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Coleção BROCHURA / PDF / ESPIRAL
Capa
COELHO DE MORAES
Sobre foto sei lá de quem for
coelhodemoraes@terra.com.br
Cidade de Mococa
São Paulo
2010
EDITORA ALTERnativaMENTE 2
LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 3
LUA NEGRA
ADÃO, LILITH, EVA, SAMAEL, CAIM, HÉCATE, LÂMIA, ÊMPUSA, IGRAT, ANJOS:
SANVAI, SANSEVAI e SEMANGELOF, FILHA DE LILITH, soldados, mulheres e
homens das legiões do Éden e das Legiões de Lilith , LAMASHTU (assassina
crianças), STREGA, MAHALAT (Concubina de Samael). MONJES: Coro
EDITORA ALTERnativaMENTE 3
LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 4
LUA CRESCENTE
Imagem da Lua cheia. Madrugada. Meio do mato. Névoa sai do chão. Barulho de
água. Névoa sobre águas. Um ser com forma não definida – os atores envolvidos
em abraço muito apertado como se fossem um.Os atores, recobertos porém com
uma gosma densa parecida com gel ou com líquido amniótico. Separam-se em
estertores.
Para não chover no molhado escusa dizer que o texto é pretexto. Pode-se
interpretar oratorialmente ou trocar a oratória por cenas sem texto sempre que
possível.
Mudança de tempo. O barulho das águas não para. Característica básica das cenas
é a umidade, tentando uma ligação com a água da vida. Mais névoa.Uma folha,
ocasionalmente, voa e desperta Adão.O casal, nesse início, tem um ar de assombro,
leve desespero, buscando resposta para uma pergunta que não foi feita.
CENA 1
Adão acorda primeiro e se manifesta
A: Meu corpo foi mudado. Mas falta uma parte... Falta parte do meu corpo e parte da
minha memória. Do lodo da lembrança eu revejo um passado. Eu não via formas.
Só havia névoas sobre a face do abismo. Então a luz se fez. (observa assombrado).
Um brilho imenso que rasgou a noite. O que eu era percebeu-se em um mundo
novo. Um Jardim seguro e definitivo.
Lilith acorda em seguida e se manifesta
L: Meu corpo foi mudado. Mas falta uma parte. Falta parte do meu corpo e parte da
minha memória. Do lodo da lembrança eu revejo um passado. Houve dia e houve
noite. Água dos mares e água da chuva. Folhas e frutos cresceram da terra. Raízes
brotaram do ventre da terra. (olha em torno desesperada) Animais pastam livres
nas terras do Jardim.
Aproximam-se para se conhecerem. Tocam um ao outro. Há estranheza com a
textura do lodo, do gel, do manuseio do corpo.Tudo aquilo que é tabu para a platéia
deve ser explorado pelos hominídeos recém-nascidos. Os atores devem encarar a
situação sob a óptica de quem chegou agora e nada sabe, mantendo, no entanto,
as sensações de adulto. Nunca foram crianças.
Subitamente um brilho atrás e a silhueta de um anjo munido de espada. Novo brilho
em pontos diferentes do palco e surgem, ao mesmo tempo, três anjos: SANVAI,
SANSEVAI e SEMANGELOF. Ambiente enevoado, principalmente quando os anjos
falam. Nada é muito claro e pode ser confundido com sonho. Luzes e cores
aumentam esta sensação.
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LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 5
Lilith olha para Adão. Algo como a questionar. E parte. Em seguida imagens que
possam determinar um Éden perfeito e belo.
Fade out Fade in Para Lilith coberta de barro em conversa íntima com Adão. Eles
estão grudados como se a aproximação bastasse para rejunta-los. A expressão
corporal é o determinante.
L: Eu também fui feita da terra. Tenho direitos sobre o Jardim e dele farei o que
quiser. Não se ponha a dar ordens e nem a interpretar a vontade de El Shadai como
se fosse ele.
A: O nosso lugar é aqui.(toma do barro do chão) Usufruir e retirar prazer do Jardim,
nada mais do que isso.
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LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 6
L: Mais do que isso é saber. Saber das coisas. Buscar outros caminhos. E é preciso
saber. Nós tenho um mundo para conhecer.
A: Já foi dito que é proibido conhecer.
L: Não existe quem nos proíba de nada. As portas estão abertas.
A: A legião de criadores impôs limites... entenda parte-de-mim-que-se foi...
L: Para que não nos tornemos iguais a eles. Esse é o medo que eles têm. O medo é
deles e não meu.
A: Os Anjos de El Shadai não permitirão que você saia pelo mundo além do Jardim.
L: Eu sei como sair. Basta pronunciar o nome do Príncipe deste Mundo.
A: E as desgraças descerão sobre todos os seres viventes.
L: Todos os seres viventes mortais...
(ela se espoja na lama. Com o barro ela fará objetos. Ela dançará sobre o barro.)
(aos gritos, delirante. Corte para Lilith deitada na terra de um campo aberto,
ensolarado, mas seco. Cena curta. Fade out.
Fade in: Os corpos estão molhados.O casal olha para as águas. Adão puxa Lilith
para si.Tentativa de sexo. Depois de algum tempo ela passa se apartar dele. Sexo é
conflito e é descoberta. Ela tenta outras posições mas Adão sempre que ficar por
cima. Tradicional. Conflito.
L: Todas as vezes em que fazemos isso você quer ficar por cima... o peso do seu
corpo me sufoca.
A: Assim é o certo.
L: Por que devo deitar-me embaixo de você? Por que devo abrir o meu corpo? Por
que ser dominada por você?
A: Quieta... (meio rude) abre as pernas pra eu entrar.
L: Eu também fui feita de pó e por isso sou sua igual.
A: Eu me recuso a mudar essas posições. Há uma "ordem" que não pode ser
transgredida. Lilith deve submeter-se. Todos os animais se submetem.
Lilith sai em velocidade. Caem as sombras da noite.Fade para uma LUA CHEIA.
Vinheta para Adão que tem relações com a terra ou se masturba fazendo lama com
esperma e terra ( da lama e das sujeiras da terra) Fade para a cena que se segue.
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LUA CHEIA
CENA 2
Vento sobre areia. Em uma caverna ou em ruínas como pós guerra. Fogueira e
sombras. Castiçais e material de couro e artefatos de guerra. Vários guerreiros
chegam e depositam seus objetos naquele lugar. Tochas por todo lado.Cantigas
originais e rudes.
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CENA 3
De dentro do pó da terra – relembra local onde Adão fecundou a terra - Surge uma
mulher deitada em posição embrionária: EVA. Adão está composto com alguma
roupa rude.
A: Quem é você?
E: (Como que tendo visões) Macho e fêmea os criou. Macho-fêmea, à imagem e
semelhança de Deus.
A: Procuro a-parte-que-me-foi. São tantas as mulheres desta terra que eu não sei
mais de onde se vem e para onde se vai...
E: El-Shadai me enviou.
A: Você nasceu da minha semente?
E: Se quiser... fica comigo.
A: Eu habito esse Jardim e não quero perdê-lo. Passei os dias tentando encontrar o
meu outro pedaço... hoje eu acho que essa procura será inútil....
E: Estou aqui...
A: Você não é a que de mim se foi.
E: Mas tenho os mesmos atributos.
A: Será impossível encontrar quem verdadeiramente me complete nessa imensidão
de mundo.... entre tantas milhares de pessoas e animais...
E: Vou ficar do seu lado... para sempre... se você quiser...
A: Gerar filhos e cuidar do Jardim... nada de nutrir idéias pelo mundo. Querendo
praticar as duas coisas ao mesmo tempo a mulher pode ficar invadida pelo furor
assassino de...
E: De quem? Outra mulher?
A: ... não(!)... essa não é mulher... é um demônio(!)... Lilith... ela está do outro lado.
Ela fugiu do Jardim... ela coabita com outros demônios... e gera demônios...
E: E como ela se parece?
A: Afasta-se dela... e não tome das árvores... não coma dos frutos... nenhum fruto...
E: Mas eu já provei de alguns...
A: (desesperado) Não! Afaste-se daquela árvore do centro do Jardim. Ela nos
poderá matar... assim disseram os anjos...
PASSAGEM DE TEMPO para...
Cena noturna. Lilith e outras mulheres na mata. Lâmia. Uma dança orgiástica.
Risadas. Um drama. Lilith entra em transe. Cena delirante e movimentada.
L: Adão foi expulso do Jardim do Éden. Adão, gerará espíritos, demônios machos e
fêmeas. Ele romperá relações com a sua mulher.
LÂ: ( bruxas aos gritos lascivos ): Os sons noturnos, as dores noturnas. Os perigos
para as almas de todo ser vivo. Lilith é a fêmea de Samael. Esposa de Ashmodai.
Mulher de todos os demônios da Terra. Adão foi retirado dela. Ela sabe do que fala.
Mas, isso tudo é vingança, também.
L: Por que razão seria eu como a que se cobre com o véu?
LÂ: O governo do mundo é todo seu.
S: Vinho! Vamos comemorar as últimas vitórias no campo sangrento.
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(vinho jogado sobre os corpos – orgia geral. Palavras entre risadas e loucuras.
Brumas. Fade para os anjos)
S1: O macho era Samael e a fêmea era Lilith. Lilith foi enviada para viver com a
humanidade.
S2: A mulher sedutora, o súcubo mortal e a mãe castradora.
S3: As águas nutrem Lilith e o vento Sul dissemina sua influencia.
CENA4
Solene. Tribunal de anjos TA. Dentro de uma catedral ou igreja sob ângulos
estranhos. Um gongo ou clarins. Movimento de monges.
CENA5
Dia avermelhado com filtros ou gravações ao por ou nascer do sol. A cena se
transpõe – ao final da fala - para as margens do Mar Vermelho. Lilith ajoelhada,
olhando as águas e pegando o pó da terra. Atrás vemos uma procissão a cavalo(?)
de entrada dos Três Anjos – TA. Do outro lado das águas os SOLDADOS de Lilith –
SL. Cortes alternados: TA, L e SL. Água do mar sempre a bater.
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TA: (Movimento de cavalos) Então, você ficará no deserto com seus machos.
L: As legiões se preparam. A noite se aproxima e a Lua cobrirá todos os céus do
Universo.
TA: Maldita seja... suas legiões perderão cem filhos por dia. Serão febres e solidão.
Desaparecimentos e distancias. Faltará alimento. Faltará água e leite. Faltará mel.
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LUA MINGUANTE
CENA 6
As cenas do jardim, a pós a figa de Lilith tendem, a ser azuladas. Noturnas. Perto do
jardim. Adão fala em sonhos. Eva, ao lado. Lilith entra, furtiva. A câmara a vem
seguindo enquanto ela desliza pelas águas ou lama. O ambiente é misterioso e
enevoado. Rasteja sinuosa, coleante. Tem que lembrar uma cobra.
E: A mulher tem sido mutilada. Ela é sempre metade do que deve ser.
L: Nós podemos ser um símbolo de sabedoria e de força.
E: Quem é você?
L: Lilith.
A: (delírio) Você, Lilith, não entrará nem nada fará; nem você nem o seu bando.
Retorna, retorna, o mar está revolto, suas ondas a aguardam. Mantendo-me fiel ao
sagrado, o Rei me perdoará.
(Durante a conversa Lilith oferece elas dividem u’a maçã / pode ser que mergulhem
numa piscina de maçãs / ou se rolem sobre maçãs no chão)
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LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 12
L: Não há demônio algum. Isso não passa de um desculpa. Mas, você não é um
deusa como eu... criada à imagem e semelhança de Deus.
E: E o que é que você tem para contar?
L: Eu sou a primeira mulher, mas, certamente não serei a mãe da humanidade e
nem dos seres viventes da Terra.
E: Do Jardim tudo se pode usar e conhecer... posso comer de qualquer árvore,
menos a daquela. Mas eu tenho dúvidas.
L: Se você não comer daquela árvore permanecerá com essas dúvidas.
E: Aquela é a árvore da dúvida?
L: (Ri) Algumas dessas dúvidas eu poderei resolver. Outras, eu deixarei com você.
E: A dúvida é essa leve angústia?
L: A dúvida não a matará. Será somente o seu leve desespero.
E: Os anjos afirmaram que se eu souber da verdade eu acabarei morrendo.
L: Isso é mentira. Mas o que consideramos por morte pode significar... mudanças.
Comendo da árvore do meio do Jardim você se tornará outra pessoa. É certo que
não morrerá. Mas é certo que você mudará.
E: Então por que a proibição?
L: Por que comendo dessa fruta seus olhos se abrirão e você perceberá que não
precisa dos deuses – a não ser para tirar de si mesma a responsabilidade sobre sua
vida. Tira de si mesma o poder de escolher.
Eva acorda Adão e sai, olhando para Lilith que passa a falar para Adão.
L: Está bem. Viva sua vida tranqüila. Mas eu sou a sua outra mulher. Eu sou a parte
que o completa, e não o deixarei; eu o amarei como sempre amei.
A: (para Eva) Lilith partirá ao amanhecer e eu não pretendo vê-la mais. Se ajo
apaixonadamente é porque nossa felicidade é curta.
L: Mas deixarei meu sabor e meu cheiro grudado na sua pele.
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Corte para dança de Lilith sob a luz da fogueira. Seres como animais invadem a
cena para se acasalar com Lilith.
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LUA NEGRA
CENA 7
Cena de fim de batalha. Carnificina. Samael está na caverna. O texto deve fazer
contraponto com as cenas de guerra mesmo que coreografadas.
H: Caiu? O casal protegido caiu? O encontro de Lilith com Eva surtiu o efeito
necessário. O Homem vai pagar por seu domínio sobre a Terra tendo que colher
dela e nela morrer.
S: O macho da espécie, Adão, percebeu que era como um deus e para não tomar
comando da árvore da vida , ou seja, viver para sempre - foi expulso do Jardim.
H: É hora de plantar as sementes da nova humanidade.
S: Lilith! (falando para o vazio em alto e bom som) fica sabendo que suas legiões
estão crescendo a cada momento.(soldados saem de buracos, como que brotando)
H: Sob teu comando, Samael, as batalhas sobre a Terra durarão para sempre. Você
é a espada do Rei Ashmodai.
S: Oitenta mil espíritos destrutivos estão sob o domínio da Lua Negra.
H: A Terra há de tremer sob o poder dessas Serápis... dessas Serpentes... desses
Seraphins!
S: Nenhuma dessas guerras teria acontecido não fosse a arbitrariedade das hostes
sob o comando dos Três Anjos.
Seqüência onírica. Talvezm em Preto e Branco. Lilith encontra uma faca no chão.
Samael invade, solitário, os matos.Lilith anda até uma casa que tem a marca de uma
cruz. Eva está plantando. Lilith bate de leve na porta com a faca e a porta se abre.
Eva nota algum barulho nos matos.Lilith entra num quarto escuro, iluminado por uma
lareira. Samael continua sua empreitada. Lilith vê no fogo várias cobras queimadas
que ela toma como cinzas e esfrega nas mãos. Eva está espectante e deixa de
plantar e se aproxima de uma beirada de lago ou mato. Lilith tira a faca do fogo e
toca no teto da casa. Samael invade o local e pega Eva com violência. A casa de
Lilith desaparece e ela está no deserto, de noite e o fogo ardendo ao lado. Samael
penetra Eva.
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CENA 8
(Mudança prolongada de tempo Adão sozinho, turbado em sua mente, sofrendo,
chorão. Lilith se aproxima sedutora, mas em silêncio. Está de capa, só)
Adão: O que você veio fazer aqui?
Lilith: Um vez você me chamou.
A: Eu?
L: Sim, uma vez, quando ainda estávamos no Éden e do barro éramos formados.
A: Eu? No Jardim?
L: Sim, sim, você caminhava pelo Jardim do Éden, o Homem da natureza, um dos
senhores da Terra, protegido de Lúcifer. Você se lembra?
ela mexe em seus cabelos.
A: Eva está grávida.
L: Como os animais. Sempre que você cobiçava os animais e os cobria, você torcia
as mãos e chorava aflito.
A: Eva fez a mesma coisa.
L:... e começava a contar nos dedos quanto tempo ainda faltava para poder se
fazer Humano.
A: Mas agora eu estou corrompido. Fui expulso do Jardim. Eva agiu como você. E
eu fui aprisionado por ela... pela sua sedução...
L: Naquele momento você me chamou. Agora você tem a mim, à sua disposição.
Você é meu querido. Quero colocar a cabeça em seu peito. Quero que suas mãos
ardentes me abracem, querido! Quero sentir a fresca fragrância do seu corpo...
A: Mulher, você deve estar enganada.
L: Olhe! Você é o meu único homem! Olhe para o meu corpo! Meus quadris ainda
são castos, virginais, fortes e minhas coxas macias e lisas... Os bicos de meus seios
são duros e meus seios nunca amamentaram uma criança... nunca amamentaram
uma criança... nunca amamentaram...
(chora)
A: Fora! Fora daqui! Vá embora, monstro! Puta asquerosa! Saia daqui!
(Corte em luz para Samael que,enquanto anda pelos charcos, percebe que alguém
está chegando.
Corte para Lilith imóvel. Observa o homem. Ela o acaricia. Adão está meio nublado)
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Narrador, sob filme em telão, alto volume: As batalhas eram intensas. E o mundo
parecia despencar. Anos se passavam enquanto as Legiões se batiam. Não havia
paz. Naqueles tempos se começava a construir a humanidade.
CENA 9
Caim se aproxima aos arrastos. Chuva.
C: Lilith! Morrem seus filhos aos milhares. O Mar Vermelho está coagulado de
espíritos Lilim que morrem por ordem das hostes de El Shadai.
Samael o encontra nos arredores
S: El Shadai declara guerra que perdurará ao longo dos séculos. A mim resta
obedecer uma ordem que o próprio Shadai há de declarar. Cada morte na minha
legião terá a sua morte correspondente entre os filhos de Eva.
C: Eu sou um filho de Eva.(preocupado)
S: Eu sei... Mas Eva também concebeu a Abel.
C: Eu sou o primeiro dos irmãos.
S: Mas, parece que El Shadai prefere as oferendas do segundo.
C: De qualquer forma eu não sou o tutor de meu irmão.
S: O que se há de fazer? Sabe que a nossa meta é minar os filhos de Eva...
C: ...para preservar a descendência de Lilith...
S:...e forjar os valorosos Cainitas... que governarão a Terra
C: O filho de Lilith então, já é nascido?
CENA 10
Lilith está grávida e tenta lutar. Tem dificuldade. Velocidade menor. Soldados e
outras bruxas precisam ajudá-la. Carregá-la para fora do campo de batalha.
CENA 11
Dança orgiástica em volta da fogueira. Música de tambores e trombetas. Lilith dará à
luz neste clima.
Lâmia:
É nascida a filha de Lilith. / A Grande Lua escurece a noite com seu canto / É
nascida a filha de Lilith / A grávida esposa noturna é mãe, irmã e inimiga.
L: Eu não sou apenas um buraco para receber a semente do homem. Nem sou
somente mãe.
LÂ: Por certo não se limita ao proscrito enlace nupcial.
L: Eu sou ligada à terra. Meu sexo pertence a mim e à Deusa.
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LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 17
Empusa: O que pertence à Deusa é assunto que diz respeito às mulheres. Enquanto
passamos por todas as fases da Lua, nosso corpo de manifesta e se altera. O sexo
pertence a nós e à Deusa.
LÂ: O nascimento da sua filha significa que você está livre novamente
L: Na mesma mulher: o lado submisso e servil... o lado rebelde e punitivo.
Emp: Lado rebelde... não há lado rebelde... ou haverá lado que não se rebela... o
que há é a incapacidade dos homens de entenderem nossos desígnios, mesmo por
que... somos responsáveis por nossos caminhos... (debochando)... lado rebelde...
Lâmia: O século está para isso. Novas gerações de mulheres. Organizar o mundo
ao nosso modo. Evitar o nascimento de tantos homens.
Grupo de Mulheres: É nascida a filha de Lilith / A grávida esposa noturna é mãe,
irmã e inimiga.
H: Uma é a mãe da Humanidade e a outra o açoite de El Shadai.
Emp: El Shadai experimenta Lilith contra a humanidade. O jardim do Éden é um
jardim de delícias para os cegos e acomodados. Um Paraíso para os que nada
criam... nós fazemos as vontades de El-Shadai.(senta e mija no chão)
Lâ: A Grande Lua escurece a noite com seu canto / É nascida a filha de Lilith. El
Shadai percebe o poder que emana de Lilith / Os dias de El Shadai também estão
contados.
L: Vamos levantar o maior dos exércitos para destruir a humanidade...
Emp: No nosso sonho vem esse fantasma de guerra e renovação
LÂ: Uma humanidade que pudesse entender os signos do nosso fluxo de sangue...
mas o que temos não serve para nada, no mundo criado por Adão.
Emp: Nimrod constrói uma Torre que acaba no céu. Isso é coisa da cabeça dos
homens.
L: Nimrod está cometendo um erro. El Shadai terá uma reação.
Lamashtu: Para mim, Nimrod está querendo levantar um enorme pênis, apara provar
que é homem e que manda no mundo.
Emp: Lilith deve se livrar desse incesto imaginário por que não há irmão perdido e
muito menos gêmeo. Provavelmente ele terá se enfiado em outra mulher. Há tantas.
LÂ: Aquele que seria igual a Lilith... o seu duplo... a alma gêmea?... que
ingenuidade... o construtor dessa humanidade patriarcal.
L: Essa alma não penetrou em mim... Um outro corpo usou as minhas carnes...
Emp: Lilith... as notícias que nos chegam é a de que o casal do Paraíso teve que
deixá-lo pois quiseram entender o que você tentava dizer.
LÂ: Muitos corpos conheceram a tua carne... a filha de Lilith é filha da Humanidade.
L: Não quero ser mãe da humanidade.
LÂ: Só há um jeito.
H: Matar a criança.
(Cena da morte de Abel por Caim, que foge).
H: Ele é o dono da vara... é ele quem planta as sementes...
LÂ: Rude pilão... Adão bem que aprendeu a usar o seu... era esse o supremo
segredo da criação?
L: A mulher é o saco sem fundo... E agora tem, que matar sua criança, para viver
sem perigo.
LÂ: Você foi o cego soquete...... a bolsa onde ele depositou suas sementes... onde o
mundo depositou seu futuro.
EDITORA ALTERnativaMENTE 17
LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 18
Lilith eleva sua criança acima das cabeças. Bombos. Uma orgia em segundo plano.
Aparecem uns demônios peludos, carregado de substancias gelatinosas verdes que
envolvem a todos.
Lâmia: É nascida a filha de Lilith. / A Grande Lua escurece a noite com seu canto /
É nascida a filha de Lilith / A grávida esposa noturna é mãe, irmã e inimiga.
CENA 12
Cenas nos campos de batalha. Bruxas entram correndo e aos gritos no campo. Rola
percussão em atabaques. Clima de caserna.
EDITORA ALTERnativaMENTE 18
LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 19
as bruxas se encontram num charco observando a batalha que flui para longe delas,
perdendo-se o som
Emp: Os filhos dos deuses gerarão gigantes nas filhas dos homens.
LÂ: Esses filhos monstruosos, impossíveis de se nutrir, se voltarão contra os pais.
S: Não serão humanos. Terão nascido alheios à humanidade.
EDITORA ALTERnativaMENTE 19
LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 20
A filha de Lilith é trazida por Lâmia, como bebê. Um ritual. Aparecerão várias
crianças sendo trazidas preparadas para um holocausto, noi meio daquele charco e
no meio da batalha
Broto do meu ventre, outra parte de mim... Veremos nossos amados exterminados...
é outra parte que se vai...
(uma imagem de soldados partindo para uma outra imagem que será o Jardim)
Lua Negra, Lilith, irmã das trevas / Criada da lama da Terra / Na minha fraqueza e
na minha força / Dê-me a forma da clava de fogo
Lua Negra, Lilith, Égua da Noite / Abre seu leito no chão do deserto / Fala o nome
sagrado e voa / Pronuncia o verbo secreto da criação!
FIM
EDITORA ALTERnativaMENTE 20
LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 21
EDITORA ALTERnativaMENTE 21
LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 22
O LIVRO DO GENESIS
Um livro de adaptações, desde a inspiração até as cópias mais ordinárias
MOISÉS
com uma força e apoio moral de
COELHO DE MORAES
sob ataque de anjos e arcanjos, querubins e do Serafim
EDITORA ALTERnativaMENTE 22
LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 23
EDITORA ALTERnativaMENTE 23
LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 24
Serápis - É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?
Adão - Podemos comer dos frutos do jardim. Mas do fruto da árvore que está no meio
do jardim, não comeremos dele, nem tocaremos nele, para que não morramos.
Serápis - Nada disso! Ninguém morre! Deus bem sabe que, no dia em que comerem
deles, os olhos se abrirão, e serão como deuses, conhecedores do bem e do mal.
(A mulher pega um fruto e oferece a Adon. Eles rolam no chão, juntos, íntimos).
C - A inteligência de ambos se abriu. (o casal continua rolando e o outro observa) Isso é
que dá. Seres de mente aberta.
EDITORA ALTERnativaMENTE 24
LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 25
EDITORA ALTERnativaMENTE 25
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A - Naquele tempo viviam gigantes na terra, como também daí por diante, quando os
filhos de Deus se uniam às filhas dos homens e elas geravam filhos estranhos...
C – Provavelmente de nova composição genética...
B - Filhos deformados. Minotauros. O filho de Pasífae e Zeus seria um deles?
A - E isso, no tempo em que as terras se separaram.
EDITORA ALTERnativaMENTE 26
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LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 28
Todos - Nemrod, descendente de Noé, é claro, foi o primeiro homem poderoso da terra.
A – Primeiro latifundiário... Também... todas as terra eram dele...
Todos - Ele foi um grande caçador diante do Senhor. Ele viveu em Babilônia. A
superpotência da época. Tinha mania de construir arranha-céus.
A - Toda a terra tinha uma só língua
B - Talvez se fale sobre a língua comercial, como o latim na era do Romanos.
C - Como o Inglês na era dos caubóis.
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LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 29
A – Todos se serviam das mesmas palavras. Mas parece que na multiplicação dos filhos
de Noé cada um usava idioma próprio.
B – O que torna a história um pouco confusa.
C – Esses livros são mesmo muito confusos. Velhos e confusos.
A - Mau traduzidos...
Nemrod – Vamos construir uma cidade e uma torre cuja ponta atinja os céus. Tornemos
assim célebre o nosso nome – o meu nome - para que não sejamos dispersos pela face
de toda a terra.
Deus: (invejoso, novamente) Eis que são um só povo, e falam uma só língua: se
começam assim, nada futuramente os impedirá de executarem todos os seus
empreendimentos! Onde querem chegar? No céu?
A - E qual é o problema de resolverem todos os seus empreendimentos? Ta maluco?
Deus - Vamos: desçamos, nós todos, os mensageiros, todos os seres do céu, todos os
filhos do Céu, Anjos, Potestades, Tronos, para lhes confundir a linguagem, de sorte que
já não se compreendam um ao outro.
B – E os povos se dispersaram sem mais se entenderem. E, pergunto, para que, se o
importante é se compreenderem.
C - Por isso deram-lhe o nome de Babel, porque ali o Senhor confundiu a linguagem de
todos os habitantes da terra, e dali os dispersou sobre a face de toda a terra.
Deus - Abrão, Deixa tua terra, tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te
mostrar.
Abrão – (sem tirar a atenção do que fazia) E pra que?
Deus - Farei de ti uma grande nação...
Abrão – Para que?
Deus... eu te abençoarei e exaltarei o teu nome...
Abrão – Para que meu Deus? Vai ter mais imposto?
Deus - ... e tu serás uma fonte de bênçãos.
Abrão – O que eu ganho com isso?
Deus - Abençoarei aqueles que te abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te
amaldiçoarem; todas as famílias da terra serão benditas em ti. (como se lembrasse) Ah!
Leva Lot com você
Abrão – Não, Lot não.
Deus – Sim! Lot sim...
Abrão – Lot é um pamonha...
Deus – (incisivo) Leva o Lot...
Abrão - Ele nem levanta a bunda da cadeira...
Deus - Lot sim...
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LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 30
Abrão – Até que as filhas dele são bonitinhas...(pensa) Se ainda alguém me pagasse por
isso... (pensa e se decide / para dentro / para Sarai) – Escuta mulher, há muita fome na
região e eu tenho que negociar com os egípcios. Sei que você é uma mulher formosa.
Quando os egípcios te virem, me matarão para te pegar, se pensarem que é minha
mulher.
Sarai - Mas eu sou mesmo sua mulher.
Abrão – Tá, tá... É isso o que eu quero dizer... não me complica a vida e diz que é minha
irmã, para que não me matem por tua causa. Lot vai com a gente levando as cabritas lá
dele...
Sarai – Ah! Lot não...
Abrão – Lot sim...
Sarai – Não... não... Lot não.
Deus (off) – Lot, sim.
Abrão – Viu?
C - A mulher foi introduzida no seu palácio. E talvez faraó tenha introduzido nela,
também, tamanha a covardia de Abrão.
Todos - Abrão o cafetão... (3x).
C – A riqueza de Abrão é questionável.
B - Abrão vendeu Sarai? Ou terá apenas alugado?
A - Por causa dela, Abrão foi bem tratado pelo faraó, e recebeu ovelhas, bois, jumentos,
servos e servas, jumentas e camelos.
C - Mas o Senhor ficou louco da vida, fulo de raiva, porém, e feriu com grandes pragas o
faraó e a sua casa, por causa de Sarai, mulher de Abrão.
A – Ah! Então o faraó eu uma bimbalhada na Sarai...
Todos - Abrão, o cafetão! (3x)
C – (gritando para os céus) Que tipo de Deus é esse que defende cafetões? Nesse
momento se comprova como eram bárbaros esses camaradas hebreus. Os Deuses-
Astronautas, deuses do espaço sideral, viram que o escolhido era bem imoral, vendendo
a mulher para o poderoso do pedaço em troca de favores.
B - Ah! Mas era obrigatório preservar a obra genética construída. Por isso mandaram as
pragas.
Abrão – Lot é uma praga. Ele conta?
C - Que tipo de deuses eram esses? Preservam a obra genética e Sarai é quem toma no
rabo.
Faraó – (para Abrão) O que é que você me levou a fazer... seu burro... Porque não me
falou que era tua mulher?
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LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 31
B - Ta na cara que o Faraó teve, por assim dizer, conjunções carnais com Sarai.
Faraó - Por que falou que ela era tua irmã, levando-me e a tomá-la por esposa? Toma de
volta e cai fora daqui!
Abrão – Mas eu não saio daqui de mãos abanando.
Todos – Abrão, o cafetão, ficou muito rico em rebanhos, prata e ouro.
Abrão – Lot, vamos embora com nossas riquezas em busca de algum paraíso... fiscal.
Mas a gente sai daqui e cada um vai para um lado. Leva as tuas cabritas.
C - Então Lot e Abrão se separaram. Me parece que Lot não era dado a esse tipo de
canalhice em família. Lot levantou tendas perto de Sodoma.
B - Abrão, o cafetão, instalou-se em Canaã.
A - Ora, já sabemos que os habitantes de Sodoma eram perversos, e grandes
pecadores, muito pervertidos diante do Senhor. Daí o significado de sodomita...
B – Sodomita?
A – Sim... aquele que dá o cu.
C – As Igrejas não admitem que se dê cus, por aí..
A - As Igrejas querem serão tão terríveis quanto as testemunhas de Jeová?
C - A dúvida é: os habitantes de Sodoma e Gomorra seriam outros grupos
experimentais?
A - Filhos de laboratório?
C - Construídos geneticamente em separado?
A - Inoculados in vitro?
B – Para quem gosta de dar o cu, ser inoculado in vitro é incoerencia.
EDITORA ALTERnativaMENTE 31
LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 32
B – O Comandante Abrão, enfurecido, chamou a sua turma e foi recuperar Lot, família,
bens, e é claro, tomou posse de poços de betume que aflorava à terra.
Abrão - Está vendo Deus? Como defendo nossa família? E eu, por que é que não terei
herdeiros? Por que não permanecerá tudo isso conosco?
Deus - Sabe que teus descendentes habitarão como peregrinos uma terra que não é
sua, e que nessa terra eles serão escravizados e oprimidos durante quatrocentos e tantos
anos. É isso mesmo o que quer?
Sarai - Eis que o Senhor me fez estéril; rogo que tome a minha escrava, para ver se, ao
menos por ela, eu tenha filhos.
C - Abrão, o cafetão, aceitou a proposta de Sarai. Idéias de jerico ele aceitava todas.
B - Abrão teve filho – Ismael – com Agar a escrava egípcia de Sarai. Agar passou a
desprezar Sarai, que não gostou da idéia.
Abrão - Tua escrava está em teu poder, faz dela o que quiser.
Sarai – Dei uns tapas nela e ela fugiu. Não sei por que...
Abrão – Não sabe por que...
Sarai – Não! Qualquer escrava que se preza toma uns tapas de vez em quando...
Deus - Agar, escrava de Sarai, donde vens? E para onde vais? Volta para a tua senhora,
e humilha-te diante dela. Em compensação multiplicarei tua posteridade de tal forma,
que não se poderá contar. Estás grávida, e vais dar à luz um filho: será Ismael, porque o
Senhor te ouviu na tua aflição. Será um garoto danado de brigão.
Abraão - Expulsa esta escrava com o seu filho, porque o filho desta escrava não será
herdeiro com meu filho Isaac.
Deus - Não te preocupes com o menino e com a tua escrava. Faze tudo o que Sarai te
pedir, pois é de Isaac que nascerá a posteridade que terá o teu nome. Mas do filho da
escrava também farei um grande povo, afinal é teu filho, meu velho.
Todos - Abraão mandou Agar, a escrava para o deserto com o filho Ismael, mas o anjo
de plantão não deixou que morressem, fazendo surgir uma fonte de água no meio do
deserto. Ou seja, ela encontrou um Oásis.
A - Mas era preciso uma marca diferenciadora. A criação parecia se perder pela terra.
Onde os originais e onde as cópias?
Deus – Abrão, anda em minha presença e sê íntegro, pelo menos uma vez na vida;
quero fazer aliança contigo. Serás o pai de uma multidão de povos. És o último dos
escolhidos de toda a nossa produção em laboratório e o projeto não pode falhar. Não
pode dar com os... os... Como se chamam aqueles animais...?
Abrão – os gostosinhos(?)... são ovelhas...
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Todos - Abraão e Ismael, seu filho, cortaram a pelinha no mesmo dia. Doeu paca.
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LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 35
C – (no tom de repórter de TV) O Senhor fez então cair sobre Sodoma e Gomorra , na
madrugada do dia 15 de outubro de 3 245 antes de Cristo, uma chuva de enxofre e de
fogo, vinda, aparentemente do céu. Uma chuva atômica multidestrutiva.
B - Os generais ocupantes do laboratório espacial Jeová 3 entendiam que aquela tribo
estava podre e deveria ser exterminada. Uma espécie de solução final. Destruíram
cidades, toda a planície, assim como todos os habitantes e a vegetação.
C – Há suspeitas que seja bomba de Nêutrons.
A – De acordo com fontes internacionais, não se sabe por que, mas a mulher de Lot,
tendo olhado para trás, transformou-se numa coluna de sal, o que prova ser resultado
de uma guerra com a inclusão de armas químicas.
Todos - Lot passou a habitar numa caverna com suas duas filhas.
A – Para assegurar a posteridade, as filhas de Lot, dormiram com ele, dando-lhe vinho.
B - É claro que ele não percebeu coisa alguma.
C - Assim, as duas filhas de Lot conceberam de seu pai.
Todos - E tudo ficou bem aos olhos do Senhor.
A - Outra vez a mesma coisa. Abrão, agora Abraão, se faz de cafetaão e finge que a
mulher é sua irmã.
B - Parece que ele não aprendeu e força Deus a aparecer nos sonhos do Rei Abimelec
para amedrontá-lo.
C – Dessa forma Abraão, o cafetaão, sempre impune, habitou muito tempo na terra dos
palestinos.
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LUA NEGRA & O LIVRO DO GENESIS COELHO DE MORAES 36
A - Mas um sustinho ele teve. Deus fez uma brincadeira com o cafetaão.
Deus - Abraão!
Abraão - Tô aqui
Deus – Faz um negócio para mim.
Abraão – Lá vem coisa... O que?
Deus - Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, o garoto Isaac...
Abraão – Sei... to escutando...
Deus - ... oferecerás o teu filho em holocausto sobre um dos montes que eu te indicar.
Abraão – O que? (desconfiado, toma, Isaac) Essa foi pesada hein! Jogo baixo! (partem)
Isaac, vem comigo.
(andam / Abraão está cabisbaixo e leva o menino pelo braço)
Isaac - Meu pai!
Abraão - Que é, meu filho?
Isaac - Temos aqui o fogo e a lenha, mas onde está a ovelha para o holocausto?
Abraão - Deus, o onipresente, onisciente, providenciará uma ovelha para o holocausto,
meu filho.
(Abraão amarra filho à pedra)
Isaac – Pai...
Abraão – Sim... Isaac.
Isaac – Por que me amarra na pedra?
Abraão – É para você não se machucar por ai.
Isaac – Pai?
Abraão – Sim... Isaac.
Isaac - Por que é que você está amolando a faca?
(Silencio / Abraão afasta o rosto do filho e levanta a faca)
Deus - Abraão! Abraão! Não estendas a tua mão contra o menino, e não lhe faças nada.
(cara de ódio de Abraão)
Agora eu sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu próprio filho, teu filho único.
(Abraão libera o garoto) Estarei sempre ao teu lado.
B – Abraão, incorrigível sedutor, tomou outra mulher, chamada Cetura; Abraão deu
todos os seus bens a Isaac. Quanto aos filhos de suas concubinas, só lhes deu presentes,
e despediu-os, ainda vivo, mandando-os para longe de seu filho Isaac, para a terra do
oriente.
C - Eis a duração da vida de Abraão: Ele viveu cento e setenta e cinco anos, e teve uma
grande descendência, como lhe foi prometido.
A – E Deus lhe deu muitas ereções, como fora prometido.
Servo: Queres dar-me de beber um pouco da água de teu cântaro? (a moça dá o
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Esaú: (fatigado do campo): Deixa comer dessa coisa vermelha. Estou cansado.
Jacó: Vende-me primeiro o direito de primogenitura.
Esaú: Tá... tá... estou morrendo de fome... que primogenitura que nada!... fica com essa
merda e me dá as lentilhas
Jacó: Jura, agora mesmo.
Esaú: Ta bom. Fica com tudo. Me dá essa coisa vermelha. Estou morrendo de fome.
Todos – Olha a cabeça do cara! Ele troca a primogenitura por um prato de lentilhas.
Deus (a Isaac aos gritos, repentinamente): Não desças ao Egito; fica na terra que eu te
indico. Habita nela; eu estou contigo e te abençoarei.
Jacó: (gritando de volta) Ta... eu já ouvi.
A - Isaac faz mesma coisa que o cafetão de seu pai um dia fez. Falou que a mulher era
apenas sua irmã para que ninguém o incomodasse.
B - Se levarmos em consideração a futura frase de que do fruto conhecerá a árvore, essa
árvore que se forma agora só poderá dar furtos podres, ó povo de Israel.
C - Mas ainda bem que Abimelec tem um pouco de cabeça.
Abimelec: É evidente que é tua mulher! E como dizias tu que era tua irmã?
Isaac: Porque, eu temia que me matassem por causa dela.
Abimelec: Que nos fizeste, seu irresponsável? Cara frouxo! Um pouco mais e alguém do
povo teria abusado de tua mulher, e terias atraído o pecado sobre nós! Já mandei
publicar que será morto quem quer que toque em você ou em sua mulher.
B - O poltrão, sempre protegido por Deus, chamou para si a inveja dos filisteus.
A - Filisteu são os palestinos. Briga antiga.
C - Os filisteus entupiram os poços de água e Abimelec viu que ia sobrar para o seu lado.
Abimelec: Vai embora pois está mais rico do que nós, Issac.
Pastores (aos gritos): Esta água é nossa! Vão abrir poços em outro lugar.
Isaac: Por que me procurais, já que me detestais e me expulsastes do seu meio?
Abimelec: Vimos que o Senhor está contigo, que tal? Juremos entre nós. Queremos uma
aliança contigo. Jura que não nos farás nenhum mal, assim como também nós não
tocaremos em nada do que é teu. Partirá em paz. Agora, és o bendito do Senhor.
Todos - Senhor Isaac. Encontramos água viva!
Abimelec: Não falei?
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e teu arco, vai ao campo e mata uma caça. Prepara um prato suculento, como sabes que
gosto, e traz para eu comer e minha alma te abençoe antes que eu morra. (Esaú sai)
Rebeca: Jacó. Prepara um bom prato de alimento para o pai, a fim de que te abençoe
antes de morrer.
Jacó: Mas, Esaú, meu irmão, é peludo, enquanto eu sou de pele lisa. Se meu pai me
tocar, passarei aos seus olhos por um embusteiro e atrairei sobre mim uma maldição em
lugar de bênção.
Rebeca: Tomo sobre mim esta maldição, meu filho. Ouve-me e faz o que mando.
(Jacó, coberto por uma pele se aproxima do pai.)
Jacó - Meu pai! Eis-me aqui!
Isaac: Quem és, meu filho?
Jacó: Eu sou Esaú, teu primogênito; fiz o que me pediste. Come de minha caça, a fim de
que tua alma me abençoe.
Isaac: Como encontraste caça tão depressa, meu filho? Foi num pé voltou no outro,
menino?
Jacó: Isso é coisa de Deus.
Isaac: Aproxima-te, então, meu filho, para que eu te apalpe e veja se, de fato, és o meu
filho Esaú.
A - O velho era esperto e pelo jeito sabia que tipo de filhos que tinha, principalmente o
Jacó. Ficou na dúvida. E parece que a história desses judeus-israelitas todos é um
amontoado de trambicagens e enganações, além de uma coleção, imensa de incestos.
Mas, segue...
Isaac: A voz é a voz de Jacó, mas as mãos são as mãos de Esaú. (ergue a mão sobre a
caneca de Jacó) Eu o abençôo. Tu és bem o meu filho primogênito?
Jacó: Sim.
Isaac: Então, serve-me, meu filho, e minha alma te abençoará. Aproxima-te (Jacó se
aproxima)... Sim. Esse o odor de meu Esaú... não toma banho mesmo o porqueira... é
como o odor de um campo que o Senhor abençoou. (o velho se exalta) Deus te dê o
orvalho do céu e a gordura da terra, uma abundância de trigo e de vinho! Sirvam-te os
povos e prostrem-se as nações diante de ti! (mais exaltado) Sê o senhor dos teus
irmãos, e curvem-se diante de ti os filhos de tua mãe! Maldito seja quem te amaldiçoar e
bendito quem te abençoar!
(entra Esaú)
Esaú - Pai. Que negócio é esse...? Trouxe a caça... Eu sou o teu filho primogênito Esaú.
Aquele pilantra era Jacó.
Isaac – Eu o abençoei.
Esaú - (amargurado) Abençoa-me também a mim, meu pai!
Isaac: Teu irmão, veio, fraudulentamente, tomar a tua bênção. Minha nossa cada um!
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Esaú: Será porque ele se chama Jacó que me suplantou já duas vezes? Tirou-me meu
direito de primogenitura, e eis que agora me rouba minha bênção! Não tem uma benção
sobrando para mim?
Isaac: Eu o constituí teu senhor, e dei-lhe todos os seus irmãos por servos e o estabeleci
na posse do trigo do vinho. Que posso ainda fazer por ti, meu filho?
Esaú: Então só tens uma bênção, meu pai? Não é possível... Abençoa-me também a
mim, meu pai!
Isaac: Não tem mais benção... Eis, que a tua habitação será desprovida da gordura da
terra e do orvalho que desce dos céus. Viverás de tua espada, servindo o teu irmão,
mas, se te libertares, quebrarás o seu jugo de cima do teu pescoço.
Esaú : Virão os dias do luto de meu pai, e eu matarei Jacó.
Jacó – Se Deus me proteger e me der tudo o quer preciso. Ele será meu Deus, de agora
em diante.
Jacó - Labão!
Labão: Estou aqui. Sim, tu és de meus ossos e de minha carne.
Jacó: Eu ficarei e o servirei em sua casa.
Labão: Só por ser meu parente, trabalhará de graça? Dize-me que salário queres.
Jacó: Eu te servirei sete anos por Raquel tua filha mais nova.
Labão: Negócio fechado.
Labão: Aqui é o seguinte... não é costume casar a mais nova antes da mais velha. Mas,
se me servir mais sete anos, leva a outra também após a semana de núpcias.
Jacó: Eu a amo mais do que a Lia. Eu o servirei ainda por sete anos.
Todos (a um canto): Assim nasceu Ruben, filho de Lia – pois o senhor viu sua aflição - ,
depois veio Simeon, pois o Senhor viu que Lia era desdenhada, e depois ainda nasceu
Levi – para que o marido Jacó se apegasse a ela, e mais além nasceu Judá – para que o
Senhor fosse louvado.
Raquel (gritando a Jacó): Dá-me filhos, senão morro!
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Jacó (pondo as calças, fala a Labão): Deixa-me partir para a minha casa, na minha terra.
Vou hoje passar pelo meio de todos os teus rebanhos e pôr à parte, entre os cordeiros,
todo o animal manchado, malhado ou negro, e entre as cabras, tudo o que é manchado
ou malhado: isto será o meu salário.
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noite: Guarda-te de dizer algo a Jacó. E, se partiste somente porque tinhas saudade da
casa paterna, então por que roubaste os meus deuses?
Jacó: Tive medo, ao pensar que poderias tirar-me tuas filhas; quanto aos teus deuses,
porém, seja morto aquele que os pegou! Pode examinar e leva o que é teu.
A – Labão procurou e nada achou. Raquel disse que não podia se levantar por estar com
a indisposição das mulheres. Ela se sentava sobre o material roubado.
Jacó - Qual é o meu crime? Qual é o meu pecado? Servi-te catorze anos por tuas duas
filhas, seis anos pelos teus rebanhos, e dez vezes modificaste o meu salário. Se o Deus
de meu pai, o Deus de Abraão, o Deus terrível de Isaac não se tivesse posto de meu
lado, tu me terias hoje despedido com as mãos vazias. Deus viu minhas penas e meus
trabalhos, e na última noite ele se pronunciou.
Labão: Estas filhas são minhas filhas, estes filhos, meus filhos, e estes rebanhos, meus
rebanhos: tudo o que vês é meu. Que farei eu agora contra minhas filhas, ou contra os
filhos que elas deram ao mundo?
Jacó: Façamos um trato. Tomo conta delas e de mais nenhuma mulher. Tudo o que está
aí Deus é testemunha que foi conseguido por meu esforço.
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Jacó: Não é necessário, basta-me ter achado graça aos olhos do meu senhor. Levantarei
aí um altar, ao qual chamou Israel. Isis-Ra-El. A trindade conhecida.
A (tom de notícia de TV) – A violência campeia por nossa terra. Jacó teve a filha Dina
violentada.
B – No entanto, aconteceu algo inusitado. O raptor se apaixonou pela vítima.
C - O pai do jovem foi negociar com Jacó, oferecendo terras e meios para negócios e
mercados e inter-relações de parentesco futuro.
B - Foi proposto que todos se tornassem circuncisos para que os negócios pudessem
caminhar a bom termo. Todos os varões foram circuncidados e os negócios foram
estabelecidos.
A - No entanto, na calada da noite, ainda fracos por causa da cirurgia, dois dos filhos de
Jacó - Simeão e Levi - irmãos da vítima, penetraram na cidade, e mataram a espadas a
todos os varões. Inclusive o jovem e seu pai.
B – Partiram sem deixar pistas. Tomaram tudo o que havia na cidade e nos campos.
C - Levaram como espólio todos os bens, os filhos, as mulheres e tudo o que se
encontrava em suas casas.
Jacó: Vós me lançastes na confusão e me tornastes odioso aos habitantes desta terra Só
tenho comigo alguns homens e, quando toda essa gente se congregar contra mim para
me ferir, perecerei com minha família.
Simeon: Porventura, devíamos deixar tratar nossa irmã como uma puta?
José: Estávamos ligando feixes no campo, e eis que o meu feixe se levantou e se pôs de
pé, enquanto os vossos o cercavam e se prostravam diante dele.
Ruben Quererias, porventura, reinar sobre nós e tornar-te nosso senhor?
José: Tive, ainda um sonho: o sol, a lua e onze estrelas prostravam-se diante de mim.
Simeon: Eis o sonhador que chega. Vamos, matemo-lo e atiremo-lo numa cisterna;
diremos depois que uma fera o devorou; aí quero ver para que servem os sonhos.
Ruben: Não lhe tira a vida. Nada de sangue. Jogai-o naquela cisterna, no deserto, mas
não levanteis vossa mão contra ele (à parte) Depois eu o levo de volta ao pai.
B - José depois foi vendido aos egípcios. Irmão contra irmão. Inveja entre irmãos.
Jacó: É chorando que descerei para junto de meu filho na habitação dos mortos.
C - Mas esses irmãos e essa corja toda descendente de Jacó provaram - nas Sagradas
Escrituras - que não passavam de selvagens e bárbaros sanguinários. E tem mais: Judá
dormiu com Tamar que tinha sido mulher de seus dois filhos, ambos mortos por Deus.
Judá havia prometido um ultimo filho, quando enviuvasse e não cumpriu. Fez sexo com
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ela, pois, a encontrou na beira da estrada Tomou como uma qualquer e em troca do
sexo lhe deu um cabrito. Ela ainda pediu braceletes e jóias, e anel, cordão e bastão.
Pior: Ela concebeu.
B- Judá, a tua nora, andou pulando a cerca: vê-se que está grávida.
Judá: isso não pode ser. Que ela seja queimada!
Tamar: Concebi do homem a quem pertence isto: examine bem, ajuntou ela, de quem
são este anel, este cordão e este bastão.
Judá: Essas peças são minhas. Ela é mais justa do que eu; pois que não a dei ao meu
filho Sela.
B - E não se deitou mais com ela.
A - Ela teve gêmeos. Podia ter sido queimada se não fosse uma mulher muito esperta.
C - Usou a lei dos patriarcas para ter o que lhe pertencia por promessa.
B – Esses são os filhos de Jacó. Povo de Israel, de onde há de vir o Messias.
Todos – Uau!
A – (como notícia) Acaba de chegar das terras de Canaã, uma leva de escravos, trazidos
pelos Ismaelitas cabeludos. Trata-se de uma retaliação que os descendentes de Abraão,
pelo mal ou bem que fizeram a Agar, antiga escrava egípcia.
B – (tom de notícia de TV) Na tarde de ontem, por volta das dezesseis horas, José foi
conduzido ao Egito, direto para o mercado do centro. Estava amarrado.
C – (notícia) Consta que o comandante Potifar, eunuco do Faraó, um oficial egípcio de
carreira, chefe da guarda, comprou- José a preço de tâmaras maduras.
A – (notícia) José caiu nas graças de Potifar e se deu bem no palácio, ganhando um bom
lugar na administração.
B - Mas a mulher de Potifar insinuou-se a José, que a não queria.
A – Acusado, injustamente, de assédio sexual José foi parar na prisão.
C - O curioso é que, Potifar, sendo eunuco, tinha mulher à sua disposição. Taí uma coisa
difícil de entender, como se não fossem poucas as coisas nessa história.
B - Na prisão os dons proféticos de José se manifestaram e se mostraram verdadeiros,
principalmente ao prever o fim da história do mordomo do Faraó e de seus padeiros, que
também estavam presos.
A - José confiava em seu Senhor Deus.
B - José previu que o mordomo se safaria da morte, mas o padeiro não. Tudo isso
através da interpretação dos sonhos de ambos.
C – Dessa forma o mordomo não se esqueceu jamais do jovem José.
Todos - Um dia José foi chamado ao palácio do faraó preocupado pois ninguém conseguia
interpretar seus sonhos.
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Faraó: Ouvi dizer que basta contar um sonho para que tu o expliques.
José – O faraó é quem está dizendo isso. Não me comprometa.
Faraó – Afinal, qual é.
José (didático) – Seguinte... (juntando a ponta dos dedos / mão contra mão) Não sou eu,
mas é Deus quem dará ao Faraó uma explicação. Que isso fique muito claro. Mas está na
cara que o duplo sonho do faraó reduz-se, na verdade, a um só. É uma revelação. As
sete vacas gordas e os sete feixes de bom trigo são os anos de fartura do Egito. As sete
vacas magras e o setes feixes podres serão a seca e a pobreza que se seguirão. Será
necessário uma ação política e um tremendo plano econômico para que o povo não sofra.
Faraó: Tu mesmo serás posto à frente de toda a minha casa, e todo o meu povo
obedecerá à tua palavra: só o trono me fará maior do que tu. Estás á testa de todo o
Egito. (dando-lhe um anel) Ouçam todos! sem a permissão de José não se moverá a
mão nem o pé em toda a terra do Egito. Primeiro Ministro. Adon do Egito. O mundo
comprará trigo conosco.
Todos - A fome era violenta em toda a terra.
Jacó: Por que estais olhando uns para os outros? Me disseram que há muito trigo no
Egito. Desçam lá e comprem. Vão todos vocês e fica o pequeno Benjamin.
José - (para a platéia) Donde vindes?
Ruben (atrás): Da terra de Canaã para comprar víveres.
José: Vós sois espiões: viestes explorar os pontos fracos do país.
Ruben: Não, meu senhor, teus servos vieram comprar víveres. Somos todos filhos dum
mesmo pai, somos gente honesta; teus servos não são espiões.
José: Não é verdade - viestes explorar os pontos fracos do país.
Ruben: Somos doze irmãos, filhos dum mesmo pai, na terra de Canaã. O mais novo está
agora em casa de nosso pai, o outro já não existe.
José: É bem como eu disse: sois espiões. Sereis, aliás, postos à prova: pela vida do
Faraó, não saireis daqui antes que tenha vindo vosso irmão mais novo. Mandai um de
vós buscá-lo; enquanto isso, ficareis prisioneiros. Vossas palavras serão assim provadas,
e veremos se dizem a verdade. Do contrário, pela vida do Faraó, eu os acusarei de
espiões! Ficarão nas prisões. Melhor... Fazei isto, e vivereis, porque sou cheio do temor a
Deus. Se sois gente de bem, que um dentre vós fique aqui detido; e os outros partam
levando o trigo para alimentar vossas famílias. Nem precisa pagar.
Ruben: Em verdade, expiamos o crime cometido contra o nosso irmão, porque víamos a
angústia de sua alma quando ele nos suplicava, e não o escutamos! Eis por que veio
sobre nós esta desgraça! Eu disse para não pecardes contra o menino? Não quisestes
ouvir-me, e eis agora que nos é reclamado o seu sangue!
B - José chorou, prendeu somente Simeon, encheram as bolsas de trigo e os mandou de
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volta para cumprirem o trato. E ainda escondeu de volta o dinheiro do pagamento nas
bolsas. José fundava o sistema de nepotismo nos governos.
Ruben: Pai Jacó. O homem que governa o Egito prendeu Simeon e quer conhecer nosso
irmão mais novo como prova de que não somos espiões. Ele o quer lá.
Jacó: Vós me tirais os meus filhos! José já não existe, Simeão tampouco, e quereis me
tomar ainda Benjamim! Tudo vem cair sobre a minha velhice!
Rubem: Tira a vida aos meus dois filhos, se eu não trazer Benjamim de volta!
Jacó – Chega! Não quero mais perder filho algum.
Todos – A fome piorou sobre a terra de Canaã. Havia necessidade de se comprar mais
trigo e víveres. Tiveram que voltar ao Egito.
José: Vosso velho pai, do qual me falastes, vai bem? Ainda vive?
Ruben: Teu servo, nosso pai, está passando bem; e vive ainda.
José: É este, vosso irmão mais novo do qual me falastes?“Que Deus te faça
misericórdia, meu filho! Poderão comer à vontade, levem seu dinheiro e trigo e partam,
que já é hora.
Todos - No entanto José põe na bolsa de Benjamin uma taça, sem que ninguém saiba.
Manda que a soldadesca os persiga no deserto e determina que quem estiver com a taça
será seu escravo.
José: A taça foi encontrada na bolsa de Benjamin. Portanto ele deve morrer.
Judá: Rogo-te, meu senhor, não se ire, porque tu és como o próprio faraó. Esse agora é
o preferido da velhice de nosso pai. Não podemos voltar sem ele. O pai disse: Se lhe
acontecer alguma desgraça, fareis descer os meus cabelos brancos à habitação dos
mortos, sob o peso da dor. Eu fico como escravo e livra o meu irmão.
José: Aproximai-vos. Eu sou José, vosso irmão, que vendestes para o Egito. Estas são as
linhas tortas de Deus. Fui mandando na frente para livrar o caminho de nossa família da
fome. Não fiquem tristes nem com remorsos. É tudo brincadeirinha. Quem manda aqui
sou eu. Deus tornou-me chefe de toda a casa do Faraó e governador de todo o Egito.
Avisarei o faraó que meus irmãos e a família de meu pai que estavam em Canaã, vieram
para junto de mim; os homens são pastores, criadores de animais, e trouxeram suas
ovelhas e seus bois com tudo o que lhes pertence. Ficarão nas terras de Gessém. As
terras de Ramsés. Quem sabe alguém não trabalha nos estábulos do Faraó?
A - E José forneceu víveres a seu pai, a seus irmãos e a toda sua família.
B - E faltou pão em toda a terra, porque a fome era tão violenta que a terra do Egito e a
terra de Canaã estavam esgotadas.
C - José tinha ajuntado todo o dinheiro que se encontrava no Egito e em Canaã, como
preço do trigo que compravam, e o tinha depositado no tesouro do Faraó.
A - José trocou pão pelos animais do povo, no primeiro ano.
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B - Depois se tornaram escravos na própria terra, em troca de pão. Toda a população era
servil e toda terra era do Faraó. Exceto a dos sacerdotes. Privilégios da casta.
C - Em seguida deu ao povo, sementes para que no tempo da colheita, dessem a quinta
parte ao Faraó: as outras quatro partes serviriam para semente do campo e para
alimento.
Jacó - Meu filho, promete que me não enterrará no Egito. Tu liderarás povos. Os dois
filhos que te nasceram no Egito antes que eu viesse para junto de ti, agora são meus
filhos também: Efraim e Manasses. Não pensava em revê-lo e pude ainda conhecer seus
filhos. (em transe) : Eis as profecias sobre todos vocês.
(música de flauta pastoril)
Rubem, tu és o meu primogênito primícias do meu vigor. Digno e notável em poder.
Transbordante como a água, só não terás o primeiro lugar, porque dormiu com minha
mulher.
Simeão e Levi são irmãos; suas espadas são instrumentos de violência. Que a minha
alma não participe de suas maquinações, meu coração jamais se associe às suas
reuniões! Porque em sua cólera mataram homens. Maldita cólera que os levou à
violência, maldito furor que os induziu à crueldade! Hei de dispersá-los em Jacó, hei de
espalhá-los em Israel.
Judá, teus irmãos te louvarão. Subjugarás inimigos; teus irmãos se prostrarão em tua
presença. Filhote de leão, Judá: voltas trazendo a caça, meu filho. Não se apartará o
cetro de Judá, até que venha aquele a quem pertence por direito.
Zebulon habita à beira do mar, no litoral, onde aportam os navios.
Issacar é um jumento forte, deitado nos currais. Vê que é bom o descanso e a terra
agradável: curva os ombros sob a carga, sujeita-se ao tributo.
Dan julgará seu povo, como uma das tribos de Israel. Dan será uma serpente no
caminho, uma cobra na estrada, que morde a pata do cavalo e derruba o cavaleiro.
Gad será roubado por quadrilhas, mas também os assaltará e perseguirá.
Aser faz um pão saboroso, que constitui as delícias dos reis.
Neftali é uma gazela solta, que tem lindos filhotes.
Aqui é tudo bicho, meu filho.
José é broto de árvore fértil junto à nascente: seus ramos crescem acima do muro.
Benjamim é o lobo voraz que abate a presa e divide os despojos ao anoitecer.
Todos - Jacó lhes dá uma benção sobrenatural, com todos os poderes e pedidos à
divindade. São estes todos que formam as doze tribos de Israel.
José: Devo sepultar meu pai em Canaã. Ele já está embalsamado.
Faraó : Vai sepultar teu pai como ele te fez jurar. Toda a Elite governante do Egito vai ao
sepultamento de Jacó. Em honra de teu pai declaro pranto de sete dias.
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Ruben: Antes de morrer, teu pai recomendou-nos que te pedíssemos perdão do crime
que cometemos, de seu pecado, de todo o mal que te fizeram. Perdoa, pois, agora esse
crime àqueles que servem o Deus de teu pai. Somos teus escravos!
José: Não temais: Eu não sou Deus. Era para me fazer um Mal e aconteceu um Bem.
Um dia, daqui a cem anos eu morrerei; mas Deus os tirará daqui de volta para a terra
dos patriarcas. Levareis daqui os meus ossos.
Todos – (rola um batuque de danças e cantos similares aos cantos orientais)
José morreu com a idade de cento e dez anos. Foi embalsamado e depositado num
sarcófago no Egito. Os hebreus deixaram o Egito somente 450 anos depois de uma
escravidão brutal, por obra e feitos de Moisés – aquele que foi retirado das águas e que
abriu uma passagem pelas águas do Mar Vermelho. Mas isso já é outra história...
Com a ajuda de Deus!
(finaliza em danças e o elenco em festa, Deus dança junto)
FIM
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2010
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