Sadino)

 O poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage, também conhecido com o pseudônimo árcade de
Elmano Sadino ( Elmano é um anagrama de Manuel e Sadino é relativo ao rio Sado, que corta a cidade de Setúbal,
onde nasceu em 15 de setembro de 1765)Além das inúmeras experiências amorosas, ele viveu aventuras nas
colônias portuguesas do Oriente como na Índia (Goa) e na China (Macau), teve quase o mesmo caminho que de
Camões. Como ele, Bocage também se incorporou em companhias militares, lutou na guerra, naufragou, amou
muitas mulheres e sofreu com elas, foi preso e morreu na miséria.

 Foi na lírica, em especial nos sonetos, que Bocage atingiu o ponto alto de sua obra, embora também tenha
se destacado como poeta satírico e erótico.

 Bocage é considerado o melhor escritor português do século XVIII e, ao lado de Camões e de Antero de
Quental, um dos três maiores sonetistas de toda a literatura portuguesa. Isso ocorreu porque sua obra traduz o
momento transitório que viveu (1765-1805), ou seja, um período marcado por mudanças profundas, como a
Revolução Francesa (1789) e o florescimento do Romantismo. Assim, a obra de Bocage, em sua totalidade, não é
árcade nem romântica: é uma obra de transição, que apresenta simultaneamente aspectos dos dois movimentos
literários.

 
 

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