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CAPÍTULO 6

MATERIAIS DE AVIAÇÃO E PROCESSOS

INTRODUÇÃO ca soberba (screws), quando a firmeza não é um


fator importante. Ambos têm algumas seme-
Este título incorpora as diversas partes lhanças são usados para prender e possuem em
utilizadas na fabricação e no reparo de aerona- uma de suas extremidades uma cabeça; e, na
ves, como os vários tipos de prendedores e uma outra, fios de rosca. Também há diferenças dis-
miscelânea de pequenos itens e os tratamentos a tintas: a ponta com fios de roscas de um parafu-
que estão sujeitos durante sua fabricação ou so para mecânica é sempre rombuda (faces para-
utilização. lelas), enquanto que o de rosca soberba pode ter
A importância do material de aviação é a ponta com rosca rombuda ou pontuda.
muitas vezes desprezada devido ao seu pequeno O parafuso para mecânica (bolt), geral-
tamanho; entretanto, a segurança e a eficiência mente tem uma porca atarrachada para comple-
da operação de uma aeronave depende de uma tar o conjunto, enquanto que o de rosca soberba
correta seleção e, uso adequado do material de pode ser introduzido em um orifício próprio
aviação, assim como o conhecimento e a utili- para ele; ou, diretamente no material a ser fixa-
zação dos processos adequados a esse material. do.
Um parafuso para mecânica tem a parte
rosqueada relativamente curta, com relação ao
IDENTIFICAÇÃO DOS MATERIAIS DE comprimento; enquanto isso, o de rosca soberba
AVIAÇÃO- tem a parte rosqueada relativamente longa, e
não tem a parte lisa (gola), claramente definida.
A maioria dos itens são identificados por Um conjunto, parafuso/porca é geral-
números de especificação ou nome do fabri- mente apertado pela porca; e a cabeça do para-
cante. Peças com fios de rosca e rebites são usu- fuso poderá ser ou não utilizada para fixar o
almente identificados pelas letras AN (Air For- conjunto. Um parafuso de rosca soberba é sem-
ce - Navy), NAS (National Aircraft Standard), pre apertado pela cabeça.
ou MS (Military Standard) seguidas de núme- Quando um dispositivo de fixação tiver
ros. que ser substituído, deverá sê-lo por uma dupli-
Os prendedores de desconexão rápida cata do original, sempre que possível. Se não
são usualmente identificados por nomes dados houver uma duplicata, muito cuidado deverá ser
pelo fabricante e pela designação dos tamanhos. tomado na seleção do substituto.

Prendedores rosqueados Classificação dos fios de rosca

Os vários tipos de dispositivos de fixa- Para os parafusos para aeronaves (bolts);


ção, ou de fechamento, permitem uma rápida ou os de rosca soberba (screws); e porcas, são
desmontagem e recolocação de partes de aero- fabricados em um dos seguintes tipos de fios de
naves, que devem ser separadas e conectadas rosca: NC (American National Coarse), série de
em intervalos freqüentes. filetes grossos destinados ao uso em metais; NF
Rebitando ou soldando estas partes, cada (American National Fine), séries de filetes finos
vez que forem manuseadas, a junção enfraque- destinado ao uso geral em aeronaves e motores;
cerá, tornando-se deficiente. Algumas juntas, UNC (American Standard Unified Coarse) ou
muitas vezes, requerem uma resistência à tensão UNF (American Standard Unified Fine).
e rigidez superiores a que um rebite pode ofere- A diferença entre os tipos de rosca da
cer. série American National (NC e NF) e os do tipo
Entende-se por parafusos, dispositivos American Standard Unified (UNC e UNF) pode
de fixação, que permitem segurança e rigidez na ser notada, por exemplo, no parafuso de uma
união de peças. Existem dois tipos de parafusos: polegada (1") de diâmetro do tipo NF, que será
os utilizados em mecânica (bolts), geralmente especificado como 1-14NF, indicando possuir
quando se necessita grande firmeza; e os de ros- 14 fios de rosca em cada polegada da parte ros-

6-1
queada, enquanto que, o parafuso de uma pole- tente a corrosão, sem banho, ou ainda de liga de
gada (1") de diâmetro do tipo UNF será especi- alumínio anodizado.
ficado como 1-12UNF, indicando possuir 12 fi- A maioria dos parafusos, utilizados em
os de rosca em cada polegada da parte rosque- estruturas de aeronaves, tanto pode ser do tipo
ada. padrão como AN, NAS com encaixe na cabeça
Em ambos, é considerado o número de para ferramentas, de tolerância mínima, ou do
vezes que o fio de rosca completa uma volta no tipo MS.
espaço de uma polegada, da parte rosqueada de Em certos casos, os fabricantes de ae-
um parafuso de determinado diâmetro. ronaves fazem parafusos de diferentes dimen-
Por exemplo, a especificação 4-28 indica sões ou maior resistência do que o tipo padrão.
que um parafuso de 1/4" de diâmetro tem 28 Do mesmo modo, os parafusos são fabri-
fios de rosca em cada polegada da parte rosque- cados para aplicações especiais, e é de extrema
ada. importância utilizar parafusos iguais como subs-
As roscas são também especificadas em tituto.
classes de acabamento, que indicam a tolerância Os parafusos especiais são normalmente
permitida pelo fabricante, com referência a sua identificados por uma letra "S" estampada na
instalação nos furos do material a ser preso ou cabeça.
fixado. Os parafusos AN são encontrados em
três estilos de cabeça: hexagonal, Clevis e com
Classe 1 - "Loose fit" - ajuste com folga ou en- olhal (Figura 6-1).
caixe deslizante - usado onde o espaço entre as Os parafusos NAS são encontrados com
partes conjugadas é essencial para uma rápida a cabeça hexagonal, com encaixe na cabeça para
montagem, podendo ser girado com os dedos; ferramentas e com a cabeça escariada. Os pa-
rafusos MS têm a cabeça hexagonal ou com en-
Classe 2 - "Free fit" - ajuste livre - destinado
caixe para ferramentas.
a partes que são unidas com parafusos e porcas,
tipo comerciais onde um pequeno jogo tem uma
relativa margem de tolerância;
Classe 3 - "Medium fit" - ajuste médio - desti-
nado a partes onde é desejado um valor mínimo
de folga ou de jogo entre as partes rosqueadas.
Esse tipo de ajuste é geralmente empregado na
construção aeronáutica.
Classe 4 - "Close fit" - forte ajuste ou ajuste sob
pressão - destinado a requisitos especiais. Os
parafusos de ajuste sob pressão são instalados
com ferramentas ou máquinas.

Os parafusos e as porcas são também


produzidos com a rosca-esquerda.
O parafuso de rosca-direita é o que tem o
seu aperto no sentido dos ponteiros de um reló-
gio, o de rosca-esquerda quando tem que ser
girado no sentido inverso para conseguir o aper-
to.
As roscas, direita e esquerda são, desig-
nadas respectivamente por RH e LH.

PARAFUSOS DE AVIAÇÃO

Os parafusos empregados em aviação


são fabricados em aço resistente à corrosão, Figura 6-1 Identificação de parafusos de aero-
com banho de cádmio ou de zinco; de aço resis- naves.

6-2
Parafusos de uso geral partes de liga de alumínio, uma arruela especial,
tratada à quente deve ser usada para permitir um
Os parafusos de cabeça hexagonal (AN- adequado ponto de apoio para a cabeça. O en-
3 até AN-20), são usados em estruturas, e em caixe na cabeça é para inserir uma chave para a
aplicações gerais, que envolvam cargas de ten- instalação e remoção do parafuso. Porcas espe-
são e de cizalhamento. ciais de alta resistência são utilizadas nestes pa-
Os parafusos de ligas de aço, menores do rafusos. Parafusos com encaixe na cabeça, só
que o nº 10-32; e os de liga de alumínio, me- podem ser substituídos por outros exatamente
nores do que 1/4" de diâmetro, nunca devem ser iguais. Os de cabeça hexagonal AN, não pos-
usados em peças estruturais. suem a requerida resistência.
Os parafusos e as porcas de liga de alu-
mínio não são usados quando tiverem que ser Identificação e códigos
removidos, repetidamente, para serviços de ma-
nutenção e inspeção. As porcas de liga de alu- Os parafusos são fabricados em uma
mínio podem ser usadas com os parafusos de grande variedade de formatos, não existindo,
aço banhados de cádmio, que sofram cargas de portanto, um método direto de classificação. Os
cizalhamento, em aeronaves terrestres; mas, não parafusos podem ser identificados pelo formato
poderão ser usadas em aeronaves marítimas, da cabeça, método de fixação, material usado na
devido a possibilidade de corrosão entre metais fabricação ou emprego determinado.
diferentes. Os parafusos de aviação do tipo AN po-
O parafuso AN-73 é semelhante ao ca- dem ser identificados pelo código marcado nas
beça hexagonal padrão, porém, possue uma de- cabeças. A marca geralmente indica o fabri-
pressão na cabeça e um furo para passagem de cante, o material de que é feito, se é um tipo AN
arame de freno. O AN-3 e o AN-73 são inter- padrão ou um parafuso para fim especial.
cambiáveis para todas as aplicações práticas, do Um parafuso AN padrão é marcado na
ponto de vista de tensão e resistência ao cizalha- cabeça, com riscos em relevo, ou um asterisco;
mento. o de aço resistente a corrosão é indicado por um
simples risco; e o de liga de alumínio AN é mar-
Parafusos de tolerância mínima cado com dois riscos opostos. Informações adi-
cionais, como o diâmetro do parafuso, compri-
Esse tipo de parafuso é fabricado com mento ou aperto adequado, são obtidos pelo
mais cuidado do que o de uso geral. Os parafu- número de parte (Part number).
sos de tolerância mínima podem ser de cabeça Por exemplo, um parafuso cujo número
hexagonal (AN-173 até AN-186) ou ser de ca- de parte seja AN3DD5A, as letras "AN", indi-
beça chanfrada a 100º (NAS-80 até NAS-86). cam ser um parafuso padrão Air Force-Navy; o
Eles são usados em aplicações onde uma "3" indica o diâmetro em dezesseis avos da po-
ajustagem forte é requerida (o parafuso somente legada (3/16"); o "DD", indica que o material é
será movido de sua posição quando for aplicada liga de alumínio 2024. A letra "C", no lugar de
uma pancada com um martelo de 12 a 14 on- "D", indicaria aço resistente à corrosão e, a au-
ças). sência das letras, indicaria aço com banho de
cádmio. O "5" indica o comprimento em oita-
Parafusos com encaixe na cabeça para adap- vos da polegada (5/8"); e o "A", indica não pos-
tação de chave suir furo para contrapino.
Os parafusos NAS, de tolerância míni-
Estes parafusos (MS-20004 até MS- ma, são marcados com um triângulo riscado ou
20024 ou NAS-495), são fabricados de um aço rebaixado.
de alta resistência, e são adequados para o uso As marcas do tipo de material dos pa-
em locais onde são exigidos esforços de tensão rafusos NAS são as mesmas para os AN, exceto
e cizalhamento. quando elas são riscadas ou rebaixadas.
Quando forem usados em partes de aço, Os parafusos que receberam inspeção
os furos para os parafusos devem ser escariados magnética (Magnaflux) ou por meios fluores-
para assentar o grande raio do ângulo formado centes (Zyglo), são identificados por uma tinta
entre o corpo e a cabeça. Quando usados em colorida ou uma marca tipo distintivo na cabeça.

6-3
Parafusos para fins especiais Outras vantagens do uso do JOBOLT são
sua excelente resistência à vibração, pouco peso
São os fabricados para uma particular e rápida instalação por apenas uma pessoa.
aplicação, por exemplo: parafuso Clevis, parafu- Atualmente os JOBOLTS são encontra-
so de Olhal, Jobolts e Lockbolts. dos em quatro diâmetros: Séries 200, 260, 312 e
375, com aproximadamente 3/16", 1/4", 5/16" e
Parafusos Clevis 3/8" de diâmetro respectivamente. Os JO-
BOLTS são encontrados com três diferentes ti-
A cabeça de um parafuso Clevis é re- pos de cabeça: F (flush), P (hexagonal) e FA
donda e possue ranhuras, para receber uma cha- (millable).
ve de fenda comum ou para receber uma chave
em cruz. Parafusos de retenção (Lokbolts)
Este tipo de parafuso é usado somente
onde ocorrem cargas de cizalhamento e nunca Estes combinam as características de um
de tensão. Ele é muitas vezes colocado como parafuso e de um rebite de grande resistência,
um pino mecânico em um sistema de controle. mas possuem vantagens sobre ambos.
O parafuso de retenção é geralmente
Parafusos de Olhal usado na junção de asas, ferragens do trem de
pouso, ferragens de células de combustível, lon-
Este tipo de parafuso especial é usado garinas, vigas, união do revestimento e outras
onde cargas de tensão são aplicadas. uniões importantes da estrutura. Ele é mais rapi-
O Olhal tem por finalidade permitir a fi- damente e facilmente instalado do que um rebite
xação de peças, como o garfo de um esticador, ou parafuso convencionais e elimina o uso de
um pino Clevis ou um terminal de cabo. A parte arruelas-freno, contrapinos e porcas especiais.
com rosca pode ou não ter o orifício para con- Do mesmo modo que um rebite, o para-
trapino. fuso de retenção (lockbolt), requer uma ferra-
menta pneumática para sua instalação. Quando
"Jobolts" instalado, ele permanecerá rígido e permanen-
temente fixo no local.
"JOBOLT" é a marca registrada de um
rebite com rosca interna e composto de três par-
tes: um parafuso de liga de aço, uma porca de
aço com rosca e uma luva expansível de aço
inoxidável. As partes são pré-montadas na fá-
brica. é instalado, o para
Quando o JOBOLT fuso é girado, en-
quanto a porca é mantida. Isto causa a expansão
da luva sobre a porca, formando uma cabeça
que irá empurrar uma chapa de encontro à outra.
Quando a rotação do parafuso se completa, uma
porção dele se quebra.
A alta resistência ao cizalhamento à ten-
são, tornam o JOBOLT adequado ao uso em
casos de grandes esforços, onde os outros tipos
de prendedores são impraticáveis.
JOBOLTS são muitas vezes utilizados
em partes permanentes da estrutura de aerona-
ves mais antigas.
Eles são usados em áreas que não são su-
jeitas à constantes substituições ou serviços.
Como ele é formado por três partes, não deverá
ser utilizado em locais, caso uma parte se solte, Figura 6-2 Parafusos de retenção (Lokbolts).
ou seja sugada pela entrada de ar do motor. Tipo Convencional (Pull)

6-4
Os três tipos de parafusos de retenção Composição
lockbolts mais usados são: o convencional
(pull), o curto (stump) e cego (blind), mostrados Os pinos dos parafusos de retenção do
na figura 6-2. tipo convencional e do tipo curto, são feitos de
São usados principalmente em estruturas liga de aço com tratamento térmico, ou então,
primárias e secundárias de aeronaves. Eles são de liga de alumínio de alta resistência. Os cola-
instalados muito rapidamente e têm aproxima- res do conjunto são feitos de liga de alumínio ou
damente a metade do peso dos parafusos e por- de aço macio. O tipo cego (blind) consiste num
cas AN equivalentes. Uma ferramenta pneumá- (a): pino de liga de aço com tratamento térmico;
tica especial ("pull gun") é necessária para insta- luva cega (lind sleeve); luva cônica (filler slee-
lar este tipo de lockbolt. A instalação pode ser ve); colar de aço macio; e arruela de aço carbo-
executada por apenas uma pessoa por não ser no.
necessário o uso de barra encontradora.
Substituição
Tipo Curto (Stump)
Os parafusos de retenção de liga de aço
Embora o tipo curto não tenha a haste podem ser usados como substitutos dos rebites
tão comprida quanto o convencional, ele é con- de aço HI-SHEAR, rebites sólidos de aço ou
siderado semelhante na utilização. Eles são usa- parafusos AN do mesmo diâmetro e mesmo tipo
dos principalmente quando o espaço não per- de cabeça. Parafusos de retenção de aço e de
mite a instalação do tipo convencional. liga de alumínio podem ser usados para substi-
Uma rebitadora pneumática padrão (com tuir os parafusos de aço e os de liga de alumí-
um martelete para estampar o colar na ranhura nio 2024 T, respectivamente, do mesmo diâme-
do pino) e uma barra encontradora são as ferra- tro.
mentas necessárias para a instalação de um
lockbolt do tipo curto (stump). Sistema de Numeração

Tipo Cego (Blind) Para os diversos tipos de parafusos de


retenção lockbolts, os sistemas de numeração
São fornecidos como unidades comple- são os seguintes:
tas, ou seja, conjuntos montados. Eles têm ex-
cepcional resistência, e a característica de forçar GRIP Min Max GRIP Min Max
a união das chapas. Nº Nº
Os parafusos de retenção cegos são usa- 1 .031 .094 17 1.031 1.094
2 .094 .156 18 1.094 1.156
dos onde somente um lado do trabalho é acessí- 3 .156 .219 19 1.156 1.219
vel e, geralmente, onde for difícil a cravação de 4 .219 .281 20 1.219 1.281
um rebite convencional. 5 .281 .344 21 1.281 1.344
Este tipo de prendedor é instalado da 6 ..344 .406 22 1.344 1.406
mesma maneira que o tipo convencional. 7 .406 .469 23 1.406 1.469
8 .469 .531 24 1.469 1.531
Características Comuns 9 .531 .594 25 1.531 1.594
10 .594 .656 26 1.594 1.656
11 .656 .718 27 1.656 1.718
Os três tipos de parafusos de retenção 12 .718 .781 28 1.718 1.781
lockbolt, têm em comum, as ranhuras de trava- 13 .781 .843 29 1.781 1.843
mento no pino e o colar de travamento, o qual é 14 .843 .906 30 1.843 1.906
estampado dentro das ranhuras de trava do pino, 15 .906 .968 31 1.906 1.968
travando-o sob tensão. 16 .968 1.031 32 1.968 2.031
Os pinos dos tipos convencional e cego 33 2.031 2.094
são compridos para a instalação por tração.
A extensão da haste é provida de ranhu-
ras com a finalidade de permitir a tração e uma Figura 6-3 Limites de “pega” (GRIP) dos para-
ranhura maior para a ruptura sob tensão da parte fusos de retenção tipos convencio-
excedente da haste. nais e curto.

6-5
Tipo Convencional (PULL) TIPO CURTO (STUMP)
ALSF E 8 8
ALPP H T 8 8 | | | |
| | | | | | | | |___ Comprimento em 16 avos da
| | | | |___ Comprimento em | | | polegada
| | | | 16 avos da polegada | | |
| | | | | | |___ Diâmetro do corpo em 32 avos da polegada
| | | |___ Diâmetro do corpo em 32 avos | |
| | | da polegada | |___ Material de pino:
| | | | E = Liga de alumínio 75S-T6
| | |___ Materiais do pino: | T = Liga de aço com tratamento térmico
| | E = Liga de alumínio 75S-T6 |
| | T = Liga de aço com tratamento térmico |___ Tipo de cabeça:
| | ASCT 509 = Tolerância mínima AN-509 cabeça escareada
| |___ Classe de ajuste: ALSF = Tipo cabeça chata
| H = sem folga ALS 509 = Padrão AN-509 cabeça escareada
| N = com folga ALS 426 = Padrão AN-426 cabeça escareada
|
|___ Tipo de Cabeça:
ACT 509 = Tolerância mínima AN-509 da cabeça escareada Figura 6-4 Sistema de numeração dos parafusos
ALPP = Cabeça universal de retenção (Lockbolts).
ALPB = Cabeça chata
ALP509 = Padrão AN-509 cabeça escareada
ALP426 = Padrão AN-426 cabeça escareada 1/4“ Diâmetro 5/16“ Diâmetro
PEGA EXPESSURA PEGA EXPESSURA
TIPO CEGO (BLIND) Nº Min Max Nº Min Max
1 .031 .094 2 .094 .156
2 .094 .156 3 .156 .219
BL 8 4 3 .156 .219 4 .219 .281
| | |
| | |___ Comprimento em 16 avos da polegada
4 .219 .281 5 .281 .344
| | + 1/32" 5 .281 .344 6 .344 .406
| | 6 .344 .406 7 .406 .469
| | 7 .406 .469 8 .469 .531
| |___ Diâmetro em 32 avos da polegada
|
8 .469 .531 9 .531 .594
| 9 .531 .594 10 .594 .656
| 10 .594 .656 11 .656 .718
|___ BLIND LOCKBOLT 11 .656 .718 12 .718 .781
12 .718 .781 13 .781 .843
13 .781 .843 14 .843 .906
14 .843 .906 15 .906 .968
COLAR DO PARAFUSO DE RETENÇÃO 15 .906 .968 16 .968 1.031
16 .968 1.031 17 1.031 1.094
BL C 8 17 1.031 1.094 18 1.094 1.156
| | | 18 1.094 1.156 19 1.156 1.219
| | |___ Diâmetro do pino em 32 avos da polegada
| |
19 1.156 1.219 20 1.219 1.281
| | 20 1.219 1.281 21 1.281 1.343
| |___ * Material: 21 1.281 1.343 22 1.343 1.406
| C = Liga de alumínio 24ST (verde) 22 1.343 1.406 23 1.406 1.469
| F = Liga de alumínio 61ST (não colorido)
23 1.406 1.469 24 1.460 1.531
| R = Aço macio (com banho de cádmio)
| 24 1.469 1.531
| 25 1.531 1.594
|____ LOCKBOLT COLLAR

* Figura 6-5 Limites da pega (GRIP) dos parafu-


- Use em liga de alumínio 25 ST, somente pa- sos de retenção tipo cego (Blind).
rafusos de retenção de liga com tratamento tér-
mico. ESPESSURA DO MATERIAL
-Use em liga de alumínio 61 ST, somente pa- O tamanho do parafuso requerido para
rafusos de retenção de liga de alumínio75 ST. um determinado trabalho deve ser de acordo
com a espessura do material, medida com uma
- Uso aço macio com parafusos de retenção de régua em gancho, através do orifício onde ele
aço com tratamento térmico somente para apli- será colocado. Após a medição poderão ser de-
cações em alta temperatura. terminados os limites da pega (espessura do

6-6
material a ser unido), através das tabelas forne- Porcas comuns - É o mais comum tipo de por-
cidas pelos fabricantes dos rebites. ca, incluindo a lisa, a castelo, a castelada de
Exemplos das tabelas de limites da pega cizalhamento, a sextavada lisa, a hexagonal leve
(grip range) são apresentados nas Figuras 6-3 e e a lisa leve (ver Figura 6-6).
6-5.
Quando instalado, o colar do parafuso de
retenção deverá ser estampado em toda a exten-
são do colar.
A tolerância da parte do pino a ser que-
brada com relação à parte superior do colar deve
estar dentro das seguintes dimensões:

Diâmetro Tolerância
do pino antes após
3/16 .079 a .032
1/4 .079 a .050
5/16 .079 a .050 Figura 6-6 Porcas comuns de aeronaves.
3/8 .079 a .060 A porca castelo AN310, é usada com os
parafusos: AN de cabeça hexagonal, com furo
Quando for necessário remover um pa- para contrapino; Clevis de olhal, de cabeça com
rafuso de retenção, corte o colar com uma pe- furo para freno, ou prisioneiros.
quena talhadeira bem afiada, evitando danificar Ela é razoavelmente robusta e pode re-
ou deformar o orifício. É aconselhável o uso de sistir a grandes cargas tensionais. Ranhuras
uma barra de encontro no lado oposto ao que (chamadas de castelo), na porca, são destinadas
está sendo cortado. O pino poderá então ser reti- a acomodar um contrapino ou arame de freno
rado com um punção. para segurança.
A castelada de cisalhamento, AN 320, é
PORCAS DE AERONAVES designada para o uso com dispositivos (tais co-
mo parafusos Clevis com furo e pinos cônicos
As porcas usadas em aviação são feitas com rosca), os quais são, normalmente, sujeitos
em diversos formatos e tamanhos. São fabrica- somente a esforços de cisalhamento.
das com aço carbono banhado em cádmio, aço Do mesmo modo que a porca castelo, ela
inoxidável, ou liga de alumínio 2024T anodi- é castelada para frenagem. Note, entretanto, que
zado; e pode ser obtida com rosca esquerda ou a porca não é tão profunda ou tão forte quanto a
direita. castelo; também que as ranhuras não são tão
Não existem marcas de identificação ou fundas quanto aquelas da porca castelo.
letras nas porcas, elas podem ser identificadas A porca sextavada lisa, AN315 e AN335
pelas características metálicas, brilho ou cor de (rosca fina e rosca grossa), é de construção ro-
alumínio, bronze ou o encaixe, quando a porca busta.
for do tipo autofreno. Ela é adequada para suportar grandes
Elas podem, além disso, ser identificadas cargas tensionais. Entretanto, ela requer um dis-
pela sua construção. positivo auxiliar de travamento como uma con-
As porcas usadas em aviação podem ser traporca ou arruela freno, e o seu uso em estru-
divididas em dois grupos gerais: comuns e auto- turas de aeronaves é um pouco limitado.
freno. A porca sextavada leve, AN340 e
Comuns são aquelas que devem ser fre- AN345 (rosca fina e rosca grossa), é uma porca
nadas por um dispositivo externo como contra- mais fina do que a plana hexagonal e deve ser
pino, arame de freno ou contra-porcas. Porcas frenada por um dispositivo auxiliar. Ela é usada
autofreno são as que contém características de em situações diversas em que haja pouca exi-
frenagem como parte integral. gência de tensão.

6-7
A porca plana leve AN316, é usada co- porca de freno elástico, representando as do tipo
mo um dispositivo de frenagem (contra-porca), de freno de fibra.
para as porcas planas, parafusos de retenção
terminais com rosca e outros dispositivos. Porca autofreno boot
A porca borboleta AN350 é aplicada
onde a desejada firmeza pode ser obtida com os É uma porca construída de uma só peça,
dedos, e em conjuntos, que são freqüentemente inteiramente metálica, destinada a manter a fixa-
removidos. ção mesmo sob severa vibração. Note, na Figura
6-7, que ela tem duas seções e é essencialmente
Porcas autofreno como duas porcas em uma; a porca freno e a
porca suportadora de carga. As duas seções são
Conforme seu nome indica, as porcas conectadas com uma mola, a qual faz parte in-
autofreno não necessitam de meios auxiliares de tegrante da porca. A mola mantém as seções de
frenagem, por já terem como característica de frenagem e de suporte de carga a uma certa dis-
construção dispositivos de frenagem, como par- tância, de modo que os dois setores de fios de
te integral. rosca fiquem defazados; ou seja, tão espaçado,
Muitos tipos de porcas autofreno têm que um parafuso sendo atarrachado através da
sido fabricados e o seu uso está amplamente seção de suporte de carga deve empurrar a seção
difundido. de frenagem, de encontro a força da mola, para
Suas aplicações mais comuns são: engrazar propriamente na rosca da seção de fre-
(1) Fixação de mancais antifricção e po- nagem.
lias de controles; Dessa forma, a mola, através da metade
(2) Fixação de acessórios, porcas fixas da seção de frenagem, exerce uma constante
ao redor de janelas de inspeção e em força, apertando a porca. Nesta porca, a seção
aberturas para instalação de peque- de suporte de carga tem uma rosca; com a resis-
nos tanques; e tência de uma porca padrão das mesmas di-
(3) Fixação das tampas das caixas de mensões; enquanto a seção de frenagem exerce
balancins e dos tubos de escapamen- pressão contra a rosca do parafuso, travando a
to dos gases. porca com firmeza em sua posição.
Porcas autofreno são aceitáveis para utili- Somente com a aplicação de uma fer-
zação em aeronaves, dependendo das restrições ramenta a porca soltará o parafuso. A porca po-
do fabricante. de ser removida e reutilizada sem perder sua
As porcas autofreno são usadas em ae- eficiência. As porcas autofreno tipo boot são
ronaves para proporcionar ligações firmes, que fabricadas com três diferentes estilos de molas e
não se soltem, quando sob severa vibração. Não em vários formatos e tamanhos. O tipo borbole-
usar porcas autofreno em juntas, quando fixando ta, o mais comum, varia do tamanho nº 6 até
parafusos, ou porcas sujeitos a rotação. 1/4", o rol-top, de 1/4" até 9/16"; e o tipo bel-
Elas podem ser usadas com mancais an- lows, do tamanho nº 8 até 3/8". As porcas, tipo
tifricção e polias de controles, desde que a pista borboleta, são fabricadas com ligas de alumínio
interna do rolamento esteja fixada à estrutura de anodizado, aço carbono banhado em cádmio ou,
suporte pela porca e o parafuso. de aço inoxidável. As porcas, tipo rol-top são de
As porcas, quando fixadas à estrutura aço com banhada em cádmio, e as do tipo belos
devem ser presas de maneira positiva, para eli- são feitas somente de liga de alumínio.
minarem rotação ou desalinhamento, quando
apertando os parafusos.
Os dois tipos de porcas autofreno, de uso
mais comum, são as do tipo de metal e a do tipo
de freno de fibra.
Com a intenção de facilitar o entendi-
mento, somente três típicas espécies de porcas
autofreno serão consideradas neste manual: a
porca do tipo boot e a porca de aço inoxidável,
representando o tipo totalmente de metal; e a Figura 6-7 Porcas autofreno.

6-8
Porcas autofreno de aço inoxidável

São porcas que podem ser colocadas ou


retiradas, girando-as com os dedos, porque sua
ação de frenagem só é efetiva quando a porca
estiver apertada, contra uma superfície sólida.
A porca consiste de duas partes; o corpo,
com um ressalto chanfrado para frenagem com
chaveta e uma peça com rosca; um ressalto de
frenagem, e uma ranhura de encaixe para a cha-
veta.
A porca pode ser girada facilmente no
parafuso, porque a rosca da peça interna é da
mesma medida. No entanto, quando a porca
encosta na superfície sólida e é apertada, o res-
salto de frenagem da peça interna é puxado para
baixo, e forçado, de encontro ao ressalto do cor-
po da porca. Esta ação comprime a peça com
rosca e causa o aperto do parafuso.
Figura 6-9 Porcas “Elastic Stop”.
A porca em corte é vista na fig. 6-8,
mostrando como a chaveta do corpo da porca
A Figura 6-9 mostra que o colar de fibra
encaixa na ranhura da peça interna, no caso da
não tem fios de rosca, e que o seu diâmetro in-
porca ser girada, a peça interna gira com ela.
terno é menor do que o maior diâmetro da parte
Isso permite que a ranhura diminua e a peça
roscada, ou o diâmetro externo de um parafuso
interna seja comprimida quando a porca estiver
correspondente à porca. Quando a porca é atar-
apertada.
rachada ao parafuso, ela atua como uma porca
comum, até que o parafuso atinja o colar de fi-
bra. Quando o parafuso é atarraxado no colar de
fibra, a fricção (ou arrasto), empurra o colar
para fora da porca, criando uma pressão para
dentro da parte suportadora de carga e, automa-
ticamente forçando a parte suportadora de carga
da porca a entrar em um contato positivo com a
rosca do parafuso. Após o parafuso ter sido for-
çado por toda espessura do colar de fibra, a
pressão para baixo permanecerá constante, man-
tendo a porca seguramente frenada em sua posi-
ção, mesmo sob severa vibração.
Quase todas as porcas elastic stop são de
aço ou liga de alumínio. Esse tipo de porca é
Figura 6-8 Porcas autofreno de aço inoxidável. encontrado em qualquer tipo de metal. As por-
cas elastic stop de liga de alumínio são forneci-
Porca elastic stop das com um acabamento anodizado e as de aço,
com banho de cádmio.
É uma porca padrão, com a altura au- Normalmente, as porcas elastic stop po-
mentada, para acomodar um colar de fibra para dem ser usadas muitas vezes, em completa se-
frenagem. Este colar de fibra é bastante duro e gurança, sem perderem sua eficiência de frena-
resistente, não sendo afetado quando imerso em gem. Quando reutilizar uma porca elastic stop,
água quente ou fria, ou em solventes comuns certifique-se de que a fibra não perdeu sua ca-
como éter, tetracloreto de carbono, óleos ou ga- pacidade de frenagem, nem se tornou quebra-
solina. O colar não causa danos à rosca ou à diça. Se uma porca desse tipo puder ser girada,
camada protetora do parafuso. até o fim com os dedos, deve ser substituída.

6-9
Depois que a porca tiver sido apertada, usadas, quando tiverem sido instaladas durante a
assegure-se de que a ponta do parafuso ou pri- fabricação da aeronave.
sioneiro ultrapassou completamente a parte su-
perior da porca no mínimo 1/32". Parafusos com
o diâmetro de 1/16", ou mais, com orifício para
contrapino, podem ser usados com porcas auto-
freno, mas somente se estiverem livres de lima-
lhas ou arestas nas margens dos furos. Parafusos
com fios de rosca danificados ou ponta áspera
não são aceitáveis. Não se deve abrir rosca na
fibra da porca autofreno.
A ação de frenagem da porca elastic
stop, é o resultado do próprio parafuso ter aberto
a rosca no colar de fibra.
Não instale a porca elastic stop em locais
em que a temperatura ultrapasse 110º C (250ºF),
porque a ação de frenagem da fibra perde a efi-
ciência a partir desse ponto. Porcas autofreno Figura 6-10 Porcas autofreno em trilhos.
podem ser usadas em motores de aeronaves e
acessórios, quando o seu uso for especificado Porcas com encaixe interno e externo
pelo fabricante do motor.
Porcas autofreno são fabricadas em dife- São encontrados dois tipos comerciais de
rentes formas e materiais, para serem rebitadas porcas de alta resistência, com encaixe interno
ou soldadas, na estrutura ou outras partes. Cer- ou externo para ferramentas; elas são porcas do
tas aplicações requerem a instalação das porcas tipo elastic stop e do tipo umbrako. Ambas são
autofreno, em canais ou trilhos que permitem a do tipo autofreno, com tratamento térmico, e
fixação de várias porcas com apenas um pe- capazes de oferecer uma alta resistência à carga
queno número de rebites (ver Figura 6-10). Nes- de tensão do parafuso.
ses canais ou trilhos, as porcas são colocadas em Identificação e códigos
intervalos regulares e, podem ser fixas ou re-
movíveis. As porcas são designadas por números
As do tipo removíveis são flutuantes, re- de parte (PN). Os mais comuns e seus respecti-
solvendo o problema de deslindamento, entre as vos números de parte são: Lisa, AN 315 e AN
peças que estão sendo unidas, e podem ser re- 335; Castelo, AN 310; Castelada fina, AN 320;
movidas ou instaladas nos trilhos, tornando pos- Hexagonal fina, AN 430. Os tipos patenteados
sível a substituição de porcas danificadas. Por- de porcas autofreno têm como número de parte
cas do tipo clinck e spline, que dependem de (PN) de MS 20363 até MS 20367. As porcas
fricção para sua fixação, não são aceitáveis para boots, a flexloc, a autofreno de fibra e a elastic
o uso em estruturas de aeronaves. stop pertencem a este grupo.
A porca tipo borboleta tem como núme-
Porcas de chapa ro de parte AN 350.
Letras e números após o número de parte
Do mesmo modo que as porcas rápidas, indicam itens como material, tamanho, fios de
as porcas de chapa são usadas com parafusos de rosca por polegada; e se a rosca é esquerda ou
rosca soberba, em locais que não sejam estrutu- direita. A letra "B" após o número de parte indi-
rais. Elas são encontradas em várias utilizações, ca que o material da porca é o latão; um "D"
suportando braçadeiras de tubulações e conduí- indica liga de alumínio 2017-T; "DD" indica
tes, equipamento elétrico, portas de acesso; e liga de alumínio 2024-T; um "C" indica aço
são encontradas em vários tipos. Elas são fabri- inoxidável; e, um traço, no lugar da letra, indica
cadas em aço de mola e são arqueadas antes do aço carbono banhado a cádmio.
endurecimento. Esse arqueamento da mola, fun- O algarismo (ou dois algarismos), após o
ciona como trava, impedindo a perda do aperto traço, ou, após o código de números e letras da
do parafuso. Essas porcas, somente devem ser porca, indica o tamanho do corpo e o número de

6-10
fios de rosca por polegada do parafuso para a- para ajustar a posição do entalhe das porcas cas-
quela porca. teladas, com o orifício do parafuso, para o con-
Um traço seguido de um 3, por exemplo, trapino. Arruelas planas devem ser usadas sob
indica que a porca fixará um parafuso AN3 (10- as arruelas freno para evitar danos na superfície
32); um traço e o número 4 quer dizer que fixará do material.
um parafuso AN4 (1/4-28); um traço e o núme- Arruelas de alumínio e de liga de
ro 5, um parafuso AN5 (5/16-24); e assim su- alumínio podem ser usadas, sob as cabeças dos
cessivamente. parafusos ou porcas, em estruturas de liga de
O número de código para as porcas auto- alumínio ou de magnésio, quando houver a pos-
freno é formado por três ou quatro dígitos. Os sibilidade de corrosão causada por metais dife-
últimos dois dígitos referem-se ao número de fi- rentes.
os de rosca por polegada e, o dígito ou dígitos Quando usadas desta maneira, qualquer
anteriores indicam o tamanho da porca em 16 corrente elétrica que fluir no conjunto, será en-
avos da polegada. tre a arruela e o parafuso de aço.
Outras porcas comuns e seus números de Contudo, é prática comum usar uma ar-
código, são: ruela de aço banhada em cádmio, sob a porca,
Código AN310D5R: em contato direto com a estrutura, devido a
maior resistência contra a ação de corte da porca
AN310 = porca castelo para aeronaves. ser oferecida pela arruela de aço, do que por
D = liga de alumínio 2024-T. uma de liga de alumínio.
5 = diâmetro de 5/16". A arruela de aço AN970 proporciona
R = rosca direita (usualmente 24 fios por uma área maior de apoio do que a AN960 e é
polegada). usada em estruturas de madeira tanto sob a ca-
beça do parafuso como sob a porca para evitar o
Código AN320-10: esmagamento da superfície.

AN320 = porca castelada leve, de aço carbono Arruelas freno


com banho de cádmio.
10 = diâmetro 5/8", 18 fios de rosca por Tanto a arruela freno AN935 quanto a
polegada (esta porca é usualmente de rosca di- AN936, são usadas com parafusos de máquina
reita). ou parafusos de aviação, onde as porcas auto-
freno ou castelada não devem ser instaladas.
A ação de mola da arruela freno
Código AN350 B1032: (AN935), proporciona fricção suficiente para
evitar o afrouxamento da porca, devido a vibra-
AN350 = porca borboleta para aeronaves. ção.
B = latão
10 = parafuso número 10. A arruela freno AN935 é também conhe-
32 = número de fios de rosca por polegada. cida como arruela de pressão (Essas arruelas são
mostradas na Figura 6-11).
ARRUELAS DE AVIAÇÃO
As arruelas freno nunca devem ser usadas nas
Arruelas de aviação usadas no reparo de seguintes condições:
células de aeronaves podem ser arruelas planas,
freno ou de tipos especiais. A. Com prendedores em estruturas primárias ou
secundárias;
Arruelas planas
B. Com prendedores, em qualquer parte da
Tanto a AN960 como a AN970 são usa- aeronave, onde a falha poderá resultar em
das sob as porcas sextavadas. Elas proporcio- perigo ou dano pessoal, ou material;
nam uma superfície plana de apoio, e atuam
como um calço, para obter uma correta distância C. Quando a falha provocar a abertura de uma
para um conjunto porca e parafuso; são usadas junção para o fluxo de ar;

6-11
D. Quando o parafuso estiver sujeito a cons-
tantes remoções;

E. Quando a arruela estiver exposta ao fluxo de


ar;

F. Quando a arruela estiver sujeita à condi-


ções de corrosão;

G. Quando a arruela estiver de encontro a ma-


teriais macios, sem uma arruela plana por
baixo para evitar cortes na superfície.

Arruelas freno à prova de vibração

São arruelas circulares com uma


pequena aba, a qual é dobrada de encontro a
uma das faces laterais de uma porca ou, da ca- Figura 6-11 Vários tipos de arruelas
beça de uma parafuso sextavado, travando na
posição. INSTALAÇÃO DE PARAFUSOS E POR-
Existem vários métodos de segurança CAS
com arruelas, como uma aba, que dobrada a 90º
é introduzida em um pequeno orifício na face da Parafusos e medidas dos furos
unidade, ou uma aba interna, que fixará um pa-
rafuso com uma ranhura própria para o freno. Pequenas folgas nos furos para os para-
As arruelas freno com aba podem supor- fusos, são aceitáveis, onde quer que sejam usa-
tar maiores temperaturas do que outros métodos das sob tensão, e não estejam sujeitas a inversão
de segurança, e podem ser usadas, sob condi- de carga. Algumas das aplicações, nas quais a
ções de severa vibração, sem perder a segu- folga nos furos, é permitida. São elas: suportes
rança. de polias, caixas de conduítes, revestimento e
Elas deverão ser usadas somente uma diversos suportes.
vez, porque as abas tendem a quebrar-se quando Os furos para os parafusos devem ser
dobradas uma segunda vez. adequados a superfície envolvida, para propor-
cionar um total apoio à cabeça do parafuso e a
Arruelas especiais porca, e não devendo ser maior do que o neces-
sário, nem ovalizado. Um parafuso em um furo
As arruelas AC950 (ball socket) e desse tipo não produzirá nenhum esforço, até
a AC955 (ball seat), são arruelas especiais, usa- que as partes tenham cedido ou deformado o
das quando um parafuso precisa ser instalado suficiente para permitir o contato da superfície
em ângulo com a superfície ou quando for ne- do furo ovalizado com o parafuso. Convém
cessário um perfeito alinhamento entre o para- lembrar que os parafusos, quando apertados não
fuso e a superfície. preenchem os furos como os rebites.
Essas arruelas são usadas em conjunto e Em casos de furos maiores do que o ne-
são mostradas na Figura 6-11. cessário, ou ovalizados em peças críticas, obte-
As arruelas NAS 143 e MS 20002 são nha informação nos Manuais do Fabricante, da
usadas com parafusos das séries NAS 144 até aeronave ou do motor, antes de alargar o furo ou
NAS 158 (parafusos com encaixe interno para furar para atingir a medida de um parafuso de
ferramentas). maior diâmetro.
Estas arruelas tanto podem ser planas, Usualmente, alguns fatores como distân-
para serem usadas sob a porca, como escareadas cia da borda, folga ou fator de carga, devem ser
(designadas como NAS 143 e MS 20002C) para considerados. Em peças de pouca importância,
parafusos com cabeça em ângulo (para orifícios os furos ovalizados são alargados para a medida
escareados). maior, mais próxima.

6-12
Muitos furos, principalmente para os verão ser usadas, quando unindo peças de aço,
parafusos de fixação de elementos primários, com parafusos também de aço.
têm tolerância mínima. Sempre que possível, o parafuso deverá
Geralmente, é permitido o uso da broca ser colocado com a cabeça para cima ou para
com a medida imediatamente superior ao diâ- frente. Este posicionamento impede que o para-
metro do parafuso, exceto onde for usado pa- fuso saia da posição no caso da perda da porca.
rafuso AN de cabeça hexagonal, em aplicações Esteja certo de que o pescoço do para-
em que o furo seja ajustado para aquela medida, fuso (parte do corpo do parafuso sem fios de
e onde parafusos NAS de tolerância mínima ou rosca) tem o comprimento correto. Geralmente,
Clevis AN são usados. o pescoço do parafuso deve ser igual a espes-
Furos ajustados para parafusos (especifi- sura do material que está sendo aparafusado.
cados nos desenhos de reparos como folga má- Porém, parafusos de pescoço, ligeiramente mai-
xima de 0,0015" entre o parafuso e o furo), são or, podem ser usados, se forem colocadas arrue-
requeridos em locais onde os parafusos são usa- las sob a porca e sob a cabeça do parafuso. No
dos em reparos, ou onde eles são colocados na caso de arruelas planas, adicione calços (shi-
estrutura original. mes) sob as arruelas.
A fixação de um parafuso em um furo
não pode ser definida em termos de diâmetros, Frenagem de parafusos e porcas
como eixo e furo; ela é definida em termos de
fricção, entre o parafuso e o furo, quando o É muito importante que todos os parafu-
parafuso é introduzido no lugar. sos e porcas, exceto as do tipo autofreno, sejam
Um ajustamento forte (tight-drive), por frenadas após a instalação. Métodos de frena-
exemplo, necessita de pequenas batidas com um gem serão apresentados em capítulos posterio-
martelo de 12 a 14 onças, para introduzir o para- res.
fuso.
Um parafuso que requeira uma pancada
firme e permaneça apertado, é considerado jus- TORQUE E TORQUÍMETROS
to, demais. Um ajustamento leve (light-drive),
fará com que um parafuso seja introduzido, en- Quando a velocidade de uma aeronave
tretanto, apenas o peso do martelo sobre a cabe- aumenta, cada membro estrutural torna-se cada
ça do parafuso é o suficiente para movê-lo. vez mais sujeito à tensão. Por este motivo é ex-
tremamente importante que cada parte suporte,
nem mais nem menos do que a carga, para a
Práticas de instalação qual foi designada. Com a finalidade de distri-
buir a carga, com toda segurança através de uma
Examine as marcações das cabeças dos estrutura, é necessário que o torque adequado
parafusos para determinar o material correto de seja aplicado em todas as porcas, parafusos e
cada parafuso. É de extrema importância usar prisioneiros. Usando o torque apropriado per-
parafusos iguais nas substituições, e em todos os mitirá que a estrutura desenvolva a resistência
casos, recorrer ao Manual de Manutenção e ao designada e reduzirá a possibilidade de falha
Manual de Partes aplicáveis. Esteja certo de que devido à fadiga.
as arruelas estão colocadas sob a cabeça dos
parafusos e porcas. Uma arruela protege, contra
danos mecânicos, o material que está sendo apa- Torquímetros
rafusado e evita a corrosão dos membros es-
truturais. Os três torquímetros mais utilizados são:
Uma arruela de liga de alumínio deverá barra flexível, estrutura rígida e estrutura de
ser usada sob a cabeça e a porca de um parafuso catraca (Figura 6-12).
de aço, quando fixando peças de liga de alumí- Quando usando o torquímetro de barra
nio ou de liga de magnésio. flexível ou o de estrutura rígida, o valor do tor-
Se ocorrer alguma corrosão, a arruela se- que é lido visualmente no mostrador ou escala
rá atacada antes das peças. Arruelas de aço de- montada no punho do torquímetro.

6-13
Para usar o do tipo catraca, solte a trava fusos e prisioneiros, sempre que os valores dos
e ajuste na escala tipo micrômetro do punho, a torques não estejam especificados nos procedi-
tensão desejada; e recoloque a trava. Instale a mentos de manutenção.
soquete ou o adaptador adequado no local pró- As seguintes regras são aplicáveis para o
prio do torquímetro. uso correto da tabela de torque da Figura 6-13:
Coloque o conjunto sobre a porca ou pa-
rafuso e puxe o punho, no sentido dos ponteiros A. Para obter os valores em libra/pé, divida as
do relógio, com um movimento suave, porém, libras/polegadas por 12.
firme. Um movimento rápido ou aos trancos
resultará numa indicação incorreta. Quando o B. Não lubrifique as porcas ou os parafusos,
torque aplicado atinge o valor solicitado na re- exceto para as partes de aço resistentes à
gulagem, o punho automaticamente libera a corrosão, ou, quando houver instrução es-
trava, percorrendo livre em uma pequena dis- pecífica para este procedimento.
tância.
A liberação da trava é facilmente senti- C. Sempre aperte girando a porca em primeiro
da, não deixando dúvidas de que a aplicação do lugar, se possível. Quando a questão de es-
torque foi completada. Para assegurar-se de que paço não permitir, aperte pela cabeça do
a correta quantidade de torque é aplicada nos parafuso, até uma medida próxima do valor
parafusos e porcas, todas os torquímetros devem de torque indicado. Não exceder o valor
ser testados, pelo menos uma vez por mês, ou máximo de torque permitido.
mais vezes se necessário.
D. O valor máximo de torque deverá ser usado
Nota : Não é aconselhável o uso de ex- somente quando os materiais e superfícies a
tensão em um torquímetro do tipo barra serem unidos forem suficientes em espes-
flexível. Nos outros tipos de torquíme- sura, área e capacidade, que resistam à que-
tros, somente a extensão não causará e- bra, torção ou outros danos.
feito na leitura da indicação do torque.
E. Para porcas de aço resistentes à corrosão,
O uso de uma extensão em qualquer tipo use os valores de torque para as porcas do
de torquímetro, deve ser feito de acordo com a tipo cisalhamento.
fórmula da Figura 6-12.
Quando aplicando a fórmula, a força de- F. O uso de algum tipo de extensão em um
ve ser aplicada do punho do torquímetro no torquímetro, modifica a leitura do mos-
ponto do qual a medida foi tomada. Se isto não trador, requerida para obter o valor cor-
for feito, o torque obtido estará errado. rigido na tabela padrão. Quando usando
uma extensão, a leitura do torque deve
Tabelas de torque ser computada usando a fórmula apro-
priada, contida no Manual, que acompa-
A tabela padrão de torque deverá ser nha o torquímetro.
usada como um guia, no aperto de porcas, para-

6-14
Figura 6-12 Torquímetros comuns.

Alinhamento do furo para contrapino mento da próxima ranhura com o furo do con-
trapino. As cargas de torque especificadas po-
Quando apertando porcas casteladas em dem ser usadas para todas as porcas de aço com
parafusos, o furo para contrapino pode estar de- banho de cádmio, não lubrificadas, de rosca fina
salinhado com a ranhura da porca ao atingir o ou rosca grossa, as quais possuírem aproxima-
valor de torque recomendado. Exceto em casos damente o mesmo número de fios de rosca e
de partes do motor altamente fatigadas, a porca iguais áreas de contato. Estes valores não se
pode ser superapertada para permitir o alinha- aplicam quando forem especificadas medidas

6-15
especiais de torque no manual de manutenção. As tolerâncias são semelhantes as dos
Se a cabeça do parafuso tiver que ser girada em parafusos AN de cabeça sextavada e a rosca é
vez da porca, os valores de torque podem ser do tipo filete fino (National Fine). Os parafusos
aumentados em uma quantidade igual a fricção para estruturas têm cabeça redonda, chata e es-
do parafuso, fazendo esta medição anteriormen- careada. Os parafusos com encaixe na cabeça
te com o torquímetro. são girados, ou por chaves Phillips, ou Reed and
Prince.
OUTROS TIPOS DE PARAFUSOS DE A- O parafuso AN 509 (100º) de cabeça
VIAÇÃO (SCREWS) plana, é usado em orifícios escareados, quando
for necessária uma superfície plana.
Estes parafusos são os prendedores ros- O parafuso AN 525 de arruela fixa é usa-
queados mais usados nas aeronaves. Eles dife- do onde as cabeças protuberantes não causam
rem dos parafusos já estudados (BOLTS) por problemas. É um parafuso que oferece uma
serem fabricados de materiais menos resistentes. grande área de contato.
Eles podem ser instalados com uma rosca com
folga e o formato da cabeça permite o encaixe Parafusos de máquina
de chaves de fenda ou de boca. Alguns destes
parafusos têm claramente definida a parte do São os fornecidos com cabeça redonda,
corpo sem rosca, enquanto outros, possuem fios escareada e de arruela fixa. Estes parafusos são
de rosca em todo o seu comprimento. para uso geral e são fabricados de aço de baixo
Diversos tipos destes parafusos para uso carbono, latão, aço resistente a corrosão e de
em estruturas diferem dos parafusos padrão so- liga de alumínio.
mente no estilo da cabeça. O material de que Os parafusos de cabeça redonda AN 515
são fabricados é o mesmo e possuem o pescoço e AN 520, têm a cabeça com fenda ou cruz. O
(parte sem rosca) bem definido. O AN 525 com AN 515 tem rosca grossa e o AN 520, rosca
arruela fixa na cabeça e a série NAS 220 até o fina.
NAS 227 são desses parafusos. Os parafusos de máquina escareados, são
Os parafusos mais usados desta classe relacionados como: AN 505 e AN 510 com o
estão divididos em três grupos: ângulo da cabeça de 82º; e o AN 507 de 100º.
1. Parafusos para estruturas - os quais têm a Os AN 505 e AN 510 são semelhantes quanto
mesma resistência e medidas iguais as dos ao material e o uso dos de cabeça redonda AN
parafusos comuns (BOLTS); 515 e AN 520.
Os parafusos de cabeça cilíndrica AN
2. Parafusos de máquina - a maioria dos para- 500 até AN 503, são de uso geral e utilizados
fusos utilizados em reparos gerais; em tampas de mecanismos leves, como por e-
3. Parafusos de rosca soberba - aqueles utiliza- xemplo coberturas de alumínio de caixas de
dos para fixar pequenas partes. engrenagens.
Os parafusos AN 500 e AN 501 são for-
Um quarto grupo, parafusos de encaixe, necidos em aço de baixo carbono, aço resistente
não são realmente parafusos, são pinos. Eles são à corrosão e latão. O AN 500 possue rosca gros-
colocados nas peças metálicas com um martelo sa enquanto o AN 501 tem rosca fina. Eles não
ou macete e suas cabeças não possuem fendas têm definida a parte do corpo sem rosca (pesco-
ou encaixes. ço). Os parafusos acima do nº 6 têm um furo na
cabeça para frenagem.
Parafusos para estrutura Os parafusos AN 502 e AN 503
de cabeça cilíndrica são de liga de aço, com
São feitos de liga de aço, termicamente tratamento térmico, têm o pescoço curto e são
tratados, e podem ser usados como um parafuso fornecidos com rosca fina e rosca grossa. Estes
padrão. Eles pertencem as séries NAS 204 até parafusos são usados onde é requerida grande
NAS 235, AN 509 e AN 525. Eles têm um aper- resistência. Os de rosca grossa são, normalmen-
to definido e uma resistência ao cizalhamento te, usados como parafusos de fixação de tampas
semelhante a dos parafusos comuns da mesma de liga de alumínio e magnésio, fundidos, em
medida. virtude da fragilidade do metal.

6-16
Figura 6-13 Tabela de torque padrão (lb-pol).

6-17
Parafusos de rosca soberba "C", indica aço resistente à corrosão. Uma letra
"A", colocada antes do código do material, indi-
Os parafusos de máquina, de rosca so- ca que a cabeça do parafuso é furada para fre-
berba, são relacionados como: AN 504 (de ca- nagem.
beça redonda) e AN 506 (cabeça escareada a
82º). Estes parafusos são usados para fixar peças NAS 144DH - 22
removíveis; tais como, chapas de inscrição, pe- NAS = National Aircraft Standard
ças fundidas e partes nas quais o próprio para- 144 = Tipo de cabeça; diâmetro e rosca.parafuso
fuso corta os fios de rosca. de 1/4"-28, com encaixe interno para ferramen-
Os parafusos AN 530 e AN 531 de rosca ta.
soberba, para chapas metálicas, tais como os DH = cabeça com furo para frenagem
parafusos Parker-Kalon tipo Z, para chapas me- 22 = comprimento em 16 avos da polegada -
tálicas, não têm ponta fina; e são usados em fi- 22/16" = 1 3/8"
xações temporárias de chapas metálicas, a serem
O número básico, NAS, identifica a par-
rebitadas; e em fixações permanentes de conjun-
te. As letras em sufixo, e os números separados
tos não estruturais. Parafusos de rosca soberba
por traços, identificam os diferentes tamanhos,
não devem ser usados como substitutos de para-
camada protetora do material, especificações da
fusos padrão, porcas ou rebites.
furação, etc. Os números, após os traços e as le-
tras em sufixo, não obedecem a um padrão. Al-
Parafusos de encaixe (drive screws)
gumas vezes é necessário consultar os manuais
específicos para a legenda.
São parafusos AN 535 correspondentes
ao Parker-Kalon tipo U. Eles têm a cabeça lisa,
rosca soberba; e são usados para fixação de REPAROS EM ROSCAS INTERNAS
chapas de inscrição, em peças fundidas, na ve-
dação de furos de dreno e em estruturas tubula- Instalação ou remoção de parafusos são
res à prova de corrosão. tarefas simples, comparadas com a instalação ou
Não é prevista a remoção destes parafu- remoção de prisioneiros. As cabeças dos parafu-
sos após a instalação. sos e das porcas são instaladas externamente,
enquanto que, os prisioneiros são instalados em
roscas internas.
Identificação e códigos
As roscas, danificadas em parafusos ou
porcas, são facilmente identificadas, e só reque-
O sistema de códigos usado para identi- rem a substituição da parte danificada. Quando
ficar estes diferentes tipos de parafuso (screws), roscas internas se danificam, existem duas alter-
é semelhante ao usado para os bolts. Os do tipo nativas: a substituição da peça e o reparo, ou a
NAS são parafusos para estruturas. Os números substituição da rosca.
de parte 510, 515, 520, e assim por diante, clas- A recuperação da rosca danificada, é
sificam os parafusos em classes; tais como, ca- normalmente, o recurso mais barato e mais con-
beça redonda, cabeça plana, cabeça com arruela veniente. Os dois métodos de reparo são: substi-
fixa, e etc. Letras e números indicam o material tuição de buchas e instalação de roscas postiças
de sua composição, comprimento e diâmetro. Heli-Coils.
Exemplos de códigos AN e NAS, são dados a Substituição de buchas
seguir:
AN501B - 416-7 As buchas são materiais de uso especial
AN = Padrão Air Force - Navy (buchas de aço ou latão na cabeça dos cilindros
501 = Cabeça cilíndrica, rosca fina para colocação das velas). São materiais resis-
B = Latão tentes ao desgaste do uso, onde é freqüente a
416 = 4/16" de diâmetro substituição. A rosca externa é, normalmente, de
7 = 7/16" de comprimento filetes grossos. Quando a bucha é instalada, um
produto de vedação pode ou não ser usado, para
A letra "D" no lugar de "B", indica que o evitar perdas. Muitas buchas têm rosca esquerda
material é de liga de alumínio 2017-T. A letra na parte externa e rosca direita na interna. Com

6-18
esta providência, a remoção do parafuso ou pri- tagens e desmontagens, e/ou, onde uma ação de
sioneiro (com rosca direita), tende a apertar o frenagem de parafuso é desejada.
embuchamento.
Buchas para instalações comuns, como Instalação da rosca postiça
velas de ignição, podem ser supermedidas, aci-
ma de .040 (em incrementos de .005). A instala- A instalação consiste em uma seqüência
ção original e a substituição em oficinas de revi- de 5 a 6 itens (Figura 6-15), dependendo de co-
são geral, são efetuadas com tratamento antagô- mo o quinto item for classificado, descarta-se o
nico de temperatura, isto é, a cabeça do cilindro sexto item.
é aquecida e a bucha é congelada. As seguintes instruções do fabricante deve-
rão ser seguidas durante a instalação:
Rosca postiça heli-coil
1 Determinar quais as roscas que estão da-
É um arame de aço inoxidável 18-8, de nificadas.
seção rômbica, enrolado com rigorosa precisão,
em forma de mola helicoidal (fig. 6-14). 2 a) Em novas instalações da rosca postiça,
broquear a rosca danificada para a pro-
fundidade mínima especificada.

b) Com Heli-Coil previamente instalada,


usando o extrator no tamanho adequado,
colocar a borda da lâmina a 90º da borda do
conjunto. São dadas pequenas pancadas
com o martelo, para assentar a ferramenta;
girando para a esquerda, com pressão, até
remover o conjunto. Os fios de rosca não
ficarão danificados se o conjunto for remo-
vido corretamente.

3 Abridor de rosca - Use o abridor de rosca


Figura 6-14 Rosca postiça “Heli-coil”. macho, na medida requerida. O procedi-
mento de abrir rosca é o padronizado. O
Após inserido em um furo rosqueado, comprimento da parte rosqueada deve ser
devidamente preparado, a rosca postiça Heli- igual ou maior do que o requerido.
coil constitui uma rosca fêmea calibrada (Unifi-
ed Coarse ou Unified Fine, classes 2-3B), cor- 4 Medidor - Os fios de rosca devem ser ve-
respondente ao diâmetro nominal da rosca dese- rificados com um medidor de rosca Heli-
jada, em perfeita obediência às dimensões e Coil.
tolerâncias estabelecidas pelo sistema de rosca
correspondente (métrico ou polegada). O con- 5 Instalação do conjunto Heli-Coil - U-
junto instalado acomoda peças com rosca exter- sando a ferramenta adequada, instalar o
na. Cada rosca postiça tem um pino de arrasto conjunto até uma profundidade que per-
com um entalhe, para facilitar a remoção do mita que o final superior da espiral fique de
pino, depois que a rosca postiça estiver instalada 1/4 a 1/2 espira abaixo da superfície do fu-
no furo roscado. ro.
Elas são usadas como uma bucha. Além
de serem usadas para restaurar roscas danifica- 6 Remoção do pino de arrasto - Sele-
das, elas são usadas em projetos originais de cione a ferramenta própria para a quabra do pi-
mísseis, motores de aeronaves e todo o tipo de no de arrasto. Os pinos devem ser removidos em
equipamentos mecânicos e seus acessórios, para todos os furos passantes. Nos furos cegos os pi-
proteger e fortalecer o rosqueamento interno de nos de arrasto podem ser removidos quando
materiais frágeis, metais e plásticos, particular- necessário se o furo tiver profundidade bastante
mente, em locais que requerem freqüentes mon- por baixo do pino do conjunto instalado.

6-19
Estas instruções não são consideradas só deverá ser efetuado quando absolutamente
como específicas para instalação de roscas pos- necessário. O fabricante da aeronave, do mo-
tiças do tipo Heli-Coil. Para instalar um conjun- tor ou dos componentes, deverá ser consultado
to de roscas postiças, devem ser seguidas as antes que o reparo dos orifícios danificados seja
instruções fornecidas pelo fabricante. efetuado com as luvas acres.
As roscas postiças Heli-Coil são forneci-
das com os seguintes tipos de roscas: grossa, Identificação
fina, métrica, de vela de ignição e National Ta-
per Pipe. As luvas são identificadas por um código
padronizado de números (Figura 6-16A), que
representam o tipo, o formato, o código do ma-
terial, o diâmetro do corpo, a letra código do
acabamento e o aperto da espiga da luva. O tipo
e o material da luva são representados pelo nú-
mero básico do código.
O primeiro número, após o traço, repre-
senta o diâmetro da luva para o prendedor a ser
instalado (parafuso, rebite etc), e o número após
o segundo traço representa o comprimento da
Figura 6-15 Instalação da rosca postiça. luva.
O comprimento da luva é determinado
REPARO COM LUVAS ACRES na instalação, e o excesso é cortado. Uma luva
JK5512A-O5N-10 tem a cabeça com perfil bai-
Luvas prendedoras acres são elementos xo, ângulo de 100º, e o material é de liga de
tubulares, de parede fina, com a cabeça em ân- alumínio. O diâmetro é para um parafuso ou
gulo para furos escareados. As luvas são instala- rebite de 5/32", a superfície não tem acaba-
das em furos destinados a parafusos padrão e mento e o seu comprimento é de 5/8".
rebites.
O furo existente deve ser supermedido Preparação do furo
em 1/16" para a instalação da luva. As luvas são
fabricadas em incrementos de polegada. Ao Veja na Figura 6-16B o número da
longo do seu comprimento, ranhuras proporcio- broca para o furo padrão ou para a aproximação.
nam locais para a quebra ou o corte do excesso Após feito, inspecione o furo, a para assegurar-
do comprimento, para a medida exata. As ra- se de que toda a corrosão foi removida, antes da
nhuras proporcionam também um espaço para instalação da luva. O furo deve estar também
manter o adesivo ou selante quando colando a com o contorno perfeito e sem rebarbas. O esca-
luva no furo. reado deve ser aumentado para receber a parte
chanfrada da luva de modo que ela fique no
Vantagens e limitações mesmo plano da superfície.

As luvas são usadas em orifícios que Instalação


possam ser supermedidos em 1/64", para remo-
ção de corrosão ou outros danos. O orifício su- Depois que o tipo correto e o diâmetro
permedido, com a luva instalada, permite o uso da luva forem selecionados, use a ferramenta
de um prendedor de diâmetro original, no orifí- 6501, para cortar o excesso da luva no final da
cio já reparado. instalação.
As luvas podem ser usadas em áreas de A luva pode ser instalada no furo, com
alta corrosão galvânica, desde que esta corrosão ou sem, selante. Quando instalado com selante,
esteja em uma parte que possa ser prontamente use o MIL-S-8802A1/2. Reinstale o prendedor
removida. O alargamento do furo reduz a espes- (parafuso, rebite etc), na medida original, e a-
sura da seção em corte do local e plique o torque previsto.

6-20
Figura 6-16A Identificação das luvas ACRES.

6-21
Figura 6-16B Identificação das luvas ACRES.

Remoção da luva para painéis trabalhantes. A mais desejável apli-


cação para estes prendedores é permitir a rápida
As luvas sem selante podem ser removi- remoção de painéis de acesso, para inspeção e
das, usando-se um pino com a medida externa serviços.
da luva, ou então deformando a luva e remo- Estes prendedores são fabricados e supri-
vendo-a com uma ferramenta pontiaguda. As dos por vários fabricantes e sob várias marcas
luvas com selante podem ser removidas por este registradas. Os mais comuns são: Dzus, Camloc
método, porém, muito cuidado deve ser tomado e Airloc.
para não danificar estrutura do furo.
Se este método não puder ser utilizado, Prendedores Dzus
broqueie a luva com uma broca, com 0.004 a
0.008 à menos do que a broca que abriu o furo Consiste em um pino prisioneiro, um
para instalar a luva. ilhós e um receptáculo. A Figura 6-17 ilustra as
A porção remanescente da luva pode ser diversas partes que compõem a instalação de um
removida usando uma ferramenta pontiaguda e Dzu.
aplicando um solvente para a remoção do selan- O ilhós é feito de alumínio ou liga de a-
te. lumínio. Ele atua como um dispositivo de fixa-
ção do pino prisioneiro. Os ilhoses podem ser
fabricados de tubulações de alumínio 1100, se
PRENDEDORES DE ABERTURA RÁPIDA não forem encontrados através do fornecimento
normal.
São prendedores usados para fixar jane- A mola é feita de aço, com banho de cá-
las de inspeção, portas e outros painéis removí- dmio para evitar corrosão, e fornece a força que
veis da aeronave. São conhecidos também pelos trava ou prende o pino no lugar, quando os dois
termos: rápida ação, trava rápida e prendedores conjuntos são unidos.

6-22
painéis trabalhantes que suportam cargas estru-
turais.
O prendedor Camloc é usado para pren-
der coberturas e carenagens da aeronave. Ele
consiste de três partes: um conjunto prisioneiro,
um ilhós e um receptáculo. Dois tipos de recep-
táculos são fornecidos: o rígido e o flutuante. A
Figura 6-19 mostra o prendedor Camloc.
O prisioneiro e o ilhós são instalados na
parte removível, enquanto o receptáculo é rebi-
tado na estrutura da aeronave. O conjunto pri-
sioneiro e o ilhós são instalados em orifícios
planos, mameados, escareados ou rebaixados,
dependendo da localização e da espessura do
material envolvido.
Figura 6-17 Prendedores Dzus.

Os pinos prisioneiros são fabricados de


aço e banhados com cádmio. São fornecidos
com três tipos de cabeças: borboleta, plana ou
oval. O diâmetro do corpo, o comprimento e o
tipo de cabeça podem ser identificados ou de-
terminados pelas marcas na cabeça do pino pri-
sioneiro (Figura 6-18). O diâmetro é sempre
medido em 16 avos de polegada. O compri-
mento do prisioneiro é medido em centésimos
de polegada, que é a distância da cabeça até a
parte inferior do orifício para a mola.
Um quarto de volta do prisioneiro (no
sentido dos ponteiros do relógio), trava o pren-
dedor. O prendedor somente pode ser destra-
vado girando-se o pino prisioneiro no sentido
contrário dos ponteiros do relógio. Os Dzus são,
travados ou destravados, com uma chave de
fenda comum ou uma chave especial para Dzus.

Figura 6-19 Prendedor Camloc.

Um quarto de volta (no sentido dos pon-


teiros do relógio) do prisioneiro, trava o prende-
dor, e ele somente será destravado quando gira-
do no sentido contrário dos ponteiros do relógio.

Prendedores Airloc
Figura 6-18 Identificação de Dzus.
Os prendedores Airloc mostrados na
Prendedores Camloc Figura 6-20 consistem de três partes: um prisio-
neiro, um pino e um receptáculo. O prisioneiro é
São feitos em uma variedade de estilos e feito de aço cimentado para evitar o desgaste
formatos. Os mais utilizados são os das séries excessivo. O orifício do prisioneiro é ajustado
2600, 2700, 40S51 e 4002, na linha regular, e os para fixar o pino sob pressão.
prendedores de painéis trabalhantes na linha de A espessura total do material que será fi-
trabalho pesado. Estes últimos são usados em xado com o Airloc deve ser conhecida antes de

6-23
selecionar o comprimento do prisioneiro que CABOS DE COMANDO
será instalado. A espessura do material que cada
prisioneiro poderá fixar está estampada na cabe- Cabos são os meios mais amplamente
ça do prisioneiro em milésimos de polegada utilizados para acionamento das superfícies pri-
(.040, .070, .190, etc). Os prisioneiros são ma- márias dos controles de vôo. Comandos através
nufaturados em três estilos de cabeça: lisa, oval de cabos são também utilizados nos controles de
e borboleta. motores, sistemas de extensão, em emergência
do trem de pouso, e vários outros sistemas das
aeronaves.
Os comandos, por meio de cabos, têm
muitas vantagens sobre os outros tipos. Ele é
forte, de pouco peso, e sua flexibilidade torna
fácil sua rota através da aeronave. Um cabo de
comando tem uma alta eficiência, e pode ser
acionado sem folga, tornando-o de muita preci-
são nos controles.
As ligações com cabos têm também al-
gumas desvantagens. A tensão deve ser ajustada
freqüentemente com o esforço e as variações de
temperatura. Os cabos de controle de aeronaves
são fabricados de aço carbono ou aço inoxidá-
vel.

Construção de cabos

O componente básico de um cabo é o


arame. O diâmetro do arame determina o diâ-
metro total do cabo. Um número de arames são
preformados em uma forma helicoidal ou espi-
ral antes, de sua adaptação no cabo, e podem ser
desenroladas independentes. As designações de
Figura 6-20 Prendedor Airloc.
um cabo são baseadas no número de pernas e no
número de fios em cada perna. Os cabos mais
O pino (Figura 6-20), é manufaturado de
comuns usados em aeronaves são o 7x7 e o
aço cromo-vanádio, e com tratamento térmico
7x19.
para proporcionar um máximo de resistência,
O cabo 7x7 consiste de sete pernas de
utilização e conservação de força. Ele nunca de-
sete fios, cada uma. Seis destas pernas são enro-
verá ser usado uma segunda vez. Tendo sido re-
ladas em torno de uma perna central (veja na
movido, deverá ser substituído por um novo. Os
Figura 6-21). Esse é um cabo de média flexibili-
receptáculos para os prendedores airloc são fa-
dade e é usado para comando de compensado-
bricados nos tipos rígidos e flutuantes.
res, controle dos motores e comando de siste-
Os tamanhos são classificados por núme-
mas de indicação.
ros: nº 2, nº 5 e nº 7. Eles são também classifica-
O cabo 7x19 é feito de sete pernas de
dos pela distância entre os furos dos rebites que
dezenove fios, cada um. Seis dessas pernas são
fixam o receptáculo: nº 2, 3/4"; nº 5, 1" e nº 7, 1
enroladas em torno de uma perna central (ve-
3/8". Os receptáculos são fabricados em aço de
ja na Figura 6-21). Esse cabo é extremamente
alto índice de carbono, com tratamento térmico.
flexível, e é usado nos sistemas primários de
O encaixe superior, tipo borboleta assegura a
comando, e em outros locais, onde, a ação sobre
ejeção do prisioneiro, quando ele for destra-
roldanas é freqüente.
vado, e permite ao pino ser mantido na posição
Os cabos de comando de aeronaves va-
travado, entre a borboleta superior, o ressalto e
riam em diâmetro, que variam de 1/16" a 3/8".
o batente, independente da tensão para a qual o
O diâmetro de um cabo é medido como mostra a
receptáculo está subordinado.
Figura 6-21.

6-24
Figura 6-21 Seção em corte de cabo de comando.

As designações de um cabo são baseadas


no número de pernas e no número de fios em
cada perna. Os cabos mais comuns usados em
aeronaves são o 7x7 e o 7x19.
O cabo 7x7 consiste de sete pernas de
sete fios, cada uma. Seis destas pernas são enro-
ladas em torno de uma perna central (veja na
Figura 6-21). Esse é um cabo de média flexibili-
dade e é usado para comando de compensado-
res, controle dos motores e comando de siste-
mas de indicação.
O cabo 7x19 é feito de sete pernas de
dezenove fios, cada um. Seis dessas pernas são
enroladas em torno de uma perna central (ve-
ja na Figura 6-21).
Esse cabo é extremamente flexível, e é
usado nos sistemas primários de comando, e em
outros locais, onde, a ação sobre roldanas é fre-
qüente.
Os cabos de comando de aeronaves va-
riam em diâmetro, que variam de 1/16" a 3/8".
O diâmetro de um cabo é medido como mostra a Figura 6-22 Tipos de terminais de cabos de
Figura 6-21. comando.

Terminais de cabos O terminal em esfera é usado para liga-


ção de cabos em quadrantes e conexões especi-
Os cabos podem ser conectados com di- ais, quando o espaço é limitado. A Figura 6-22
versos tipos de terminais, sendo os mais utiliza- ilustra os diferentes tipos de terminais.
dos os do tipo prensado, com formato de bola, Os terminais sapatilha "bushing e shac-
garfo, rosqueado e outros. kle", podem ser utilizados no lugar de alguns
O terminal rosqueado, o em garfo e o em tipos de terminais.
olhal são usados para conectar o cabo a um esti- Quando as condições de suprimento fo-
cador, uma articulação ou outra ligação do sis- rem limitadas e a substituição do cabo tenha que
tema. ser feita imediatamente.

6-25
Esticadores geralmente, feitas em pequenas seções, para
evitar vibração e curvaturas, quando sob carga
Um esticador é um mecanismo formado de compressão.
por dois terminais roscados, e uma peça inter-
mediária, que, ao ser girada em um sentido, ten- PINOS
de a separar os terminais. Em outra direção,
tende a junta-los, possibilitando assim, a regula- Os três principais tipos de pinos usados
gem da tensão dos cabos de comando ligados em estruturas de aeronaves são: pino de cabeça
aos terminais. Um dos terminais possue rosca chata e contrapino.
esquerda e o outro rosca direita. A peça central Os pinos são usados em aplicações cisa-
possue rosca esquerda de um lado e direita do lháveis e por segurança. Pinos cônicos têm tido
outro, sendo ambas internas. sua aplicação aumentada em construção aero-
Quando instalando um esticador, em um náutica.
sistema de controle, é necessário atarrachar am-
bos os terminais em igual número de voltas na Pino cônico
parte central. É também essencial, que após a
introdução dos terminais, na parte central, fi- Liso ou com rosca (AN385 e AN386),
quem expostos, no máximo, três fios de rosca são usados em juntas que sofrem carga de cisa-
em cada terminal (ver Figura 6-23). lhamento, e quando a ausência de folga é es-
O tamanho correto e o tipo dos esticado- sencial.
res (longo ou curto), deve ser observado por O pino liso é furado e usualmente fre-
ocasião de cada instalação de cabo. Deve ser nado com arame. O com rosca é usado com ar-
observado o estado dos fios de rosca** e a sua ruela (AN975) e porca (contrapinada) ou porca
lubrificação. As roscas, esquerda e direita, de- auto-freno.
vem ser verificadas quanto ao sentido correto e
o tipo de terminal do cabo correspondente, de Pino de cabeça chata
acordo com os desenhos; devem ser lubrifica-
das, segundo as especificações da fábrica; todo Normalmente chamado de pino Clevis, o
o excesso de lubrificante deverá ser removido. (MS20392) é usado em terminais de tirantes e
Após a regulagem, o esticador deverá ser fre- controles secundários os quais não estejam su-
nado. Os métodos de frenagem serão vistos em jeitos a contínuas operações.
capítulo posterior. O pino deve ser instalado com a cabeça
para cima, como prevenção, para o caso de per-
da ou falha do contra-pino, garantindo a perma-
nência do pino no seu devido lugar.
Contra-pino
Figura 6-23 Conjunto típico de esticador.
O (AN380) contra-pino de aço de baixo-
CONEXÕES RÍGIDAS DE CONTROLE carbono e banhado com cádmio é usado na fre-
nagem de parafusos, porcas, outros pinos e em
São tubos, utilizados como ligação, em várias aplicações, quando a segurança se faz ne-
vários tipos de sistemas, operados mecanica- cessária. O AN381 é um contra-pino de aço re-
mente. Este tipo de ligação elimina o problema sistente à corrosão, usado em locais onde é re-
de tensão e permite a transferência, tanto de querido material não magnético, ou em locais
compressão como de tração, por meio de um onde a resistência a corrosão é necessária.
simples tubo.
Um conjunto de conexão rígida consiste Rollpins
de um tubo de liga de alumínio ou aço, com um
terminal ajustável, e uma contraporca em cada É um pino colocado sob pressão e com
extremidade (Figura 6-24) . as pontas chanfradas, tem a forma tubular e cor-
As contraporcas fixam os terminais, de- tado em todo o seu comprimento. O pino e co-
pois que o conjunto tiver sido ajustado para o locada no lugar por meio de ferramentas ma-
seu correto tamanho. As conexões rígidas são, nuais, sendo comprimido e girado na posição.

6-26
Figura 6-24 Conjunto de haste rígida de comando.

A pressão exercida pelo pino nas paredes plo torcido é o método mais utilizado em frena-
do orifício é que o mantém fixo, até sua remo- gem com arame.
ção com um punção de montagem ou com um O fio simples de arame pode ser usado
toca-pino. em pequenos parafusos, em um espaço reduzi-
do, próximos e geometricamente colocados, em
MÉTODOS DE SEGURANÇA partes do sistema elétrico, e em lugares de difí-
cil acesso.
São os processos de segurança emprega-
dos em toda a aeronave em parafusos, porcas,
pinos e outros elementos de fixação, os quais
não podem trabalhar frouxos devido a vibração.
É necessária uma familiarização, com os vários
métodos e meios de frenagem do equipamento
na aeronave, com a finalidade de executar a ma-
nutenção e inspeção.
Existem vários métodos de segurança
para as partes de uma aeronave. Os mais utiliza-
dos são: arame de freno, contra-pinos, arruelas-
freno, anéis de pressão e porcas especiais, como Figura 6-25 Métodos de frenagem com arame.
a auto-freno e contra-porca. Algumas dessas
porcas e arruelas já foram apresentadas. A Figura 6-25, é uma ilustração dos vári-
os métodos, que são, normalmente usados na
Frenagem com arame frenagem com arame de porcas e parafusos.
Um estudo cuidadoso da Figura 6-25
É o mais positivo e satisfatório meio de mostra que:
segurança para bujões, prisioneiros, porcas, ca-
beças de parafuso e esticadores, os quais não a. Os exemplos 1, 2 e 5 ilustram o método
podem ser frenados por outro processo mais próprio de frenagem de parafusos, plugues
prático. com cabeça quadrada, e partes semelhantes,
É o método de frenar duas ou mais uni- quando frenadas aos pares;
dades, de tal maneira, que qualquer tendência de
afrouxar uma delas será anulada pelo aperto do
arame de freno. b. O exemplo 3, ilustra alguns componen-
tes frenados em série;
Porcas e parafusos c. O exemplo 4, ilustra o método próprio,
de frenagem de porcas, castelo e prisionei-
Porcas e parafusos podem ser frenados ros. (Observar que o arame não circunda a
com arame simples ou duplo torcido. O fio du- porca);

6-27
d. Os exemplos 6 e 7, ilustram um tipo
simples de componente roscado, frenado à
carcaça ou outro ponto de fixação.

e. O exemplo 8, ilustra vários componentes


em espaço reduzido, geometricamente colo-
cados, e usando um simples fio de arame na
frenagem.

Quando frenando juntos parafusos de


cabeça furada, ou partes semelhantes, eles esta-
rão mais convenientemente seguros se forem Figura 6-26 Frenagem com arame de bujões,
frenados em séries, do que individualmente. drenos e válvulas.
O número de porcas ou parafusos que
podem ser frenados juntos depende da aplica- Conectores elétricos
ção. Quando frenando parafusos muito afasta-
dos com fios duplos torcidos, um grupo de três Sob condições de severa vibração, a por-
deverá ser o máximo em uma série. ca de um conector pode vibrar se estiver solta e
Quando frenando parafusos, próximos com suficiente vibração; o conector poderá sol-
um do outro, o número que couber em 24 pole- tar-se. Quando isto ocorre, o circuito alimentado
gadas de extensão de arame, é o máximo de pelos fios ficará interrompido. A proteção indi-
cada série. cada, para evitar esta ocorrência, é a frenagem
O arame deverá ser colocado de modo com arame, como mostra a Figura 6-27. A fre-
que a tendência de afrouxar um parafuso encon- nagem deve ser a mais curta possível e a tensão
tre resistência no arame que está forçando na do arame deverá atuar no sentido do aperto de
direção de aperto. porca no plugue.
As partes a serem frenadas deverão ser
apertadas, até o valor de torque previsto, e os
furos alinhados antes da operação de frenagem.
Nunca apertar, além do torque previsto, ou a-
frouxar uma porca já torqueada para linhar os
furos para a frenagem.

Bujões de óleo, torneira dreno e válvulas

Estas unidades são frenadas como mos-


tra a Figura 6-26. No caso do bujão de óleo, o Figura 6-27 Frenagem de plugues conectores.
arame de freno está preso à cabeça de um para-
fuso próximo. Esticadores
Este sistema aplica-se a qualquer outra
unidade, a qual tenha que ser frenada individu- Após um esticador ter sido adequada-
almente. mente ajustado, ele deverá ser frenado. Existem
Ordinariamente, pontos de frenagem, são vários métodos de frenagem de esticadores, po-
convenientemente localizados próximos a estas rém, somente dois deles serão aqui apresentados
partes individuais. (Figura 6-28 A e B). O clip de travamento é o
Quando não houver esta facilidade, a fre- mais recente; o mais antigo é o que requer ara-
nagem deve ser feita em alguma adjacente parte me de freno, obedecendo a uma seqüência no
do conjunto. enrolamento.

6-28
Figura 6-28 Frenagem de esticadores;(A) Método “clip” de travamento; (B) Método frenagem com
arame.

Método de enrolamento duplo de arame ser repetido. Em cada extremidade do esticador,


os arames são passados em sentidos opostos,
Dos métodos de frenagem de esticado- pelo orifício do terminal (olhal, garfo, etc), dan-
res, o enrolamento duplo é o preferido, embora do em cada terminal quatro voltas com cada
o método de enrolamento simples seja satisfató- ponta dos arames, cortando o excedente. O
rio. O método de enrolamento duplo é mostrado mesmo procedimento deverá ser aplicado em
na Figura 6-28B. cada extremidade do esticador.
Usando dois pedaços separados do ara- Quando o terminal for do tipo roscado,
me, indicado na tabela da Figura 6-29, passe sem olhal e sem uma passagem mais ampla para
uma das pontas, de um dos pedaços, pelo orifí- as duas pontas do arame, passe apenas uma de-
cio central do esticador, dobrando o arame; e las, e após cruzar sobre a outra ponta livre, faça
levando as pontas em direções opostas. O pro- o enrolamento no terminal com cada uma das
cedimento com o outro pedaço de arame deve pontas do arame.

6-29
Medida do cabo Tipo do Diâmetro do Material
em polegedas enrolamento arame de freno (recozido)
1/16 Simples 020 Aço inoxidável
3/32 Simples 040 Cobre, Latão 1
1/8 Simples 040 Aço inoxidável
1/8 Duplo 040 Cobre, Latão 1
1/8 Simples 057 Min. Cobre, Latão 1
5/32 Simples 057 Aço inoxidável
1 - Arame de aço galvanizado ou estanhado ou ainda de ferro doce são também aceitáveis.

Figura 6-29 Guia de frenagem de esticadores.

Método de enrolamento simples trás ou para baixo para não se tornar um es-
torvo.
Os métodos descritos nos parágrafos se-
2. Em cada frenagem deve ser usado arame
guintes são aceitáveis, mas não tão eficientes
novo.
quanto os de enrolamentos duplos.
Passe um pedaço de arame de freno atra- 3. Quando frenando porcas castelo com arame,
vés do terminal do cabo (olhal, garfo ou orifício o aperto final deverá ser dado na porca cui-
do terminal roscado) em uma das extremidades dando em alinhar o orifício do parafuso com
do esticador. Cruze cada uma das pontas do o castelo da porca.
arame, em direções opostas, em volta da primei-
4. Todas as frenagens com arame deverão ser
ra metade da parte central do esticador, de modo
apertadas depois de efetuadas, mas nunca
que os arames se cruzem duas vezes.
excessivamente para não enfraquecer o ara-
Passando ambos os arames pelo orifício
me que poderá quebrar-se com o manuseio
central, o terceiro cruzamento dentro da passa-
ou com a vibração.
gem é feito. Mais uma vez, cruze os arames em
direções opostas, em volta da outra metade do 5. O arame deve ser colocado de modo que a
esticador. Depois é só passar a ponta do arame tensão exercida por ele seja no sentido de
pelo olhal do terminal, garfo ou orifício do ter- apertar a porca.
minal roscado e, da maneira já descrita anteri-
6. O arame de freno deve ser torcido com aper-
ormente, enrole cada ponta no terminal por qua-
to uniforme e entre as porcas, na frenagem
tro voltas, cortando o excesso.
em série, deve ser tão esticado quanto possí-
Uma alternativa do método descrito é
vel sem que fique torcido em demasia.
passar um arame pelo orifício central do estica-
dor, dobrar as pontas em direções opostas pas- 7. O arame de freno deverá sempre ser insta-
sando cada ponta pelo olhal, garfo ou orifício do lado e torcido de modo que a curva em torno
terminal roscado e enrolar cada ponta quatro da cabeça do parafuso permaneça em baixo
voltas no respectivo terminal, cortando o ex- e não tenha a tendência a passar para a parte
cesso de arame. Após a frenagem, somente três superior da cabeça, causando uma folga pre-
fios de rosca dos terminais deverão ficar expos- judicial.
tos.
Frenagem com contrapino
Regras gerais para frenagem com arame
A instalação de contrapinos é mostrada
Quando utilizando os métodos de frena- na Figura 6-30. As porcas de castelo são usadas
gem com arame, as seguintes regras gerais de- com parafusos, que devem ter o orifício para o
verão ser seguidas: contrapino.
Este aliás, deverá estar em perfeitas
1. A frenagem deve terminar com uma ponta condições ao ser instalado no orifício e com pe-
de arame torcido de 1/4" a 1/2" (três a seis quena folga lateral. As regras gerais para a fre-
espiras). Esta ponta deverá ser torcida para nagem com contrapino, são as seguintes:

6-30
Figura 6-31 Frenagem de anel de pressão ex-
terno.
Figura 6-30 Instalação de contrapino.
REBITES
1. A ponta que circunda a parte final do para-
fuso, não deverá ultrapassá-la, devendo ser Uma aeronave, apesar de sempre ser
cortada, se for o caso. feita com os melhores materiais e as mais resis-
tentes partes, terá um valor duvidoso, a menos
2. A ponta dobrada para baixo não deverá atin- que todas as partes estejam firmemente ligadas.
gir a arruela. (Cortar, se for o caso.) Vários métodos são usados para manter
as partes de metal unidas; eles incluem a utiliza-
3. Se for usado o método opcional de frena- ção de rebites, parafusos, solda ou solda forte. O
gem, contornando lateralmente a porca com processo usado pode produzir uma união tão
o contrapino, as pontas não deverão ultra- forte quanto o material de cada uma das partes.
passar a parte lateral da porca. O alumínio e as suas ligas são difíceis de
serem soldados. Entretanto para se fazer uma
4. As pernas do contrapino deverão ser dobra- resistente e boa união as partes de alumínio de-
das em um ângulo razoável. Curvas muito vem ser soldadas, aparafusadas ou rebitadas
acentuadas poderão causar a quebra. Pe- umas com as outras. A rebitagem é mais satisfa-
quenas pancadas com um macete é o melhor tória no ponto de vista de firmeza e acabamento;
método de dobragem das pontas. ela é bem mais fácil de ser feita do que a solda.
Este método é o mais utilizado na junção e uni-
ão de ligas de alumínio, na construção e no re-
Anel de pressão paro de aeronaves.
O rebite é um pino metálico usado para
manter duas ou mais peças de metal, lâminas,
É um anel de metal, de seção circular ou placas, ou peças de material unidas; sua cabeça
chata, o qual é temperado para ter ação de mola. é formada em uma das pontas durante a fabrica-
É esta ação de mola que o mantém firmemente ção. A espiga do rebite, é introduzida no orifício
assentado na ranhura. feito nas peças do material, e a ponta, é então,
Os do tipo externo têm por finalidade rebatida para formar uma segunda cabeça, para
contornar a parte externa de eixos ou cilindros, manter as duas peças seguramente unidas. A se-
assentados em ranhuras. gunda cabeça pode ser formada, tanto manual-
Os do tipo interno são fixados em ranhu- mente, como por meio de equipamento pneumá-
ras na parte interna de cilindros. Um tipo espe- tico; e é chamada de "cabeça de oficina", ou
cial de alicate é destinado à instalação de cada "contracabeça", cuja função é a mesma de uma
tipo de anel de pressão. porca ou um parafuso.
Os anéis de pressão poderão ser reutili- Em adição ao seu uso em unir seções de
zados; enquanto a sua forma e ação de mola fo- chapas, os rebites são também usados para unir
rem mantidas. seções de nervuras, para manter seções de can-
Os do tipo externo, poderão ser frenados; toneiras no lugar, para prender tirantes, cone-
mas, os internos, nunca são frenados. A fre- xões e inúmeras partes unidas.
nagem de um anel do tipo externo é mostrada na Os dois tipos principais de rebites usados
Figura 6-31. em aeronaves são: o rebite sólido, o qual é reba-

6-31
tido usando-se uma barra encontradora; e o tipo de resistência à corrosão, quando combinado
especial, o qual pode ser instalado quando o lo- com o magnésio.
cal não permite usar a barra encontradora. Rebites de aço macio são usados para
rebitar peças de aço. Os rebites de aço resistente
Rebites sólidos a corrosão são empregados para rebitar aços,
como paredes de fogo, braçadeiras de escapa-
Os rebites sólidos são geralmente usados mento e estruturas semelhantes.
nos trabalhos de reparos. Eles são identificados Rebites de Monel são usados para rebi-
pela espécie de material de que são feitos, o tipo tar ligas de aço-níquel. Eles podem ser substitui-
de cabeça, o tamanho da espiga e suas condi- dos por aqueles feitos de aço resistente à corro-
ções de têmpera. A designação para os tipos de são em alguns casos. O uso de rebites de cobre
cabeça são: universal, redonda, chata, escareada em reparos de aeronaves é muito limitado. Eles
e lentilha (brazier), de acordo com o desenho podem ser usados somente em ligas de cobre ou
em corte da cabeça ( ver Figura 6-33). As de- materiais não metálicos, como o couro.
signações da têmpera e da resistência são indi- A têmpera do metal é um importante
cadas por marcas especiais na cabeça do rebite. fator no processo de rebitagem, especialmente
O material usado para a maioria dos re- com rebites de liga de alumínio. Os rebites de
bites sólidos é a liga de alumínio. A resistência liga de alumínio têm as mesmas características
e as condições da têmpera dos rebites de liga de com relação ao tratamento à quente das chapas
alumínio são identificadas por dígitos e letras de liga de alumínio em estoque. Eles podem ser
semelhantes aos adotados para a identificação endurecidos ou recozidos, conforme são chapas
da resistência e condições de têmpera das cha- de alumínio. O rebite deve estar macio ou rela-
pas de alumínio e de liga de alumínio em esto- tivamente macio, antes que uma boa cabeça
que. Os rebites 1100, 2017-T, 2024-T, 2117-T e possa ser formada. O 2017-T e o 2024-T são
5056 são os tipos mais disponíveis. rebites recozidos, antes de serem cravados; pois
O rebite 1100, o qual é composto de endurecem com o passar do tempo.
99.45% de puro alumínio, é muito macio. Ele é Os processos de tratamento à quente
usado para rebitar as ligas de alumínio macias, (recozimento) de rebites são muito semelhantes
tais como as 1100, 3003 e 5052, as quais são ao das chapas estocadas. Tanto pode ser neces-
usadas em partes não estruturais (todas as partes sário o tratamento em forno elétrico ou a ar,
em que a resistência não é um fator a ser consi- como em banho de sal ou de óleo quente. A
derado). A rebitagem de um porta-mapas é um temperatura para o tratamento depende do tipo
bom exemplo de onde um rebite de liga de alu- de liga e deve estar entre 329ºC a 510ºC (625ºF
mínio 1100, pode ser usado. a 950ºF). Para facilitar o manuseio, os rebites
O rebite 2117-T, conhecido como o rebi- devem ser aquecidos em uma bandeja ou cesta
te de campo (field rivet), é usado mais do que de arame; e imersos em água fria a 20ºC (70ºF),
qualquer outro na rebitagem de estruturas de imediatamente, após o tratamento a quente.
liga de alumínio. O rebite de campo é muito Os rebites 2017-T e 2024-T quando tra-
procurado por estar pronto para o uso, quando tados à quente, iniciam a fase de endurecimento
recebido não necessitando tratamento à quente dentro de uns cinco minutos, após serem expos-
ou recozimento. Ele também tem uma alta resis- tos à temperatura ambiente. Por este motivo,
tência à corrosão. eles devem ser usados imediatamente após a
Os rebites 2017-T e 2024-T são usados imersão em água fria, ou então, serem estocados
em estruturas de liga de alumínio, quando for em um lugar frio. O meio mais comum de man-
necessária maior resistência do que a obtida ter os rebites tratados à quente em uma tempera-
com o mesmo tamanho do rebite 2217-T. Estes tura abaixo de zero graus centígrados (abaixo de
rebites são recozidos, e depois mantidos refrige- 32ºF), é mantê-los em um refrigerador elétrico.
rados até que sejam colocados na chapa. O rebi- Eles são denominados "rebites de geladeira"
te 2017-T deverá ser colocado dentro de apro- ("icebox rivets"). Sob estas condições de estoca-
ximadamente uma hora e o 2024-T dentro de 10 gem, os rebites permanecerão suficientemente
a 20 minutos depois de retirado da refrigeração. macios, para serem cravados por um período
O rebite 5056 é usado para rebitar estru- superior a duas semanas.
turas de liga de magnésio, por suas qualidades

6-32
Os rebites não utilizados dentro deste metais diferentes em contato um com o outro.
período, deverão ser novamente tratados à quen- Lembramos que dois metais diferentes em con-
te. tato, um com o outro, na presença de umidade
Os rebites de geladeira atingem em a- causa um fluxo de corrente elétrica entre eles,
proximadamente uma hora, a metade da sua re- formando sub-produtos. Isto resulta: princi-
sistência máxima, depois de cravados; e a total palmente, na deterioração de um dos metais.
resistência em quatro dias. Quando os rebites Certas ligas de alumínio reagem com as
2017-T são expostos à temperatura ambiente outras e, portanto, devem ser de metais diferen-
por uma hora ou mais, eles são submetidos no- tes. As ligas de alumínio usadas podem ser di-
vamente ao tratamento a quente. Isto também se vididas em dois grupos como mostra a fig. 6-32.
aplica ao rebite 2024-T quando exposto à tem-
peratura ambiente por um período que exceda GRUPO A GRUPO B
10 minutos. 1100 2117
Um rebite de geladeira, que tenha sido 3003 2017
retirado do refrigerador, não deverá ser recolo- 5052 2124
cado junto aos mantidos em estoque. Se forem
6053 7075
retirados do refrigerador mais rebites do que o
necessário para serem usados em quinze minu-
Figura 6-32 Grupos de alumínio.
tos, eles deverão ser colocados em uma vasilha
separada e guardados para repetição do trata-
Os membros contidos no grupo A, ou no
mento à quente. Este tratamento à quente de
grupo B, podem ser considerados semelhantes
rebites, quando feito adequadamente, pode ser
entre si, e não reagirão uns com os outros do
repetido várias vezes. A temperatura adequada e
mesmo grupo. Uma ação corrosiva terá lugar se
o tempo previsto são:
algum metal do grupo A for colocado em conta-
to com um do grupo B, na presença de umidade.
Tempo de aquecimento em forno a ar
O uso de metais diferentes deve ser evi-
Liga Tempo à Temperatura
do Tempera- do tratamento tado sempre que possível. Sua incompatibili-
rebite tura dade é um fator que foi considerado quando o
2024 1 hora 487°C – 498°C (910°F – 930°F) "AN Standard" foi adotado. Para cumprir com o
2017 1 hora 496°C – 510°C (925°F – 950°F) padrão AN os fabricantes devem pôr uma ca-
Tempo de aquecimento em banho de sal mada de proteção nos rebites, que podem ser de
2024 30 minutos 487°C – 498°C (910°F – 930°F) cromato de zinco, metal pulverizado ou acaba-
2017 30 minutos 496°C – 510°C (925°F – 950°F) mento anodizado. A camada de proteção de um
rebite é identificada por sua cor. Um rebite co-
A maioria dos metais e, portanto, os re- berto com cromato de zinco é amarelo, um com
bites de aeronaves mantidos em estoque, estão a superfície anodizada é cinza perolado; e, o
sujeitos a corrosão, que tanto pode ser causada com metal pulverizado é identificado pela cor
pelas condições climáticas como também pelos cinza prateado. Se surgir uma situação na qual
processos usados na fabricação. Isto poderia ser uma camada protetora tenha que ser aplicada
reduzido ao mínimo, usando-se metais que são durante o serviço, o rebite tem que ser pintado
altamente resistentes à corrosão e possuem a com cromato de zinco antes da operação e, no-
correta relação peso-resistência. Metais ferrosos vamente, após a cravação.
colocados em contato com o ar salino enferruja-
rão se não forem propriamente protegidos. Me- Identificação
tais não ferrosos, não enferrujam, mas um pro-
cesso similar toma lugar. O sal em mistura com Marcações são feitas nas cabeças dos
o ar (nas áreas costeiras) ataca as ligas de alu- rebites para classificar suas características. Estas
mínio. Uma experiência muito comum, é inspe- marcações tanto podem ser de um ponto em re-
cionar os rebites de uma aeronave que operou levo, dois pontos em relevo, um ponto em de-
próximo a água salgada, e encontrá-los bastante pressão, um par de traços em relevo, uma cruz
corroídos. em relevo, um simples triângulo ou um traço em
Se um rebite de cobre for cravado em relevo. Alguns rebites não têm marcas na cabe-
uma estrutura de liga de alumínio, teremos dois ça. As diferentes marcas indicam a composição

6-33
dos rebites e, como já explanado anteriormente, aeronave por oferecerem pouca resistência ao
diferentes colorações identificam o tipo de ca- deslocamento do ar e auxiliarem a diminuição
mada de proteção usada pelo fabricante. da turbulência.
Rebites de cabeça redonda são usados no As marcações nas cabeças dos rebites
interior da aeronave, exceto quando é exigida indicam o material de que são feitos e, portanto,
uma folga entre as partes a serem unidas e os sua resistência. A Figura 6-33 identifica as mar-
membros adjacentes. Os rebites de cabeça re- cações e o material que elas indicam. Embora
donda têm uma depressão no centro da cabeça, uma cabeça lisa indique três materiais, é possí-
que é grande o bastante para fortalecer a chapa vel distinguir suas diferenças pela coloração. O
ao redor do orifício, ao mesmo tempo em que 1100 tem a cor de alumínio; o de aço macio tem
oferece resistência à tensão. O rebite de cabeça a cor típica do aço; e o rebite de cobre é da cor
chata, do mesmo modo que o de cabeça redon- do cobre. A mesma marca pode aparecer na ca-
da, é usado na parte interna da aeronave, quan- beça de rebites de formatos diferentes, porém,
do, o máximo de resistência é necessário e indicando serem do mesmo material. Cada tipo
quando não existe suficiente espaço para utilizar de rebite é identificado por um número de parte
o de cabeça redonda. Ele, raramente, é usado na (Part Number), para que o operador possa sele-
parte externa de uma aeronave. cionar o rebite certo para o seu serviço.
O rebite de cabeça de lentilha (brazier O tipo da cabeça do rebite é identificado
head), tem uma cabeça de grande diâmetro, que por números padrão AN ou MS. Os números
o torna particularmente adaptável na rebitagem são selecionados em séries e cada série repre-
de chapas finas de revestimento. Ele oferece senta um particular tipo de cabeça (ver Figura 6-
apenas uma pequena resistência ao fluxo de ar e, 33) Os números mais comuns e os tipos de ca-
em virtude disso, é freqüentemente usado na beça que eles representam são:
rebitagem do revestimento externo, especial-
mente na seção trazeira da fuselagem e na em- AN426 ou MS20426 - rebites de cabeça escareada (100º)
penagem. Ele é usado para rebitar chapas finas AN430 ou MS20430 - rebites de cabeça redonda
AN441 - rebites de cabeça chata
expostas ao sopro da hélice. Um rebite de cabe- AN456 - rebites cabeça de lentilha
ça de lentilha é também fabricado com uma ca- AN470 ou MS20470 - rebites de cabeça universal.
beça de menor diâmetro.
O rebite de cabeça universal, é uma Poderão ter letras e números adicionados
combinação do cabeça redonda, do cabeça chata ao número de parte. As letras designam o tipo
e cabeça de lentilha. Ele é usado na construção e de liga; os números, o diâmetro e o compri-
em reparos, tanto no interior, como no exterior mento dos rebites. As letras mais comuns na
das aeronaves. Quando for necessária uma subs- designação de ligas são:
tituição, os rebites de cabeças protuberantes--
redonda, chata ou lentilha - podem ser substi- A - Liga de alumínio, 1100 ou 3003.
tuidos pelos rebites de cabeça universal. AD - Liga de alumínio, 2117-T.
O rebite de cabeça escareada tem a par- D - Liga de alumínio, 2017-T.
te superior lisa e chanfrada em direção ao corpo, DD - Liga de alumínio, 2024-T.
de maneira que, ao ser introduzido em um orifí- B - Liga de alumínio, 5056.
cio chanfrado ou escareado a cabeça fique nive- C - Cobre.
lada com a superfície. O ângulo formado pela M - Monel.
cabeça do rebite chanfrado varia de 78º a 120º.
O rebite mais comum e mais usado é o de 100º. A ausência de uma letra após o número
Estes rebites são usados para prender chapas padrão AN, indica um rebite fabricado de aço
sobre as quais outras chapas serão fixadas. Eles macio.
também são usados nas superfícies externas da

6-34
Figura 6-33 Carta de identificação de rebites.

6-35
O primeiro número, após, a letra indica- Estes rebites são produzidos por muitos
dora da composição do material, expressa o diâ- fabricantes e têm como características comuns o
metro do corpo ou espiga do rebite em 32 avos fato de necessitarem de: ferramentas especiais
da polegada. Por exemplo: 3, significa 3/32"; 5 para instalação; e especiais procedimentos de
significa 5/32"; etc. instalação e de remoção.
O último número, separado por um traço Por isso, são chamados de rebites espe-
do número precedente, expressa o comprimento ciais. São também chamados de rebites cegos,
da espiga do rebite em 16 avos de polegada. Por porque muitas vezes são instalados em locais
exemplo: 3, significa 3/16"; 7, seriam 7/16"; etc onde uma das cabeças (geralmente a cabeça de
(Figura 6-34). oficina) não pode ser vista.

Um exemplo da identificação de um rebite é: Rebites cravados mecanicamente

AN470AD3-5 - Número de parte completo. Duas classes de rebites cravados mecani-


AN - Air Force-Navy; camente serão aqui apresentadas:
470 - rebite de cabeça universal;
AD - liga de alumínio 2117-T; 1 - Não estruturais
3 - diâmetro de 3/32";
5 - comprimento de 5/16". a. Rebites de auto-cravação (travados por atri-
to);
REBITES ESPECIAIS b. Rebites Pul-Thru

Rebites cegos - Existem muitos locais em uma 2 - Rebites travados mecanicamente, quebra
aeronave cujo acesso a ambos os lados de uma rente à cabeça e auto-cravação
estrutura rebitada, ou parte estrutural, é impos-
sível de ser alcançado; ou, onde o espaço é tão Auto-cravação
limitado que não permite a utilização de uma
barra encontradora. O mesmo ocorre na fixação Os rebites cegos de auto-cravação (tra-
de muitas partes não estruturais, como acaba- vados por atrito) são fabricados por várias com-
mento interno, assoalho, ou outras semelhantes, panhias; mas, as informações básicas sobre sua
em que o total comprimento de um rebite sólido fabricação, composição, usos, seleção, instalá-
não é necessário. ção, inspeção e procedimentos de remoção, são
Os rebites especiais, que tenham sido de- aplicáveis a todos eles.
signados para esses locais, devem permitir a Rebites de auto-cravação (travados por
cravação pela parte frontal. Eles, algumas vezes atrito) são fabricados em duas partes: uma ca-
são mais fracos do que os rebites sólidos, no en- beça; um corpo oco ou luva; e uma haste, que se
tanto, são amplamente mais fortes do que o ne- estende através do corpo oco. A Figura 6-35
cessário para aquela utilização. ilustra rebites de auto-cravação, com cabeça re-
donda e escareada, produzidos por um dos fa-
bricantes.
Vários eventos ocorrem, em seqüência,
quando uma força é aplicada para puxar a haste
do rebite: (1) a haste é puxada para dentro do
corpo do rebite; (2) a parte cônica da haste força
o corpo do rebite a se expandir; e (3) quando a
fricção (ou pressão causada pela tração da haste)
atingir um determinado valor, causará a quebra
da haste em uma das suas ranhuras. Uma porção
da parte cônica (parte inferior da haste) é retida
no interior do rebite, dando a ele uma resistência
bem maior do que a que seria obtida de um rebi-
Figura 6-34 Métodos de medição de rebites. te oco.

6-36
terial que será rebitado; (3) espessura do materi-
al a ser rebitado; e (4) resistência desejada.
Se o rebite é para ser instalado em uma
superfície aerodinamicamente lisa, ou, se for ne-
cessária uma distância entre conjuntos, os rebi-
tes de cabeça escareada devem ser os escolhi-
dos. Em outras áreas onde o espaço e o acaba-
mento liso não são fatores importantes, o rebite
de cabeça protuberante pode ser utilizado.
Quanto ao material de que é feito, o rebi-
te será escolhido de acordo com o material a ser
rebitado. Os rebites fabricados de liga de alumí-
nio 2117 podem ser usados na maior parte das
ligas de alumínio. Os rebites de liga de alumínio
5056 devem ser usados quando o material a ser
rebitado for de magnésio. Os rebites de aço de-
vem sempre ser escolhidos para rebitar con-
Figura 6-35 Rebites de auto-cravação juntos fabricados de aço.
(Travados por atrito).

Rebites de auto-cravação (travados por


atrito) são fabricados nos dois tipos mais co-
muns de cabeça: (1) cabeça redonda, semelhante
ao MS 20470 ou cabeça universal; e (2) cabeça
escareada, a 100º. Outros tipos de cabeças são
fornecidos por alguns fabricantes.
A haste dos rebites de auto-cravação
(travados por atrito), podem ter um ressalto na
parte superior ou ela pode ser serrilhada, como é
mostrado na Figura 6-35.
Os rebites de auto-cravação (travados
por atrito) são fabricados de vários materiais.
Eles são fornecidos com as seguintes combina- Figura 6-36 Determinação do comprimento do
ções de materiais: haste de liga de alumínio rebite de auto-cravação.
2017 e luva de liga de alumínio 2117; haste de
liga de alumínio 2017 e luva de liga de alumínio A espessura do material que está sendo
5056; e haste de aço e luva de aço. rebitado, determina o comprimento do corpo do
Os rebites de auto-cravação (travados rebite. Como regra geral, o corpo do rebite de-
por atrito) são projetados de maneira que a ins- verá estender-se além da espessura do material,
talação seja executada por somente uma pessoa; aproximadamente 3/64" a 1/8", antes da haste
não é necessário ter acesso ao trabalho em am- ser puxada (ver Figura 6-36).
bos os lados. A haste, ao ser puxada, executa
um trabalho uniforme e sempre seguro. Por não
ser necessário acessar o lado oposto ao trabalho, Rebites Pull-Thru
os rebites de auto-cravação (travados por atrito),
podem ser usados para fixar conjuntos, como Os rebites cegos do tipo Pull-Thru são
tubo ocos, chapas corrugadas, caixas ocas etc. fabricados por várias companhias; a mesma in-
Como não é necessária a aplicação de martela- formação básica sobre sua fabricação, composi-
das para a cravação desses rebites, eles podem ção, uso, seleção, instalação, inspeção e proce-
ser utilizados para fixar compensados ou plásti- dimentos de remoção são comuns a todos eles.
cos. Os fatores a serem considerados na seleção Os rebites Pull-Thru são fabricados em
correta dos rebites para instalação são: (1) loca- duas partes: um rebite com cabeça, de corpo oco
lização da instalação; (2) composição do ma- ou luva; e, uma haste que atravessa o corpo oco.
6-37
A Figura 6-37 apresenta um rebite Pull-Thru tipos de cabeça são fornecidos por alguns fabri-
de cabeça redonda e um de cabeça escareada. cantes.
Os rebites Pull-Thru são fabricados em
vários materiais. Os mais comuns são os se-
guintes: liga de alumínio 2117-T4, liga de alu-
mínio 5056 e Monel.
Os rebites Pull-Thru são projetados de
maneira que a instalação seja executada por
somente uma pessoa; não é necessário o acesso
ao trabalho em ambos os lados.
Os fatores a serem considerados na sele-
ção correta dos rebites para instalação são: (1)
localização da instalação; (2) composição do
material que será rebitado; (3) espessura do ma-
terial a ser rebitado; e (4) resistência desejada.
A espessura do material que está sendo
rebitado determina o comprimento do corpo do
rebite. Como regra geral, o corpo do rebite de-
verá estender-se além da espessura do material,
aproximadamente 3/64" a 1/8" antes da haste ser
Figura 6-37 Rebites “Pull-thru”. puxada (ver Figura 6-38).
Cada companhia que fabrica os rebites
Vários eventos ocorrem, em seqüência, Pull-Thru tem um número de código para auxi-
quando uma força é aplicada para puxar a haste liar os usuários a obterem o correto rebite para
do rebite: (1) a haste é puxada para dentro do as necessidades de uma particular instalação.
corpo do rebite; (2) a parte cônica da haste força Além disso, números MS são usados para fins
o corpo do rebite a se expandir, formando uma de identificação. Estes números são semelhantes
cabeça cega que fecha o furo do rebite. aos apresentados anteriormente.

Rebites Cherry-Lock com bulbo

A grande e cega cabeça deste rebite con-


tribuiu para a introdução da palavra "bulbo" na
terminologia dos rebites cegos. Em conjunto
com a carga residual desenvolvida pela quebra
da haste, ele tem comprovada resistência à fadi-
ga, tornando-o único rebite cego intercambiável
com os rebites sólidos (fig 6-39).

Figura 6-38 Determinação do comprimento dos


rebites “Pull-thru”.

Os rebites Pull-Thru são fabricados nos


dois tipos mais comuns de cabeça: (1) cabeça
redonda, semelhante ao MS 20470 ou cabeça
universal, e (2) cabeça escareada a 100º. Outros Figura 6-39 Rebite “Cherry-lock” com bulbo.

6-38
Rebites Cherry-Lock Wiredraw

Este rebite possue uma extensa gama de


tamanhos, materiais e níveis de resistência. Este
prendedor é especialmente escolhido para apli-
cações de selagem e funções que requerem uma
excessiva quantidade de chapas (fig. 6-40).

Figura 6-40 Rebites Cherry-Lock Wiredraw.


Figura 6-41 Rebites de auto-cravação (travados
Rebites travados mecanicamente mecanicamente).

Rebites de auto-cravação, travados me-


canicamente, são semelhantes aos travados por Material
atrito, exceto pela maneira de retenção da haste
na luva do rebite. Os rebites de auto-cravação travados
Este tipo de rebite tem um colar com um mecanicamente são fabricados com luvas (corpo
travamento mecânico positivo para resistir às do rebite) de ligas de alumínio 2017 e 5056,
vibrações, que causam o afrouxamento dos rebi- monel ou aço inoxidável.
tes, travados por atrito e conseqüente possibili- Este tipo de rebite pode ser usado nas
dade de falha. Também, a haste do rebite trava- mesmas aplicações do rebite de trava por atrito.
do mecanicamente quebra-se rente à cabeça e, Em virtude das suas características de grande
normalmente, não requer posterior ajustagem da retenção da haste, a sua instalação é recomen-
haste quando propriamente instalado. dada em áreas sujeitas a considerável vibração.
Estes rebites apresentam todas as carac- As mesmas exigências gerais, para a
terísticas de resistência de um rebite sólido e, na seleção de um rebite travado por atrito, devem
maioria dos casos, um pode ser substituído pelo ser satisfeitas para a seleção de um rebite trava-
outro. do mecanicamente.
Os rebites de auto-cravação e, travados A composição do material que será uni-
mecanicamente, são fabricados em duas seções: do determina a composição do rebite. Por e-
um corpo com cabeça (incluindo um recesso xemplo: para a maioria das ligas de alumínio, o
cônico e um colar de travamento na cabeça); e rebite de liga de alumínio 2017; e, para as peças
uma haste serrilhada que se estende através do de magnésio, os rebites de liga de alumínio
corpo do rebite. 5056.
Como diferença do rebite de trava por a- A Figura 6-42 apresenta a seqüência da
trito, o rebite travado mecanicamente tem um instalação de um rebite travado mecanicamente.
colar, que forma um travamento positivo para A forma e a função podem variar ligeiramente
retenção da haste no corpo do rebite. Este colar entre os estilos de rebites cegos.
é colocado em posição durante a instalação do As especificações deverão ser obtidas do
rebite. fabricante.
6-39
Diâmetros

Os diâmetros do corpo dos rebites são


medidos em incrementos de 1/32" e são identifi-
cados, geralmente, pelo primeiro número após o
traço, por exemplo: - 3 significa um diâmetro de
3/32"; - 4 significa 4/32" de diâmetro; etc.
Tanto são fornecidos os de medida no-
minal como também os de diâmetro supermedi-
dos em 1/64".

Espessura do material

É a espessura total a ser rebitada e é me-


dida em 1/16". É geralmente identificada pelo
segundo número após o traço. A maioria dos
rebites cegos têm marcado em suas cabeças, a
espessura máxima de fixação; e, tem uma total
variação de espessura de 1/16". A Figura 6-44
demonstra uma típica acomodação.

Figura 6-42 Instalação de rebites Cherry-Lock.

Estilos de cabeça

Os rebites cegos de auto-cravação e tra-


vados mecanicamente são disponíveis em vários
Figura 6-44 Comprimento típico de “pega”.
estilos de cabeça dependendo das necessidades
de instalação, conforme apresentado na figura 6-
Para determinar o rebite apropriado ao
43.
uso, é feita a medição da espessura do material,
com um medidor especial (fornecido pelo fabri-
cante do rebite cego). A Figura 6-45 apresenta o
uso correto de um medidor especial de espessu-
ras.

Figura 6-45 Uso do medidor de expessura


(“pega”).

A espessura do material a ser rebitado


determina o comprimento do corpo do rebite.
Como regra geral, o corpo do rebite deve ultra-
passar a espessura do material, aproximadamen-
te, 3/64" a 1/8", antes da haste ser puxada (ver
Figura 6-43 Cabeças de rebites Cherry-Lock. Figura 6-46).
6-40
Olympic Screw and Rivet Corporation -
RV 2 0 0 - 4 - 2
| | | | | |
| | | | | |___ Espessura
| | | | | do material
| | | | | em 16 avos
| | | | | de polegada
| | | | |
| | | | |___ Diâmetro do corpo do
| | | | rebite em 32 avos de
| | | | polegada.
| | | | 4 = 1/8" 6 = 3/16"
| | | | 5 = 5/32" 8 = 1/4"
| | | |
| | | |___ ___ Tipo de cabeça:
| | | 0 = Cabeça universal.
| | | 1 = Escareada em 100º.
| | |
| | |___ ___ Material do rebite:
| | 0 = Liga de alumínio 2017.
| | 5 = Liga de alumínio 5056.
| | 7 = Aço macio.
| |
| |___ ___ Tipo de rebite:
Figura 6-46 Determinação do comprimento do |
|
2 = Auto-cravação e trava por atrito.
5 = PULL-THRU ôco.
rebite. |
|____ __ Olimpic Screw and Rivet Corporation.

Figura 6-48.
Identificação de rebites
Townsend Company, Cherry Rivet Division
CR 163 - 6 - 6
| | | |__ Espessura do material:
Cada companhia que fabrica rebites de | | | haste com ressalto, em 32 avos
auto-cravação (trava por atrito), tem um número |
|
|
|
|
|
da polegada; haste serrilhada
em 16 avos de polegada.
de código, para auxiliar o usuário a obter o cor- |
|
|
|
|
|___ Diâmetro do corpo do rebite em 32
reto rebite, para uma determinada espessura de | | avos de polegada:
| | 4 = 1/8" 6 = 3/16"
material, para uma particular instalação. Além | | 5 = 5/32" 8 = 1/4"
disso, números MS são usados para fins de iden- |
|
|
|___ Número de série:
tificação. | Determina o material, o tipo do rebite e
| o estilo da cabeça (163 = liga de alumínio
Os exemplos seguintes de números de | 2117, auto-cravação e trava por atrito,
parte para rebites de auto-cravação (travados |
|
cabeça redonda).

por atrito), são representativos de cada compa- |___ Cherry Rivet


nhia.
Figura 6-49.
Huck Manufacturing Company –
Número Military Standard (MS) -
MS 20600 B 4 K 2
| | | | | |
9SP-B - A 6 - 3 | | | | | |__ Espessura
| | | | | | | | | do material
| | | | | | | | | em 16 avos
| | | |___ Espessura do | | | | | da polegada.
| | | material em | | | | |
| | | | |__ Tipo de haste:
| | | 16 avos da
| | | | K = haste com ressalto.
| | | polegada | | | | W = haste serrilhada.
| | | | | | |
| | |___ Diâmetro do corpo em 32 avos da | | | |__ Diâmetro do corpo do rebite em 32
| | polegada | | | avos da polegada:
| | | | | 4 = 1/8" 6 = 3/16"
| |___ _ Material do rebite: | | | 5 = 5/32" 8 = 1/4"
| | |
| A = Liga de alumínio 2017.
| | |___ Material do rebite:
| B = Liga de alumínio 5056. | | AD = Liga de alumínio 2117.
| R = Aço macio. | | D = Liga de alumínio 5056.
| | |
|___ _ Tipo de cabeça: | |___ Tipo de rebite e estilo da cabeça:
9SP-B = cabeça lentilha ou universal. | 20600 = Auto-cravação e trava por atrito
9SP-100 = cabeça escareada a 100º | e com cabeça redonda.
| 20601 = Auto-cravação e trava por atrito
| e cabeça escareada.
|
|___ Military Standard.

Figura 6-47. Figura 6-50.


6-41
Porca - Rebite (Rivnut) Porcas-rebites com ponta aberta são mais
amplamente usadas e recomendadas do que os
Esta é a marca registrada de um rebite de ponta fechada. Contudo, as porcas-rebites de
oco e cego, feito de liga de alumínio 6053, es- ponta fechada devem ser usadas em comparti-
careada e com rosca na parte interna. As porcas- mentos pressurizados.
rebites podem ser instaladas por apenas uma
pessoa, usando uma ferramenta especial, que
forma a cabeça do rebite no lado cego do
material. A porca-rebite é atarraxada no mandril
da ferramenta e introduzida no furo do material
a ser rebitado. A ferramenta deve ser mantida
em ângulo reto, com o material e o cabo da fer-
ramenta acionado; e, o mandril, girado no senti-
do dos ponteiros do relógio, após cada aciona-
mento, até que uma forte resistência seja senti-
da, indicando que o rebite está devidamente
instalado.
A porca-rebite é usada, principalmente,
como uma porca fixa, na fixação do revesti-
mento de borracha do sistema de degelo do bor-
do de ataque das asas. Ela pode ser usada como
um rebite em estruturas secundárias, ou, ainda,
para a fixação de acessórios, como braçadeiras,
instrumentos ou materiais de isolamento acústi-
co.
As porcas-rebite são fabricadas em dois
tipos de cabeça e, para cada tipo de cabeça, dois
tipos de ponta; uma é a de cabeça chata com a
ponta aberta e com a ponta fechada; a outra e a
de cabeça escareada, com a ponta aberta e a
ponta fechada. Todas as porcas-rebites (Riv-
nuts), com excessão das que possuem cabeça Figura 6-51Dados sobre porcas-rebites (Rivnut).
escareada do tipo fino, são disponíveis com ou
sem pequenas projeções (chavetas) sob a cabe- As porcas-rebites são fabricadas em seis
ça, para impedirem que a porca-rebite gire. medidas de pega (espessura do material a ser
As porcas-rebites com chaveta, são usa- rebitado). A porca-rebite de menor medida de
das como porca fixa, enquanto que as sem cha- pega, tem a cabeça lisa, isto é, sem marcas; a
veta são usadas em reparos, com uma seqüência imediatamente superior possue um traço no sen-
de rebites cegos, onde não serão impostas car- tido radial (ver Figura 6-51) na cabeça. Cada
gas de torque. Quando instalando porcas-rebites medida subsequente recebe um traço a mais, até
com chaveta, é necessário a utilização da ferra- um total de cinco marcas, que indicam a maior
menta cortadora do encaixe para a chaveta. medida de pega.
A porca-rebite do tipo escareada é feita Na Figura 6-51 encontramos alguns nú-
com dois ângulos diferentes de cabeça: de 100º, meros de parte, em código, que consistem de
com espessura da cabeça de .048 e de .063 de um "6", um "8" ou um "10", seguidos de um
polegada; e de 115º, com espessura da cabeça traço e mais dois ou três números. Em alguns, o
de .063 de polegada. Cada um desses estilos de traço é substituído pelas letras "K" ou "KB". O
cabeça são feitos em três medidas: 6-32, 8-32 e primeiro número indica a medida do parafuso de
10-32. Esses números representam a medida do máquina e da rosca e, os últimos dois ou três
parafuso de máquina para a rosca interna do números, indicam a distância máxima de pega
Rivnut. O diâmetro externo do corpo da porca- em milésimos de polegada. Um traço entre as
rebite de 3/16" para o parafuso 6-32; de 7/32" Figuras indica que a porca-rebite (Rivnut) tem a
para o tamanho 8-32 e de 1/4" para o 10-32. ponta aberta e não possue a chaveta sob a cabe-
ça; um "B" no lugar do traço significa que ela
6-42
tem a ponta fechada e é sem chaveta; um "K" texto a seguir para o Lok-Skrus também se
significa que ela tem a ponta aberta e possue a aplica ao Lok-Rivet.
chaveta sob a cabeça; e um "KB" indica que ela As principais partes de um Lok-
tem a ponta fechada e tem chaveta. Skru são o corpo, a cabeça e um parafuso de
Se os últimos dois ou três números fo- fixação.
rem divisíveis por cinco, a porca-rebite tem a O corpo é de liga de alumínio e a ponta
cabeça chata; se eles não forem divisíveis por aberta ou fechada. A cabeça é de liga de alumí-
cinco a porca-rebite tem a cabeça escareada. nio ou de aço e, o parafuso (ou parte roscada), é
feito de aço.
Exemplo de um número de parte: Todas as partes de aço recebem banho de
cádmio e todas as de alumínio são anodizadas
10 KB 106 para resistir a corrosão. Quando instalado, o
| | | corpo é roscado na cabeça, prendendo o mate-
| | |____ Distância da pega. rial pela parte cega.
| | O parafuso de fixação é então inserido,
| |____ Ponta fechada e chaveta. se necessário. Existem dois tipos de cabeça: a
| chata e a escareada. O Lok-Skru é roscado para
|____ Medida do parafuso e da rosca. os parafusos 7-32, 8-32, 10-32 ou 10-24 e o
diâmetro varia de .230 de polegada para os para-
Rebites Dill fusos de 6-32, a .292 de polegada para os para-
fusos de 10-32. A distância da pega varia de
Dill "Lok-Skrus" e "Lok-Rivet" (ver a .010 a .225 de polegada.
Figura 6-52) são marcas registradas de rebites
com rosca interna. Eles são usados na fixação Rebites Deutsch
cega de acessórios, como carenagens, coberturas
de porta de acesso, molduras de portas e janelas, Esse é um rebite cego, de alta resistência
painéis do piso e outros semelhantes. Lok-Skrus usado nos antigos modelos de aeronaves. Ele
e Lok-Rivet são semelhantes ao Rivnut, tanto na tem uma resistência mínima ao cisalhamento de
aparência, como na aplicação; contudo, eles são 75.000 p.s.i. e pode ser instalado por apenas um
constituídos de duas partes e necessitam de mais homem.
espaço no lado cego do material, do que o Riv- O rebite Deutsch consiste de duas partes:
nut para acomodar o corpo. uma luva de aço inoxidável e um pino de aço
temperado (ver Figura 6-35). O pino e a luva
são cobertos com um lubrificante e um anti-
corrosivo.

Figura 6-52 Rebite de rosca interna.


Figura 6-53 Rebite Deutsch.
O Lok-Rivet e o Lok-Skru são semelhan-
tes em construção; exceto que o Lok-Skru é O rebite Deutsch é disponível nos diâ-
roscado internamente, para fixar um acessório, metros de 3/16" ou 3/8". A distância de pega
usando um parafuso; enquanto que o Lok-Rivet para este rebite varia de 3/16" a 1". Algumas
não é roscado e só pode ser usado como um variações são permitidas na distância de pega
rebite. Tanto o Lok-Skrus como o Lok-Rivet são quando instalando o rebite. -+.-Por exemplo: um
instalados da mesma maneira, por esse motivo o rebite com uma distância de pega de 3/16" pode
6-43
ser usado onde a total espessura do material es- Os pinos-rebites Hi-Shear são fabricados
tiver entre 0.198 e 0.228 de polegada. em uma variedade de materiais, mas, deverão
Para a cravação de um rebite Deutsch, ser usados somente em aplicações de cisa-
são usados ou um martelo comum, ou uma rebi- lhamento. Eles nunca deverão ser usados em lo-
tadora pneumática. O rebite é colocado no furo, cais em que a distância da pega for menor do
previamente feito, e em seguida o pino é crava- que o diâmetro do rebite.
do dentro da luva. Os números de parte para os rebites Hi-
A ação de cravação ocasiona uma pres- Shear identificam o diâmetro, o tipo de cabeça e
são do pino contra a luva, forçando os lados da a distância da pega de cada rebite. Um típico
luva para fora. Essa dilatação forma uma cabeça número de parte é apresentado a seguir:
de oficina na extremidade do rebite, ocasionan-
do uma fixação positiva. O sulco, na cabeça do NAS 177 14 17
| | | |
rebite, trava o pino dentro do rebite ao serem | | | |___ Distância máxima de pe-
dadas as últimas batidas. | | | ga em 16 avos da polegada.
| | |
| | |____ Diâmetro em 32 avos da polegada.
Rebites Hi-Shear | |
| |____ 177 = cabeça escareada a 100º.
| 178 = cabeça chata.
São pinos rebites classificados como es- |
|____ National Aircraft Standard.
peciais; mas, não são do tipo cego. Para instalar
esse tipo de rebite, é necessário o acesso em am-
bos os lados do material. Esse rebite tem a PLÁSTICOS
mesma resistência ao cisalhamento de um para-
fuso de igual diâmetro, tem em torno de 40% do Os plásticos são usados em muitas apli-
peso de um parafuso e requer somente 1/5 do cações, por todas parte, aeronaves das modernas
tempo de instalação de um conjunto de parafu- . Estas aplicações vão desde componentes estru-
so, porca e arruela. turais de termo-plástico reforçado com fibra de
Eles são aproximadamente três vezes vidro (thermosettings) a acabamentos decorati-
mais resistentes do que os rebites sólidos. vos de materiais termoplásticos (thermoplastic).
Os rebites Hi-Shear são essencialmente
parafusos sem rosca. Ele é um pino com cabeça Plásticos transparentes
em uma das pontas e, na outra ponta, um encai-
xe abaulado em toda a circunferência. Um colar Os materiais usados em capotas de aero-
de metal é estampado no encaixe abaulado, efe- naves, parabrisas e outras janelas transparentes
tuando uma firme e forte fixação (ver Figura 6- semelhantes podem ser divididas em duas clas-
54). ses principais ou grupos. Estes plásticos são
classificados de acordo com a sua reação ao ca-
lor. As duas classes são termoplásticos (thermo-
plastic) e termo-endurecidos ( thermo-setting).
Os materiais termoplásticos amolecem
com o calor e endurecem quando resfriados.
Eles podem ser aquecidos até amolecerem e
colocados em fôrmas para tornarem a aparência
desejada. Quando esfriados, eles manterão aque-
la forma. A mesma peça de plástico pode ser
reaquecida e reformada por várias vezes sem
perder a composição química do material.
Os plásticos termo-endurecidos, endure-
cem quando aquecidos e, se reaquecidos não
amolecerão. Estes plásticos não podem ser re-
formados após terem sido endurecidos pela ação
do calor.
Figura 6-54 Pino-rebite (Hi-shear). Como reforço ao explanado acima, os
plásticos transparentes são fabricados em duas
6-44
formas: bloco (sólido) e laminado. Os plásticos (aliphatic naphtha). Esfregando a máscara de
laminados transparentes são feitos de folhas de papel, com um pano saturado com nafta, o ade-
plástico transparente, unidas com uma camada sivo amolecerá, liberando o papel do plástico.
interna de material, usualmente, Polyvinyl Bu- Após este tratamento, a chapa de plástico deverá
tyral. ser lavada imediatamente com água limpa, to-
Em virtude das qualidades de resistência mando-se o cuidado de não arranhar a superfí-
à rachaduras, o plástico laminado é superior ao cie.
plástico sólido e é usado em muitas aeronaves
pressurizadas. A maioria das folhas transparen- Nota: Nafta alifática (ALIPHATIC NAPHTHA)
tes usadas em aviação são fabricadas de acordo não deve ser confundida com nafta aro-
com as diversas especificações militares. mática (AROMATIC NAPHTHA) ou ou-
Um novo desenvolvimento em plástico tro solvente de limpeza, os quais produ-
transparente é o acrílico alongado, que é um tipo zem efeitos danosos ao plástico. Como a
de plástico que, antes de receber uma forma, ele nafta alifática é inflamável, todas as pre-
é puxado em ambas direções, para refazer a sua cauções referentes ao uso de líquidos in-
estrutura molecular. flamáveis devem ser observadas.
Um painel de acrílico alongado tem
maior resistência ao impacto e está menos sujei- Plástico Reforçado
to a quebra; sua resistência química é maior, é
mais simples e os cortes, fissuras e arranhões Plástico reforçado é um material termo-
causam menos danos. endurecido usado na construção de radomes,
As folhas de plástico são cobertas indivi- acabamento de antenas e de pontas de asa e,
dualmente com papel, com adesivo sensível à como isolante de várias peças de equipamento
pressão para aderência. Esse papel auxilia na elétrico e células de combustível. Ele possui ex-
proteção contra arranhões acidentais durante a celentes características dielétricas, que o tornam
estocagem e manuseio. Muito cuidado deverá ideal para radomes; contudo, a sua alta razão de
ser tomado contra arranhões e cortes, quando resistência-peso, resistência ao mofo, oxidação,
arrastando uma chapa contra a outra, ou, sobre deterioração e fácil fabricação, torna-o igual-
uma mesa suja ou áspera. mente adequado para outras partes da aeronave.
As folhas devem ser estocadas nos de- Os componentes de plástico reforçado,
pósitos com uma inclinação de 10º da vertical, da aeronave, são formados tanto por laminados
se possível. Se elas forem estocadas horizontal- sólidos como por laminados tipo sanduíche. As
mente, as pilhas não deverão ter mais do que 45 resinas usadas para impregnar o tecido de for-
cm (18") de altura, e as folhas menores deverão mação da fibra de vidro são do tipo contato-
ser estocadas em cima das maiores para evitar pressão (requerendo pouca ou nenhuma pressão
desequilíbrio. durante a cura).
A estocagem deverá ser em um local fri- Estas resinas são fornecidas na forma lí-
o, seco e longe de vapores de solventes, aquece- quida, podendo variar em viscosidade da consis-
dores, radiadores e tubulações de vapor. A tem- tência da água a consistência de xarope. A cura
peratura no local de estocagem não deverá ex- ou polimerização é efetuada pelo uso de um
ceder 44ºC (120ºF). catalizador, usualmente o peróxido de benzoila
Embora a luz direta do sol não danifique (Benzoyl peroxide).
o plástico acrílico, ela causará o endurecimento Os laminados sólidos são construídos de
e secará a máscara adesiva de papel, causando três ou mais camadas de tecido, impregnado de
dificuldade na sua remoção. resina (laminado molhado), para formar uma
Se o papel não descolar facilmente, co- sólida chapa plana ou, com um formato molda-
loque a chapa em um forno na temperatura de do.
100ºC (250ºF), por um minuto no máximo. O Os laminados tipo sanduíche são cons-
calor amolecerá a máscara adesiva, facilitando a truídos em duas ou mais sólidas folhas planas
remoção do papel. ou, com um formato moldado, incluindo um
Se um forno não estiver disponível, uma núcleo, tipo colméia de fibra de vidro, ou do
endurecida máscara de papel poderá ser removi- tipo espuma. O núcleo tipo colméia é feito de
da, amolecendo o adesivo com nafta alifática tecido de fibra de vidro impregnado com uma
6-45
resina de "polyester" ou uma combinação de Borracha Sintética
nailon e resina fenólica. A densidade específica
e o tamanho das células da colméia variam con- A borracha sintética é disponível em di-
sideravelmente. Núcleos tipo colméia são nor- versos tipos e, cada um deles, é composto de di-
malmente fabricados em blocos que são mais ferentes materiais para fornecer as desejadas
tarde cortados para a desejada medida com uma propriedades. As mais amplamente usadas são:
serra de fita. Butyl, Bunas e Neopreno.
Os núcleos de espuma são formados da O Butyl é um hidrocarboneto com supe-
combinação de resinas alkidicas e metatolueno rior resistência à penetração de gás. Ele é tam-
diisocyanato. Os componentes de fibra de vidro bém resistente a deterioração; no entanto, com-
do tipo sanduíche e com núcleo tipo espuma são parativamente, suas propriedades físicas são
fabricados para excederem a tolerância mínima, bem menores do que as da borracha natural. A
em toda a extensão na espessura da superfície borracha feita de butyl resistirá ao oxigênio,
moldada e do material do núcleo. Para obter esta óleos vegetais, gordura animal, álcalis, ozônio e
precisão, a resina é derramada dentro de uma ao desgaste.
forma com tolerância mínima. Assim como a borracha natural, borracha
A resina transforma-se imediatamente feita de butyl dilata-se em contato com o petró-
em espuma, para preencher o espaço moldado, leo ou solventes minerais. Ela tem uma baixa
formando uma união entre a parte externa e o razão de absorção de água e boa resistência ao
núcleo. calor e a baixa temperatura. Dependendo da
classificação, ela é adequada para o uso em
BORRACHA temperaturas de 18ºC a 130ºC (-65ºF a 300ºF).
A borracha de butyl é usada com fluidos hidráu-
A borracha é usada para evitar a entrada licos, como o skydrol, fluidos de silicone, gases
de poeira, água, ou ar e, para evitar a perda de e acetonas.
fluidos, gases ou ar. Ela é também usada para A borracha Buna-S é semelhante a bor-
absorver vibração, reduzir ruído e amortecer o racha natural, tanto na fabricação, como nas ca-
impacto de cargas. racterísticas de desempenho. Ela é resistente à
O termo "borracha" é tão abrangente água como a borracha natural, mas possue al-
como o termo "metal". Ele é usado para deno- gumas características de durabilidade, melhores
minar não somente a borracha natural, mas tam- do que a borracha natural.
bém todas as borrachas sintéticas e silicone. Uma dessas características é a boa resis-
tência ao calor, mas somente na ausência de
Borracha natural severa flexão. Geralmente, a Buna-S tem pouca
resistência à gasolina, óleo, ácidos concentrados
A borracha natural tem propriedades e solventes. A Buna-S é, normalmente, usada
físicas melhore do que a borracha sintética ou para pneus e câmaras de ar como substituta da
silicone. Estas propriedades incluem: flexibili- borracha natural.
dade, elasticidade, resistência à tensão, resistên- A borracha Buna-N é importante em sua
cia a rasgos e baixa geração de calor quando sob resistência aos hidrocarbonetos e outros solven-
flexão (histerese). tes; no entanto, ela tem pouca elasticidade em
A borracha natural é um produto de apli- solventes a baixa temperatura. Os compostos de
cação geral; entretanto, sua aplicação em aero- Buna-N têm boa resistência em temperaturas
naves é limitada devido a sua pouca resistência acima de 130ºC (300ºF), e podem ser requisi-
na maioria das causas de deterioração. Embora tados para aplicações em temperaturas abaixo
proporcione um excelente selo para muitas apli- de -20ºC (-75ºF). A Buna-N é resistente a ras-
cações, ela se dilata e, muitas vezes, amolece gos, a exposição a luz do sol e ao ozônio. Ela
em contato com combustível de aeronaves e tem boa resistência ao abrasão e as propriedades
com solventes (naftas, etc). de descolamento, quando usada em contato com
A borracha natural se deteriora mais metal. Quando usada como vedador de um pis-
rapidamente do que a borracha sintética. Ela é tão hidráulico, ela não gruda na parede do cilin-
usada como material selante para água e siste- dro. A Buna-N é usada para tubulações de óleo
mas de metanol. e gasolina, forro de tanques, gaxetas e selos.
6-46
A Borracha Neopreno pode ser submeti- sistência aos óleos, ele reage desfavora-
da a condições mais severas do que a borracha velmente, tanto com a gasolina aromática, como
natural e possue melhores características em com a não aromática.
baixa temperatura. Ela possue excepcional resis- Silastic, um dos mais conhecidos Silico-
tência ao ozônio, luz do sol, calor e ao envelhe- nes, é usado para isolar equipamentos elétricos e
cimento. A Neopreno tem aparência e reação ao eletrônicos. Em virtude das suas propriedades
tato, semelhante a borracha natural; no entanto, dielétricas, acima de uma extensa gama de tem-
em algumas características, é menos parecida peraturas, ele permanece flexível e livre de fis-
com esta, do que a Buna e a Butyl. suras e rachaduras. Silastic é também usado
As características físicas da Neopreno, para gaxetas e selos em alguns sistemas de óleo.
tais como à resistência a tensão e ao alongamen-
to, não são iguais a borracha natural, mas têm AMORTECEDORES DE ELÁSTICO
muita semelhança. Sua resistência a rasgos, bem
como, sua resistência à abrasão, são ligeiramen- São amortecedores feitos de borracha
te menores do que as da borracha natural. Em- natural, em fios trançados, encaixados em uma
bora sua recuperação à distorção seja completa, capa de algodão tratado para resistir a oxidação
não é tão rápida quanto a da borracha natural. e ao desgaste.
A Neopreno tem uma grande resistência Grande tensão e alongamento são obti-
ao óleo. É um material adequado para ser usado dos pelo trançado da camisa sobre o feixe de
em sistemas de gasolina não aromática, por isso fios de borracha, no momento em que eles são
a pouca resistência à gasolinas aromáticas. esticados, aproximadamente, três vezes do seu
Ela é usada primariamente para selos contra comprimento original.
intempéries, vedação de janelas, batentes de Existem dois tipos de elásticos
borracha, tubulações de óleo e diafragmas de para amortecedores: o tipo I, um elástico reto, e
carburadores. Ela é, também, recomendada para o tipo II, um anel contínuo conhecido como
o uso com Freons. "Bungee". As vantagens do tipo II são: a facili-
Thiokol, também conhecida como bor- dade e a rapidez da substituição e não ter que
racha "Polysulfeto", tem uma grande resistência ser fixado durante a ação de amortecimento. Os
a deterioração; mas, ocupa um dos últimos luga- elásticos para amortecedores são fornecidos em
res com relação a propriedades físicas. diâmetros padronizados de 1/4" a 13/16".
Em geral, não é seriamente afetada pelo Três fios coloridos são trançados por
petróleo, hidrocarbonetos, álcool, gasolina ou dentro e por fora em toda a extensão do elástico.
água. As borrachas tipo Thiokol têm uma baixa Dois desses fios são da mesma cor e
classificação nas propriedades físicas, como indicam o ano de fabricação; o terceiro fio, de
compressão, resistência à tensão, elasticidade e cor diferente, indica o período do ano em que o
resistência à abrasão. Ela é usada em tubulações elástico foi feito.
de óleo, revestimento de tanques para gasolina O código cobre um período de cinco anos e,
aromática de aviação, gaxetas e selos. então, é repetido.
"Borrachas de Silicone" é um grupo de A Figura 6-55 apresenta o ano e o quarto
material plástico feito de Silicone, oxigênio, de ano com suas respectivas cores.
hidrogênio e carbono.
Elas têm excelente estabilidade no calor CÓDIGO DO ANO CÓDIGO DO MÊS
ANO FIOS CORES MESES FIOS CORES
e mantêm a flexibilidade em temperaturas muito 1988- Jan-Fev- verme-
2 Azul 1
baixas. Elas são adequadas para gaxetas, selos e 1993 Mar lho
outras aplicações em elevadas temperaturas, 1989- Abr-Mai-
2 Amarelo 1 azul
1994 Jun
acima de 280ºC (600ºF), são alcançadas. 1990- Jul-Ago-
As borrachas de Silicone são também re- 2 Preto 1 verde
1995 Set
sistentes à temperaturas abaixo de -60ºC (- 1991-
2 Verde
Out-Nov-
1 amarelo
1996 Dez
150ºF). 1992-
Em toda essa faixa de temperatura, a 2 vermelho --- --- ---
1997
borracha de Silicone permanece extremamente
flexível e usável sem endurecimento nem dete- Figura 6-55 Código de cores dos elásticos para
rioração. Ainda que esse material tenha boa re- amortecedores.
6-47
VEDADORES Gaxetas de seção circular (O-Rings.)

Vedadores (Seals) são usados para evitar Também chamados de anéis de vedação,
a passagem de líquidos em determinados pon- são usados para evitar, tanto os vazamentos in-
tos, como também, manter o ar e a poeira fora ternos, como os externos. Esse tipo de gaxeta
do sistema em que são usados. O crescente au- veda, efetivamente, em ambas as direções, e é o
mento do uso de mecanismos hidráulicos e tipo usado com mais freqüência. Em instalações
pneumáticos, em sistemas de aeronaves, tem sujeitas a pressões acima de 1.500 p.s.i., anéis
criado uma necessidade de gaxetas e juntas de auxiliares são usados com os de seção circular,
vedação, de várias características e formatos, para evitar deformações.
para satisfazer as muitas variações de operações, Quando um anel de vedação de
velocidades e temperaturas, para as quais eles seção circular estiver sujeito a pressão, em am-
estão sujeitos. Não existe um tipo ou um estilo bos os lados, como em um cilindro de atuação,
de vedador que satisfaça a todas as instalações; dois anéis auxiliares (backup rings) devem ser
e, as razões são as seguintes: usados (um de cada lado do anel de vedação).
1 - Pressão na qual o sistema opera; Quando a pressão for exercida apenas
2 - O tipo de fluido usado no sistema; em um dos lados, usa-se simplesmente um anel
3 - O acabamento do metal e a folga en- auxiliar. Neste caso, o anel auxiliar deve ser
tre ele e as partes adjacentes; e colocado sempre na parte do anel de vedação
4 - O tipo do movimento (rotação ou al- que sofre a pressão.
ternado), se houver. Os materiais usados para a fabricação
Os vedadores estão divididos em três dos anéis de vedação devem ser compostos para
classes principais: 1 - Gaxetas; 2 - Juntas de as diversas condições de operação, temperaturas
vedação; e 3 - Limpadores. e tipos de fluidos. Uma gaxeta designada espe-
cificamente como um selo estacionário (estáti-
Gaxetas (packings) co), provavelmente, não desempenhará bem a
sua função se for instalada em uma parte móvel
São feitas de borracha sintética ou natu- como a de um pistão hidráulico.
ral e são usadas, geralmente, como "vedadores Muitos anéis de vedação são semelhan-
dinâmicos"; isto é, em unidades que contenham tes na aparência e na consistência; mas suas
partes móveis, como cilindros de atuação, bom- características podem ser muito diferentes. Um
bas, válvulas seletoras etc. As gaxetas são feitas anel de vedação será inútil se não for compatí-
no formato de anéis com a seção em "O" (O- vel com o fluido do sistema e a temperatura de
rings), em "V" (V-rings) e em "U" (U-rings), operação.
sendo cada um designado para uma específica Os avanços nos modelos de aeronaves
finalidade (ver Figura 6-56). tornam necessárias novas composições, na fa-
bricação de anéis de vedação, para acompanhar
as mudanças das condições de operação.
Os anéis de vedação para sistemas hi-
dráulicos eram originalmente controlados sob
números de especificação; AN (6227, 6230 e
6290) para uso com o fluido MIL-H-5606, em
temperaturas que variam de -17ºC (-65ºF) a
+64ºC (+160ºF).
Quando os novos modelos elevaram a
temperatura de operação para +120ºC (275ºF)
mais compostos foram desenvolvidos e aperfei-
çoados.
Recentemente um composto foi desen-
volvido oferecendo melhorias no desempenho,
em baixas temperaturas, sem sacrificar o desem-
penho em altas temperaturas, considerando as
Figura 6-56 Anéis de vedação. outras séries obsoletas.
6-48
Esse material superior foi adotado na sé- aeronave; portanto, o anel de vedação deve ser
rie MS 28775. Esta série é agora o padrão para rejeitado por defeitos que poderão afetar seu
os sistemas que utilizam o MIL-H-5606, onde a desempenho.
temperatura pode variar de -17ºC (-65ºF) a Alguns defeitos são difíceis de serem
+120ºC (275ºF). descobertos, por isso, os fabricantes de aerona-
Os fabricantes adotam códigos de cores ves recomendam o uso de uma lente que aumen-
em alguns anéis de vedação, embora não seja te quatro vezes, com iluminação adequada, para
um confiável ou completo meio de identifica- inspecionar cada anel de vedação antes da insta-
ção. lação.
O sistema de código de cores não identi- Rolando o anel em um cone de inspeção,
fica os tamanhos, mas somente o fluido ou o o diâmetro interno pode também ser inspeciona-
vapor compatível e, em alguns casos, o fabri- do quanto a pequenas rachaduras, partículas de
cante. material estranho ou outras irregularidades; que
O código de cores dos anéis de vedação possam causar vazamento ou diminuir o tempo
que são compatíveis com o óleo MIL-H-5606 de vida do anel, de vedação.
sempre terão a cor azul, mas poderão também A leve esticada do anel, para a inspeção
conter a cor vermelha ou outras cores. da parte interna, ajudará a revelar alguns defei-
Gaxetas e juntas de vedação são adequa- tos que não seriam visíveis de outra maneira.
das para uso com o óleo Skydrol.
Elas sempre serão codificadas com um Anéis auxiliares de impacto (backup rings)
traço verde, mas poderá também ter um ponto
azul, cinza, vermelho, verde ou amarelo como São anéis de teflon (MS 28782) que não
parte do código de cores. deterioram com a idade, não são afetados por
O código dos anéis que são compatíveis qualquer sistema de líquido ou vapor e podem
com fluidos hidrocarbonetos sempre conterá o tolerar temperaturas além daquelas encontradas
vermelho e nunca o azul. Um risco colorido em nos sistemas hidráulicos de alta pressão.
torno da circunferência indica que o anel de Os seus números de identificação, além
vedação é uma gaxeta com função de junta de de indicar suas medidas, indicam também a me-
vedação. dida dos anéis de vedação para os quais eles são
A cor do risco, ou da listra, indica o lí- dimensionados.
quido compatível: vermelho para o combustível Eles são identificados por números bási-
e azul para o fluido hidráulico. cos de parte e, também, são intercambiáveis;
O código em alguns anéis de vedação, isto é, qualquer anel auxiliar de teflon pode ser
não é permanente e, em outros, ele pode ser usado para substituir outro anel de teflon se as
omitido, por dificultar a fabricação ou, por inter- suas dimensões forem próprias para apoiarem o
ferência na operação. Além disso, o código de anel de vedação.
cores fornece meios de estabelecer o tempo de Os anéis auxiliares de teflon não têm
vida do vedador ou suas limitações de tempera- código de cores nem outros tipos de marcação, e
tura. devem ser identificados pelas etiquetas da em-
Devido as dificuldades com o código de balagem.
cores, os anéis de vedação são fornecidos em A inspeção dos anéis auxiliares deverá
envelopes hermeticamente selados e etiquetados incluir um teste para assegurar de que as su-
com os dados pertinentes. perfícies estão livres de irregularidades; as bor-
Quando selecionando um anel de veda- das, sem as arestas cortantes; e as partes chan-
ção para instalação, o número de parte básico no fradas, paralelas. Quando checando anéis de te-
envelope selado fornece uma identificação dig- flon em espiral, assegure-se de que as espiras
na de confiança. não estão separadas mais de 1/4" quando livres.
Ainda que, a primeira vista, um anel de
vedação tenha uma aparência perfeita, pequenos Anéis de Vedação com Seção em "V"
defeitos na superfície podem existir.
Estes defeitos são, muitas vezes, capa- São vedadores descartáveis (AN 6225) e
zes de impedir o desempenho satisfatório sob as são instalados sempre com a parte aberta do
variações da pressão de operação do sistema da "V", faceando a pressão.
6-49
As juntas de cortiça podem ser usadas
como uma vedação, para o óleo entre o cárter do
motor e os acessórios e, onde é requerida uma
junta de vedação capaz de ocupar um espaço
irregular ou diferente, causado por uma superfí-
cie áspera, ou ainda, sujeita a expansão e con-
tração.
Juntas de borracha podem ser usadas
onde for necessária uma junta compreensível.
Ela não deverá ser usada em locais onde poderá
haver o contato com gasolina ou óleo, porque a
borracha deteriora-se muito rapidamente, quan-
do em contato com essas substâncias.
Figura 6-57 Instalação de anéis em “V”. As juntas são usadas nos sistemas líqui-
dos, em torno de bujões de cilindros de atuação,
Os anéis de vedação em "V" devem ser válvulas e outras unidades. A junta que, geral-
instalados, com adaptadores macho e fêmea, mente, é usada para esta finalidade tem o forma-
para serem mantidos na posição correta depois to semelhante a um anel de vedação.
da instalação. É também necessário apertar o
retentor dos anéis, com o torque no valor especi- LIMPADORES (WIPERS)
ficado pelo fabricante do componente, para que
o vedador tenha um desempenho satisfatório. São usados para limpar e lubrificar a
A Figura 6-57 mostra um componente porção exposta dos eixos de cilindros. Eles evi-
usando anéis de vedação em "V". tam a entrada de poeira no sistema e, auxiliam
na proteção do eixo do cilindro de atuação, con-
Anéis de Vedação com Seção em "U" tra arranhões e desgaste. Os limpadores podem
ser do tipo metálico ou de feltro. Muitas vezes
As gaxetas em "U", sob a forma de anel eles são usados juntos, com o de feltro instalado
ou, em copo, são usadas em conjuntos de freio e de encontro ao metálico.
nos cilindros mestre de freios.
Os vedadores anel em "U" e, copo em SELANTES
"U", só vedarão a pressão em uma direção; por-
tanto, a parte aberta do "U" deverá estar voltada Determinadas áreas das aeronaves são
para a direção da pressão. Os anéis de vedação vedadas para conter a pressurização do ar, evitar
em "U", são primariamente, gaxetas de baixa vazamento de combustível, impedir a passagem
pressão para serem usadas abaixo de 1.000 p.s.i. de gás, ou, para evitar a corrosão, vedando con-
tra as intempéries. A maioria dos selantes con-
JUNTAS DE VEDAÇÃO (GASKETS) siste em dois ou mais ingredientes, em de-
terminadas proporções, para serem obtidos os
São usadas como selos estáticos (esta- melhores resultados.
cionários) entre duas superfícies planas. Os ma- Alguns materiais são embalados para uso
teriais mais comuns para confecção de juntas imediato, enquanto outros dependem de mistura
são: amianto, cobre, cortiça e borracha. Amianto antes da aplicação.
laminado é usado sempre que for necessário
uma junta resistente ao calor. O amianto é usado Selantes simples (one-part)
nos sistemas de escapamento - o amianto está
sendo abolido por ser altamente cancerígeno. A São preparados pelo fabricante e estão
maioria das juntas de amianto tem uma proteção prontos na embalagem para a aplicação. Contu-
de cobre nas bordas para prolongar o tempo de do, a consistência de alguns destes compostos
vida. podem ser alteradas para satisfazer um particu-
Uma sólida arruela de cobre é usada para lar método de aplicação. Se for desejada uma
a vedação de velas de ignição, onde é necessário diluição, deverá ser usado o solvente recomen-
uma junta não compreensível, porém macia. dado pelo fabricante do selante.
6-50
Selantes compostos (two-part) turados, faça um teste com uma pequena porção
sobre uma chapa de metal limpo ou vidro.
Os selantes compostos necessitam de Se nódoas ou torrões forem encontrados,
embalagens separadas, para evitar a cura, ou, o continue misturando e, se não puderem ser eli-
endurecimento antes da aplicação e, são identifi- minados, a mistura deverá ser rejeitada.
cados como base selante e acelerador ou catali- A vida útil da mistura selante é de trinta
sador. minutos a quatro horas (dependendo da classe
Qualquer alteração na proporção pres- do selante); por isso, a mistura selante deverá
crita, reduzirá a qualidade do material. ser aplicada o mais rápido possível, ou então,
Geralmente, as duas partes do selante colocada sob refrigeração.
composto são misturadas pela combinação de A Figura 6-58 apresenta informações
iguais porções (pelo peso), da base e do acelera- gerais sobre selantes.
dor. O tempo de cura das misturas selantes
Todos os materiais selantes devem ser varia com as condições de temperatura e umi-
cuidadosamente pesados de acordo com as re- dade.
comendações do fabricante. A cura será extremamente lenta se a
O material selante é, normalmente, pesa- temperatura estiver abaixo de 14ºC (60ºF). A
do com uma balança equipada com pesos espe- temperatura de 22ºC (77ºF) com 50% de umida-
cialmente preparados para as várias quantidades de relativa, é a condição ideal para a cura da
de selante e acelerador. maioria dos selantes.
Antes da pesagem dos materiais selantes, A cura de um selante pode ser acelerada,
tanto a base, quanto o acelerador, deverão ser se aumenta a temperatura, mas esta nunca deve-
completamente agitados. rá estar acima de 44ºC (120ºF), em qualquer
O material acelerador que estiver seco, momento do ciclo de cura.
empedrado ou em flocos não deverá ser usado. O calor pode ser aplicado com o uso de
Conjuntos de selantes já pesados (Kits), se fo- lâmpadas de raios infravermelhos ou ar aqueci-
rem utilizados completamente, não têm que ser do. Quando for usado o ar, ele deverá ser devi-
pesados novamente antes de serem misturados. damente filtrado para remover umidade e poei-
Depois que a devida quantidade de base ra.
e de acelerador tiver sido determinada, adicione O calor não deverá ser aplicado em
o acelerador ao selante base. Imediatamente qualquer superfície de contato com selante, até
após adicionar o acelerador, misture totalmente que todo o trabalho esteja completado.
as duas partes, de modo que a consistência do Todas as aplicações da superfície de
material permita. contato, deverão ter as ligações permanentes ou
O material deverá ser misturado cuida- temporárias completadas, dentro das limitações
dosamente para evitar bolhas de ar na mistura. de aplicação do selante.
Não convém misturar muito rápido, nem por O selante deve ser curado para uma con-
tempo prolongado, para evitar a formação de dição de "livre-toque", antes da aplicação do
calor na mistura, diminuindo o tempo normal de acabamento, (Livre-toque é um ponto da consis-
aplicação (vida útil) do selante. Para assegurar- tência, na qual uma folha de celofane pressiona-
se de que os compostos selantes estão bem mis- da contra o selante não ficará colada).

ACELE- ESTOCAGEM FAIXA DE APLICAÇÃO


SELANTE MISTURA VIDA
RADOR DURAÇÃO APÓS ESTOCAGEM TEMPERA- E
BASE POR PESO ÚTIL
(CATALI- MISTURADO TURA LIMITAÇÕES
ZADOR)

EC-801(preto) 12 partes de 5 dias a Superfícies de


MIL-S-7502 A EC-807 EC-807 para 2-4 horas -26ºC após 6 meses -48ºC contato, en-
Classe B-2 100 partes de congelar a -48ºF a 85ºC chimento,
EC-801 vedação de
fendas.

EC-800 Nenhum Sem mistura 8-12 horas Não aplicável 6-9 meses -48ºC Revestimento
(vermelho) a 85ºC de rebites

6-51
EC-612 P Nenhum Sem mistura Indefinido, Não aplicável 6-9 meses -36ºC Juntas acima
(rosa) MIL- não seca a 85ºC de 1/4"
-P-20628

PR-1302 HT PR-1302 10 partes de 2-4 horas 5 dias a -26ºC 6 meses -48ºC Juntas de
(vermelho) HT-A PR-1302 HT-A após congelar a 85ºC janelas
MIL-S-8784 para 100 partes a -48ºC de inspeção
de PR-1302 HT

PR-727 PR-727 A 12 partes de No mínimo 5 dias a -26ºC 6 meses -48ºC Conexões


MIL-S-8516 B PR-727 A 1 1/2 hora após congelar a 85ºC elétricas
para 100 partes a -48ºC e vedação de
de PR-727 anteparos

HT-3 Nenhum Sem mistura 2-4 horas Não aplicável 6-9 meses -46ºC Vedação de
(verde escuro) a 410ºC tubos
de ar quente
através
de anteparos

EC-776 Nenhum Sem mistura 8/12 horas Não aplicável Indefinido -48ºC Revestimento
(âmbar claro) a 105ºC externo
MIL-S-4383 B

Figura 6-58 Informação geral sobre selantes.

CONTROLE DA CORROSÃO cavidades podem ocasionar o desenvolvimento


de rachaduras.
A corrosão de um metal é a deterioração Alguns tipos de corrosão podem movi-
pelo ataque químico ou eletroquímico e, pode mentar-se por baixo de superfícies pintadas e,
ter lugar, tanto internamente, quanto na superfí- espalhar-se até que haja uma falha.
cie. Do mesmo modo que o apodrecimento da
madeira, esta deterioração pode alterar uma su- Tipos de corrosão
perfície lisa, enfraquecer o interior e danificar,
ou , soltar partes adjacentes. Água ou vapor de Existem duas classificações gerais para a
água contendo sal, combina com o oxigênio na corrosão, que cobrem a maior parte das formas
atmosfera, para produzir a principal fonte de específicas. São elas; o ataque químico direto e
corrosão em aeronaves. o ataque eletroquímico. Em ambos os tipos de
Uma aeronave operando em um ambien- corrosão o metal é convertido em compostos
te marítimo ou em área onde a atmosfera conte- metálicos, como o óxido, o hidróxido, ou o sul-
nha vapores industriais corrosivos, está particu- fato. O processo de corrosão sempre envolve
larmente suscetível aos ataques da corrosão. duas alterações simultâneas: o metal, que é ata-
A corrosão pode causar eventual falha cado ou oxidado, sofre o que pode ser chamado
estrutural se não for combatida. A aparência da de transformação anódica; e, o agente corrosivo,
corrosão varia com o metal. Nas ligas de alumí- é reduzido e pode ser considerado como sofren-
nio e de magnésio, ela aparece como pequenas do uma transformação catódica.
cavidades ásperas, muitas vezes combinada com
um depósito de pó branco ou cinza. No cobre e Ataque químico direto
nas ligas de cobre, a corrosão forma uma pelícu-
la verde; no aço, uma ferrugem avermelhada. Também é chamado de corrosão química
Quando os depósitos cinza, branco, ver- pura; é um ataque resultante da exposição direta
de ou avermelhado são removidos, cada uma de uma superfície, exposta a um líquido cáusti-
das superfícies pode ter a aparência áspera ou co ou agentes gasosos. No ataque químico dire-
corroída, dependendo do tempo de exposição e to, as transformações anódicas e catódicas ocor-
severidade do ataque. Se não forem profundas rem no mesmo ponto, diferindo, portanto, do
as cavidades, elas podem não alterar significa- ataque eletroquímico, onde as transformações
tivamente a resistência do metal; no entanto, as ocorrem à distância. Os agentes mais comuns
6-52
causadores dos ataques químicos diretos na ae- caminho de líquido ou gases, no qual os elétrons
ronave são: a - O derramamento ou os gases do possam fluir, a corrosão começa, enquanto o
ácido das baterias; b - Resíduos de material de metal, deteriora-se pela oxidação. Durante o
limpeza e de soldagem ou juntas soldadas; c - ataque, a quantidade do agente corrosivo é re-
Soluções cáusticas de limpeza retidas. O pro- duzida, caso não seja renovada ou removida,
blema relativo ao ácido e aos gases das baterias podendo reagir completamente com o metal
está sendo solucionado com o emprego de bate- (torna-se neutralizada).
rias seladas de níquel-cádmio. Diferentes áreas da superfície de um
Muitos tipos de fluxos, usados em sol- mesmo metal têm diferentes níveis de potencial
dagens são corrosivos, e atacam, quimicamente elétrico e, se estiverem, ligadas por um condu-
os metais ou ligas com os quais eles são usados. tor, como a água salgada, vão se estabelecer
Por este motivo, é importante que o fluxo resi- séries de células de corrosão; e, a corrosão co-
dual seja, imediatamente, removido da superfí- meçará.
cie do metal, após a operação de soldagem. Todas os metais e ligas são eletricamente
Os resíduos de fluxo são higroscópicos ativos, e têm, um específico potencial elétrico
e, por este motivo, são capazes de captar e ab- em um determinado ambiente químico. Os ele-
sorver umidade. Se não forem cuidadosamente mentos que constituem a liga também têm os
removidos, poderão causar severas avarias. seus específicos potenciais elétricos, os quais
Soluções cáusticas de limpeza, na forma são geralmente diferentes uns dos outros.
concentrada, deverão ser mantidas firmemente A exposição da superfície de uma liga a
fechadas e, tão distante, quanto possível, das um ambiente corrosivo, fará com que o metal
aeronaves. Algumas soluções de limpeza usadas mais ativo se torne anódico; e o menos ativo,
para remover corrosão são, potencialmente, a- catódico, estabelecendo condições para a corro-
gentes corrosivos. Particular atenção deverá ser são. Esses metais são conhecidos como células
tomada, no sentido de sua total remoção, após o locais.
uso na aeronave. Onde houver possibilidade do Quanto maior for a diferença de potenci-
acúmulo de solução de limpeza, deverá ser usa- al entre os dois metais, maior será a severidade
do um agente de limpeza não corrosivo, embora do ataque corrosivo, caso condições apropriadas
seja de efeito menos eficiente. sejam permitidas para o seu desenvolvimento.
Como pode ser observado, as condições
Ataque eletroquímico para essas reações corrosivas, são: a condutivi-
dade do fluido e, a diferença de potencial entre
Um ataque eletroquímico pode ser com- os metais.
parado, quimicamente, com a reação eletrolítica Se porém, através de uma limpeza re-
da galvanoplastia, anodização ou de uma bateria gular a de um adequado tratamento superficial,
alcalina. o meio for removido e o circuito elétrico for
A reação deste ataque corrosivo, requer um in- eliminado, a corrosão não poderá ocorrer; esta é
termediário, geralmente a água, que é capaz de a base de um eficaz controle da corrosão.
conduzir a fraca corrente de eletricidade. O ataque eletroquímico é responsável
O Lok-Rivet e o Lok-Skru são semelhan- pela maior parte das formas de corrosão na es-
tes em construção; exceto que o Lok-Skru é trutura da aeronave e em seus acessórios.
roscado internamente, para fixar um acessório,
usando um parafuso; enquanto que o Lok-Rivet
não é roscado e só pode ser usado como um FORMAS DE CORROSÃO
rebite.
Tanto o Lok-Skrus como o Lok-Rivet são Há muitas formas de corrosão. Essas de-
instalados da mesma maneira, por esse motivo o pendem do metal envolvido, de seu tamanho e
texto a seguir para o Lok-Skrus também se formato, de sua função específica, das condi-
aplica ao Lok-Rivet. ções atmosféricas e da presença de agentes in-
As principais partes de um Lok-Skru são dutores da corrosão.
o corpo, a cabeça e um parafuso de fixa- As que serão descritas nesta seção são
ção.Quando um metal, entra em contato com um mais comuns de serem encontradas em células
agente corrosivo e, está também, ligado por um de aeronaves.
6-53
Corrosão superficial descamada em flocos; conseqüência da delami-
nação, cujo causa é a pressão dos resíduos da
A corrosão superficial aparece como corrosão em torno do grão, a medida que são
uma rugosidade generalizada, uma mancha ou formados.
cavidades minúsculas na superfície do metal, Este tipo de corrosão é difícil de ser de-
freqüentemente acompanhada do resíduo pulvu- tetado em seu estágio inicial. Métodos de inspe-
rento dos produtos da corrosão. ção com ultra-som e "Eddy current" são usados
A corrosão superficial pode ser causada, com grande margem de acertos.
tanto pelo ataque químico direto, como pelo
eletroquímico. Algumas vezes a corrosão se Corrosão sob tensão fraturante (stress)
espalha por baixo da cobertura superficial (co-
mo a pintura), e não pode ser percebida, nem A corrosão, sob tensão fraturante, ocorre
pela rugosidade da superfície, nem pelo depósi- como o resultado do efeito combinado de cargas
to dos produtos dessa corrosão. Pelo contrário, a de tensão residual e meio ambiente corrosivo.
pintura ou o recobrimento metálico, podem ser Trincas ou rachaduras típicas de corro-
deslocados da superfície em pequenos pedaços, são por tensão fraturante são encontradas em
em conseqüência da pressão (ou aumento de muitos tipos de metal; entretanto, é particular-
volume) causado pelo acúmulo dos produtos da mente característico do alumínio, cobre e certos
corrosão. tipos de aço inoxidável, e de ligas de aço de alta
resistência (acima de 240.000 libras por pole-
Corrosão entre metais diferentes gada quadrada). Geralmente, ocorre ao longo de
trechos trabalhados à frio (laminados à frio, ex-
Dano extensivo, pela formação de cavi- trudados à frio, etc.) e pode ser de natureza in-
dades minúsculas, pode resultar do contato entre tergranular ou transgranular (dentro do grão ou
metais diferentes na presença de um condutor. na vizinhança entre os grãos).
Conquanto, possa haver ou não, corrosão super- São suscetíveis de trincas por corrosão
ficial, a ação galvânica, parecida com a eletro- sob tensão fraturante, balancins de liga de alu-
deposição, ocorre nos pontos ou áreas de conta- mínio com buchas deslizantes prensadas neles,
to, onde o isolamento foi rompido ou simples- suporte do amortecedor do trem de pouso com
mente não foi colocado. Este ataque eletroquí- acionamento e travamento por parafuso engra-
mico pode ser muito severo e perigoso; porque, xado, juntas ou emendas travadas com pinos
sua ação, na maioria das vezes, irrompe fora da "Clevis", prendedores retráteis, etc.
visão comum, e o único meio de detetá-la, antes
que ocorra uma falha estrutural, é através da Corrosão por atrito (FRETTING)
desmontagem e separação das partes e sua ins-
peção. A corrosão por atrito ("fretting") é uma
forma particularmente danosa de ataque corro-
Corrosão intergranular sivo, que ocorre quando duas superfícies estão
em contato uma com a outra, havendo pressão
Esse tipo de corrosão é um ataque em entre as duas, sujeitas a um ligeiro movimento
torno dos grãos de uma liga e, comumente, re- relativo.
sulta na perda da uniformidade na estrutura da Essa corrosão é caracterizada pela ru-
liga. Ligas de alumínio e algumas ligas do aço gosidade das duas superfícies e pelo acúmulo
inoxidável, são, particularmente, suscetíveis considerável de limalha fria. Como o curso do
dessa forma de ataque eletroquímico. Esta falta movimento relativo é muito pequeno, a limalha
de uniformidade é causada por modificações encontra dificuldade para ser expulsa da área de
que ocorrem na liga durante o aquecimento e contato, incrementando a abrasão entre as su-
resfriamento. perfícies significativamente.
A corrosão intergranular pode existir A presença de vapor d'água aumenta
sem evidência visível na superfície. A corrosão muito esse tipo de deterioração. Se as áreas de
intergranular muito severa pode, algumas vezes, contato são pequenas e afiladas, sulcos profun-
causar a "exfoliação" da superfície do metal. dos, parecendo terem sido feitos a punção, po-
Ou seja: a superfície começa a ficar estufada e dem aparecer nessas superfícies.
6-54
FATORES QUE AFETAM A CORROSÃO ções de paredes mais finas terão características
físicas diferentes daquelas de paredes mais
Muitos fatores afetam o tipo, a veloci- grossas (vide Figura 6-59).
dade, a causa e a gravidade da corrosão dos me- Do ponto de vista do controle da corro-
tais. alguns desses fatores podem ser contro- são, a melhor aproximação é reconhecer a natu-
lados; outros, não. reza íntima (metalografia) e a resistência (carac-
terísticas mecânicas) dos principais com-
Clima ponentes estruturais, e manter proteção perma-
nente sobre tais áreas, para prevenir o início da
As condições ambientais, sob as quais deterioração.
uma aeronave é mantida e operada, afetam mui-
to as características da corrosão. Em ambiente Presença de material estranho
predominantemente marítimo (com exposição à
água do mar e ao ar marinho), com ar carregado Dentre os fatores controláveis, os quais
de umidade, é consideravelmente mais danoso afetam o início e o prosseguimento do ataque
para uma aeronave do que se todas as operações corrosivo, estão os materiais estranhos que se
fossem conduzidas em clima seco. aderem à superfície do metal:
As considerações sobre a temperatura Como tais materiais estranhos, temos
são importantes porque a velocidade do ataque incluídos:
eletroquímico aumenta com o calor, em climas 1. Terra e poeira do ar;
úmidos. 2. Óleo, graxa e resíduos do escapamento do
motor;
Tamanho e tipo de metal 3. Água salgada e condensação de ar saturado
de água salgada;
É bastante conhecido o fato de que al- 4. Respingos ácidos da bateria e soluções cáus-
guns metais são mais facilmente atacáveis pela ticas de limpeza; e
corrosão do que outros. 5. Resíduos de fluxos de soldagem (de vários
É, porém, menos conhecido, o fato de tipos).
que variações no tamanho e na forma do objeto
metálico, indiretamente afetam sua resistência à É importante que a aeronave seja manti-
corrosão. da limpa. A freqüência e a extensão com que
Seções estruturais, com paredes grossas, uma aeronave deva ser limpa depende de vários
são mais suscetíveis ao ataque corrosivo que as fatores, tais como: localização, modelo da aero-
de paredes finas, porque, as variações nas ca- nave e tipo de operação.
racterísticas físicas são maiores.
MANUTENÇÃO PREVENTIVA

Muito tem sido feito para melhorar a


resistência à corrosão da aeronave: materiais
mais bem selecionados, tratamentos superfici-
ais, isolamento e acabamentos de proteção. tudo
isso teve como alvo a redução dos trabalhos de
manutenção, bem como o incremento da confi-
abilidade. Destarte dessa melhora, a corrosão e
seu controle é um problema real, que demanda
manutenção preventiva contínua.
Figura 6-59 Efeito da usinagem em grossa ligas A manutenção preventiva da corrosão
de alumínio forjado tratadas a quen- inclui as seguintes funções específicas:
te. (1) Uma limpeza adequada;
(2) Cuidadosa lubrificação periódica;
Quando peças grandes são trabalhadas (3) Detalhada inspeção, pesquisando a corrosão
(à frio ou à quente) ou usinadas quimicamente, ou a falha dos sistemas de proteção contra a
após terem recebido tratamento térmico, as se- corrosão.
6-55
(4) Tratamento rápido da corrosão e retoque das Áreas posteriores aos dutos de escapamento
áreas pintadas danificadas;
(5) Manutenção dos orifícios dos drenos de- Tanto nos motores a jato como nos de
sobstruídos; pistão, os depósitos provenientes da exaustão
(6) Drenagem diária dos drenos de cada tanque são muitos corrosivos e causam problemas es-
de combustível; pecíficos, quando, descontinuidades, sulcos,
(7) Limpeza diária de áreas críticas expostas; dobradiças e carenagens estão localizadas em
(8) Vedação da aeronave contra água durante áreas posteriores aos dutos de escapamento des-
mau tempo e ventilação apropriada nos dias ses motores, tal que depósitos possam ser for-
de bom tempo; mados e não possam ser alcançados pelos méto-
(9) Fazer máximo uso de proteção (cobertura) dos normais de limpeza.
nas aeronaves estacionadas. Atenção especial deve ser dada nas áreas
Após qualquer período, em que a manu- em torno da cabeça dos rebites e nas juntas das
tenção preventiva contra a corrosão é interrom- chapas. Carenagens e janelas de inspeção nas
pida, uma quantidade maior de manutenção será áreas de exaustão devem ser removidas para
geralmente necessária para reparar no mesmo inspeção.
nível de proteção, como tinha anteriormente. Depósitos formados pela exaustão em
áreas remotas, tais como as superfícies das em-
INSPEÇÃO penagens, não devem ser negligenciadas.
O acúmulo de resíduos sobre essas áreas
Inspecionar para descobrir a corrosão é será lento-, algumas vezes pode até não ocorrer,
um processo contínuo e deve ser conduzido co- mas freqüentemente tem se tornado um proble-
mo um assunto diário. Dar muita ênfase a um ma para algumas das aeronaves em uso.
problema específico de corrosão para, posteri-
ormente, relegá-lo ao segundo plano, costuma
ser uma prática insegura, custosa e que trará Compartimentos das baterias e orifícios de
mais problemas adiante. ventilação da bateria
A maioria das listas de verificação dos
planos de manutenção aprovados, são abrangen- A despeito do aperfeiçoamento das pin-
tes o bastante para cobrir todas as peças da ae- turas de proteção e nos métodos de vedação e
ronave ou do seu motor e, nada, do que nela aeração, os compartimentos das baterias conti-
consta deve ser deixada sem inspeção. nuam a ser áreas com problemas de corrosão.
Use esta lista de verificação como um Vapores de eletrólito superaquecidos são difí-
guia geral, quando uma área específica for ins- cies de contenção e se espalham pelas áreas ad-
pecionada quanto à corrosão, porventura exis- jacentes, causando um rápido ataque corrosivo
tente. em todas as superfícies metálicas desprotegi-
Através da experiência percebe-se que a das..
maioria das aeronaves possuem áreas específi- Orifícios de ventilação da bateria na su-
cas, onde há problemas com corrosão, a despei- perfície (revestimento) da aeronave devem ser
to das inspeções de rotina. incluídos nos procedimentos de inspeção nos
Junto às inspeções de rotina, aeronaves compartimentos das baterias.
anfíbias ou hidroaviões devem se submeter a Uma limpeza regular e a neutralização
inspeções diárias e, as áreas críticas, limpas e dos depósitos ácidos irão diminuir a corrosão.
tratadas, como necessário.
Partes inferiores
ÁREAS PROPENSAS À CORROSÃO
Estas são o depósito natural para óleo
Serão discutidas nessa seção, as áreas hidráulico usado, água, sujeira, e toda sorte de
típicas de problemas de corrosão na maioria das pedacinhos. Óleo residual, com freqüência, en-
aeronaves. Entretanto, a discussão não será ne- cobre pequenas quantidades de água que mi-
cessariamente completa e pode ser ampliada, ou gram para o fundo da aeronave (abaixo do piso)
expandida, para cobrir as características especi- e dão início a uma célula química escondida. As
ais de um particular modelo de aeronave, con- partes inferiores dos hidroaviões e aviões anfí-
forme referência de seu manual de manutenção. bios são protegidas por pequenos sacos de di-
6-56
cromato de potássio, um inibidor da corrosão, 4. Juntas entre reforçadores, cavernas e partes
suspensos próximos aos pontos mais baixos de inferiores das superfícies de revestimento,
cada compartimento inferior. Esses cristais dis- que são típicos locais de acumulação de á-
solvem-se em qualquer água residual, e tendem gua e resíduos.
a inibir o ataque em superfícies expostas do
metal. Áreas de acumulação de água
Os procedimentos de inspeção devem
incluir a substituição desses saquinhos, quando Especificações de projeto exigem que as
a maior parte do agente químico tiver sido dis- aeronaves tenham drenos instalados em todas as
solvida. Atenção particular deve ser dada para áreas, onde a água possa ficar acumulada. Ins-
áreas localizadas sob as "galleys" (espécie de peções diárias dos drenos dos pontos baixos de-
cozinha onde são preparados os lanches) e ba- vem ser um requisito padrão.
nheiros, especialmente, na área sob os dutos, Caso essa inspeção seja negligenciada,
por onde são retirados os dejetos humanos. os drenos podem se tornar ineficazes, por causa
Esses dejetos, associados aos produtos do acúmulo de sujeira, graxa ou selantes.
químicos, usados nos banheiros, são muitos
corrosivos para os metais comumente usados Área frontal dos motores e tomadas de ar de
nos aviões. É imprescindível que, freqüente- ventilação
mente, essas áreas sejam limpas e a pintura
sempre retocada. Essas áreas são constantemente agredi-
das por sujeira e pó, pedacinhos de cascalho das
Alojamento do trem de pouso e das rodas pistas, como também da erosão da chuva, que
tendem a remover o acabamento de proteção.
Provavelmente esta área recebe mais Inspeções nessas áreas devem incluir
agressão que qualquer outra, devido à lama, todas as partes por onde circula o ar forçado
água, sal, cascalho, dentre outros materiais es- (pelas hélices) de ventilação, com especial aten-
tranhos à aeronave. ção aos lugares onde os depósitos de sal possam
Por causa das várias reentrâncias e sa- se acumular durante as operações próximas ao
liências, montagens e prendedores, fica difícil mar. É imperativo que a corrosão inicial seja
aplicar e manter uma camada de tinta nessa á- inibida e que o retoque da pintura e a camada
rea. mais forte da proteção anticorrosiva seja manti-
A aplicação de produtos preservativos tende da intacta, sobre as superfícies adjacentes ao
mais a disfarçar a corrosão do que preveni-la. motor, especialmente no caso de hidroaviões e
Devido ao calor gerado pela ação dos aviões anfíbios.
freios, os produtos preservativos não podem ser
usados nas rodas do trem de pouso principal. Alojamentos dos flapes de asa e "Spoilers"
Durante uma inspeção destas áreas, dê particular
atenção aos seguintes pontos problemáticos: Sujeira e água podem ficar acumuladas
nos alojamentos dos flapes de asa e "spoilers", e
1. Rodas de magnésio, especialmente em lá permaneceram desapercebidas, porque estes
torno das cabeças dos parafusos, das fi- dispositivos ficam normalmente recolhidos. Por
xações ao trem de pouso, etc., especial- esta razão, estes alojamentos são áreas de pro-
mente quanto à presença de água residu- blemas potenciais de corrosão.
al e seus efeitos;
Áreas do revestimento externo
2. Tubos rígidos expostos, especialmente nas
ferragens ou reforçadores com dobras de re- Superfícies externas são prontamente
forço ("lips"), embaixo dos prendedores e visíveis e acessíveis para inspeção e manuten-
das etiquetas de identificação coladas. ção. Mesmo nesse caso, curtos tipos de configu-
rações ou combinações de materiais tornam-se
3. Microinterruptores ("microswitches") ou problemáticos sob certas condições de operação
transdutores de posição e outros equipamen- e exigem especial atenção.
tos elétricos; e
6-57
Relativamente pouca corrosão é experi- Todos os cabos de controle, quer sim-
mentada com revestimento de magnésio se a su- plesmente de aço-carbono ou de aço resistente à
perfície original for revestida, isolada e devida- corrosão, devem ser inspecionados para se de-
mente mantida. Desamassamento, furação e terminar sua condição em cada período de ins-
rebitagem destroem parte do tratamento superfi- peção. Os cabos devem ser analisados quanto à
cial original, o que nunca é completamente res- corrosão, escolhendo-se aleatoriamente um pe-
tituído através de procedimentos de retoque. daço dele e fazendo sua limpeza com um peda-
Qualquer inspeção de corrosão deve incluir to- ço de pano embebido em solvente. Caso a cor-
das as superfícies de magnésio, com especial rosão externa seja muito evidente, sua tensão
atenção aos bordos, áreas ao redor dos reforça- deve ser aliviada e deve ser analisado quanto à
dores e pinturas trincadas, raspadas ou que foi corrosão interna. Cabos com corrosão interna
esquecida de ser aplicada. devem ser substituídos. A corrosão externa leve
Dobradiças como as de tipo igual à tam- deve ser removida com escova de aço. Assim
pa do teclado dos pianos são caracterizadas pelo que os produtos da corrosão tiverem sido re-
ataque corrosivo, devido ao contato entre a do- movidos, recubra os cabos com preservativo.
bradiça de alumínio e o eixo de aço, (metais
dissimilares). São também depósitos disponíveis REMOÇÃO DA CORROSÃO
para sujeira, sal e umidade. A inspeção desse
tipo de dobradiça (e também de outros tipos) Em geral, qualquer tratamento completo
deve incluir a lubrificação e a movimentação da de corrosão envolve o seguinte: (1) Exposição e
mesma, com o propósito de se assegurar que limpeza da área corroída; (2) remoção da maior
houve uma completa penetração do lubrificante. parte possível dos resíduos da corrosão; (3) neu-
A corrosão do revestimento metálico tralização de qualquer material de limpeza resi-
soldado por pontos (ponteado), é conseqüência dual nos orifícios e frestas; (4) restauração do
da entrada e fixação dos agentes corrosivos en- revestimento de proteção das superfícies; e (5)
tre as camadas de metal. Esse tipo de corrosão é aplicação de revestimentos, temporários ou de-
evidenciado pela presença de produtos da cor- finitivos, ou de pintura de acabamento.
rosão nas fendas por onde entra o agente corro- Os parágrafos seguintes tratam da corro-
sivo. são dos efeitos da corrosão nas superfícies das
Quanto mais avançado segue a corrosão, aeronaves e de seus componentes, onde a dete-
maior o estufamento da fenda, causando, inclu- rioração não tenha progredido a ponto de ne-
sive, rompimento no ponto de soldagem. O estu- cessitar nova usinagem ou reparo estrutural da
famento do revestimento nos seus estágios ini- peça envolvida.
ciais pode ser detectado observando-se ao longo
da linha de ponteamento, ou usando-se uma Remoção da pintura e limpeza da superfície
lâmina (passada) entre os pontos de soldagem.
A única técnica que previne esta condição é o A remoção da corrosão, necessariamente
enchimento da fresta com selante ou composto inclui, a remoção do acabamento da superfície
preservativo. que cobre a área atacada, ou suspeita de ter sido
atacada pela corrosão. A fim de assumir a má-
Áreas gerais de problemas xima eficiência do composto decapante, a área
deve ser limpa de graxa, óleo, sujeira ou preser-
As cabeças dos rotores dos helicópteros vativos. Essa operação preliminar de limpeza é
e suas caixas de redução além do fato de serem também um auxilio na determinação da exten-
continuamente expostas às intempéries, pos- são do ataque corrosivo, desde que a operação
suem superfícies de aço sem revestimento, mui- de decapagem seja conduzida da superfície para
tas peças externas que se movimentam e conta- as partes mais fundas, até o limite do ataque
tos entre metais dissimilares. Essas áreas devem corrosivo.
ser inspecionadas com freqüência para se des- O espalhamento de uma corrosão exten-
cobrir se há corrosão. A manutenção apropriada, siva deve ser corrigido pelo completo trata-
lubrificação correta e o uso de coberturas pre- mento de toda a seção atingida.
servativas podem prevenir a corrosão nessas A seleção do tipo de produtos a serem
áreas. usados na limpeza irá depender da natureza do
6-58
material a ser removido. Solventes para limpeza das saturadas com removedor de pintura, pa-
à seco podem ser usados para remover óleo, ra remoção da pintura residual que ainda
graxa e compostos leves de preservação. Para os possa ter permanecido aderida ao metal.
trabalhos pesados de remoção de preservativos 3. Reaplique o decapante, como necessário, em
ressecados ou espessos, outros compostos do área nas quais a tinta permaneceu ainda fi-
tipo emulsão (solvente) estão disponíveis. xada à superfície ou, onde o decapante se-
O uso de decapante de emprego geral, cou, repetindo o processo acima. Somente
lavável em água, é recomendável para a maioria raspadores não metálicos (plástico, madeira,
das aplicações. Onde for aplicável, a remoção etc) podem ser usados para ajudar na remo-
de tinta de qualquer superfície grande, deve ser ção de pinturas de acabamento.
realizada em ambiente aberto e, preferencial- 4. Remova a tinta retirada e o decapante resi-
mente, em área sombreada (não deve ser reali- dual, lavando e escovando a superfície com
zada ao sol). água e um pincel ou escova (vassourinha).
Caso seja necessário remover a corrosão Se for disponível a pulverização de água sob
em ambiente fechado, uma ventilação adequada pressão, use-a diretamente sobre o pincel ou
deve ser providenciada. Superfícies de objetos escova, com pressão baixa ou média. Caso
de borracha sintética (pneus de avião, tela de al- esteja disponível um equipamento de lim-
godão e acrílico) devem ser cuidadosamente peza e, a superfície seja suficientemente
protegidos contra possível contato com remove- grande, a limpeza pode ser realizada usando
dor de tinta. esse equipamento junto com uma solução de
Todo cuidado deve ser exercido na apli- composto para limpeza sob pressão. em área
cação de removedor de tinta próximo a ve- pequena, qualquer método pode ser usado,
dadores (de borracha), recipientes de gasolina desde que assegure a completa lavagem da
(tanques) ou os que impeçam a passagem da área decapada.
água; pois, esses removedores tendem a enfra-
quecer ou destruir a integridade dos selantes CORROSÃO DE METAIS FERROSOS
(vedadores).
Qualquer abertura pode permitir que o Um dos tipos mais familiares de corro-
composto de decapagem penetre na aeronave ou são é o óxido de ferro (ferrugem), geralmente o
em suas cavidades críticas. Os removedores de resultado da oxidação atmosférica das superfí-
pintura são tóxicos e contêm ingredientes dano- cies de aço. Certos tipos de óxidos metálicos
sos, tanto à pele quanto aos olhos. Luvas de protegem a superfície do metal base, imediata-
borracha, aventais de materiais resistentes aos mente, abaixo dacamada de óxido, mas a ferru-
ácidos e óculos de proteção devem ser usados, gem, absolutamente não é uma cobertura de
se qualquer remoção extensiva da pintura for proteção.
realizada. O que se segue é um procedimento Sua presença, na verdade, suplementa
normal para decapagem: esse ataque na medida em que atrai a umidade
1. Cubra a área inteira a ser tratada com uma do ar e age como um catalizador. Em conse-
cobertura de decapagem na altura de 1/32 a qüência, toda a ferrugem deve ser removida das
1/16 de polegada. Qualquer pincel de pintu- superfícies de aço, a medida que o controle
ra serve como um aplicador satisfatório, ex- completo da corrosão é levada a termo.
ceto, pelo fato de que parte das suas cerdas A ferrugem primeiro aparece na cabeça
serão perdidas pelo efeito do removedor de dos parafusos, porcas fixadas em partes baixas;
tinta na sua colagem, além disso, o pincel ou , outra parte estrutural desprotegida da aero-
não deverá ser usado para outros propósitos, nave. Sua presença nessa área não é perigosa e
após ter sido exposto ao removedor de tinta. não tem efeitos imediatos na resistência estrutu-
2. Deixe o decapante permanecer na superfície ral de quaisquer de seus grandes componentes.
por um intervalo de tempo suficiente para Entretanto, é uma indicação da necessidade de
encrespar e levantar a pintura. esse tempo manutenção e de um possível ataque corrosivo
pode variar de 10 minutos a algumas horas, das principais áreas críticas. É também um deta-
dependendo da temperatura e da unidade, lhe na aparência geral do equipamento. quando
além da condição da pintura a ser removida. ocorre falha na pintura ou um dano (mecânico),
Esfregue a superfície com um pincel de cer- superfícies de aço são expostas e submetidas a
6-59
grandes esforços à atmosfera, mesmo uma quan-
tidade muito pequena de ferrugem, é potencial- Remoção da corrosão das partes e das peças
mente perigosa nessas áreas, e deve ser removi- submetidas a esforços elevados
da e controlada.
Qualquer indício de corrosão na super-
Remoção mecânica da ferrugem fície das partes e das peças de aço, submetidas a
esforços elevados, são potencialmente perigo-
O meio mais prático de controle da corr- sas. Uma cuidadosa remoção dos produtos da
osão de peças de aço é a completa remoção dos corrosão é exigida. Riscos na superfície ou mu-
produtos da corrosão, por meios mecânicos, e dança de sua estrutura interna (degeneração da
sua recuperação e proteção através de recobri- estrutura cristalina), em função de superaqueci-
mentos preventivos contra a corrosão. Exceto mento do metal, podem também ser a causa de
em superfícies altamente solicitadas quanto a uma súbita falha dessas peças ou partes.
esforços de aço, o uso de lixas ou compostos Produtos da corrosão devem ser removi-
abrasivos, pequenos polidores e compostos de dos cuidadosamente, usando-se lixa fina de oxí-
polimento, escovas de aço manuais ou palha-de- do de alumínio ou composto de polimento finos,
aço (lã-de-aço), são todos métodos aceitáveis de aplicados à politriz. É fundamental que durante
limpeza. o polimento à máquina (politriz), não se permita
Entretanto, deve ser reconhecido que no que, por atrito, a superfície se aqueça demasia-
uso de qualquer desses abrasivos, a ferrugem damente. Após a remoção cuidadosa da corro-
residual permanecerá no fundo das frestas ou são superficial, acabamentos com tintas proteto-
dos pequenos buracos causados pela corrosão. É ras devem ser aplicados imediatamente.
praticamente impossível remover todos os pro-
dutos da corrosão somente por métodos de abra- CORROSÃO DO ALUMÍNIO E DE SUAS
são ou de polimento. como conseqüência, desde LIGAS
que uma parte já tenha sido enferrujada uma
vez, ela será corroída depois, mais facilmente. Os ataques corrosivos nas superfícies de
alumínio são geralmente bastante evidentes,
Tratamento químico das superfícies de aço uma vez que os produtos da corrosão são de cor
branca e de volume maior que o metal base.
Há métodos aprovados para a conversão Mesmo em seus estágios iniciais, a corrosão do
de ferrugem ativa em fosfatos ou outras co- alumínio torna-se evidente como uma mancha,
berturas protetoras. O uso de compostos quími- "pits" (furinhos cônicos) ou rugosidade na su-
cos à base de ácido fosfórico é um exemplo de perfície do alumínio.
tais tratamentos. Entretanto, esses equipamentos NOTA: ligas de alumínio comumente formam
necessitam de instalações especiais em oficinas, uma suave oxidação superficial (geralmente de
e são impraticáveis para serviços externos. Ou- 0,001 a 0,0025 polegada de espessura), o que
tros compostos comerciais são eficientes con- não é considerado degenerativo, uma vez que
versores de ferrugem, onde não sejam exigidos essa camada de óxido formada, age como uma
serviços perfeitos e, onde uma cuidadosa lava- forte barreira contra a introdução de elementos
gem e neutralização dos ácidos residuais seja corrosivos.
possível. Tal tipo de oxidação não deve ser, con-
Essas aplicações não são geralmente uti- fundido com aquela corrosão severa a ser discu-
lizáveis para aeronaves (mas para suas partes tida nos próximos parágrafos.
isoladas), posto que sua aplicação pode permitir O ataque genérico das superfícies de
que haja penetração do composto entre duas alumínio penetra relativamente devagar, mas
partes emendadas de uma montagem, o que é pode ser acelerado na presença de sais dissol-
não somente indesejável como perigoso. Esse vidos. Um ataque considerável pode ter lugar,
perigo da infiltração do composto e, as conse- sem que haja perda considerável da resistência
qüências de um ataque descontrolado, que possa estrutural em andamento. Entretanto, pelo me-
ocorrer, quando tais produtos são usados em nos três formas de ataque às ligas de alumínio
serviços externos (fora da oficina) sobrepassa a são particularmente sérias: (1) A corrosão tipo
qualquer vantagem a ser ganha com seu uso. "pit" (furinhos cônicos) profunda, através das
6-60
paredes dos tubos de alumínio. (2) A corrosão 3. Trate de qualquer corrosão superficial pre-
sob tensão fraturante, trincando e rachando os sente, esfregando-a com material inibidor da
materiais submetidos a esforços contínuos; e (3) corrosão. Um procedimento alternativo é o
A corrosão intergranular, característica de ligas emprego de solução de dicromato de sódio e
de alumínio tratadas termicamente de maneira de trióxido de cromo. Deixe essa solução
indevida. permanecer na área corroída por 5 a 20 mi-
Em geral, a corrosão do alumínio pode nutos; depois seque a área com panos lim-
ser tratada com mais eficiência do que a corro- pos.
são que ocorre em outros materiais estruturais 4. Recubra a superfície polida com graxa à
usados em aeronaves. Esse tratamento inclui: a prova d'água.
remoção mecânica dos produtos, gerados pela
corrosão; e a neutralização e inibição do proces- As superfícies de alumínio, que venham
so corrosivo, seguida pela restauração da cober- a ser posteriormente pintadas, podem ser sub-
tura protetora da superfície. metidas a procedimentos de limpeza mais seve-
ros, como também pode ser prestado um trata-
Tratamento das superfícies de alumínio sem mento corretivo mais cuidadoso antes da pintu-
pintura ra. É usada a seguinte seqüência:

O alumínio puro tem relativamente mais 1. Limpe cuidadosamente as superfícies afeta-


resistência à corrosão, comparado com as suas das de todos os resíduos de graxa ou terra,
ligas, com maior resistência mecânica. Tira-se antes de mais nada. Qualquer procedimento
partido dessa realidade para se laminar uma fina geral para limpeza de aeronaves pode ser
camada de alumínio puro sobre as duas faces de usado.
uma chapa, relativamente mais grossa, de uma 2 Caso permaneçam resíduos de partes pinta-
liga de alumínio com alta resistência mecânica. das, decape a área a ser tratada. Procedimen-
Esse processo metalúrgico é chamado de tos para o uso de removedores de pintura e
"CLADDING" ou “ALCLAD”. A proteção assim as precauções a serem tomadas, já foram
obtida é boa e a superfície pode ser até polida. previamente abordadas no capítulo referente
Quando, porém, da limpeza dessa superfície, à "Limpeza das superfícies e remoção de
cuidados devem ser tomados para evitar o des- pintura".
gaste da parte metálica protetora (alumínio pu- 3 Trate a superfície das áreas corroídas com
ro), ou sua remoção mecânica, com a conse- uma solução de ácido crômico e ácido sul-
qüente exposição da liga metálica. Uma seqüên- fúrico a 10%. Aplique a solução com pincel
cia típica para tratamento da corrosão em alu- ou escova. Esfregue a área corroída com
mínio é a que se segue: uma escova, enquanto ainda estiver úmida.
1. Remova o óleo e a sujeira da superfície com Embora, o ácido crômico seja um bom ini-
um produto suave de limpeza, antes de lim- bidor para ligas de alumínio e, mesmo que,
pá-la com um produto abrasivo. nem todos os produtos da corrosão tenham
2. Dê início ao polimento das áreas corroídas sido completamente removidos, é importan-
com abrasivo fino ou polidor de metais. O te que a solução penetre fundo em todas as
polidor de metais, usado em superfícies de cavidades ("pits"), por baixo de toda a cor-
aeronave de "ALCLAD", não deve ser usado rosão que possa estar presente. Cuidadosa
em alumínio anodizado, uma vez que esse esfregadela com uma escova de fibra dura
produto é capaz de remover o filme da pro- deve dissolver ou remover a maior parte da
teção por anodização. Ele realmente remove corrosão existente, e assegurar completa pe-
manchas e produz um alto polimento sobre netração do agente inibidor dentro das fres-
superfícies não pintadas de "ALCLAD". Ca- tas e cavidades. Permita que o ácido crômico
so a superfície seja difícil de limpar, um permaneça cinco minutos, pelo menos, no
composto para limpar, e para lustrar pode local; então, remova o excesso com jato d'á-
ser usado antes do polimento, para reduzir o gua ou esfregue um tecido úmido. Há di-
tempo e o esforço necessário para a obten- versos compostos químicos comerciais para
ção de uma superfície limpa. tratamento de superfícies, semelhantes ao ti-

6-61
po descrito anteriormente, os quais também nhança do grão metálico da liga de alumínio,
podem ser usados. que foi imprópria ou indevidamente tratada a
4. Seque a superfície tratada e restitua a cober- quente, resultando na precipitação de diferentes
tura de proteção permanente recomendada, constituintes após o tratamento térmico. Na sua
conforme sugerido pelos procedimentos es- forma mais grave, realmente acaba ocorrendo
tabelecidos pelo fabricante do avião. A res- separação da camada de metal ou esfoliação.
tauração de qualquer proteção por pintura Uma limpeza mais profunda é uma necessidade,
deve ser feita, imediatamente, após a realiza- quando a corrosão intergranular se faz presente.
ção de tratamento superficial. A remoção mecânica de todos os produ-
Em qualquer caso, tenha certeza que o tra- tos da corrosão, bem como das camadas de me-
tamento anticorrosivo será realizado ou rea- tal delaminadas, deve ser levada a termo, para
plicado no mesmo dia em que também for determinar a extensão da destruição e para ava-
programada a pintura de acabamento. liar a resistência estrutural remanescente do
componente.
A profundidade da corrosão, bem como
Tratamento de superfícies anodizadas os limites possíveis de remoção de material, de-
vem ser estabelecidos para cada aeronave.
Conforme previamente estabelecido, a Qualquer perda de resistência estrutural deve ser
anodização é um tratamento de superfície co- avaliada antes do reparo, ou substituição da pe-
mum às ligas de alumínio. Quando esta cober- ça, ou componente.
tura for danificada em serviço, somente poderá
ser parcialmente recuperada por tratamento CORROSÃO DAS LIGAS DE MAGNÉSIO
químico da superfície.
Por essa razão, qualquer reparo em su- O magnésio é, dos metais usados na
perfície anodizada, que tenha sofrido ataque construção aeronáutica, o mais quimicamente
corrosivo, deve-se evitar a destruição da pe- ativo; assim sendo, é também o mais difícil de
lícula de óxido da área que não tenha sido afeta- ser protegido.
da. Evite o uso de palha-de-aço (ou lã-de-aço), Quando uma falha na cobertura protetora
escovas de aço ou materiais muito abrasivos. ocorre, a correção imediata e plena dessa falha é
Lã-de-alumínio, escovas com cerdas de um imperativo para que se evite um sério dano
alumínio ou escovas de fibras rígidas são as estrutural.
ferramentas aprovadas para a limpeza de super- O ataque corrosivo ao magnésio é, pro-
fícies anodizadas com corrosão. vavelmente, o mais fácil tipo de corrosão a ser
Deve ser tomado o necessário cuidado, detetado em seus estágios iniciais, posto que os
em qualquer processo, para ser evitado o des- produtos gerados durante o processo corrosivo,
gaste das películas de proteção em área adjacen- ocupam um volume várias vezes maior que o
tes. metal original destruído.
Tome todos os cuidados para manter o O ataque inicial é mostrado pelo levan-
máximo possível da cobertura de proteção em tamento da pintura (descolamento) e pelo apare-
áreas não afetadas pela corrosão. cimento de manchas brancas na superfície do
Por outro lado, trate as superfícies ano- metal.
dizadas do mesmo modo que outros acabamen- O seu desenvolvimento é rápido, for-
tos de proteção para o alumínio. O ácido crômi- mando produtos como "montículos de neve".
co e, outros tratamentos inibidores da corrosão, Sua proteção envolve a remoção dos produtos
tendem a recompor a película de óxido (de alu- da corrosão, a restauração parcial da cobertura
mínio) protetora. de proteção através de tratamento químico; e a
reaplicação da cobertura de proteção.
Tratamento da corrosão intergranular em
superfície de ligas de alumínio tratadas a Tratamento de forjados e de perfis confor-
quente mados a partir de chapas de magnésio

Como já foi de descrito, a corrosão in- O ataque corrosivo ao revestimento


tergranular é um ataque que ocorre na vizi- (chapa) de magnésio, geralmente começa pelas
6-62
bordas desse revestimento, por baixo das arrue- Tratamento das peças/partes existentes fabri-
las dos rebites ou parafusos de fixação, ou em cadas com magnésio fundido
partes da chapa submetidas a excessiva defor-
mação mecânica causada por cisalhamento (cor- Peças de magnésio fundido, em geral,
te por tesoura), furação, abrasão ou impacto. são mais porosas e mais propensas ao ataque
Caso o pedaço da chapa corroída possa ser fa- corrosivo que os revestimentos de magnésio
cilmente removido, isso deve ser feito para as- laminado (ou peças conformadas). Entretanto,
segurar o completo bloqueio do processo corro- para todos os propósitos, o tratamento é o mes-
sivo. mo. Carcaças de motor, balancins, fixações,
Se houver arruelas de isolamento, seus carenagens diversas e alças são as peças mais
respectivos parafusos devem ser afrouxados, comumente fabricadas com magnésio fundido.
pelo menos, para permitir a limpeza por escova Quando o ataque corrosivo incide em
ou pincel, por baixo dessa arruela. uma peça de magnésio fundido, o mais rápido
A remoção completa, por meios mecâni- método de tratamento deve ser iniciado; caso se
cos, dos produtos da corrosão deve ser levada a deseje evitar uma corrosão perigosa. Realmente,
termo, tanto quanto praticável. carcaças de motor submersas em água salgada
Tal limpeza deve ser limitada a fer- por uma noite, podem estar completamente
ramentas não metálicas (plástico, borracha), comprometidas.
particularmente se o tratamento for feito na pista Se isso acontecer, a peça deve ser des-
(fora do hangar ou oficina). Qualquer resíduo de montada e separada, para permitir um bloqueio
partículas de aço, oriunda de escovas ou de fer- ao avanço da corrosão, além de prevenir um
ramentas de aço, ou esfregamento excessivo por posterior progresso dessa corrosão. A mesma
sujeira abrasiva, podem causar mais problemas seqüência de tratamento geral empregada no
que o ataque corrosivo inicial. parágrafo anterior para revestimento (laminado)
O magnésio corroído, geralmente, pode de magnésio, deve ser seguida em se tratando de
ser tratado da seguinte maneira: peças fundidas.
1. Retire a tinta e limpe a área a ser tratada Caso haja necessidade de uma remoção
(procedimentos para retirada da pintura es- muito extensa dos produtos da corrosão de pe-
tão desenvolvidos no início desse capítulo). ças estruturais, feitas com magnésio fundido; a
posição do fabricante, acerca da resistência resi-
2. Usando uma escova de cerdas curtas e duras, dual remanescente, será muito importante. Ma-
vá espalhando e removendo, simultane- nuais de reparos estruturais específicos, geral-
amente, os produtos da corrosão, tanto quan- mente envolvem limites dimensionais de tole-
to possível. Escovas de arame de aço, rebo- rância para membros críticos de estruturas e de
los ou ferramentas de corte (de aço) não de- vem ser conhecidos, caso qualquer questão so-
vem ser usadas. bre segurança esteja envolvida.
3. Trate a área corroída com uma solução ge-
nerosa de ácido crômico, ao qual foi adicio- TRATAMENTO ANTICORROSIVO DO
nado uma fração de ácido sulfúrico, esfre- TITÂNIO E DE SUAS LIGAS
gando a área onde se concentram as cavida-
des e rugosidades causadas pela corrosão, O ataque corrosivo às superfícies de ti-
enquanto ainda úmida de ácido crômico, tânio, é, geralmente, difícil de deteção. O titâ-
sempre usando uma escova não metálica. nio, é, por natureza, altamente resistente à cor-
rosão, mas pode apresentar deterioração quando
4. Deixe o ácido crômico permanecer por 5, até
da ocorrência de depósitos de sal e impurezas de
20 minutos, antes de enxugar o excesso com
metal, particularmente em altas temperaturas.
um tecido suave e limpo. Entretanto, não
Assim sendo, a utilização de lã-de-aço (palha-
deixe que o excesso de solução seque e per-
de-aço), desencrustadores metálicos, escovas de
maneça na superfície, posto que tais de-
aço para limpeza ou para a remoção de corrosão
pósitos prejudicarão a aderência da pintura
dos componentes fabricados em titânio é proibi-
posteriormente.
da.
5. Tão logo as superfícies estejam secas, reto- Caso as superfícies de titânio necessitem
que a pintura protetora original. de limpeza, com polimento manual à base de
6-63
alumínio (lã-de-alumínio) ou com abrasivo su- corrosão eletrolítica ou corrosão entre metais
ave somente as escovas de fibra são usadas. En- diferentes. Contato entre metais diferentes e sem
xugue a superfície tratada com panos secos para que haja revestimento protetor em um deles
remover o excesso de solução, mas não faça (isolante) e, havendo um ambiente úmido (água
lavagem com água. ou outro fluido condutor), faz com que seja des-
envolvida uma ação eletrolítica (como em uma
pilha elétrica). Esse contato, geralmente, faz
PROTEÇÃO DO CONTATO ENTRE ME- com que um dos metais seja oxidado (o anodo),
TAIS DIFERENTES decompondo-se num processo semelhante à
corrosão.
Certos metais passam a apresentar sinais Dependendo dos metais envolvidos, so-
de corrosão quando colocados em contato com mente o isolamento (pintura, graxa, verniz, etc.)
outros metais. É, comumente conhecido como de um ou ambos os metais, evita a corrosão.

Figura 6-60 Contatos de metais diferentes que resultarão em corrosão eletrolítica

Contatos que não envolvem magnésio seguinte forma: pelo menos duas camadas de
cromato de zinco são aplicadas em cada super-
Para prevenir ou evitar contatos entre fície.
metais diferentes, não sendo nenhum deles o A seguir, uma camada de filme de vinyl,
magnésio (ou suas ligas), utiliza-se a cobertura 0,003 polegada, sensível à pressão, é suave, mas
(pintura) de duas camadas de cromato de zinco firmemente aplicado, para evitar as bolhas de ar
antes da tinta base normalmente usada. Sua apli- e as dobras.
cação é feita por pincel ou pulverização e deve- Para evitar um posterior encolhimento, o
se aguardar seis horas entre cada demão. filme é aplicado sem que seja esticado.
Entretanto, onde a espessura do filme in-
Contatos que envolvem o magnésio terfere com a montagem das peças ou quando é
esperado que a peça trabalhe em temperatura
Para prevenir ou evitar contatos entre relativamente alta (acima de 250º F), não se usa
dos metais diferentes, sendo um deles o magné- o filme, mas aplicam-se três camadas de tinta
sio (ou suas ligas), cada um deles é isolado da base.
6-64
LIMITES DA CORROSÃO Preparação da superfície
Os tratamentos superficiais originais
A corrosão, mesmo que suave, é um da- para peças de aço, geralmente, incluem um tra-
no. Assim sendo, o dano causado pela corrosão tamento de limpeza para remover todos os tra-
é classificado, segundo quatro tipos padroni- ços de sujeira, óleo, graxa, óxidos e umidade. É
zados, tal como qualquer outro dano: necessário prover uma aderência eficaz, entre a
superfície do metal e o acabamento final. O pro-
(1) Dano desprezível; cesso de limpeza pode ser, tanto mecânico,
(2) Dano reparável por um remendo; quanto químico.
(3) Dano reparável por um reforço; e Na limpeza mecânica os seguintes méto-
(4) Dano irreparável, necessitando substitui- dos são empregados: escova de aço, palha-de-
ção da peça, ou do componente. aço (lã-de-aço), lixa, jato de areia ou jato de
vapor.
O termo "desprezível", como foi usado anteri- A limpeza química é preferível em rela-
ormente, não quer dizer que pouco ou nada deva ção à mecânica, uma vez que nada do metal
ser feito, no sentido de se interromper processo base é removido durante a limpeza. Há vários
corrosivo ou de se iniciar o reparo. a área corro- processos químicos em uso hoje em dia, e o tipo
ída deve ser limpa, tratada e pintada como apro- a ser usado vai depender do material a ser lim-
priado ao caso. Dano desprezível, geralmente, é po, bem como do tipo de matéria estranha a ser
a corrosão que tenha riscado ou comido parte da removida.
cobertura de proteção e começou a manchar a As peças de aço são decapadas para re-
superfície do metal propriamente dito. mover crostas, ferrugem ou outros materiais,
O dano reparável por um remendo ex- antes do recobrimento. A solução decapante
tendido ao dano reparável por um reforço, deve pode ser tanto o ácido muriático ou ácido sulfú-
ter sua reparação feita conforme o manual de rico.
reparo estrutural específico. Considerando-se o custo, o ácido sulfú-
Quando, entretanto, o dano exceder aos rico é preferível, sendo porém o ácido muriático
limites estabelecidos, não sendo possível o repa- mais eficiente para certos tipos de crostas.
ro, o componente ou a estrutura devem ser subs- A solução decapante é colocada num
tituidos. tanque de cerâmica e, geralmente, é aquecida
por resistência elétrica. As peças que não serão
MATERIAIS E PROCESSOS USADOS NO submetidas a processos galvânicos, após a deca-
CONTROLE DA CORROSÃO pagem, são imersas em banho de água de cal
(alcalino) para neutralizar o ácido da solução
Acabamento do metal decapante.
Eletrolimpeza é um outro tipo de limpe-
Partes das aeronaves (peças), quase za química usada para remover graxa, óleo ou
sempre recebem algum tipo de acabamento su- materiais orgânicos. Nesse processo de limpeza,
perficial, dado pelo fabricante. O principal pro- o metal é posto em suspensão (pó), numa solu-
pósito desse acabamento é prover uma resistên- ção alcalina quente, contendo agentes especiais
cia à corrosão; entretanto, acabamentos super- de limpeza, inibidores e materiais, tais que ga-
ficiais podem também ser aplicados para au- rantam a devida condutividade elétrica. Uma
mentar a resistência ao desgastes ou prover uma corrente elétrica é, então, passada através da
boa base aderente (primer) para a pintura. solução de forma similar àquela usada em ele-
Na maioria dos casos, o acabamento trodeposição metálica.
original não pode ser restaurado fora de oficina, Peças de alumínio e de magnésio são
devido a dificuldades de utilização do equipa- também limpas usando os métodos já descritos.
mento e de outras limitações. Entretanto, uma A limpeza por jateamento (areia, esferas de vi-
boa compreensão sobre os vários tipos de aca- dro, até mesmo cereais) não é utilizável para
bamento de metal é necessária, caso deva ser chapas finas de alumínio, especialmente as de
mantido apropriadamente fora da oficina e se- "alclad". Menos ainda se forem esferas ou lima-
jam necessárias técnicas de restauração parcial lha de aço, em se tratando de alumínio ou outro
usadas no controle da corrosão. metal resistente à corrosão.
6-65
O polimento e o tingimento das superfí- do uma solução líquida chamada de eletrólito,
cies metálicas exercem um papel muito impor- uma fonte de corrente contínua e um painel de
tante no acabamento. As operações de poli- controle.
mento são, algumas vezes usadas para preparar Quando a corrente atravessa um circuito,
a superfície antes de submetê-la a uma eletrode- o material a ser depositado ( o metal de recob-
posição. rimento) sai do eletrodo positivo (pólo positivo)
ou anodo. A peça sobre a qual se fará a eletro-
Eletrodeposição (galvanoplastia) deposição é o eletrodo negativo (pólo negativo)
ou cátodo.
A eletrodeposição é o processo de trans- A fonte de corrente contínua, o anodo, o
ferência de metal de um objeto para outro, por cátado e o eletrólito formam o circuito elétrico
meios químicos e elétricos. Várias são as razões de recobrimento ou galvânico, que fazem com
para se fazer eletrodeposição ou galvanoplastia: que minúsculas partículas (íons) do material de
cobertura sejam depositadas na superfície da
1 Para proteger o metal base (metal a ser re- peça a ser recoberta.
coberto) contra a corrosão. Alguns dos me- O processo é mantido até que o recobri-
tais mais usados para a formação da co- mento atinja a espessura pré-estabelecida. Tanto
bertura protetora sobre outro metal, por a- o eletrólito, quanto o anodo, o cátodo e a corren-
ção eletrolítica, são: estanho, zinco, níquel e te do circuito vão variar com o tipo de material
cádmio. de recobrimento que estiver sendo usado.
2 Para proteger o metal base contra o desgas- Algumas operações de recobrimento não
te, causado por abrasão ou esfregamento. A usam anodos do metal de cobertura; mas, obtém
cromação (ou cromagem) é muito usada esse metal do próprio eletrólito (que vai ficando
como resistência ao desgaste. A niquelagem obviamente mais diluído). Recobrimento com
também pode ser usada com este propósito. cromo (cromagem ou cromação) é um exemplo
3 Para produzir e conservar uma boa aparên- desse tipo de recobrimento. Anodos de chumbo,
cia (cor ou lustro), assim como aumentar a ao invés de anodos de cromo (estes não são sa-
resistência ao embaçamento. Recobrimento tisfatórios), são usados para fechar o circuito
com ouro, níquel ou cromo, pode ser usado elétrico. O cromo metálico para o recobrimento
nesse caso. sai do ácido crômico do banho (eletrólito).
4 Para proteger o metal base contra alguma
reação química especial; por exemplo, re- Metalização por pulverização
cobrimento por cobre é algumas vezes usa-
do para prevenir que certas partes de alguns A metalização por pulverização ("metal
componentes fabricados em aço, as quais spraying") é a aplicação de metal fundido sobre
não se deseja que absorvam carbono duran- uma superfície (base) sólida, por aspersão (bor-
te o processo de revenimento a que o com- rifamento).
ponente como um todo será submetido, o É possível aspergir (borrifar) alumínio,
façam. cádmio, cobre, níquel, aço ou qualquer do vá-
5 Para aumentar as dimensões de uma peça. rios metais usados no processo. Na indústria
Este processo, conhecido como enchimento aeronáutica, o processo normalmente usado, é a
("build up"), pode ser aplicado a peças aci- cobertura de aço por alumínio para melhorar sua
dentalmente usinadas abaixo da medida es- resistência à corrosão.
pecificada. O metal da base deve ser preparado
6 Para servir como base para posteriores ope- (normalmente por jato de areia) e perfeitamente
rações de recobrimento eletroquímico (gal- limpo, tal que o metal líquido aspergido adquira
vanoplastia), reduzir custos de polimento e perfeita aderência a esse metal base.
assegurar brilho a posteriores deposições de O equipamento de aspersão (borrifamen-
níquel e níquel/cromo. O cobre é comumen- to) do metal líquido consiste de um suprimento
te usado com esse objetivo. de oxigênio e de acetileno, conduzido por tubos
Todos os processos de eletrodeposição para uma pistola de pulverização. Essa mistura
são basicamente idênticos. O equipamento a ser de gases, é então, posta a queimar (por faísca),
usado consiste de um tanque ou banho, conten- transformando essa pistola em maçarico. Ar
6-66
comprimido é insuflado através da pistola, acio- A cobertura deixada pelo processo de
nando simultaneamente um arame de solda em anodização revela-se como excelente resistência
direção à pistola de pulverização. O arame fun- à corrosão. Porém, essa cobertura é macia e
de-se com o calor da chama oxiacetilênico e é muito fácil de ser raspada (ou arranhada), de-
aspergido pelo ar comprimido contra a superfí- vendo ser tratada com muito cuidado antes da
cie a ser metalizada. aplicação da tinta base.
Lã de alumínio e esponja de nylon im-
TRATAMENTOS QUÍMICOS pregnadas com abrasivo a base de óxido de a-
lumínio ou, escovas com cerdas duras, são apro-
"Parco Lubrizing" vadas para a limpeza de superfícies anodizadas.
O uso de lã-de-aço, escovas de aço ou material
"Parco Lubrizing" é um tratamento quí- abrasivo áspero em qualquer superfície de alum-
mico para componentes de aço e ferro, o qual ínio não é permitido; assim como, realizar um
induz ao surgimento, na superfície do metal, de acabamento com polidor ou escova de cerdas de
uma cobertura à base de fosfato, não-metálico e arame, também não é permitido. Afora isso, as
absorvente de óleo. É projetado, inicialmente, superfícies anodizadas, podem ser tratadas do
para reduzir o desgaste nas peças móveis. mesmo modo que os outros acabamentos dados
O processo é uma modificação do "Par- às superfícies de alumínio em geral.
kerizing" e consiste de um tratamento de pré- Complementarmente às suas qualidades
limpeza, no qual o vapor desengraxante, a solu- de resistir à corrosão, o recobrimento anódico
ção ácida de decapagem ou o "spray" de emul- (anodização) é uma excelente base ("primer")
são são usados, seguindo-se uma submersão por para a pintura. Na maioria dos casos, inclusive,
15 minutos em uma solução (em água) com as superfícies são pintadas (com "primer"e aca-
10% (em volume) de "Parco Lubrite" (marca bamento) tão logo ficam prontas no processo de
comercial). Posteriormente, há uma lavagem e anodização.
enxagüe com água e, nova submersão em óleo A cobertura anódica é um mau condutor
solúvel (em água). O fosfato depositado anteri- elétrico. Assim sendo, caso o componente ne-
ormente na superfície retira o óleo da solução, cessite aterramento ou outro tipo de con-
retendo-o. dutividade elétrica, há necessidade de remoção
da camada anodizada no ponto de ligação à fia-
Anodização ção.
Superfícies de "alclad", que permanece-
A anodização é o mais comum dos tra- rão sem pintura, não precisam passar por trata-
tamentos das superfícies, das peças feitas de li- mento anódico; entretanto, se houver intenção
gas de alumínio, que não sejam "cladeadas" de pintá-las, deverão ser anodizadas a fim de se
(feitas de "alclad"). Basicamente, a chapa ou garantir uma boa aderência à tinta.
peça forjada (ou fundida) de liga de alumínio é
fixada ao pólo positivo de um banho eletrolítico, Alodização
onde a solução ou banho é composto de ácido
crômico ( ou outro agente oxidante), o que in- A alodização é um tratamento químico
duz a deposição de uma cobertura de óxido de simples para todas as ligas de alumínio, para
alúminio sobre a superfície do metal. O óxido aumentar a resistência à corrosão e melhorar a
de alumínio é naturalmente o seu protetor (da aderência da pintura. Por causa da sua simplici-
superfície do alumínio), e o processo de anodi- dade, está substituindo rapidamente a anodiza-
zação tão somente aumenta a espessura e a den- ção no reparo de aeronaves.
sidade dessa cobertura natural. O processo consiste em uma pré-
Quando essa cobertura é danificada em limpeza, com removedor ácido ou alcalino, a-
serviço, ela pode ser, somente em parte, restau- plicado por pulverização ou imersão da peça,
rada por tratamentos químicos da superfície. que após, é enxaguada com jato d'água por 10 a
Assim sendo, qualquer serviço envol- 15 segundos.
vendo superfícies que foram anodizadas, inclu- Após certificar-se que a peça foi cuida-
sive remoção de corrosão, deve evitar a destrui- dosamente enxagüada, “alodine” é aplicado por
ção desnecessária da cobertura de óxido. pulverização, pincelamento ou imersão. Uma
6-67
cobertura fina, mas resistente, aparece com uma oficina. Entretanto, área corroídas, onde a co-
coloração levemente azul esverdeada, com fraca bertura de proteção tenha sido destruída, reque-
iridescência (coloração tipo arco-íris, como se rem algum tipo de tratamento antes do acaba-
fosse gasolina/óleo sobre água), em ligas prati- mento.
camente sem cobre, até um verde oliva em ligas Os materiais inibidores a seguir, são par-
ricas em cobre. ticularmente eficazes para tratamento do alumí-
A peça é, então, lavada com água limpa, nio fora da oficina, são benéficos para as partes
fria ou quente, por um período de 15 a 30 se- de magnésio expostas e, têm algum valor, até
gundos. Após, passa por um banho de mesmo, para partes de ferro ou aço expostas.
"DEOXYLYTE". isso objetiva neutralizar o ma- As etiquetas nas embalagens dos produ-
terial alcalino existente, convertendo a super- tos químicos para tratamento superficial, infor-
fície de alumínio alodizado para uma situação mam se o material a ser usado é tóxico ou infla-
de ligeira acidez, após a secagem. mável.
Entretanto, a etiqueta deve ser bastante
Tratamento químico da superfície e inibido- grande para acomodar uma lista de todos os
res possíveis danos que podem acontecer, caso es-
ses materiais venham a ser misturados a subs-
Como já foi comentado, as ligas de alu- tâncias incompatíveis.
mínio e de magnésio são protegidas, original- Por exemplo: alguns produtos químicos
mente, por uma variedade de tratamentos super- usados em tratamento superficial, podem reagir
ficiais. violentamente, caso inadvertidamente seja mis-
O aço deve ser submetido ao processo turado com diluídor de pintura ("thinner").
“PARCO LUBRIZING” ou ser oxidado de outra Produtos químicos para tratamento su-
forma durante a fabricação. perficial devem ser manuseados com extremo
A maioria dessas coberturas de proteção cuidado e misturados exatamente de acordo com
somente podem ser restauradas através de pro- as instruções.
cessos completamente impraticáveis fora da

Figura 6-61 Procedimentos típicos de remoção e tratamento da corrosão em ligas de alumínio.

6-68
Inibidor - ácido crômico mente, pigmentos fluorescente de alta visibilida-
de podem ser usados, combinados com os tipos
Uma solução a 10% (em massa) de ácido de acabamento acima. Podem também ser usa-
crônico, ativada por uma pequena quantidade de das, coberturas resistentes à chuva e à erosão,
ácido sulfúrico é particularmente eficaz no tra- nos bordos de ataque metálicos, bem como vá-
tamento de superfícies expostas (corroídas) de rios tipos de acabamento com verniz, alguns
alumínio. Pode também ser usada para tratar curados a quente, nas carcaças dos motores e
magnésio corroído. nas rodas.
Este tratamento tende a restaurar a co-
bertura de óxido protetor na superfície do metal. LIMPEZA DA AERONAVE
Tal tratamento deve ser seguido por um acaba-
mento a base de pintura (tinta) normal, tão logo Limpar uma aeronave e mantê-la limpa é
quanto possível, e nunca no dia seguinte, após o extremamente importante. Uma fixação de trem
tratamento com ácido crômico. Trióxido de de pouso trincada, coberta com lama e graxa
cromo em flocos é um agente oxidante enérgico pode facilmente ficar encoberta. A sujeira pode
e um ácido relativamente forte. Deve ser guar- acobertar trincas no revestimento. Poeira e areia
dado separado de produtos combustíveis, como causam desgaste excessivo nas dobradiças (fla-
solventes orgânicos. Panos usados na limpeza pes, ailerons) e em outras peças móveis. Uma
ou manuseio de ácido crônico, devem ser cuida- camada de pó que permaneça sobre o revesti-
dosamente lavados após o seu uso; ou, jogados mento da aeronave prejudica o desempenho
fora. aerodinâmico, além de adicionar um peso a
mais.
Solução de dicromato de sódio Sujeira e dejetos sendo revolvidos pelo
vento em torno da aeronave são incômodos e
Uma mistura menos ativa de produtos perigosos. Pequenos pedaços de sujeira sopra-
químicos para tratamento de superfícies de alu- dos para dentro dos olhos do piloto em uma
mínio é a solução de dicromato de sódio com situação criítica do vôo, podem dar origem a um
ácido crômico. Soluções com essa mistura são acidente.
menos agressivas que soluções de ácido crômi- O recobrimento das peças móveis por
co. uma camada de sujeira, misturada à graxa, age
como um composto abrasivo que causa um des-
Tratamento químico de superfícies gaste excessivo. Água salgada produz um efeito
corrosivo muito danoso nas partes metálicas
Diversas misturas comerciais, baseadas expostas da aeronave e, assim sendo, deve ser
no ácido crômico ativado, estão disponíveis sob lavada imediatamente.
a especificação MIL-C-5541 para tratamento Há vários tipos de agentes de limpeza
fora da oficina de superfícies de alumínio, cor- aprovados para serem usados na limpeza da ae-
roídas ou danificadas. Precauções devem ser ronave. Entretanto, não cabe uma discussão es-
tomadas para se ter certeza de que os panos ou pecífica sobre cada um deles, posto que o uso de
esponjas usadas sejam, cuidadosamente, lavados cada um deles depende de vários fatores, como
e enxagüados, a fim de que seja evitado um pos- o tipo de material (sujeira) a ser removido, o
sível perigo de fogo após a secagem (veja a Fi- tipo de acabamento da superfície da aeronave,
gura6-61) bem como se a limpeza é interna ou externa.
Em geral, os tipos de agentes de limpeza,
ACABAMENTO COM TINTAS PROTE- usados nas aeronaves são solventes, emulsões
TORAS de limpeza, sabões e detergentes sintéticos. Ca-
da uso deve estar em conformidade com o ma-
Um acabamento bem feito com tinta nual de manutenção aplicável. Os tipos de agen-
protetora é a mais eficiente barreira entre a su- tes de limpeza, anteriormente mencionados, são
perfície do metal e o meio corrosivo. Os três ti- também classificados como sendo suaves ou
pos de acabamento por pintura, com tinta prote- para serviços pesados. Sabões e detergentes
tora mais comuns, são a base de: nitrocelulose, sintéticos são indicados para limpezas suaves,
nitrocelulose acrílica e epoxy. Complementar- enquanto, solventes e emulsões de limpeza são
6-69
indicados para serviços pesados. Não obstante, mente, se esses compostos secarem sobre essa
sempre que possível devem ser usados os produ- superfície. Não se deve esquecer de tampar to-
tos de limpeza indicados para serviços suaves, das as aberturas pelas quais a água ou os agentes
por não serem nem inflamáveis nem tóxicos. de limpeza possam penetrar e causar danos.
Várias partes da aeronave, como a care-
nagem do radar (em geral de plástico refor-
Limpeza exterior çado), bem como a parte adiante da cabine de
comando, que são recobertas com uma pintura
Há três métodos de limpeza exterior em inerte (que não causa interferência no radar ou
aeronaves: nos equipamentos de navegação), não devem ser
limpas, além do necessário, e não devem nunca
(1) Lavagem úmida ser esfregados com escovas de cerdas duras ou
(2) Lavagem seca com um trapo grosseiro. Uma esponja suave, ou
(3) Polimento gaze de algodão, com o mínimo esfregamento
manual é o desejável.
O polimento pode ser dividido em poli- Qualquer mancha de óleo ou sujeira do
mento manual ou polimento mecânico. O tipo e escapamento na superfície, deve ser antes remo-
a extensão da sujeira, bem como a aparência fi- vida com um solvente como o querosene ou
nal desejada, é que determinarão o método a ser outro solvente similar à base de petróleo. As
usado. superfícies devem ser imediatamente lavadas e
A lavagem úmida vai remover o óleo, a enxagüadas após a limpeza, de forma a ser evi-
graxa ou os depósitos de carvão, assim como a tada a secagem dos produtos de limpeza sobre
maior parte das sujeiras, com excessão da corro- essas superfícies.
são e das coberturas por óxidos. Os compostos Antes de aplicar sabão e água em super-
de limpeza usados são, geralmente, aplicados fícies de plástico, lave esta superfície com água
por pulverização, por jato ou esfregão, após os limpa, para dissolver depósitos de sal, e limpar
que são removidos por jato de alta pressão. Pro- as partículas de poeira. Superfícies de plástico
dutos de limpeza alcalinos ou por emulsão po- devem ser lavadas com água e sabão, preferen-
dem ser usados pelo método de lavagem úmida. cialmente à mão.
Lavagem a seco é usada para remover Enxágüe com água limpa e seque com
poeira, ou pequeno acúmulo de sujeira e terra, camurça ou algodão hidrófilo. Considerando a
quando o uso de líquidos não é, nem desejável fragilidade da superfície do plástico, esta não
nem prático. Este método não é conveniente deve ser esfregada com pano seco, não só pelos
para a remoção de depósito espessos de carvão, riscos e demais danos que podem ser causados,
graxa ou óleo, especialmente nas áreas de esca- mas principalmente pela eletricidade estática,
pamento do motor. que surte dessa ação e que atrai partículas de
Produtos empregados em lavagem a seco sujeira justamente para essa superfície. A carga
são aplicados com pulverizador, escovão ou elétrica (eletrostática), assim como a poeira ade-
pano, e são removidos também por escovamento rida, pode ser removida ou evitada, se forem
ou por panos limpos e secos. dadas umas pancadinhas suaves; ou, abanadas
O polimento devolve o brilho às super- com uma camurça, limpa e macia.
fícies pintadas ou sem pintura da aeronave e é, Em nenhuma hipótese use jato de pó a-
geralmente, realizado após a superfície ter sido brasivo ou outro material que possa comprome-
limpa. O polimento é também usado para remo- ter o acabamento. Remova óleo e graxa es-
ver a oxidação e a corrosão. Produtos usados no fregando suavemente com um tecido umedecido
polimento estão disponíveis em várias formas com água e sabão. Nunca use acetona, benzina,
ou graus de abrasão. É importante que as instru- tetracloreto de carbono, diluidor de tinta ("thin-
ções do fabricante do avião sejam usadas em ner"), limpa-vidros em "spray", gasolina, extin-
aplicações específicas. tor de fogo ou fluido para degelar, posto que
A lavagem de uma aeronave deve ser esses produtos, via de regra, afetam o plástico,
feita à sombra, sempre que possível; posto que quimicamente, e causam fissuras.
os compostos de limpeza tendem a manchar a Óleo da superfície, fluido hidráulico,
superfície se a mesma estiver quente, especial- graxa ou combustível podem ser removidos dos
6-70
pneus das aeronaves, lavando-os com uma solu- usados nessa operação para reduzir ao mínimo o
ção de sabão com água (não muito forte). tipo perigo (de fogo ou explosão).
Após a limpeza, lubrifique com graxa os
fixadores, encaixes, dobradiças, etc., onde se Tipos de operações de limpeza
suspeita que o lubrificante original tenha sido
removido pela lavagem da aeronave. As principais áreas da aeronave que ne-
cessitam de limpeza periódica, são:
LIMPEZA DO INTERIOR DA AERONAVE
1. Área da cabine dos passageiros - assentos,
Manter a aeronave limpa por dentro é tão carpetes, painéis laterais, encosto de cabeça,
importante quanto mantê-la limpa por fora. A bagageiros superiores, cortinas, cinzeiros,
corrosão pode se estabelecer dentro de uma ae- janelas, painéis biombos de plástico ou ma-
ronave de forma mais grave que pela superfície deira.
externa, porque dentro da aeronave há mais á-
reas de acesso difícil, para limpeza. Porcas, pa- 2. Áreas da cabine de comando - os mesmos
rafusos, pontas de fio ou outros objetos metá- materiais encontrados na cabine de passagei-
licos, displicentemente ativados e esquecidos, ros, e mais o painel de instrumentos, pedes-
mais a unidade (como eletrólito), agindo sobre a tal das manetas, parabrisas, revestimento do
superfície de um metal diferente, podem causar piso, superfícies metálicas dos instrumentos
corrosão eletrolítica. e equipamentos de controle do vôo, cabos
Quando estiver sendo realizado um ser- elétricos e contatos, etc.
viço na estrutura interna de uma aeronave, de-
vem ser removidos os cavacos e toda a limalha 3. Banheiro e cozinha - os mesmos materiais,
deixada, tão rápido quanto possível. Para tornar como aqueles encontrados na cabine dos
a limpeza mais fácil e para prevenir que partícu- passageiros, mais os materiais dos banhei-
las de metal (cavacos) e limalha penetrem em ros, com seus acessórios, lixeiras, gabinetes,
áreas inacessíveis da aeronave, um tecido felpu- lavatórios, sanitários, espelhos, formas de
do (como estopa, flanela, etc.) pode ser usado aquecimento, etc.
embaixo da área onde está sendo realizado o
serviço, a fim de ir pegando os cavacos e a lima-
lha à medida que estes são produzidos. Solventes e agentes não inflamáveis para
Um aspirador de pó pode ser usado para limpeza da cabine
retirar poeira e sujeira do interior da cabine de
comando, e do interior da aeronave (cabine dos 1. Detergentes e sabões. Há amplo espectro de
passageiros, porões de carga, etc.) aplicação para a maioria das operações de
A limpeza do interior das aeronaves a- limpeza, envolvendo tecidos, encosto de ca-
presenta certos problemas durante a sua execu- beça, tapetes, janelas e superfícies similares,
ção. O requisito básico para o entendimento que não são suscetíveis a dano quando mo-
desses problemas é o fato de que os comparti- lhadas, desde que não encolham e nem per-
mentos da aeronave são pequenos em termos de cam a cor. Cuidados devem ser tomados pa-
cubagem. Esse fato representa a possibilidade ra que não sejam retirados os sais que foram
de pouca ventilação desses compartimentos e, usados nos produtos empregados, para retar-
com isso, a formação de misturas perigosas de dar a propagação das chamas, e que podem
vapores inflamáveis com ar, onde tenham sido ser solúveis em água. A remoção de tais sais
usados solventes ou outros agentes de limpeza pode alterar as características de re-
inflamáveis. Caso exista a possibilidade do sur- tardamento da propagação das chamas.
gimento de uma fonte de ignição, quer sob a 2. Produtos alcalinos de limpeza. Muitos des-
forma de uma falha elétrica, eletricidade estáti- ses agentes são solúveis em água e, dessa
ca, atrito entre materiais que produzam faíscas forma, não tem perigo de causarem incên-
dessa forma, quer sob a forma de qualquer tipo dio. Podem ser usados em tecidos, encostos
de ignitor, o perigo torna-se maior. de cabeça, tapetes e superfícies semelhantes,
Consequentemente, sempre que possível, do mesmo modo, que sabões e detergentes,
agentes de limpeza não inflamáveis devem ser considerando porém as características cáus-
6-71
ticas dos produtos, que se por um lado au- e 140º F), com relativamente baixo grau de
mentam sua eficiência, por outro tem um toxidade.
maior efeito de deterioração sobre tecidos e 2. Solventes com baixo ponto de fulgor - Lí-
plásticos. quidos inflamáveis classe I (ponto de fulgor
3. Soluções ácidas - São normalmente solu- abaixo de 40º C (100º F), não devem ser u-
ções ácidas leves destinadas a remoção de sados para limpeza ou renovação. Os pro-
fuligem (de carbono) ou manchas de produ- dutos mais conhecidos dessa categoria são:
tos corrosivos (alcalinos). Sendo soluções acetona, gasolina de aviação, metil etil ceto-
aquosas, não iniciam a combustão, mas exi- na, nafta e toluol.
gem uma utilização judiciosa, não só para Nos casos onde é necessário o uso de
prevenir danos aos tecidos, plásticos e outras líquidos inflamáveis, deve-se preferir aque-
superfícies, como também à pele e as vesti- les com alto ponto de fulgor. Ponto de fulgor
mentas dos aplicadores dos produtos. de, 40º C (100º F), ou mais.
4. Desodorantes e desinfetantes - Um consi- 3. Líquidos misturados - Alguns solventes
derável número de produtos utilizados na comerciais são misturas de líquidos com di-
desinfecção e desodorização das cabines das ferentes taxas de evaporação, tal como uma
aeronaves não são inflamáveis. Muitos deles mistura de nafta com material clorado.
são projetados para serem aplicados por pul- As diferentes taxas de evaporação po-
verização (tipo aerossol) e tem um prope- dem apresentar problemas de toxidade e pe-
lente não inflamável, mas é bom sempre ve- rigo de fogo, e tais misturas, não devem ser
rificar cuidadosamente esse detalhe. usadas, a menos que, sejam guardadas e ma-
5. Abrasivos - Alguns abrasivos (pasta para nuseadas com pleno conhecimento desses
polir) são disponíveis para polir superfícies, perigos e que as devidas precauções sejam
pintadas ou desnudas. Cuidados devem ser tomadas.
tomados verificando se há ou não compostos
(solventes) inflamáveis na mistura (a menos Embalagens
que sejam simplesmente pós).
6. Produtos de limpeza a seco - Percloroetile- Os líquidos inflamáveis deverão ser ma-
no e Tricloroetileno usados a temperaturas nuseados somente em embalagens aprovadas e
ambientes são exemplos de produtos de lim- devidamente rotuladas.
peza não inflamáveis para uso a seco. Estes
produtos realmente têm um nível de toxida- Precauções para a prevenção de fogo
de perigoso e seu uso exige cuidados especi-
ais. Materiais tratados com retardadores de Durante a limpeza ou remoção (substitu-
propagação de chamas podem ter suas carac- ição de partes do carpete, tecidos, revestimentos
terísticas afetadas com a aplicação desses muito usados), onde líquidos inflamáveis forem
produtos, tal como os produtos solúveis em usados, os seguintes procedimentos de seguran-
água. ça são recomendados.

1. O interior das aeronaves deve estar suficien-


Produtos combustíveis e inflamáveis temente ventilado para prevenir a acumula-
ção de vapor no seu interior. Com esse pro-
1. Solventes com alto ponto de fulgor - Pro- pósito, todas as portas e demais aberturas do
dutos derivados do petróleo, especialmente interior da aeronave devem ser mantidas a-
refinados, inicialmente desenvolvidos como bertas para que se tire partido da ventilação
"Solventes Stoddard", hoje em dia comer- natural. Entretanto, onde a ventilação natural
cializado por várias companhias com dife- for insuficiente, meios mecânicos aprovados
rentes designações comerciais, tem caracte- (ventiladores ou ventoinhas) devem estar
rísticas de solvente, como a gasolina, mas disponíveis para serem usados. A acumula-
com o mesmo risco de incêndio do quero- ção de vapores inflamáveis, acima de 25%,
sene (desde que não seja aquecido). do limite inferior de inflamabilidade de es-
Muitos deles são produtos estáveis que têm pecífico vapor (de um material que esteja
ponto de fulgor entre 40º C e 60º C ( 100º F sendo usado), medido em um ponto a cinco
6-72
pés (um metro e meio aproximadamente) do serem capazes de controlar qualquer incên-
local em que esteja sendo usado, deve resul- dio, pelo menos até que chegue a equipe
tar numa revisão dos procedimentos de e- contra-incêndio (bombeiros) do aeroporto
mergência para a situação. (da INFRAERO, no caso brasileiro).
2. Todos os equipamentos ou aparelhos que
possam ser utilizados, e que em operação OBSERVAÇÃO 1: Extintores de emprego geral
produzem chamas ou faíscas, devem ser reti- (pó químico) devem ser evitados onde a corros-
rados, ou evitada sua operação, durante o ão do alumínio venha a se constituir em um
período em que vapores inflamáveis possam problema.
existir.
3. Equipamentos elétricos, portáteis ou manu- OBSERVAÇÃO 2: Equipamentos de deteção e
ais, utilizados no interior da aeronave devem combate a incêndio tem sido desenvolvidos,
ser do tipo aprovado, ou enquadrados no testados e instalados para garantir proteção à
Código Americano de Eletricidade, na classe aeronave durante sua construção ou sua manu-
I, grupo D, Localizações Perigosas. tenção. Os operadores estão analisando a pos-
4. Ligações elétricas para equipamentos a se- sibilidade de utilização de tais equipamentos
rem utilizados na aeronave, assim como os durante as operações de limpeza e renovação do
próprios equipamentos inerentes a aeronave, interior da aeronave.
não devem ser conectados, ligados ou desli-
gados durante as operações de limpeza. OBSERVAÇÃO 3: Aeronaves sendo submeti-
5. Sinais de alarme convenientes devem ser das a operações de limpeza ou renovação, onde
colocados, em lugares proeminentes das por- o serviço só possa ser realizado dentro do han-
tas da aeronave, para indicar que líquidos in- gar, deve contar com equipamento automático
flamáveis estão sendo ou vão ser utilizados de proteção contra o fogo (chuveiros dentro do
nas operações de limpeza ou renovação (de hangar).
materiais do revestimento interno desgasta-
dos) em andamento. LIMPEZA DOS MOTORES

Recomendações de proteção contra o fogo A limpeza dos motores é uma atividade


importante e deve ser feita cuidadosamente. O
Durante as operações de limpeza ou re- acúmulo de graxa e sujeira nas aletas dos moto-
novação da aeronave, onde líquidos inflamáveis res refrigerados a ar, age como um isolante tér-
são utilizados, as seguintes orientações gerais de mico, impedindo a efetiva refrigeração pelo ar
proteção contra o fogo são recomendadas: que flui sobre o motor. Esse acúmulo, pode
mascarar trincas ou outras falhas porventura
1. Aeronaves sendo submetidas a operações de existentes.
limpeza ou renovação devem ser, preferen- Quando se for limpar um motor, antes
cialmente, localizadas fora do hangar, desde retira-se a sua carenagem aerodinâmica. Come-
que as condições meteorológicas o permi- çando pela parte superior, o motor é lavado, por
tam. Esse procedimento também facilita pulverização, com solvente ou querosene. Uma
uma melhor aeração da aeronave (ventilação escova ou pincel de cerdas duras pode ser usado
natural), da mesma forma que assegura um como auxílio para a limpeza de algumas super-
mais rápido acesso na eventualidade de fogo fícies.
a bordo. Sabão e água limpa, além de solventes
2. Recomenda-se que, durante tais operações aprovados, podem ser usados para limpeza de
de limpeza ou renovação em uma aeronave, hélices ou pás de rotor. A menos que seja um
fora do hangar, extintores de incêndio portá- processo de marcação (gravação ou decapa-
teis e apropriados (especificação americana gem), material cáustico não deve ser usado em
20-B) devem estar disponíveis nas entradas uma hélice. Raspadores, politrizes, escovas-de-
da aeronave, além disso, mangueiras de água aço ou qualquer ferramenta ou substância que
com bicos de pulverização, com comprimen- possam danificar ou arranhar superfícies não
to suficiente para alcançar o interior da ae- devem ser usados nas pás das hélices, exceto
ronave, devem também estar disponíveis e quando tal for recomendado para reparo.
6-73
Pulverização de água, chuva ou algum as instruções contidas no manual de manutenção
material abrasivo choca-se com uma hélice em aplicável.
movimento com tal força que pequenos orifícios
se formam nos bordos de ataque de suas pás. Se SOLVENTES DE LIMPEZA
medidas preventivas não forem tomadas, a cor-
rosão tende a aumentar rapidamente o tamanho Em geral, solventes de limpeza usados
desses orifícios. E esses orifícios podem se tor- na limpeza de aeronaves devem ter um ponto de
nar tão grandes que seja necessário que as pás fulgor, no mínimo, de 105º F, caso haja possibi-
tenham seus bordos de ataque limados até se lidade de explosão a ser evitada. Solventes clo-
tornarem lisos novamente. rados não são inflamáveis, porém são tóxicos;
As pás de hélice feitas de aço são mais logo, precauções de segurança devem ser obser-
resistentes à abrasão e à corrosão que aquelas de vadas para seu uso. O emprego de tetracloreto
liga de alumínio. Se elas forem untadas com de carbono deve ser evitado.
óleo após cada vôo, conservarão sua superfície
lisa por mais tempo. Solventes para limpeza a seco
As hélices devem ser examinadas regu-
larmente, uma vez que trincas, nas pás de hélice O solvente tipo "Stoddard" é o mais co-
de aço ou liga de alumínio, podem vir a ser en- mum solvente, a base de petróleo, usado na lim-
chidas com óleo, o qual tende a se oxidar. Isto peza de aeronaves; seu ponto de fulgaor é ligei-
pode ser facilmente verificado quando a pá é ramente acima de 40º C (105º F) e pode ser usa-
inspecionada. Esfregando a superfície com óleo, do para remover graxa, óleo e um leve acúmulo
atinge-se um objetivo de segurança, uma vez de terra.
que as trincas ficam mais evidentes. Os solventes para limpeza a seco são
Cubos de hélices devem ser inspeciona- preferíveis ao querosene, para todos os pro-
dos regularmente, com relação a trinca e outros pósitos de limpeza, mas da mesma forma que o
defeitos. A menos que esses cubos sejam manti- querosene, deixa um ligeiro resíduo após a eva-
dos limpos, os defeitos podem não ser tão evi- poração, o qual pode interferir com a aplicação
dentes. de uma camada posterior de acabamento.
Eles devem ser limpos com água e sabão
ou com solventes de limpeza aprovados, sendo Nafta alifática e aromática
que estes podem ser aplicados com panos ou
escovas. Entretanto, devem ser evitados ferra- Nafta alifática é recomendada para ser
mentas ou abrasivos que risquem ou danifiquem passada em superfícies limpas, pouco antes da
o revestimento de sua superfície. pintura.
Em casos especiais, onde um polimento Esse produto também pode ser usado pa-
esmerado é o que se deseja, o uso de um polidor ra a limpeza de borracha e materiais acrílicos.
de boa qualidade é recomendado. Após termi- Sua temperatura de fulgor é de aproximadamen-
nado o polimento, todos os resíduos do polidor te 25º C (80º F) e deve ser usado com cuidado.
devem ser rapidamente removidos, as pás das Nafta aromática não deve ser confundida
hélices limpas e recobertas com óleo de motor com nafta alifática. Aquela é tóxica e ataca ma-
limpo. teriais acrílicos e borracha, e só deve ser usada
Todas as substâncias usadas na limpeza com controle adequado.
devem ser removidas imediatamente de qual-
quer parte da hélice, após as operações de lim- Solventes de segurança
peza.
Sabão, em qualquer forma (líquido, pas- Solventes de segurança, como o triclo-
toso, espuma, etc.), deve ser removido através roetano (ou metil clorofórmio), são usados para
de um enxagüe repetido com água limpa, e de- a limpeza geral e remoção de graxa. Em condi-
pois, as superfícies, devem ser secas e cobertas ções normais não é inflamável, sendo utilizado
com óleo de motor limpo. em substituição ao tetracloreto de carbono. Pre-
Após o motor ter sido limpo, todas as cauções de segurança devem ser tomadas quan-
hastes de controle, balancins e, outras partes do usando solventes clorados. O seu uso pro-
móveis, devem ser lubrificadas de acordo com
6-74
longado pode causar problemas de pele em pes- AGENTES DE LIMPEZA EM EMULSÃO
soas sensíveis.

Metil etil cetona (MEK) Compostos de solventes, e emulsão de


água, são usados na limpeza geral de aeronaves.
O MEK serve também como solvente de Solventes em emulsão são particularmente úteis
limpeza para superfícies metálicas, bem como na remoção de depósitos bastante adensados,
para a remoção de pintura em pequenas propor- como carvão, óleo, graxa ou alcatrão. Quando
ções. usados de acordo com as instruções, esses sol-
O MEK é um solvente e um limpador de ventes em emulsão não afetam uma pintura de
metais muito ativo, com ponto de fulgor ao re- boa qualidade, nem um acabamento feito com
dor de 0º C (24º F). É tóxico quando inalado, e materiais orgânicos.
as devidas precauções de segurança devem ser
observadas durante seu uso.
Agentes de limpeza em emulsão de água
Querosene
Produtos disponíveis, sob a especifica-
ção MIL-C-22543 A, são compostos de limpeza
Usa-se o querosene, misturado com a-
em emulsão de água, para ser usado tanto em
gentes de limpeza tipo emulsão, como emoliente
superfícies de aeronaves pintadas ou não pinta-
de preservativos de cobertura, difíceis de serem
das.
removidos. É também usado como solvente para
Esses produtos são também indicados
limpeza em geral, mas o seu uso deve ser segui-
para a limpeza de superfícies pintadas, com tinta
do pela cobertura ou enxagüe com outros tipos
fluorescente, e é segura também, para acrílicos.
de agente de proteção.
Entretanto, essas propriedades vão variar em
O querosene não evapora rapi-
função do produto disponível, e uma verificação
damente, como os solventes de limpeza a seco,
(teste), deve ser feita em uma amostra, antes do
e, geralmente, deixa um resíduo apreciável nas
emprego do produto.
superfícies limpas, resíduo esse que pode ser
corrosivo. Esses, resíduos podem ser removidos
com solventes de segurança, agentes de limpeza Agentes de limpeza em emulsão de solvente
a base de emulsão de água ou mistura com de-
tergentes. Um dos tipos de agente de limpeza em
emulsão de solvente é o não fenólico e pode ser
Compostos de limpeza para sistemas de oxi- usado com segurança, em superfícies pintadas,
gênio sem afetar (amolecer) a pintura base.
O seu uso continuado pode afetar os a-
Compostos de limpeza para uso em sis- cabamentos acrílicos em laca (verniz) nitrocelu-
temas de oxigênio são feitos à base de álcool lose, como age amolecendo e decapando, super-
etílico anidro (desidratado), álcool isopropílico ficialmente, coberturas de preservação espessas.
(fluido anticongelante), ou uma mistura de ál- Em materiais persistentes, deve ser aplicado,
cool isopropílico com freon. Estes podem ser novamente, por duas ou três vezes, como neces-
usados para limpar os componentes do sistema sário.
de oxigênio, tais como: máscaras dos tripulan- Um outro tipo de agente de limpeza em
tes, linhas, etc. emulsão de solvente é o de base fenólica, que é
Não se pode usar esses fluidos dentro de mais eficaz em serviços pesados, mas que tam-
tanques ou reguladores. Não use nenhum com- bém tende a afetar (amolecer e desbotar) as pin-
posto de limpeza que deixe uma cobertura oleo- turas de cobertura.
sa, quando limpando equipamentos de oxigênio. Deve ser usado com cautela, onde haja
Um contato prolongado da pele com a borracha, plástico ou outro material não metáli-
mistura freon/álcool é prejudicial. Instruções co.
dos fabricantes dos equipamentos de oxigênio, Luvas de borracha (ou látex) e óculos de
ou dos compostos de limpeza, devem sempre proteção devem ser usados ao utilizar agentes de
ser seguidas. limpeza de base fenólica.
6-75
SABÕES E DETERGENTES na seleção de produtos, para operações específi-
cas de limpeza.
Há um grande número de produtos em- Pedra-pomes pulverizada é usada para a
pregados em limpezas leves. Nessa seção serão limpeza de superfícies de alumínio corroídas.
discutidos os produtos mais comuns. Abrasivos com características semelhantes po-
dem também ser usados.
Compostos de limpeza para superfícies de Chumaços de algodão impregnados de
aeronaves produtos são empregados para a remoção de
sujeira de escapamentos e polimento de super-
Produtos especificados, conforme as fícies de alumínio corroídas.
normas MIL-C-5410, Tipo I e Tipo II, são usa- O polidor para alumínio é usado para
dos na limpeza geral de superfícies de aerona- produzir um alto brilho, persistente, em super-
ves, pintadas ou não, para a remoção de resídu- fícies não pintadas de alumínio cladeado ("clad-
os (lama) leves para médios, além de películas ding").
normais de óleo e graxa. Não deve, entretanto, ser usado em su-
São de uso seguro para quaisquer super- perfícies anodizadas, porque remove a cobertura
fícies, como tecido, couro e plásticos transpa- de óxido.
rentes. Três tipos de lã-de-alumínio (grosseiro,
Superfícies transparentes, com filtros de médio e fino) são usados para a limpeza geral
luminosidade incorporados ao material (como das superfícies de alumínio.
pára-brisas), não devem ser lavadas mais do que Tiras de nylon, impregnadas de produ-
o necessário, e nunca devem ser limpos com tos, são preferidas em relação à lã-de-alumínio,
escovas duras. para a remoção dos produtos da corrosão e pin-
turas velhas e incrustadas, assim como para a
Agentes de limpeza com detergentes amôni- preparação (abrasão) da pintura já existente,
cos (não iônicos) sobre a qual se aplicará um retoque.
Produtos compostos para remoção de
Esses produtos podem ser tanto solúveis verniz, podem ser usados para remover resíduos
em água quanto em óleo. O agente de limpeza de exaustão do motor e pequenas oxidações.
com detergente solúvel em óleo, é eficaz quan- Remoções intensas sobre a cabeça dos
do em solução de 3% a 5%, em solvente para rebites, ou extremidades, onde coberturas prote-
limpeza a seco, para promover o amolecimento toras podem ser desgastadas, devem ser evita-
e a remoção de coberturas fortes de preservação. das.
O desempenho dessa mistura é idêntico ao dos
agentes de limpeza, por emulsão, já previamente Papéis abrasivos (lixas d'água)
mencionados.
Papéis abrasivos (lixas d'água), usadas
nas superfícies das aeronaves, não devem conter
PRODUTOS PARA A LIMPEZA MECÂ- abrasivos pontudos ou tipo agulhas, os quais
NICA podem fixar-se, tanto no metal base, quanto na
cobertura de proteção a ser preservada.
Quando desejamos evitar danos ao aca- Os abrasivos usados não devem corroer
bamento ou à superfície da aeronave, o emprego o material a ser limpo.
de produtos para limpeza mecânica deve ser Lixa d'água, grão 300 ou mais fino, é
feito com cuidado, e conforme instruções es- disponível em várias formas e é segura para ser
pecíficas. usada na maioria das superfícies.
O uso de carborundum (carboneto de si-
Produtos levemente abrasivos lício) em lixas, usadas em alumínio ou magné-
sio, deve ser evitado, uma vez que a estrutura do
Nenhum destaque será dado nessa seção grão do carborumdum é muito afilada.
para fornecer instruções detalhadas sobre o em- Além de ser esse material tão duro quan-
prego dos vários produtos listados. Entretanto, to os grãos individuais ele pode penetrar até
alguns prós e contras são incluídos como auxilio mesmo na superfície do aço.
6-76
O uso de papel de esmeril, em alumínio lidade inferior, pode resultar na perda de equi-
ou magnésio, pode causar corrosão séria nesses pamentos e vidas.
metais, pela inclusão do óxido de ferro. A utilização de materiais impróprios po-
de facilmente deteriorar o mais requintado aca-
PRODUTOS QUÍMICOS DE LIMPEZA bamento.
A seleção do material correto para um
Produtos químicos de limpeza devem ser trabalho específico de reparo, requer familiari-
usados com muito cuidado na limpeza das mon- dade com as mais divulgadas propriedades físi-
tagens das aeronaves. cas dos diversos metais.
O perigo da penetração de produtos cor-
rosivos em junção de superfícies e frestas con- Propriedade dos metais
trapõe-se a qualquer vantagem na sua velocida-
de e efetividade. Uma das primeiras preocupações na ma-
Qualquer produto deve ser relativamente nutenção de aeronaves é com as propriedades
neutro e de fácil remoção. Dá-se ênfase, que gerais dos metais e suas ligas, como: dureza,
todo resíduo deve ser removido. maleabilidade, ductilidade, elasticidade, contra-
Sais solúveis de tratamentos químicos ção e expansão, e etc.
superficiais, como o ácido crômico ou dicroma- Esses termos foram expostos para esta-
to, vão se liquefazer e empolar a pintura poste- belecer as bases para a posterior discussão da
rior. estrutura dos metais.

Ácido cítrico fosfórico Explicação dos termos

Uma mistura de ácido cítrico-fosfórico - Dureza: refere-se a capacidade de um


está disponível e pronta para o uso, assim que é metal resistir a abrasão, penetração, corte e a
desembalada (Tipo I). Já o Tipo II é um con- distorção permanente. A dureza pode ser au-
centrado que deve ser diluído com água e sol- mentada por trabalhos a frio e, no caso do aço e
ventes minerais. de determinadas ligas de alumínio, através de
O contato com a pele deve ser evitado tratamento térmico. Componentes estruturais
através do uso de luvas de borracha e óculos. são freqüentemente conformados de metais, a
Qualquer queimadura por ácido deve ser partir de sua forma de menor dureza; após, são
lavada com bastante água limpa e neutralizada, endurecidos, mantendo a mesma forma. Dureza
a seguir, com uma solução diluída de bi- e resistência são propriedades dos metais, inti-
carbonato de sódio. mamente ligadas.
- Fragilidade: é a propriedade dos me-
Bicarbonato de sódio tais que lhes impede flexionar ou deformar sem
que estilhacem. Um metal frágil quebra ou trin-
O bicarbonato de sódio pode ser usado ca sem mudar de forma. Considerando que os
para neutralizar depósitos ácidos nos comparti- metais estruturais estão freqüentemente sujeitos
mentos de baterias chumbo-ácidas, bem como a cargas de choque (impactos), a fragilidade não
para tratar de queimaduras causadas por agentes é uma propriedade desejável. O ferro fundido,
químicos de limpeza e inibidores de corrosão. alumínio fundido e aços muitos duros, são e-
xemplos de materiais frágeis.
- Maleabilidade: um metal que possa
ESTRUTURA DOS METAIS ser martelado, laminado ou prensado de várias
maneiras, sem que trinque, quebre ou sofra ou-
Conhecimento dos seus usos, resistên- tro efeito degenerativo semelhante, é dito ser
cias, limitações e outras características da estru- maleável.
tura dos metais é vital para construir correta- Essa propriedade é necessária para cha-
mente, e manter qualquer equipamento, especi- pas de metal, que sejam trabalhadas a formar
almente estruturas aeronáuticas. Na manutenção curvas, como carenagens de motor, de trem de
e reparo, um pequeno desvio das especificações pouso e pontas de asa. O cobre é um exemplo de
do projeto, ou a utilização de materiais de qua- metal maleável.
6-77
- Ductilidade: é a propriedade de um - Condutividade: é a propriedade que
metal que lhe permite ser esticado, flexionado permite ao metal conduzir calor ou eletricidade.
ou torcido de várias maneiras, sem quebrar. Es- A condutividade de calor de um metal é especi-
sa propriedade é essencial para metais usados na almente importante na soldagem; porque ela de-
fabricação de arames e tubos. termina a quantidade de calor que será necessá-
Metais dúcteis têm grande aceitação na ria para a fusão. A condutividade (térmica) dos
indústria aeronáutica por causa de sua facilidade metais também vai determinar o tipo de gabarito
de conformação e resistência a falhas por cargas que será usado para controlar sua expansão e
de choque (impactos). Por essa razão, as ligas contração. Na aeronave, a condutividade (elétri-
de alumínio, são usadas para carenagens de mo- ca) deve também ser considerada na junção das
tor, revestimento da fuselagem e das asas, e partes, para eliminar a interferência no equipa-
componentes conformados ou extrudados, co- mento rádio.
mo: nervuras, longarinas e cavernas. Aço cromo - Contração e expansão: são reações
molibdênio é também facilmente moldado nas produzidas nos metais como resultado de aque-
formas desejadas. A ductilidade assemelha-se à cimento ou resfriamento. O calor aplicado a um
maleabilidade. metal leva-o a expandir-se, tornando-se maior.
- Elasticidade: é aquela propriedade que O resfriamento e o aquecimento afetam o proje-
permite ao metal voltar a sua forma original, as- to dos gabaritos soldados, peças fundidas e tole-
sim que a força que o deforma é removida. Essa râncias necessárias para materiais conformados
propriedade é extremamente valiosa quando se a quente.
deseja que o componente volte a ter sua forma
original, tão logo cesse a ação da força que o Fatores de seleção
deforma. Cada metal tem um ponto conhecido
como limite de elasticidade, além do qual qual- Resistência, peso e confiabilidade são
quer excesso de carga causa deformação perma- três fatores que determinam os requisitos a se-
nente. Na construção aeronáutica, peças e com- rem observados, para qualquer material a ser
ponentes estruturais são de tal forma projetados usado na construção e reparo de células. As cé-
que as cargas máximas, sob as quais estarão su- lulas devem ser fortes, mas ao mesmo tempo,
jeitas, não os deformarão além do limite elásti- leves. Uma célula muito pesada que não pudes-
co. Essa propriedade é característica de molas se transportar alguns quilogramas, seria certa-
helicoidais de aço. mente de pouco uso.
- Resistência: um material que tem re- Todos os metais, complementarmente ao
sistência vai se contrapor ao corte e à ruptura e fato de que tenham uma boa relação pe-
pode ser esticado, ou de qualquer maneira de- so/resistência, devem ter uma acurada confi-
formado sem se romper. A resistência é uma abilidade, então minimizando a possibilidade de
propriedade desejável para todos os metais usa- falhas inesperadas e perigosas. Além dessas
dos na construção aeronáutica. propriedades gerais, o material selecionado
- Densidade: é a massa (peso) por uni- para uma aplicação definida deve possuir carac-
dade de volume de um material. Na construção terísticas específicas, convenientes ao seu em-
aeronáutica, a massa específica de um material, prego.
em relação a um volume unitário é usada para se O material deve possuir a resistência ne-
determinar (ou estimar) a massa (ou peso) de cessária de acordo com suas dimensões, peso e
uma peça ou componente, antes de sua fabrica- utilização. Há cinco esforços básicos aos quais
ção. os metais devem ser obrigados a atender. São:
É também uma propriedade considerada, tração, compressão, cisalhamento, flexão e tor-
durante o projeto de uma peça ou componente, ção.
quando se objetiva manter o peso e o balancea- - Tração: a resistência de um material à
mento da aeronave. tração é a resistência à força que tende a separá-
- Fusibilidade: é a capacidade que tem lo. A resistência à tração é medida pela força
um metal de tornar-se líquido quando submetido necessária, para romper um corpo de prova feito
ao calor, especialmente durante o processo de com o mesmo material dividido pela área da se-
soldagem. O aço se funde em torno de 1425º C, ção onde houve a ruptura. Normalmente, é me-
as ligas de alumínio, 595º C. dido em p.s.i. (libras por polegada quadrada).
6-78
- Compressão: a resistência à compres- Considerando as seções finas e os fatores
são de um material é a resistência a uma força de segurança envolvidos no projeto e construção
de esmagamento, contraria em sentido à força aeronáutica, seria perigoso escolher um material
de tração. pouco resistente à corrosão.
É também expressa da mesma forma em Um outro fator a ser considerado na ma-
p.s.i. (libras por polegada quadrada). nutenção e reparo, é a capacidade do material
- Cisalhamento: quando um pedaço de ser conformado, dobrado ou trabalhado segundo
metal é cortado com uma tesoura de chapa, as diversas formas. Esses materiais, assim tratados,
duas lâminas da tesoura exercem sobre o metal endurecem por trabalho a frio.
uma força conhecida como cisalhamento. O ci- Praticamente todo trabalho mecânico
salhamento é a ação de duas forças paralelas realizado na conformação de partes e peças ae-
muito próximas (tangentes), porém, de sentidos ronáuticas, causam endurecimento, por trabalho
opostos uma da outra, que acabam fazendo com a frio. Ás vezes, isso é desejável, entretanto o
que, na interface entre essas duas forças, o ma- metal ao mesmo tempo em que endurece, torna-
terial comece a deslizar entre si até a ruptura. A se quebradiço.
resistência ao cisalhamento é expressa como a Caso o metal tenha sido muito traba-
força em que o material falha, dividida pela se- lhado a frio, ou seja: tenha sido dobrado de um
ção (área) do corpo de prova submetida à força. lado para outro, muitas vezes; ou, tenha sido
Expressa-se também em libras por polegada martelado além da conta, fatalmente vai trincar
quadrada (p.s.i). ou quebrar. Geralmente, quanto mais ductil e
- Flexão: pode ser descrita como a de- maleável é um metal, mais trabalho a frio ele
flexão ou curvatura de um membro, devido a pode suportar.
forças atuando sobre ele. A resistência a flexão Qualquer processo que envolva aqueci-
de um material é a resistência que ele oferece as mento e resfriamento, controlados de um metal,
forças de deflexão. para induzir ao surgimento de certas caracterís-
- Torção: pode ser descrita como a de- ticas desejáveis (como endurecimento, amoleci-
flexão de um membro devido a um binário (e mento, ductilidade, resistência à tração ou varia-
não a forças), atuando sobre ele. A resistência à ção da estrutura granular) é chamado tratamento
torção é a resistência que um material oferece a a quente. No caso do aço, o termo tratamento a
um binário (ou conjugado) que tenta torcê-lo. quente, tem amplo significado, e inclui proces-
sos, como normalização, têmpera, revenimento,
recozimento, etc.
A relação que existe entre a resistência Já o tratamento a quente, das ligas de
de um material e sua densidade expressa como alumínio, envolve basicamente dois processos:
uma razão, é também conhecida, como a razão o de endurecimento e o de amaciamento. O en-
entre resistência e peso. Essa razão forma a base durecimento é chamado tratamento térmico a
para comparação entre vários materiais, para quente e o amaciamento é chamado recozi-
uso na construção e reparo em células. Nem a mento.
resistência, tampouco o peso, isoladamente, po- Os metais usados na aviação, estão sujei-
dem ser usados como meios de verdadeira com- tos, tanto a choques (impactos), quanto a fadiga
paração. (vibração). A fadiga ocorre nos materiais sujei-
Em algumas aplicações, como no re- tos à aplicação cíclica de cargas, quando o limi-
vestimento de estruturas monocoque, a espes- te de fadiga é alcançado ou excedido.
sura é mais importante que a resistência e, em A repetição das vibrações ou flexões
última análise, o material de peso mais leve para vão induzir o surgimento de uma pequena trinca
uma dada espessura ou calibre é o melhor. A no ponto mais fraco.
espessura é necessária para prevenir flambagem A continuação da vibração fará com que
(enrugamento da chapa), ou dano causado pelo a trinca vá sendo ampliada até a ruptura. É a
manuseio pouco cuidadoso. chamada falha por fadiga. A resistência a essa
A corrosão faz com que o metal fure ou condição é chamada resistência à fadiga.
fique carcomido, ou que sua estrutura granular O material usado na fabricação de peças
se degenere. críticas deve ser resistente a essa condição.

6-79
PROCESSOS USADOS NA CONFORMA- O forjamento por pressão é usado quan-
ÇÃO METÁLICA do o componente a ser forjado é grande e pesa-
do; esse processo também substitui o martela-
mento, onde aço de alta qualidade é exigido.
Há três métodos de confirmação metáli- Posto que a prensa atua lentamente, sua força é
ca: (1) trabalhos a quente; (2) trabalhos a frio; e transmitida uniformemente para o centro da se-
(3) extensão. O método usado vai depender do ção, afetando tanto o grão interno como o ex-
tipo de metal envolvido e do componente, em- terno, gerando a melhor estrutura possível (mais
bora em alguns casos, tanto os métodos de con- uniforme).
formação a quente e a frio possam ser usados na O forjamento por martelamento pode ser
confecção de uma única peça. usado para peças relativamente pequenas. Uma
vez que o martelamento transmite sua força
Trabalho a quente quase instantaneamente, seu efeito é limitado a
pequena profundidade. Assim, faz-se necessário
Quase todo aço é trabalhado a quente, a a uso de um martelo muito pesado; ou, sujeitar a
partir do lingote até um estágio de conformação peça a sucessivas pancadas, para se assegurar o
intermediário; e, após trabalhado, tanto a frio completo trabalho da seção.
quanto a quente, até a forma final. Caso a força aplicada seja muito fraca
Quando um lingote é retirado do seu para alcançar seu centro, o acabamento da su-
molde, sua superfície é sólida, mas o seu interi- perfície forjada será côncavo. Caso o centro, te-
or não. O lingote é então colocado em um bura- nha sido apropriadamente trabalhado, a superfí-
co preparado no chão da aciaria, tal que, a perda cie ficará convexa ou estufada. A vantagem do
de calor pelo lingote é reduzida, enquanto seu martelamento é que o operador tem controle
interior vai gradualmente se solidificando. tanto sobre a quantidade de pressão aplicada,
Após esse procedimento, a temperatura quanto da temperatura de acabamento; sendo
fica equalizada através do lingote, que então é assim, capaz de produzir pequenas peças de alta
reduzido a uma forma intermediária através de qualidade. Esse tipo de forjamento é geralmente
um laminador, fazendo-o mais facilmente ma- chamado de forjamento de ferreiro. É usado
nuseável. extensamente, somente onde um pequeno nú-
Peças de seção quadrada, menor que 6x6 mero de peças faz-se necessário. Considerável
polegadas, são chamadas barras. Peças lamina- tempo de máquina e material são economizados
das com seção retangular, sendo a largura maior quando as peças são forjadas a martelo até a-
que o dobro da altura são chamadas placas. A proximadamente sua forma final.
partir das placas, em processos seqüenciais de O aço é freqüentemente mais duro que o
laminação, são produzidas as chapas. necessário e, muito quebradiço, para a maioria
Os tarugos, barras e placas são nova- das aplicações práticas, quando colocado sob
mente aquecidos até a temperatura apropriada e, condições que afetem sua estrutura interna (ou
mais uma vez, laminados numa variedade de criem tensões internas). Para aliviar essas ten-
perfis. sões e reduzir sua fragilidade, o aço é revenido
Como será visto adiante, materiais lami- após ter sido temperado. Isso consiste em aque-
nados a quente, freqüentemente recebem aca- cer o aço em um forno até uma temperatura es-
bamento por laminação a frio ou trefilamento, o pecífica e, resfriado ao ar, óleo, água ou solução
que lhes permite um controle dimensional preci- especial. O grau de revenimento se refere a rela-
so, e um acabamento superficial liso e brilhante. ção do metal ou liga metálica com relação ao
Seções complicadas que não possam ser seu endurecimento. A laminação, forjamento,
laminadas, ou seções das quais se necessite um etc. dessas ligas, ou seu tratamento térmico ou
pequeno pedaço são geralmente, forjadas. envelhecimento, faz com que se torne mais rígi-
O forjamento do aço é um trabalho me- do ou tenaz. Nessa hora, essas ligas se tornam
cânico em temperaturas acima da temperatura duras para a conformação e têm que ser re-
crítica, para conformar o metal como desejado. aquecidas ou recozidas (normalizadas).
O forjamento é feito tanto por pressão, quanto Os metais são recozidos ou normalizados
por martelamento do aço aquecido, até que a para aliviarem suas tensões internas; reduzindo-
forma desejada seja obtida. lhes a dureza, fazendo-os mais ducteis e refi-
6-80
nando-lhes a estrutura dos grãos. O recozimento forma final. Isso tudo garante às peças lamina-
ou normalização, consiste no aquecimento do das, não só um controle dimensional acurado,
metal até uma determinada temperatura, man- como também proporciona um bom acabamento
tendo essa temperatura algum tempo, até que o superficial. Desse processo saem em geral as
metal esfrie à temperatura ambiente. A fim de chapas, barras chatas, etc.
ser obtido o maior grau de amaciamento (menor Trefilação a frio é usada para a fabrica-
dureza), o metal deve ser resfriado o mais len- ção de tubos sem costura, arames, perfis e ou-
tamente possível. Alguns metais devem ser res- tros. Arames são feitos a partir de hastes lami-
friados no forno, já outros podem ser resfriados nadas a quente de vários diâmetros. Essas hastes
ao ar. são decapadas por ácido para a remoção da
O revenimento se aplica a metais ou li- crosta, mergulhadas em água de cal e secas a
gas a base de ferro. Consiste no aquecimento da vapor (estufa), aí estão prontas para a trefilação.
peça até uma temperatura pré-determinada, na A cobertura de cal (calcáreo), aderente ao metal,
qual é mantida, a fim de que seja garantido um serve como lubrificante para a operação de trefi-
homogêneo aquecimento, sendo, após, resfriada lação.
em ar calmo. O revenimento é usado para aliviar O tamanho da haste usada na trefilaria
tensões do metal (e reduzir sua dureza). depende do diâmetro final desejado para o ara-
me. Para reduzir a haste à forma desejada, faz-
Trabalho a frio se a trefilação através de uma matriz. Um dos
extremos da haste é afilado (limado, esmeri-
Trabalho a frio é o trabalho de deforma- lhado ou martelado) e introduzido pelo trefila-
ção mecânica do metal, realizado abaixo da dor, onde garras serrilhadas forçam sua introdu-
temperatura crítica. Cria tensões residuais de ção pela matriz. Esse processo prossegue atra-
endurecimento no grão deformado. Na verdade vés de passagens simultâneas, por matrizes com
o metal fica tão endurecido, que se torna difícil seções cada vez menores, até a matriz final.
continuar o processo de conformação sem que Como o metal vai encruando após cada passa-
haja o amaciamento do metal pelo recozimento gem pelo trefilador a frio, faz-se necessário o
(normalização). seu aquecimento, de tempos em tempos, para
Uma vez que no processo de trabalho a normalizá-lo. Embora o trefilação a frio reduza
frio não há encolhimento (por resfriamento) das a ductilidade, é maior a resistência a tração do
peças, estas podem ser produzidas bem próxi- arame. Na fabricação de tubos sem costura para
mas das dimensões desejadas. A resistência e a a indústria aeronáutica usa-se o processo Man-
dureza, assim como o limite elástico são aumen- nesmann.
tados, porém a ductilidade é reduzida. Assim
sendo, já que o metal vai se tornando quebra- Extrusão
diço, faz-se necessário que, entre uma e outra
etapa do trabalho a frio a peça seja aquecida até A extrusão é um processo em que o me-
a temperatura crítica, para aliviar as tensões in- tal é pressionado através de uma matriz, toman-
ternas e permitir que a mesma seja continua- do sua forma. Alguns metais relativamente ma-
mente conformada sem que surjam trincas ou cios, como chumbo, estanho e alumínio podem
outros defeitos. ser extrudados a frio, mas geralmente os metais
Embora existam vários processos de são aquecidos antes da extrusão, o que facilita o
trabalhos a frio, os dois mais comumente usados processo.
na indústria aeronáutica são: laminação a frio e A principal vantagem do processo de
trefilação a frio. Esses processos desenvolvem extrusão é a sua flexibilidade. O alumínio, por
no metal qualidades que não poderiam ser obti- causa de sua capacidade de ser trabalhado, além
das por trabalhos a quente. de outras características favoráveis, pode ser
Laminação a frio é feita a temperatura economicamente extrudado nas formas e tama-
ambiente. Nessa operação, os materiais que se- nhos dos mais intricados, o que não é verdadeiro
rão laminados para suas dimensões finais, são para outros metais.
decapados para remoção de crostas (sujeiras, Peças extrudadas podem ser produzidas
borra da fundição, etc.), após o que passam por segundo perfis simples ou muito complexos.
vários rolos de laminador que lhes vão dando a Nesse processo, um cilindro de alumínio é a-
6-81
quecido entre 400º C e 450º C ( 750º F e 850º desses números, em geral (mas não obrigatori-
F), sendo então forçado através de uma matriz, amente) dá a quantidade aproximada do maior
com o perfil que se deseja, por um pistão hi- elemento de liga; já os dois últimos (ou três úl-
dráulico. timos) indicam a quantidade de carbono. Entre-
Muitos componentes, como reforçadores tanto, um desvio da regra da indicação da per-
com perfil em "T", em "Z", em "U", com lábios, centagem de carbono, algumas vezes acontece.
especiais, etc., são obtidos dessa maneira. Pequenas quantidades de alguns elemen-
tos estão algumas vezes presentes em ligas de
METAIS FERROSOS USADOS NA IN- aços, mas são especificadas conforme neces-
DÚSTRIA AERONÁUTICA sário. Na verdade esses elementos são conside-
rados acidentais e podem estar presentes em
Diferentes tipos de metal são exigidos proporções máximas como se segue: cobre,
para reparar uma aeronave. Isso decorre com a 35%; níquel, 25%; cromo, 20%; e molibdênio,
necessidade de atender a variáveis de projeto, 0,06%. A lista de aços padronizados é alterada
como resistência, peso, durabilidade, etc. Além de tempos em tempos para acomodar aços de
disso, a forma específica do componente dita, às mérito comprovado (aceitos pela indústria) e
vezes, um tipo especial de metal. Na seleção de para acomodar mudanças nos requisitos meta-
materiais para reparar uma aeronave, esses fato- lúrgicos e de engenharia, propostos pela indús-
res, dentre outros, são considerados com relação tria. Essa lista se apresenta conforme a tabela
as suas propriedades físicas e mecânicas. Entre 6-62. Os elementos estruturais metálicos são
os materiais comuns a serem encontrados, estão fabricados de diferentes formas e dimensões,
aqueles chamados metais ferrosos, ou seja; ligas como chapas, barras, hastes, tubos, extrudados,
metálicas que têm o ferro como base, e mais al- forjados e fundidos. As chapas metálicas são
guns elementos de liga, que conferem ao produ- feitas em grande número de tamanhos e espes-
to final características especiais. suras. As especificações designam a espessura
em milésimos de polegada. Barras e hastes são
Identificação fornecidas numa grande variedade de formas
(redondas, quadradas, retangulares, hexagonais,
Caso o carbono seja adicionado ao ferro etc.). Os tubos têm seção quadrada, retangular,
em percentagens até mais ou menos 1%, a liga redonda, oval, etc. A especificação dos tubos é
resultante será amplamente superior ao ferro feita considerando-se o diâmetro externo e a es-
puro, sendo chamado aço-carbono. O aço-car- pessura da parede. As chapas são, geralmente,
bono forma a base daquelas ligas de aço, pro- conformadas a frio em prensas, rolos de lamina-
duzidas pela combinação de aço-carbono com ção, calandras, etc. Os forjados são produzidos
outros elementos conhecidos por melhorar as em prensas ou martelos hidráulicos, colocando-
propriedades do aço. A adição de outros metais se o metal aquecido em matrizes. Os fundidos
muda ou melhora as propriedades químicas ou são produzidos depositando-se o metal fundido
físicas do metal base para um uso particular. em moldes ou fôrma.
O acabamento dos fundidos é feito por
Nomenclatura e composição química dos aços usinagem mecânica. O teste das fagulhas é um
método comum de identificação de vários me-
A fim de facilitar a discussão sobre os tais ferrosos. Nesses testes, um pedaço de ferro
aços, é necessário ter uma certa familiaridade ou aço é mantido contra um rebôlo que gira,
sobre sua nomenclatura. Um índice numérico, sendo o metal identificado pelas fagulhas que
estabelecido pela SAE (Society of Automotive são produzidas. As fagulhas variam de pequenas
Engineers) e pela AISI (American Iron and Ste- a curtas, até uma chuva delas.
el Institute), é usado para identificar composi- OBS: Poucos metais não-ferrosos produzem
ções químicas de aços estruturais. Nesse siste- fagulhas quando em contato com o rebôlo. Es-
ma, uma série de quatro números é usada para ses metais, portanto, não se prestam a esse teste.
designar do aço-carbono até o aço de liga espe- A identificação do ferro ou aço pelo tipo de fa-
cial; já, cinco números, são usados para ligas gulha é freqüentemente inexata - a menos que
específicas de aço. Os dois primeiros números realizada por pessoa experiente - caso contrário,
indicam o tipo de aço, sendo que, o segundo corre-se o risco de uma identificação mal feita.
6-82
Séries Tipos Séries Tipos

10xx - Aços carbono sem enxofre 10xx - Aços carbono sem enxofre
11xx - Aços carbono resulfurizado (não traba- 11xx - Aços carbono resulfurizado (não traba-
lhado) lhado)
12xx - Aços carbono resulfurizado e refosfori- 12xx - Aços carbono resulfurizado e refosfori-
zado (não trabalhado) zado (não trabalhado)
13xx - Manganês 1,75% 13xx - Manganês 1,75%
*23xx - Níquel 3,50% *23xx - Níquel 3,50%
*25xx - Níquel 5,00% *25xx - Níquel 5,00%
31xx - Níquel 1,25%, cromo 0,65% 31xx - Níquel 1,25%, cromo 0,65%
33xx - Níquel 3,50%, cromo 1,55% 33xx - Níquel 3,50%, cromo 1,55%
40xx - Molibidênio 0,20 ou 0,25% 40xx - Molibidênio 0,20 ou 0,25%
41xx - Cromo 0,50 ou 0,95, Molibidênio 0,12 41xx - Cromo 0,50 ou 0,95, Molibidênio 0,12
ou 0,20% ou 0,20%
43xx - Níquel 1,80%, cromo 0,50 ou 0,80%, 43xx - Níquel 1,80%, cromo 0,50 ou 0,80%,
molibidênio 0,25% molibidênio 0,25%
44xx - Molibidênio 0,40% 44xx - Molibidênio 0,40%
45xx - Molibidênio 0,52% 45xx - Molibidênio 0,52%
46xx - Níquel 1,80%, molibidênio 0,25% 46xx - Níquel 1,80%, molibidênio 0,25%
47xx - Níquel 1,05%, cromo 0,45%, Molibidê- 47xx - Níquel 1,05%, cromo 0,45%, Molibidê-
nio 0,20 ou 0,35% nio 0,20 ou 0,35%
48xx - Níquel 3,50%, Molibidênio 0,25% 48xx - Níquel 3,50%, Molibidênio 0,25%
50xx - Cromo 0,25 ou 0,40 ou 0,50% 50xx - Cromo 0,25 ou 0,40 ou 0,50%
* Não incluídos na relação de aços padronizados.

Figura 6-62 Índice numérico SAE

Ferro forjado produz fagulhas longas - Aços contendo carbono na faixa de


cor de palha esmaecida, junto da pedra, e bran- 0,30% a 0,50% é chamado de aço de médio car-
cas na extremidade. Ferro fundido produz fagu- bono. Esse aço é especialmente adaptado para
lhas vermelhas junto à pedra que se esmaecem, usinagem ou forjaria, onde a dureza superficial
tomando cor de palha na extremidade. é desejável. Algumas extremidades de hastes e
Aumentando-se o teor de carbono no forjados leves são feitos de aço S.A.E. 1035.
aço, aumentam as ramificações das fagulhas, Aços contendo carbono na faixa de
tornando-se brancas em suas extremidades. A- 0,50% a 1,05% são classificados como aço de
ços com níquel produzem fagulhas com cente- alto carbono. A adição de outros elementos em
lhas brancas brilhantes no seu interior. quantidade variável aumenta a dureza desses
aços. Sendo plenamente tratados a quente tor-
Tipos, características e usos das ligas de aço nam-se muito duros, resistindo a elevados esfor-
ços de cisalhamento e ao desgaste, deformando-
Aço contendo carbono na faixa de 0,10% se muito pouco. Aços SAE 1095, na forma de
a 0,30% é chamado de aço de baixo carbono. chapas, são usados como lâminas de feixes de
Pela classificação SAE/AISI seria entre aço molas; na forma de arames, são usados para
1010 e 1030. Aços com esse teor de carbono são molas helicoidais.
usados para a fabricação de arame de freno, Os vários aços ao níquel são produzidos
algumas porcas, embuchamento de cabos e ex- pela combinação de níquel com aço carbono.
tremidades de hastes rosqueadas. Esse tipo de Aços contendo 3% a 3,75% de níquel são co-
aço, na forma de chapa, é usado em estruturas mumente usados.
secundárias e braçadeiras, e, na forma de tubos, O níquel aumenta a dureza, a resistência
para componentes estruturais, moderadamente à tração e o limite de elasticidade do aço, sem
tencionadas. apreciável diminuição de ductilidade. Também

6-83
intensifica o efeito de endurecimento causado tratados a quente. São especialmente adaptáveis
pelo tratamento térmico. Aços SAE 2330 são à soldagem e, por essa razão, são usados princi-
extensivamente usados para componentes de palmente para componentes e montagens estru-
aeronaves, como parafusos, terminais, pinos, turais soldadas.
orelhas, etc. Esse tipo de aço tem praticamente
Aço-cromo tem elevada dureza e resis- substituído os aços-carbonos na fabricação de
tência à corrosão, sendo particularmente indica- tubos para estrutura de fuselagem, berços de
do para tratamento a quente de forjados, os motor, trem de pouso, dentre outras partes
quais exigem mais dureza e resistência. Pode ser estruturais.
O aço SAE X4130, tratado a quente, é
usado como esferas ou roletes de rolamentos. aproximadamente quatro vezes mais forte que
Aço cromo-níquel ou aço inoxidável são um aço SAE 1025 de mesmas dimensões.
resistentes à corrosão. O grau de resistência à O tipo de aço cromo molibdênio mais
corrosão é determinado pelas condições da su- usado na construção aeronáutica possui carbono
perfície do metal, assim como pela composição, entre 0,25% e 0,55%, molibdênio entre 0,15% e
temperatura e concentração do agente corrosivo. 0,25% e cromo entre 0,50% e 1,10%. Esses a-
O principal elemento de liga do aço ino- ços, quando convenientemente tratados ficam
xidável é o cromo. O aço resistente à corrosão profundamente endurecidos, facilmente usiná-
mais freqüentemente usado na construção aero- veis, rapidamente soldáveis, tanto por solda elé-
náutica é conhecido como 18-8, justamente por trica quanto oxiacetilênica, além de serem aptos
conter 18% de cromo e 8% de níquel. Uma das para trabalharem em ambiente com temperatura
características distintas do aço inoxidável 18-8, elevada.
é que ele só pode ser endurecido por trabalhos a O INCONEL é uma liga de níquel-
frio (não pega têmpera). cromo-ferro com aparência bem próxima ao aço
Aço inoxidável pode ser laminado, trefi- inoxidável. Posto serem essas duas ligas muito
lado, dobrado ou moldado em qualquer forma. parecidas, faz-se freqüentemente necessário um
Uma vez que esses aços têm um coeficiente de teste para diferenciá-las.
expansão térmica 50% maior que o aço comum, Um dos métodos usuais de identificação
conduzem o calor com 40% menos rapidez que é a utilização de uma solução de 10 gramas de
esses mesmos aços comuns, são consequente- cloreto cúprico em 100 centímetros cúbicos de
mente mais difíceis de serem soldados. Algumas ácido hidroclórico.
das aplicações mais comuns dos aços inoxidá- Com um conta-gotas, colocamos uma
veis são: os coletores de exaustão, os dutos de gota da solução em uma amostra de cada metal
admissão, peças estruturais e usinadas, molas, a ser testado, deixando permanecer por dois
fundidos, tirantes e cabos de controle. minutos.
O aço cromo-vanádio é produzido com Findo esse tempo, vagarosamente dilu-
aproximadamente 18% de vanádio e 1% de ímos essa gota com 3 ou 4 gotas de água, pinga-
cromo. Quando tratado a quente torna-se resis- das uma a uma; após, as amostras são lavadas e
tente, endurecido - além de resistente ao uso e à secadas. Caso a amostra seja de aço inoxidável,
fadiga. Um tipo especial desse aço em forma de o cobre da solução do cloreto cúprico ficará
chapa, pode ser conformado a frio em formas depositado na amostra, deixando uma mancha
complicadas. Pode ser dobrado sem sinais de característica (cor de cobre). Caso a amostra
quebra ou falha. O aço SAE 6150 é usado na seja de INCONEL, aparecerá uma mancha dife-
fabricação de molas; já o aço SAE 6195 é usado rente.
para rolamentos de esferas ou roletes. A resistência à tração do INCONEL
O molibdênio em pequenas porcentagens normalizado é de 100.000 p.s.i. (libras por pole-
é usado, em combinação com o cromo, para gada quadrada); quando laminado a frio,
formar o aço-cromo-molibdênio, o qual tem vá- 125.000 p.s.i.
rios usos em aviação. O molibdênio é um ele- É altamente resistente à água salgada e é
mento de liga forte. Ele alcança os limites finais capaz de suportar temperaturas da ordem de
de resistência do aço sem afetar a ductilidade e a 870º C (1600º F). O INCONEL é facilmente
maleabilidade. soldável e tem características de utilização bas-
Os aços-molibdênio são duros e resisten- tante semelhantes àquelas dos aços resistentes à
tes ao desgaste, sendo mais endurecidos quando corrosão.
6-84
METAIS NÃO FERROSOS DE UTILIZA- Os vários tipos de alumínio podem ser
ÇÃO AERONÁUTICA divididos em duas classes gerais: (1) ligas de
fundição (aquelas indicadas para fundição em
O termo "não ferroso" se refere a metais areia, molde permanente ou fundição sob pres-
que tenham outros elementos, que não o ferro, são); (2) ligas de forjaria (aquelas que podem
como base da liga ou como principal constituin- ser conformadas por laminação, trefilação ou
te. Esse grupo inclui metais como alumínio, ti- forjaria). Desses dois tipos, os mais largamente
tânio, cobre e magnésio, bem como ligas metáli- usados são as ligas de forjaria, principalmente
cas como MONEL e BABBIT. sob a forma de longarinas, revestimentos, supor-
tes, rebites e seções extrudadas.
Alumínio e ligas de alumínio Ligas de fundição de alumínio são divi-
didas em dois grupos básicos. No primeiro; as
O alumínio comercialmente puro é um propriedades físicas das ligas são determinadas
metal branco, lustroso, que ocupa o segundo lu- pelos ingredientes da liga e não podem ser mu-
gar na escala de maleabilidade; sexto em ductili- dadas após a fundição do metal.
dade, e uma boa posição em resistência à corro- No segundo; os ingredientes permitem
são. sua mudança através de tratamento térmico do
Ligas de alumínio, nas quais o principal fundido, para se obter propriedades físicas dese-
ingrediente seja o magnésio, o manganês, o jadas.
cromo ou o silício, apresentam alguns desgastes As ligas de fundição são identificadas
em ambientes corrosivos. Já ligas com conside- por uma letra, precedendo o número de classifi-
ráveis percentagens de cobre são mais susceptí- cação da liga. Quando uma letra preceder um
veis ao ataque corrosivo. A percentagem total número, isso significa uma ligeira variação na
de ingredientes nas ligas de alumínio é da or- composição da liga original. Essa variação na
dem de 6% a 7% (em média). composição é simplesmente para destacar algu-
O alumínio é um dos metais mais larga- ma qualidade desejável. Na liga de fundição
mente usados na construção aeronáutica. Tor- 214, por exemplo, a adição de zinco para me-
nou-se vital na indústria aeronáutica por causa lhorar suas qualidades deficientes é indicada
de sua alta resistência em relação ao peso, bem pela letra A, em frente ao número de classifica-
como sua facilidade de manuseio. A característi- ção, passando sua designação a A 214.
ca que sobressai no alumínio é a sua leveza. O Quando os fundidos forem tratados a
alumínio se funde a uma temperatura relativa- quente, o tratamento térmico e a composição do
mente baixa 650º C (1250º F). É um metal não fundido é indicada pela letra T, seguida pelo
magnetizável e um excelente condutor (térmico número de classificação da liga. Um exemplo
e elétrico). disso é a liga de fundição 355, a qual tem várias
O alumínio comercialmente puro tem composições e tratamentos diferentes, e é desi-
uma resistência à tração de cerca de 13.000 gnada por 355-T6, 355-T51 ou C355-T51.
p.s.i., mas se sofrer processo de conformação a Ligas de alumínio de fundição são pro-
frio, sua resistência pode ser dobrada. Quando duzidas por um dos seguintes três métodos: (1)
ligado a outros elementos, ou sofrendo trata- moldagem em areia; (2) molde permanente; e
mento térmico, a resistência à tração pode subir (3) fundição sob pressão. Na fundição do alu-
até 65.000 p.s.i., ou seja, na mesma faixa do aço mínio deve ser levado em conta que, na maioria
estrutural. dos casos, diferentes tipos de ligas são usadas
As ligas de alumínio, embora resistentes, em diferentes processos de fundição.
são facilmente trabalhadas, porque são maleá- Na fundição em areia ou molde perma-
veis e dúcteis. Podem ser laminadas em chapas nente as peças são produzidas derramando-se
até 0,0017 de polegada ou trefiladas em arames metal fundido em um molde previamente prepa-
de 0,004 de polegada em diâmetro. A maioria rado, permitindo que o metal se solidifique -
das chapas de liga de alumínio em estoque usa- logo após a peça é removida. Se o molde é feito
das na construção aeronáutica, situa-se na faixa de areia, a fundição é dita "em areia"; se o mol-
de 0,016 a 0,096 de polegada de espessura; en- de é metálico (geralmente de ferro fundido), a
tretanto, muitas das grandes aeronaves, usam fundição é dita "em molde permanente". Fun-
chapas de até 0,356 de polegada. dição em areia ou molde permanente, são pro-
6-85
duzidos, colocando-se o metal líquido na fôrma Os forjados de alumínio e de ligas de
ou molde pela ação da gravidade. alumínio são divididos em duas classes gerais -
Os dois tipos mais usuais de ligas fundi- aqueles que podem ser tratados termicamente e
das em areia são a 112 e a 212. Há pouca dife- aqueles que não podem.
rença entre ambas, do ponto de vista mecânico, Nas ligas, que não se pode tratar termi-
posto que ambas são adaptáveis a uma vasta camente as propriedades mecânicas, são melho-
gama de produtos. radas por trabalhos a frio. Quanto mais traba-
O processo de fundição em molde per- lhadas a frio (laminadas, trefiladas, extrudadas,
manente é um desenvolvimento atual do proces- etc.) após a normalização, melhores, em geral,
so de fundição em areia, sendo que a diferença ficam suas propriedades. Entretanto, aquecendo-
básica entre ambos é o material do molde. A se essas ligas até determinadas temperaturas, e
vantagem desse método é que a porosidade su- após, normalizando-as, as melhoras introduzidas
perficial (rugosidade) é diminuída em relação ao pelo trabalho a frio se perdem, e somente por
uso do molde de areia. A areia e o elemento de novo trabalho a frio é possível recuperá-las. O
ligação, entre os seus grãos (que mantém rígida endurecimento máximo depende da maior ca-
a fôrma de areia) libera uma certa quantidade de pacidade de trabalho a frio que possa ser prati-
gás quando o metal, à alta temperatura, penetra cado economicamente. O metal (liga) entregue
pelo molde, causando a porosidade. em forma de barras, chapas, perfis, etc. partiu de
Os fundidos em molde permanente são um lingote e, dependendo de sua espessura,
usados para se obter melhores propriedades me- houve variável trabalho a frio, o que torna variá-
cânicas, melhor acabamento superficial ou di- vel a melhora em suas propriedades.
mensões mais acuradas. Há dois tipos de fundi- Para o tratamento térmico das ligas de
ção em molde permanente: (1) o molde metálico alumínio, as propriedades mecânicas são melho-
permanente com suas partes internas também radas a uma temperatura conveniente, man-
em metal; e (2) aqueles com molde metálico tendo-se a liga nessa temperatura, por determi-
permanente externo com miolo em areia. Uma nado período de tempo, para se permitir que os
vez que estruturas cristalinas com grãos mais fi- componentes da liga se misturem em solução
nos (menores) são produzidas, quando o resfri- sólida, após o que a temperatura é rapidamente
amento é mais rápido, os fundidos em molde baixada, mantendo-se esses componentes em
permanente são de melhor qualidade. As ligas solução.
122, A132 e 142 são comumente usadas em O metal é deixado em um estado super-
moldes permanentes, sendo o seu principal em- saturado, instável, sendo então endurecido por
prego, algumas peças internas dos motores a envelhecimento natural a temperatura ambiente,
combustão. ou então, envelhecido artificialmente em tempe-
Os fundidos sob pressão, usados em avi- ratura elevada.
ação, são geralmente, ligas de alumínio ou mag-
nésio. Se o peso for de importância principal, Designação das ligas de alumínio
dá-se preferência às ligas de magnésio, por se-
rem mais leves que as ligas de alumínio. Entre- Alumínio ou ligas de alumínio trabalha-
tanto, as ligas de alumínio são freqüentemente das (laminadas, forjadas, extrudadas, etc.) são
usadas por serem, em geral, mais resistentes que designadas por um sistema de índices de quatro
as de magnésio. dígitos, sendo esse sistema dividido em três gru-
A fundição sob pressão é produzida for- pos distintos: o grupo 1xxx, o grupo 2xxx até
çando-se o metal líquido, sob pressão, para den- 8xxx e o grupo 9xxx, sendo este último não
tro de um molde metálico, permitindo que então usado até o presente.
se solidifique; após então, o molde é aberto e a O primeiro dígito é usado para identifi-
peça separada. car o tipo da liga; já o segundo dígito indica
A diferença básica, entre os fundidos uma modificação específica da liga, que se for
sob pressão e os fundidos em molde permanen- zero irá indicar que não houve controle especial
te, é justamente o fato, em que no primeiro caso, sobre impurezas.
o metal será pressionado para dentro do molde; Dígitos de um ao nove, como segundo
ao passo que no segundo caso, o metal líquido dígito, indica o número de controles sobre as
fluirá por gravidade. impurezas no metal.
6-86
Os últimos dois dígitos do grupo 1xxx de maior pureza. Dessa série a mais conhecida é
são usados para indicar, em centésimos de 1% a 2024.
acima dos originais 99% (de alumínio puro) de- SÉRIE 3000 - O manganês é o principal
signado pelo primeiro dígito. Assim, se os últi- elemento de liga. Não é tratável a quente (ge-
mos dois dígitos forem 30, por exemplo, a liga ralmente). A percentagem de manganês que
poderá conter 99% mais 0,30% de alumínio começa a dar características especiais à liga é
puro, ou seja, 99,30%. Alguns exemplos se- de 1,5%.
guem sobre esse grupo: A liga mais comum dessa série é a 3003,
1100 - 99,00% de alumínio puro com um con- que tem resistência moderada e boa capacidade
trole sobre impurezas individuais. de ser trabalhada.
1130 -99,30% de alumínio puro com um contro- SÉRIE 4000 - O silício é o principal
le sobre impurezas individuais. elemento de liga, o que reduz sua temperatura
1275 - 99,75% de alumínio puro com dois con- de fusão. Seu principal uso é na soldagem.
troles sobre impurezas individuais. Quando usada na soldagem de ligas termica-
No grupo que vai de 2xxx até 8xxx, o mente tratáveis, a solda vai responder pelo limi-
primeiro dígito indica o elemento de maior pro- tado desempenho desse tratamento a quente.
porção na liga, conforme a convenção abaixo: SÉRIE 5000 - O magnésio é o principal
elemento de liga. Tem boas características de
2xxx - cobre soldabilidade e resistência à corrosão. Altas
3xxx - manganês temperaturas (acima de 65º C ou 150º C) ou
4xxx - silício trabalhos a frio excessivos irão aumentar sua
5xxx - magnésio susceptibilidade à corrosão.
6xxx - magnésio e silício SÉRIE 6000 - O silício e o magnésio
7xxx - zinco formam um composto (silicato de magnésio)
8xxx - outros elementos que faz com que a liga seja termicamente tratá-
vel. Tem resistência média, boa capacidade de
Nesse grupo, de 2xxx a 8xxx, o segundo ser conformado, além de resistência à corrosão.
dígito indica modificações na liga, a menos que A mais popular é a liga 6061.
esse dígito seja 0, pois nesse caso a liga é a ori- SÉRE 7000 - O zinco é o principal ele-
ginal. Os últimos dois dígitos identificam as mento da liga. Quando associado ao magnésio
diferentes ligas do grupo. (Figura 6-63). resulta numa liga tratável termicamente, de re-
sistência muito elevada. Geralmente, há cobre e
Efeito dos elementos de liga cromo adicionados. A principal liga desta série
é a 7075.
SÉRIE 1000 - 99% ou maior. Excelente
resistência à corrosão, elevada condutividade Identificação de dureza
térmica e elétrica, propriedades mecânicas, ex-
celente capacidade de ser trabalhado, sendo o Quando usada, a designação do endure-
ferro e o silíco as impurezas predominantes. cimento segue a designação da liga e é separada
SÉRIE 2000 - O cobre é o principal ele- por um traço. Exemplo: 7075-T6, 2024-T4, etc.
mento de liga. Instável a quente, propriedades A designação do endurecimento consiste
ótimas equivalendo ao aço doce, pouco re- de uma letra indicando o endurecimento básico,
sistência à corrosão se não for cladeada (clad- o qual pode ser mais especificamente definido
ding). Geralmente é cladeada com liga 6000 ou pela adição de um ou mais dígitos.

6-87
Figura 6-63 Composição nominal das ligas de alumínio.

Essas designações são as seguintes: complicadas. Tem resistência relativamente


F. como saídas da fábrica. baixa e não tem as propriedades necessárias
O. normalizada, recristalizada (somente pro- para ser componente estrutural de uma aerona-
dutos trabalhados a frio). ve. Altas ligas resultantes têm mais dificuldade
H. endurecido por trabalho a frio. em serem conformadas (com algumas exceções)
H1. endurecido por trabalho a frio somente (po- e têm menor resistência à corrosão que o alu-
de ter um ou mais dígitos). mínio 1100.
H2. endurecido por trabalho a frio e parcial- A utilização de ligas (a inserção de ou-
mente normalizado (pode ter um ou mais tros elementos) não é o único método de au-
dígitos). mentar a resistência do alumínio.
H3. endurecido por trabalho a frio e estabiliza- Como outros materiais metálicos, o alu-
do (pode ter um ou mais dígitos). mínio torna-se mais forte e mais duro quanto
mais for laminado, conformado, etc, ou seja,
OBS: O dígito que segue H1, H2 ou H3 indica o trabalhado a frio. Uma vez que a dureza depen-
grau de deformação a frio e conseqüente en- de do trabalho a frio realizado, a série 1100 (e
durecimento. algumas outras séries) pode ser encontrada em
O dígito “0” indica o estado de reco- vários graus de dureza. A condição normalizada
zimento (normalização) pleno. é indicada por "0". Caso seja endurecido por
O dígito “8” representa a máxima resis- trabalho a frio, sua condição é indicada por "H".
tência a tração possível, após o trabalho a frio. As ligas mais amplamente usadas na
construção aeronáutica são endurecidas, mais
Identificação do tratamento térmico por tratamento térmico, que por trabalhos a frio.
Essas ligas são designadas por símbolos
Na sua forma acabada (trabalhada a fri- um pouco diferentes: "T4" e "W" indicam solu-
o), o alumínio comercialmente puro é conhecido ção (sólido) tratada a quente e temperada, mas
como 1100. Tem alto índice de resistência à não envelhecida, e "T6" indica uma liga endu-
corrosão e é facilmente conformado em formas recida por tratamento a quente.

6-88
W. Solução (sólida) tratada a quente, endure- duichada por duas chapas com espessura de
cimento instável. 5,5% da espessura da chapa do miolo.
T. Tratado para produzir endurecimento está- As chapas de alumínio puro proporcio-
vel, outros que não F, O ou H nam uma dupla proteção ao miolo, evitando, o
contato com qualquer agente corrosivo, e prote-
T2 - Normalizado (somente para produtos gendo o miolo eletroliticamente contra algum
forjados). ataque causado por arranhões ou outras matérias
T3 - Solução (sólida) tratada a quente e, abrasivas.
após, trabalhada a frio.
T4 - Solução (sólida) tratada a quente. Titânio e ligas de titânio
T5 - Somente envelhecida artificialmen-
te. O titânio foi descoberto por um religioso
T6 - Solução (sólida) tratada a quente e, inglês chamado Gregot. Porém, o primeiro mé-
após artificialmente envelhecida. todo comercial de produção do titânio metálico,
T7 - Solução (sólida) tratada a quente e, a partir de seu minério, só ocorreu em 1925.
então estabilizada. O Bureau de Minas dos Estados Unidos
T8 - Solução (sólida) tratada a quente, começou a produzir esponja de titânio em 1946,
trabalhada a frio e , então, envelhecida ar- sendo que só após 4 anos começou sua fundição
tificialmente. efetiva.
T9 - Solução (sólida) tratada a quente, O emprego do titânio é muito abran-
artificialmente envelhecida e, então, traba- gente. É usado em muitos empreendimentos
lhada a frio. comerciais e sua demanda tem aumentado mui-
T10 - Artificialmente envelhecida e, en- to, especialmente para bombas e outros itens
tão, trabalhada a frio. sujeitos a ambientes corrosivos.
Na construção ou reparo de aeronaves, o
Dígitos adicionais podem ser adiciona- titânio é usado no revestimento de fuselagens,
dos do T1 até o T10 para indicar a variação no carenagens de motores, paredes de fogo, longa-
tratamento, o qual significativamente altera as rinas, estruturas primárias, reforçadores, ele-
características do produto. mentos de fixação e dutos de ar.
Na forma industrial (já trabalhada a frio) O titânio é usado para a fabricação de
as chapas de ligas de alumínio comercializadas discos de compressores, anéis de espaçamento
são marcadas com o número da especificação (de motor), palhetas do compressor (as fixas e
em cada pé quadrado (ft2) do material. as do disco), alojamento das turbinas e mais
Se por acaso não constar essa identifica- uma vintena de pequenas peças do motor.
ção, é possível identificar-se uma liga, termica- A aparência do titânio é a mesma
mente tratada, de outra que não tenha recebido do aço inoxidável. Um método rápido usado
tratamento térmico, imergindo-se uma amostra para identificar o titânio é o teste da centelha ou
do material em uma solução de soda cáustica fagulha.
(hidróxido de sódio) a 10% (em massa). Raspado no esmeril, o titânio solta uma
Àquela que foi tratada termicamente, fagulha branca, brilhante, sendo que a parte fi-
porque em geral possui cobre, vai ficar preta, nal dessa chispa espouca em várias pequenas fa-
enquanto as outras (por não possuírem cobre) gulhas brancas e brilhantes.
continuam brilhantes. É também possível sua identificação,
No caso de material cladeado (cladding) umedecendo o titânio, usando-o para traçar uma
sua superfície se mantém brilhante, mas olhan- linha sobre um pedaço de vidro. Sendo titânio,
do-se nos bordos, verificar-se á que os mesmos ficará uma linha escura semelhante a um traço
possuem uma camada interna preta. de pincel.
Em termos de elasticidade, densidade e
Alumínio cladeado (cladding) resistência à temperatura elevada, o titânio se
situa entre o alumínio e o aço inoxidável. Tem
Os termos "ALCLAD” e “PURECLAD" um ponto de fusão entre 1500º C (2730º F) e
são usados para designar chapas que consistem 1730º C (3155º F) baixa condutividade térmica
numa chapa interna de liga de alumínio, ensan- e pequeno coeficiente de expansão. É aproxi-
6-89
madamente 60% mais pesado que o alumínio e básicos de cristais: A (alfa), B (beta) e C (com-
cerca de 50% mais leve que o aço inoxidável. binação de alfa e beta). Suas características são:
Por causa do seu alto ponto de fusão, A (alfa) - Bom desempenho geral, boa soldabi-
suas propriedades em altas temperaturas são de- lidade; resistente e forte, tanto frio quanto quen-
sapontadoras. te; resistente à oxidação.
O limite máximo de resistência do titâ-
nio cai rapidamente acima de 430º C (800º F). A B (beta) - flexibilidade; excelente ductilidade
absorção de oxigênio e nitrogênio do ar em em flexão; forte, tanto frio quanto quente, po-
temperaturas acima de 540º C (1000º F) fazem o rém vulnerável à contaminação.
metal tão quebradiço (após um relativamente
longo intervalo de tempo) que cedo ele se torna C (combinação entre alfa e beta, com relação ao
incapaz de ser trabalhado. Entretanto, se a expo- desempenho) - forte quando frio ou morno, po-
sição for breve, o titânio pode ser exposto até rém fraco quando quente, boa flexibilidade,
1650º C (3000º F) sem significativa perda de moderada resistência à contaminação; excelente
resistência. forjabilidade.
Essa é uma característica que atende aos O titânio é fabricado para propósitos
requisitos para paredes de fogo das aeronaves. comerciais em duas composições básicas: titâ-
O titânio não é magnetizável e sua resis- nio comercialmente puro e liga de titânio. A-55
tividade elétrica é comparável a do aço inoxidá- é um exemplo de uma liga de titânio comerci-
vel. Algumas das principais ligas de titânio são almente puro.
bastante duras. Tem um limite de resistência de 55.000 a
O tratamento térmico ou emprego de li- 80.000 p.s.i. e é de emprego geral para confor-
gas não desenvolve características de dureza na mação de moderada a severa. É, algumas vezes,
mesma proporção que as ligas de aço Foi só usado para componentes não-estruturais da ae-
recentemente que uma liga de titânio, tratada ronave e para todos os tipos de aplicações, onde
termicamente, foi desenvolvida. se faça necessário a resistência à corrosão, como
Antes do desenvolvimento dessa liga, o em tubulações.
aquecimento e a laminação eram os únicos mé- O tipo A-70 é intimamente relacionado
todos de conformação que poderiam ser realiza- ao tipo A-55 (anteriormente descrito), mas tem
dos. Entretanto, é possível produzir-se uma no- um limite de resistência entre 70.000 e 95.000
va liga maleável nas condições ambientais e p.s.i. É usado onde a máxima resistência é re-
endurecê-las por tratamento térmico. querida e é especificado para componentes da
Ferro, molibdênio e cromo são usados aeronave moderadamente solicitados. Para apli-
para estabilizar o titânio e produzir ligas que cações onde se pressupõe que haja corrosão, é
serão endurecidas por têmpera ou envelheci- feita uma substituição pelo A-55. Tanto o A-55
mento. A adição desses metais também adiciona quanto o A-70 são soldáveis.
ductilidade. Uma da ligas à base de titânio mais am-
A resistência a fadiga do titânio é maior plamente utilizadas é chamada de C-110M. É
que a do aço ou do alumínio. O titânio torna-se utilizada para componentes da estrutura primá-
mais macio quanto maior for o seu grau de pu- ria e revestimento da aeronave, tendo seu limite
reza. Não é, porém, um procedimento prático a de resistência da ordem de 110.000 p.s.i. Con-
distinção entre os vários graus de titânio, co- tém 8% de manganês.
mercialmente puro, ou sem liga, através de aná- Tipo A-110 AT é uma liga que contém
lise química; mais fácil é fazê-lo através de suas 5% de alumínio e 2,5% de estanho. Tem um
propriedades mecânicas. elevado limite de resistência em elevadas tem-
peraturas, com as excelentes características de
Designações do titânio soldabilidade, típicas das ligas tipo A (alfa).

A classificação A-B-C das ligas do titâ- Características em relação à corrosão


nio foi estabelecida para dar um conveniente e
simples método, para descrever todas a ligas de A resistência à corrosão do titânio me-
titânio. O titânio e suas ligas possuem três tipos rece uma especial atenção. A resistência do me-
tal à corrosão decorre da formação de um filme
6-90
de proteção de óxido estável ou de oxigênio plamente melhoradas através do tratamento tér-
quimicamente absorvido. Esse filme é normal- mico, subindo a resistência à tração de 70.000
mente produzido pela presença de oxigênio e de p.s.i., com o metal normalizado, até à 200.000
agentes de oxidação. p.s.i. com tratamento térmico. A resistência da
A corrosão do titânio é uniforme. Há liga à fadiga e ao desgaste, fazem dela, conveni-
pouca evidência da formação de orifícios ("pit- ente para a confecção de diafragmas, rolamentos
ting") ou de uma outra forma séria de corrosão e buchas de precisão, gaiolas das esferas e mo-
localizada. Normalmente, é imune à corrosão las de pressão.
sob tensão fraturante, corrosão em fadiga, cor- Latão é uma liga de cobre contendo zin-
rosão intergranular ou corrosão galvânica. Sua co e uma pequena quantidade de alumínio, fer-
resistência à corrosão é igual ou superior a do ro, chumbo, manganês, níquel, fósforo e es-
aço inoxidável 18-8. tanho. Latão contendo 30% a 35% de zinco é
Testes de laboratório com soluções áci- muito dúctil, mas se essa percentagem subir
das e salinas mostram que o titânio rapidamente para 45%, sua resistência aumenta bastante.
se polariza. O efeito global, em geral, e a dimi- O metal MUNTZ é o latão contendo
nuição do fluxo de corrente em células galvâni- 60% de cobre 40% de zinco. Tem qualidades
cas e de corrosão. excelentes de resistência à corrosão na água sal-
Correntes de corrosão na superfície do gada. Sua resistência é aumentada por trata-
titânio e pares metálicos são naturalmente restri- mento térmico.
tos. Nisso, particularmente, deve ser considera- Quando fundida essa liga tem resistên-
da a boa resistência a muitos produtos químicos; cia limite à tração de 50.000 p.s.i. e pode sofrer
pode ser também usado com metais diferentes um alongamento de 18%. É usada na fabricação
sem nenhum efeito danoso em ambos. de parafusos e porcas, assim como de compo-
nentes que venham a ter contato com a água
Cobre e ligas de cobre salgada.
O latão vermelho, algumas vezes cha-
O cobre é um dos metais de mais vasta mado de bronze por causa do seu teor de esta-
gama de emprego. É o único de cor averme- nho, é usado em braçadeiras das linhas de com-
lhada e o de melhor condutividade elétrica, após bustível e óleo. Esse metal presta-se bem a fun-
a prata. Seu emprego, como elemento estrutural, dição, com bom acabamento, dispensando, al-
é limitado por sua densidade relativamente ele- gumas vezes, a usinagem.
vada. Entretanto, algumas de suas características Os bronzes são ligas de cobre contendo
de destaque, como as condutividades térmicas e estanho. Os bronzes verdadeiros têm até 25% de
elétrica, compensam o fator peso. estanho, mas aqueles com menos de 11% são
Sendo muito dúctil e maleável, o cobre é mais utilizáveis, especialmente para braçadeiras
ideal para a confecção de fios e arames. É cor- de tubos.
roído por água salgada, mas não é afetado por Entre as ligas de cobre estão as ligas de
água doce. A resistência máxima à tração, do cobre-alumínio, das quais os bronzes ao alumí-
cobre, varia muito. Para o cobre fundido, a re- nio são de grande uso em aviação. Teria uma
sistência à tração é de 25.000 p.s.i., enquanto maior utilização em estruturas, se não fosse a
para o cobre laminado ou extrudado a resistên- relação peso-resistência comparada com ligas de
cia à tração sobe para uma faixa de 40.000 p.s.i. aço.
a 67.000 p.s.i. Bronzes de alumínio trabalhados a frio
Na construção aeronáutica, o cobre é são quase tão fortes e dúcteis como o aço de
usado, principalmente nos sistemas elétricos, médio carbono, além de possuir elevada resis-
para barras de ligações elétricas, conectores e tência à corrosão por ar, água salgada e produtos
arames de freno. químicos. São facilmente forjáveis, lamináveis a
A principal liga de cobre é feita com o quente ou a frio, sendo que algumas reagem fa-
berílio. É de desenvolvimento relativamente re- voravelmente ao tratamento térmico.
cente contendo, cerca de 97% de cobre, 2% de Essas ligas de cobre contêm até 16% de
berílio e níquel. alumínio (entre 5% e 11%, normalmente), a
A principal característica dessa liga é a qual outros metais, como o ferro, o níquel ou o
de que suas propriedades físicas podem ser am- manganês, podem ser adicionados.
6-91
Os bronzes ao alumínio têm qualidades, p.s.i., suficiente para ser qualificado como uma
como resistência à ruptura, grande resistência à liga flexível.
tração, dureza, além de resistir bem a impactos e O MONEL tem sido utilizado com su-
à fadiga. Graças a essas qualidades, esses bron- cesso para engrenagens e correntes para operar
zes são utilizados na fabricação de diafragmas, trens de pouso retráteis e para componentes es-
engrenagens e bombas. truturais sujeitos à corrosão.
Os bronzes ao alumínio são disponíveis Em aviação, o MONEL é usado para
em hastes, barras, placas, chapas, tiras e forja- componentes submetidos a esforços que exijam
dos. resistência á tração e à corrosão, como dutos de
Bronze ao alumínio fundido, formado de exaustão, além de partes de carburadores, como
89% de cobre, 9% de alumínio e 2% de outros válvulas de agulha (dosadores), etc.
elementos, tem alta resistência à tração, além de
ductilidade, resistência à corrosão, aos impactos K - Monel
e à fadiga.
Graças a essas características, bronzes O K-MONEL é uma liga não-ferrosa,
ao alumínio fundidos são usados como em- contendo principalmente níquel, cobre e alumí-
bruchamento e componentes de bombas. Têm nio. É produzida pela adição de uma pequena
também aplicação em meios agressivos, como quantidade de alumínio à formulação do MO-
água salgada e gases corrosivos. NEL. É resistente à corrosão e capaz de ser en-
Bronze ao manganês tem resistência à durecido por tratamento térmico.
tração excepcionalmente elevada, flexibilidade e O K-MONEL tem sido usado com su-
resistência à corrosão. cesso em engrenagens e componentes estrutu-
É uma liga que pode ser conformada, rais de aeronaves que sejam sujeitos a ataques
laminada ou extrudada em qualquer forma. É corrosivos. É uma liga não-magnetizável, qual-
geralmente usado na fabricação de engrenagens quer que seja a temperatura a ser exposta. Cha-
e outros componentes do sistema de trem de pas de K-MONEL podem ser soldadas com su-
pouso. cesso, tanto por solda elétrica, quanto por solda
Bronze-silício é um desenvolvimento oxi-acetilênica.
relativamente recente, composto de 95% de co-
bre, 3% de silício, além de manganês, ferro, Magnésio e ligas de magnésio
zinco, estanho e alumínio.
Embora não seja propriamente um bron- O magnésio, o metal estrutural mais leve
ze (considerando a pequena quantidade de esta- que existe, é um metal cor prata esbranquiçada
nho), o bronze-silício tem elevada resistência à que pesa só dois terços do que pesaria uma peça
tração e à corrosão. de alumínio de mesmas dimensões. O magnésio
não possui suficiente resistência para fins estru-
Monel turais em seu estado puro, porém pode ser liga-
do ao zinco, alumínio ou manganês, produzindo
O MONEL, a principal liga tendo por ligas de altíssima relação resistência/peso, ini-
metal base o níquel, combina as propriedades gualável, comparativamente aos metais comu-
desse metal de alta resistência, à tração com ex- mente usados.
celente resistência à corrosão. Essa liga consiste O magnésio é, provavelmente, o mais
de 68% de níquel, 29% de cobre, 0,2% de ferro, largamente distribuído pela natureza, que qual-
1% de manganês e 1,8% de outros elementos. quer outro metal. Pode ser obtido de minérios,
Não pode ser endurecida por tratamento térmi- como a dolomita e a magnesita, ou da água do
co. mar, salmouras e soluções usadas de potassa.
O MONEL pode ser fundido, trabalhado Uma milha cúbica de água do mar contém 10
a quente e a frio, podendo também ser soldado. milhões de libras de magnésio.
O seu emprego, quanto às suas características Algumas das aeronaves empregadas hoje
mecânicas, equivale ao aço. em dia chegam a empregar meia tonelada, para
Quando forjado e normalizado tem resis- ser utilizado numa centena de pontos vitais. Al-
tência à tração de 80.000 p.s.i. Esse valor pode guns painéis das asas são inteiramente fabrica-
ser aumentado, por trabalho a frio, para 125.000 dos de ligas de magnésio, pesando 18% menos
6-92
que os painéis de alumínio, tendo voado muitas Muitas das ligas de magnésio fabricadas
horas sem problemas. Entre os componentes de nos Estados Unidos são produzidas pelo "Dow
uma aeronave que são fabricados com magnésio Chemical Company" e têm o nome genérico
com substancial redução de peso, estão: portas comercial de ligas Dowmetal. A distinção entre
do alojamento da bequilha, revestimento dos essas ligas é feita por uma letra após a marca.
flapes e dos ailerons, pontas de asa, carenagens Assim tem-se Dowmetal J, Dowmetal M, etc.
do motor, tanques de óleo do motor e hidráu- Outro fabricante americano de ligas de
lico, painéis de instrumentos, alojamento das magnésio é American Magnesium Corporation,
garrafas de oxigênio, dutos e assentos. uma subsidiária da ALCOA (Aluminum Com-
As ligas de magnésio possuem boas ca- pany of America). Essa companhia usa um sis-
racterísticas de fundição. Suas propriedades, em tema de identificação idêntico ao usado para li-
comparação ao alumínio, lhes são favoráveis. gas de alumínio, com a exceção de que a de-
Na forjaria são normalmente usadas prensas signação das ligas de magnésio são precedidas
hidráulicas, embora, sob certas condições, o das letras AM. Assim, AM240C é uma liga fun-
forjamento possa ser efetivado com prensas me- dida; já AM240C4 é a mesma liga tratada tér-
cânicas ou martelos. micamente. AM3S0 é uma liga trabalhada e
As ligas de magnésio são susceptíveis a normalizada; já AM3SRT é a mesma liga lami-
tratamentos térmicos como recozimento nada após tratamento térmico.
(normalização), têmpera, envelhecimento, etc.
Chapas e placas de magnésio são normalizados REPOSIÇÃO DE METAIS DE UTILI-
antes de serem laminadas. ZAÇÃO AERONÁUTICA
O tratamento de solubilização a quente é
realizado com o propósito de diluir, na liga, a Na seleção de metais substitutos para a
maior quantidade possível de ingredientes, o manutenção e reparo de aeronaves, é muito im-
que resulta em máxima resistência a tração e portante verificar o manual de reparos estrutu-
ductilidade. O envelhecimento é aplicado para rais apropriado.
fundidos após um tratamento térmico, onde a Os fabricantes de aeronaves projetam os
máxima dureza e resistência à deformação são membros estruturais para atender um requisito
desejadas. específico de carga para uma aeronave especí-
O magnésio encerra em si o perigo de fica. Os métodos para reparação desses mem-
queimar-se, de forma imprevisível. Quando o bros, aparentemente idênticos na construção,
componente tem uma seção grande, sua alta vão variar muito para aeronaves diferentes.
condutividade térmica impossibilita a auto- Quatro requisitos devem ser levados em
ignição, evitando a combustão. Ele não se in- conta, quanto a seleção de metais substitutos. O
cendeia até que o ponto de fusão seja alcançado, primeiro, e mais importante deles, é a manuten-
em torno de 650º C (1200º F). Entretanto, mag- ção da resistência da estrutura original. Os três
nésio em pó ou pedaços pequenos, entra em outros são: (1) Manutenção do contorno ou for-
auto-ignição facilmente. ma aerodinâmica; (2) Manutenção do peso o
Precauções devem ser tomadas para evi- mais próximo possível do original (admitindo-se
tar, se possível, que tal ocorra. Havendo a pos- um pequeno acréscimo); e (3) Manutenção das
sibilidade de ocorrer fogo, ele pode ser extinto características de resistência à corrosão.
com extintor de pó, como pedra-sabão em pó ou
grafite em pó. Extintores de água, líquidos em PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO TÉR-
geral e espuma, tendem a fazer com que o mag- MICO
nésio se queime mais rapidamente, podendo
causar até explosão. O tratamento térmico é uma série de
Ligas de magnésio produzidas nos Esta- operações, envolvendo o aquecimento e o resfri-
dos Unidos, consistem de magnésio ligados em amento de metais no estado sólido. Seu propó-
proporções variáveis ao alumínio, manganês e sito é o de mudar as propriedades mecânicas ou
zinco. Essas ligas são designadas por uma letra a combinação de propriedades mecânicas, tal
do alfabeto, seguida do número 1, indicando alta que o metal se torne mais adaptável e seguro
pureza e máxima resistência à corrosão. para um propósito definido.

6-93
Através do tratamento térmico suas ca- Uma mistura mecânica pode ser compa-
racterísticas de dureza resistência à tração, resis- rada a uma mistura de areia e brita usada no
tência ao impacto, etc. são melhoradas. Também concreto.
pode torná-lo mais macio, mais dútil. Na verda- Tanto a areia como a brita são visíveis e
de, o tratamento térmico não cria características distintas. Tal como a areia e a brita, que são
para o metal, mas melhora algumas em detri- mantidas ligadas por uma matriz de cimento,
mento de outras. Por exemplo: ao ser endureci- outros materiais de uma liga podem ser a ela
do, o metal torna-se quebradiço. ligados na matriz formada pelo metal base.
Os vários processos de tratamento térmi- Uma liga na forma de mistura mecânica
co são semelhantes no sentido de todos envolve- em temperatura normal pode mudar para uma
rem aquecimento e resfriamento do metal. En- solução sólida, uma vez aquecida.
tretanto, as diferenças aparecem com as diferen- Quando resfriada até a temperatura am-
tes temperaturas de aquecimento, a velocidade biente, a liga metálica pode voltar a sua estrutu-
com que são resfriados às temperaturas a que ra original.
são resfriados, etc. Tudo afeta o resultado final. Pode também ocorrer que, sendo resfria-
Os tipos mais comuns de tratamento da, permaneça em solução sólida ou forme uma
térmico para metais ferrosos são: têmpera, re- combinação de solução sólida com mistura me-
venimento, normalização, recozimento e cemen- cânica.
tação. Uma liga metálica que consiste da com-
A maioria dos metais não ferrosos pode binação de solução sólida com mistura mecâni-
ser recozida e muitos deles podem ser endureci- ca, em temperatura normal, pode transformar-se
dos por tratamento térmico. Entretanto, há so- em solução sólida quando aquecida.
mente um metal não ferroso, o titânio, que pode Quando resfriada, a liga pode permane-
ser cementado; porém nenhum pode ser reveni- cer como solução sólida, retornar a sua estrutura
do ou normalizado. original ou formar uma solução complexa.

Estrutura Interna dos Metais


EQUIPAMENTO PARA TRATAMENTO
Os resultados obtidos pelo tratamento TÉRMICO
térmico dependem em grande parte da estrutura
do metal, e da maneira através da qual essa es- A eficiência do tratamento térmico exige
trutura muda quando é aquecida ou resfriada. um controle acurado sobre todos os fatores que
Um metal puro não pode ser temperado (endu- controlam o aquecimento e o resfriamento do
recido) por tratamento térmico, porque há pouca metal. Tal controle só é possível quando o equi-
mudança em sua estrutura interna causada pelo pamento apropriado está disponível, e o equi-
aquecimento. pamento fica a disposição para atender um tra-
Já a maioria das ligas metálicas responde balho específico.
bem ao tratamento térmico, posto que o aque- Assim, o forno deve ter tamanho e tipo
cimento e o resfriamento produzem mudanças apropriados, além de ter controle sobre a tempe-
significativas nas suas estruturas internas. ratura de operação, mantendo-a rigorosamente
Uma liga metálica pode estar na forma dentro dos limites prescritos.
de uma solução sólida, de uma mistura mecâni- Até mesmo a atmosfera que envolve o
ca ou de uma combinação dessas duas. Quando forno, afeta o tratamento térmico, no qual a peça
uma liga metálica está na forma de uma solução está sendo submetida. Posteriormente, o equi-
sólida, os elementos e compostos que formam a pamento de têmpera e o fluido refrigerante a ser
liga são dissolvidos, um no outro, da mesma usado para a têmpera (água, óleo, salmoura,
forma que uma colher de sal se dissolve na á- etc.) devem ser selecionados para determinar os
gua, não sendo possível identificá-los nem parâmetros a serem alcançados pelo tratamento
mesmo ao microscópio. térmico.
Quando dois ou mais elementos ou com- Finalmente, deverão existir equipamen-
postos são misturados, mas podem ser identifi- tos apropriados para o manuseio das peças e dos
cados através do exame ao microscópio, temos materiais, para a limpeza dos metais e para o
uma mistura mecânica. desempenamento dessas peças.
6-94
Fornos e banhos de sal rápida nos fornos (mais rápidas do que aqueci-
mento ao ar).
Há muitos tipos e tamanhos diferentes de Os fornos para tratamento térmico dife-
fornos usados para tratamento térmico. Como rem em tamanho, forma, capacidade, constru-
regra geral, os fornos são projetados para operar ção, operação e controle. Podem ser circulares
em determinadas faixas de temperatura; a sua ou retangulares; podem ser montados sobre pe-
utilização em outras faixas que não as previstas destais, ou diretamente no chão, ou mesmo en-
no projeto original, resulta em trabalhos de bai- terrados no chão.
xa qualidade. Quando o metal estiver pronto para re-
Além disso, a sua utilização em tempera- ceber tratamento térmico, deverá ser imerso no
turas muito elevadas (próxima ou acima da tem- banho de sal ou chumbo, para aumento de tem-
peratura máxima) reduz a vida do forno e au- peratura; o banho é feito dentro de cadinho ou
menta seus custos de manutenção. pote apropriado.
Fornos alimentados a combustível (óleo O tamanho e a capacidade de um forno
ou gás) necessitam de ar insuflado por ventoi- para tratamento térmico dependem do uso que
nha ou compressor, para manter a combustão se queira fazer dele. Um forno deve ser capaz de
adequadamente. aquecer rápida e uniformemente, independente
Nesses fornos a combustão tem lugar ex- do tamanho da peça a ser submetida a tratamen-
ternamente à câmara de trabalho. Quando é uti- to térmico.
lizado um forno desse tipo, deve-se ter o cuida- Como regra geral, os fornos mais co-
do de evitar que a chama penetre na câmara, muns, devem ter o dobro do comprimento e três
onde as peças estão sendo submetidas a trata- vezes a largura da peça a ser tratada.
mento. A precisão na medida da temperatura é
Em fornos elétricos, geralmente o calor é essencial a um bom tratamento térmico. O mé-
desprendido de resistências elétricas. Projetos todo mais comum é com a utilização de um ter-
bem feitos de fornos elétricos prevêem o em- mopar, como cobre-constantan (até 700º F ou
prego de resistências adicionais nos pontos onde 370º C), ferro-constantan (até 1400º ou 760º C)
há perda de calor. Esses fornos operam até ou cromel-alumel (até 220º F ou 1200º C). O
2500º F (cerca de 1350º C) utilizam-se resis- termopar constituído de um contato formado da
tências sinterizadas de carbonetos. liga de platina (90%) e ródio (10%) e outro con-
tato formado da liga de platina (87%) e ródio
Medida da temperatura e controle (13%), medem temperaturas até 2800º F ou
1540º C.
A temperatura de um forno é medida através de A vida útil de um termopar é afetada
um pirômetro, um instrumento termoelétrico. O pela temperatura máxima de sua faixa de utili-
pirômetro baseia-se na diferença de potencial zação (freqüentemente sobrepassa-se essa tem-
criada por um par termoelétrico (termopar), tan- peratura) bem como pela atmosfera que envolve
to maior quanto maior for a temperatura. Um o forno.
pirômetro completo é composto do termopar, O ferro-constantan é mais indicado para
cabos elétricos e medidor. uso em atmosfera redutora; o cromel-alumel,
Os fornos projetados para basicamente para atmosfera oxidante.
fazerem o revenimento podem ser aquecidos à Os termopares são comumente encapsu-
gás ou à eletricidade, sendo que alguns possuem lados por material cerâmico, na sua extremidade
uma ventoinha para a circulação do ar aquecido. mais quente para protegê-los da atmosfera dos
Banhos de sal são disponíveis, tanto para fornos. Faz-se necessário conectar os dois
têmpera quanto para revenimento. Dependendo contatos do termopar a um microvoltímetro para
da composição do banho de sal, a temperatura que seja medida a diferença de potencial gerada.
de aquecimento pode ser conduzida de 325º F Para que a temperatura da peça submetida ao
(cerca de 160º C) até 2450º F (cerca de 1350º tratamento térmico seja acurada, faz-se necessá-
C). Ao invés do sal pode ser usado o chumbo rio a aproximação do termopar à mesma.
fundido de 650º F (cerca de 345º C) até 1700º F É desejável também um eficiente sistema
(cerca de 925º C). A taxa de aquecimento nos de controle da temperatura do forno, de modo a
banhos de sal ou chumbo fundidos é bastante mantê-la ajustada no valor desejado.
6-95
Há pirômetros que indicam a tempera-
tura no momento da medição (instantânea); ou-
tros fazem o registro da variação da temperatura
durante o tratamento térmico.
Os pirômetros modernos são acoplados
aos sistemas de ajuste do forno, mantendo-o à
temperatura desejada. Instrumentos desse tipo
são pirômetros com potenciômetro de controle.
Eles possuem incorporados, um regulador de
corrente e um mecanismo de operação como
relé.

Aquecimento

O objetivo do aquecimento é transformar


a perlita (uma mistura mecânica do carbono de
ferro que existe numa condição microscópica)
em austenita, tão logo o aço atinja uma tempera-
tura crítica.
Uma vez que essa transição demanda
um certo lapso de tempo, o incremento de tem-
peratura, próximo à temperatura crítica, deve ser
vagaroso. Geralmente a peça a ser tratada termi-
camente é inserida (estando na temperatura am-
biente) com o forno em temperatura 300º F a
500 F (1500º C/250º C), abaixo da temperatura
crítica, evitando-se assim que a temperatura da
peça ultrapasse rapidamente a temperatura críti-
ca.
Caso não haja um equipamento (pirôme-
tro) para medir a temperatura, faz-se necessário
estimá-la por outros meios.
Um meio barato, embora pouco acurado,
é a observação da coloração do aço enquanto é
tratada a peça. A pouco acurocidade deve-se,
principalmente, ao fato da coloração ser afetada Figura 6-64 Conversão de temperatura e escala
por vários fatores, como as condições de ilumi- de cores de corpos para têmpera e
nação (natural ou artificial), o tipo de carepa ( revenimento
casca de óxido que se forma sobre a peça), etc.
O aço torna-se vermelho esmaecido a Atmosferas protetoras
1000º F (aproximadamente 540º C); com o a-
quecimento aumentando, a temperatura vai su- É freqüentemente necessário ou desejá-
bindo, passando a coloração pelos vários ma- vel proteger o aço ou o ferro fundido da oxida-
tizes de vermelho, daí ao amarelo até o branco. ção superficial (carepa) e perda de carbono das
Essa descrição está demonstrada, de modo es- superfícies externas das peças. Fornos comerci-
quemático, na Figura 6-64. ais, entretanto, são geralmente equipados com
É também possível ter-se alguma idéia alguns meios de controle da atmosfera.
da temperatura de uma peça de carbono ou aço O vapor d'água, um produto da combus-
de baixo teor de carbono, para baixas tempera- tão, é degenerador das peças trabalhadas (afeta
turas (usadas para revenimento), pela cor de sua superfície); assim, muitos fornos possuem
uma fina camada de óxido que se forma em uma meios de eliminá-lo. Para fornos não equipados
superfície limpa de aço, quando aquecida nessa com controle de atmosfera, uma variedade de
faixa de temperatura. fontes externas de gases específicos para substi-
6-96
tuição dessa atmosfera contaminada é disponí- transferida do banho ao metal. A maior parte
vel. Caso não haja nenhum controle disponível dos requisitos para banhos são atendidas pela
da atmosfera, alguma proteção pode ser dada água, pelas soluções aquosas de sal (cloreto de
recobrindo-se a peça a ser tratada com limalha sódio) ou soda cáustica e por alguns tipos de
ou cavacos de ferro fundido. óleo.
No caso em que o trabalho seja realizado A salmoura é geralmente preparada com
em banho de sal ou chumbo fundido, o proble- 5% a 10% de sal em água. Em adição à sua
ma da prevenção da carepa ou descarburização grande velocidade de resfriamento, a salmoura
fica simplificado. tem capacidade de remover a carepa do aço du-
Fornos a vácuo também são usados para rante o banho. Já a capacidade de resfriamento,
recozimento (ou outro tratamento) dos aços, tanto da água como da salmoura, mais es-
especialmente quando se deseja obter uma su- pecificamente da água é consideravelmente afe-
perfície livre de qualquer oxidação. tada pela temperatura. Ambas devem ser manti-
das abaixo de 60º F (cerca de 15º C).
Rearranjamento da estrutura interna ("soa- Caso a massa do aço que está sendo i-
king") mersa, tender a aumentar a temperatura do ba-
nho, este deve ser mantido em baixa temperatu-
Ao atingir a temperatura crítica (varia ra, pela adição de gelo ou outro meio de refrige-
com a liga do aço), começa a haver um rearran- ração.
jamento de sua estrutura interna. O período de Há muitos banhos de óleo, especial-
tempo que a peça deve ser mantida nessa tempe- mente preparados, no mercado; suas taxas de
ratura é o necessário para que haja o rearranja- resfriamento não diferem muito entre si. Geral-
mento completo de sua estrutura interna. De- mente são usados óleos minerais com viscosi-
pende, pois, da constituição da liga e das suas dade ("saybolt") com índice 100 a 100º F (38º
dimensões. Como regra geral, de 30 minutos a 1 C). Ao contrário da água e da salmoura, o óleo
hora, é um tempo suficiente. tem sua mais rápida taxa de resfriamento em
temperaturas mais elevadas; entre 100º F (38º C
Resfriamento ) a 140º F (60º C), por causa da diminuição da
viscosidade nessa faixa de temperatura.
A velocidade de resfriamento vai deter- Quando o aço é imerso no banho, o lí-
minar a estrutura interna, que será mantida no quido imediatamente em contato com a superfí-
aço submetido a tratamento térmico. Várias ve- cie aquecida se vaporiza. Esse vapor reduz sug-
locidades são estabelecidas em função dos re- nificativamente a absorção de calor. A agitação
sultados que se deseje obter. O ar calmo (ar am- vigorosa da peça ou o uso de pulverização com
biente) é um meio lento de refrigeração, mas é líquido do banho são necessários para deslocar a
mais rápido do que o resfriamento, dentro (e camada de vapor, permitindo, então, a desejada
junto) com o próprio forno. taxa de resfriamento.
Os líquidos são os meios mais rápidos de A tendência do aço para empenar ou
resfriamento, sendo os mais usados para a têm- trincar durante o resfriamento no banho é difícil
pera do aço. de se prevenir, porque algumas partes das peças
Os meios líquidos de resfriamento mais resfriam mais rapidamente que outras. As reco-
usados são: a água, a salmoura e o óleo. A sal- mendações que se seguem auxiliam a reduzir a
moura é o meio mais rápido de resfriamento, tendência ao empenamento:
seguido da água e do óleo.
Geralmente o banho de óleo é usado para 1. A peça nunca deve ser atirada no banho de
aços-liga; a salmoura e a água, para aços- resfriamento. Deixando que a peça perma-
carbono. neça no fundo do banho, há tendência para
que ocorra uma taxa de resfriamento na sua
Banhos parte superior, causando empenamento e
surgimento de trincas.
Os banhos têm ação somente pela sua 2. A peça deve ser agitada rapidamente para
capacidade de resfriar o aço. Não há nenhuma evitar que surja uma camada de vapor entre
ação química, tampouco nenhuma qualidade é a peça e o banho, o que reduz a taxa de res-
6-97
friamento. Isso vai permitir a saída do calor Comportamento do aço durante o aqueci-
para a atmosfera. mento e o resfriamento
3. Peças com formas irregulares devem ser A mudança na estrutura interna de um
imersas no banho, de tal forma, que aquelas metal ferroso ocorre pelo aquecimento a uma
partes mais "massudas" (com maior volume) temperatura acima de seu ponto crítico, onde o
entrem primeiro em contato com o banho. metal é mantido por um determinado intervalo
de tempo, durante o qual ocorre o reordena-
Equipamentos de resfriamento mento de sua estrutura, após o que, é resfriado
até a temperatura ambiente, segundo condições
O tanque de resfriamento deve ser de predeterminadas.
tamanho apropriado para permitir o manuseio Em temperatura ambiente, o carbono
do material a ser resfriado. Banhos de circula- participa do aço na forma de carboneto de ferro,
ção de fluido e refrigeradores podem ser usados como partículas espalhadas através da estrutura
para manter a temperatura desejada, aproxima- cristalina do ferro (ferrita). A quantidade, tama-
damente constante, quando o serviço exige uma nho e distribuição dessas partículas determinam
grande quantidade de banhos. a dureza do aço.
A fim de se evitar a concentração de sal Em temperaturas elevadas, o carbono
nos banhos de salmoura, deve ser providenciada participa do aço dissolvido na estrutura crista-
a adição de água nesses banhos. lina do ferro, na forma de uma solução sólida
A localização do tanque de banho, com chamada "austenita", aparecendo as partículas
relação ao forno, onde se dá o tratamento tér- de carboneto somente após o aço ter sido res-
mico é importante. friado.
O tanque deve estar localizado, de tal Caso o resfriamento seja lento, a partícu-
forma, que permita a rápida transferência da las de carboneto apresentam-se grosseiras e em
peça do forno ao banho. Um lapso de tempo pequena quantidade; o aço resultante é macio
maior que alguns segundos acarretará, em al- (pouco duro). Caso o resfriamento seja rápido,
guns casos, a perda da eficiência do tratamento quando se usa banho de água ou óleo, o carbono
térmico. se precipita como uma névoa de partículas mui-
Quando um material de pouca espessura to finas de carboneto; o aço resultante é duro.
estiver sendo tratado, deve ser agregado a uma A capacidade que têm os carbonetos de
massa maior de metal, de sorte a manter o calor se dissolverem em austenita é a base do trata-
(e a temperatura) durante o percurso do forno ao mento térmico do aço. As temperaturas nas
tanque. Um tanque de lavagem adicional deve quais esta transformação tem lugar são chama-
existir por perto para a remoção do sal que se das críticas e dependem da composição do aço,
deposita sobre a peça, assim que sai do banho sendo que basicamente, o teor de carbono é
de salmoura. quem dita essa temperatura.

Endurecimento (têmpera)
TRATAMENTO TÉRMICO DE METAIS
FERROSOS Ferro puro, ferro forjado ou aços com
baixíssimo teor de carbono não podem ser apre-
A primeira consideração importante no ciavelmente endurecidos pelo tratamento térmi-
tratamento térmico de uma peça de aço é o co- co, quando há pouco dos elementos capazes de
nhecimento de sua composição química. Com endurecê-lo (carbono). O ferro fundido pode ser
isso ficará determinado o seu ponto crítico su- endurecido, porém sua capacidade de endureci-
perior. mento é pequena.
Sendo o ponto crítico superior conhe- Quando o ferro fundido é resfriado rapi-
cido, a próxima consideração é a taxa de aque- damente, forma-se ferro branco, que é duro e
cimento e resfriamento a ser usada. quebradiço; quando resfriado lentamente, for-
A condução dessas operações envolve+ ma-se ferro cinzento, que é macio mas quebra-
o uso de formas de aquecimento uniforme, con- diço (com impactos).
troles apropriados de temperatura e banhos de Como já foi dito, o endurecimento do
resfriamento convenientes. aço depende do seu teor de carbono. Aumen-
6-98
tando o seu teor de carbono, aumentará a capa- fica em contato com as tenazes é alterado, sendo
cidade do aço endurecer. que tal área pode não ser endurecida, principal-
Isso vai até um certo limite de carbono. mente se o aço que está sendo tratado requeira
Acima de 0,85% de carbono não há mais au- tratamento somente superficial. Peças pequenas
mento do endurecimento. podem ser amarradas ou mergulhadas, estando
Para a maioria dos aços, o tratamento de dentro de cestos de arame.
endurecimento (têmpera) consiste do aqueci- A fim de se evitar distorção da peça de
mento do aço a uma temperatura pouco acima aço, durante o banho de resfriamento, em alguns
da temperatura crítica, onde aguarda um deter- casos são usados suportes especiais e fixações
minado espaço de tempo, após, é rapidamente para manter a peça com sua forma original.
resfriado em óleo, água ou salmoura. Embora a Quando se deseja que somente uma parte
maior parte dos aços deva ser resfriada rapida- da peça seja endurecida, partes dessa peça de-
mente para têmpera, alguns poucos podem ser vem ser protegidas através da cobertura com
resfriados ao ar ambiente. A têmpera aumenta a cimento "alundum" (alumina fundida em forno
dureza e a resistência do aço, mas a faz menos elétrico) ou qualquer outro material isolante. O
dútil. endurecimento seletivo também pode ser através
Quando temperando um aço carbono, de jatos de água, ou óleo, projetados para dire-
deve-se abaixar sua temperatura para menos de cionar esses jatos de resfriamento diretamente
1.000º F (540º C) em menos de 1 segundo. Caso para os pontos ou áreas a serem endurecidos.
o tempo de resfriamento para menos de 1.000º F Também pode ser feito de outra forma (não pelo
exceda 1 segundo, a austenita começa a se trans- resfriamento de áreas específicas mas pelo a-
formar em perlita de grão muito fino. quecimento de áreas selecionadas), usando-se
Essa perlita varia em dureza, mas é mais aquecimento por indução elétrica ou chama di-
dura que a perlita formada pelo recozimento, rigida, muito usada em produção seriada em
porém muito mais macia que a martensita dese- larga escala.
jada. Após atingida a temperatura de 1000 º F Alguns aços-carbono e algumas ligas de
(quando do resfriamento), o resfriamento deve aço têm uma taxa de resfriamento tão crítica que
continuar com bastante velocidade, caso a estru- têm de ser resfriados em água ou salmoura. Em
tura final desejada seja toda martensitica. geral, peças de seção muito complicadas não
Quando elementos de liga são adiciona- devem ser feitas com esses tipos de aço por cau-
dos ao aço, o lapso de tempo para a queda de sa da tendência que os aços têm em empenar ou
temperatura até 1000º F aumenta em 1 segundo trincar durante o endurecimento. Tais peças
em relação aos aços-carbono. Assim, um meio devem ser feitas de aços capazes de serem tem-
refrigerante (banho) não muito severo, é capaz perados em óleo ou ar.
de produzir a têmpera de aços-liga.
Por causa das elevadas tensões internas Revenimento
causadas pela têmpera, o aço pode ser revenido
antes de esfriar totalmente. Nesse caso, a peça O revenimento reduz a fragilidade con-
deve ser removida do banho de resfriamento a ferida pela têmpera, da mesma forma que intro-
uma temperatura de 200º F (cerca de 95ºC), duz características físicas definidas ao aço. O
posto que dessa temperatura para baixo, até a revenimento sempre segue (nunca precede) o
temperatura ambiente, é quando começam a processo de têmpera. Além de reduzir a fragili-
surgir as trincas. dade, o revenimento reduz a dureza do aço.
As temperaturas de têmpera e dos ba- O revenimento é sempre conduzido a
nhos de refrigeração estão listadas na tabela 6- temperatura menores que aquela do ponto críti-
65. co do aço. Com respeito a isso, o revenimento
difere da normalização, do recozimento e da
Precauções com a têmpera têmpera, os quais requerem temperaturas acima
do ponto crítico.
É necessário que se tenham disponíveis Quando o aço temperado é reaquecido, o
uma variedade de formas e tamanhos de tenazes revenimento começa a 212º F (+ 100º C) e con-
para manusear o aço aquecido. Deve ser lem- tinua a medida que a temperatura é aumentada
brado que o resfriamento da parte da peça que até o ponto crítico. Pela seleção de uma tempe-
6-99
ratura definida, a dureza e a resistência resultan- Normalização
tes podem ser determinadas. Temperaturas a-
proximadas para várias resistências à tração A normalização remove as tensões inter-
estão listadas na Figura 6-65. O tempo mínimo nas causadas pelo tratamento térmico, solda-
na temperatura de revenimento deve ser de uma gem, fundição, conformação mecânica ou usi-
(1) hora. nagem em geral. Tensões, caso não sejam con-
Caso a peça tenha mais de uma polegada troladas, fatalmente resultarão em falha. Por
de espessura, o tempo deve ser aumentado em causa da necessidade de se obterem as melhores
uma hora para cada polegada adicional de es- propriedades físicas, os aço na indústria aero-
pessura. náutica são, geralmente, usados no estado nor-
Aços revenidos usados pela indústria ae- malizado; raramente, entretanto, no estado reco-
ronáutica devem ter de 125.000 a 200.000 libras zido.
por polegada quadrada de resistência final à Um dos usos mais importantes do pro-
tração. cesso de normalização, em trabalhos aeronáuti-
Geralmente, a taxa de resfriamento do cos, diz respeito a peças e componentes solda-
revenimento não tem efeito na estrutura final; dos. A soldagem desenvolve tensões junto aos
entretanto, o aço é geralmente resfriado em ar materiais adjacentes. Como se isso não bastasse,
calmo após ter sido removido do forno. a soldagem, por si mesma, é uma estrutura de
fundição ao passo que o material soldado é, via
de regra, de estrutura de laminação. Esses dois
Recozimento tipos de estruturas têm diferentes tamanhos de
grãos; assim, para refinar o grão e também ali-
O recozimento do aço resulta num metal viar as tensões internas, todas as partes soldadas
de grão fino, macio e dúctil, sem tensões inter- devem ser normalizadas após terem sido fabri-
nas ou deformações. No estado de recozimento, cadas.
o aço tem a sua menor resistência. Em geral, o A normalização é realizada pelo aqueci-
recozimento é o oposto da têmpera. mento do aço acima da temperatura do ponto
O recozimento do aço é levado a termo crítico superior, sendo, após, resfriado ao ar.
através do aquecimento do metal pouco acima Como o resfriamento em ar calmo é mais rápido
do limite superior de temperatura do ponto crí- que aquele em que o metal resfria junto com o
tico, permitindo-se, durante um determinado forno, o metal resfriado ao ar é mais duro e re-
intervalo de tempo, que toda a massa metálica sistente que o metal recozido. As temperaturas
atinja essa temperatura, após o que, o material é recomendadas para a normalização para os vári-
resfriado muito lentamente (em geral, mantido e os tipos de aços aeronáuticos são listados na
resfriado junto com o próprio resfriamento na- Figura 6-65.
tural do forno).
A Figura 6-65 apresenta valores diversos
de temperaturas para correspondentes ligas de CEMENTAÇÃO
aço.
O tempo de permanência, à temperatura A cementação é um processo que cria
acima do ponto crítico, é de aproximadamente uma camada dura, resistente ao desgaste, sobre
uma hora por polegada de espessura do materi- uma superfície ou envolvendo um miolo forte,
al. Para que seja conseguida a maior maciez do mas flexível. A cementação é ideal para compo-
aço, o metal deve ser resfriado lentamente. nentes que requeiram uma superfície resistente
O resfriamento lento é obtido desligan- ao desgaste e, ao mesmo tempo, devam ser bas-
do-se o forno (se for elétrico) ou retirando-se a tante flexíveis internamente para resistir as car-
chama, aguardando-se o resfriamento natural do gas aplicadas.
conjunto forno/metal até 900º F (+ 480º C) ou Os aços mais convenientes para cemen-
menos, após, deve-se retirar o metal do forno, tação são os de baixo teor de carbono e os de
aguardando o seu resfriamento ao ar. Outro mé- baixa liga. Se aços de alto carbono forem ce-
todo usado é de enterrar o aço aquecido em cin- mentados, a camada endurecida pode ser tão
zas, areia ou, outra substância, má condutora de espessa que atinja o miolo da peça tornando-a
calor. quebradiça.
6-100
Na cementação, a superfície do metal é carbono, e seu miolo continua como antes, ou
alterada quimicamente pela introdução de ele- seja, com baixo teor de carbono. Quando essa
vada quantidade de carbono. Se, ao invés de peça passa por um tratamento térmico, como a
carbono, introduzir-se nitrogênio, o processo têmpera, cada parte age como agiriam seus tipos
chama-se nitretação. O miolo (abaixo da super- de aço isoladamente. A parte externa (superfí-
fície alguns angstrons) não é afetado quimica- cie), endurece ou pega têmpera; e a parte interna
mente, ou seja: a introdução de carbono ou ni- (miolo) não pega têmpera, permanecendo macia
trogênio não atinge o interior da peça. Quando e flexível.
tratada termicamente, a superfície responde ao Um dos métodos comuns de carbonetação é
endurecimento, enquanto o miolo se manterá chamado de "pack carburizing". Nesse método,
flexível. As formas comuns de cementação são: a peça a ser tratada é confinada num recipiente
a carbonetação (com carbono); a cianetação cheio de carvão em pó ou outro material rico em
(com cianetos, compostos de carbono e nitrogê- carbono, que é selado com argila refratária, co-
nio); e a nitretação (com nitrogênio). Entretanto, locado em um forno aquecido aproximadamente
em trabalhos aeronáuticos, a cianetação não é a 1700º F (+ 925º C), sendo mantido nessa tem-
usada. peratura por várias horas.
A medida que a temperatura do recipien-
Carbonetação te aumenta, forma-se monóxido de carbono no
seu interior, que sendo incapaz de liberar-se,
A carbonetação comumente chamada acaba por se combinar com o ferro gama (δ Fe),
cementação. É um processo em que o carbono é uma das estruturas cristalinas do ferro, que exis-
adicionado a uma superfície de aço de baixo te nessa faixa de temperatura, na superfície da
teor de carbono. peça de aço.
Assim, após a introdução do carbono, a
superfície da peça passa a ter aço de alto teor de

6-101
a) Retirar a 1150º F para resistência a tensão de 70.000 p.s.i.
b) Para a têmpera de molas retirar de 800º a 900º F Dureza Rockwell C-40-45.
c) Barras ou forjados podem ser banhados em água de 1.500º a 1.600º F.
d) O resfriamento a ar da temperatura de normalização produzirá uma resistência a tensão de aproximadamente
90.000 p.s.i.
e) Para a têmpera de molas retirar de 850º a 950º F Dureza Rockwell.
f) Retirar de 350º a 450ºF para remover deformações causadas pelo banho. Dureza Rockwell C-60-65.
g) Recozimento de 1.600º a 1.700º F para remover estresses causados por soldas ou usinagem a frio. Só pode ser
aplicado ao aço contendo titanio ou “columbium)”.
h) Recozimento de 1.900º a 2.100º F, para produzir o máximo amolecimento e resistência a corrosão. Resfriar no ar
ou banho em água.
i) Endurecimento somente por usinagem a frio.
j) O menor valor para chapas de 0,06” e mais finas. O valor médio para chapas e arames de 0,125”. O maior valor
para forjados.
k) Não recomendado para resistência a tensão causadas por fracos impactos.
l) AN-QQ-S-770 - é o recomendado para, antes da têmpera, o aço resistente a corrosão (16 Cr-2 Ni) seja banhado em
óleo da temperatura de 1,875º a 1.900º F, em seguida, em período de resfriamento de ½ hora nessa temperatura.
Para obter uma resistência a tensão de 115.000 p.s.i., a temperatura da têmpera deverá ser de aproximadamente
525º F. Manter nessa temperatura por 2 horas é o recomendado. Temperatura de têmpera entre 700º e 1.000º F
não serão aprovadas.
m) Retirar a aproximadamente 800º F e resfriar em ar frio para uma dureza Rockwell de C-50.
n) A água usada para banhos não deverá exceder 65º F. O óleo usado para banhos deverá estar entre 80º e 150º F de
temperatura.

Figura 6-65 Procedimentos no tratamento a quente dos aços.

A profundidade, até aonde o carbono pe- Como resultado, o tempo requerido para
netra na peça, vai depender do tempo em que a produzir uma profundidade de penetração varia
peça é mantida no forno a essa temperatura com a composição da liga metálica.
Para se ter uma idéia, quando a peça de
aço é mantida nessas condições de aquecimento Nitretação
por oito horas, o carbono penetra a uma pro-
fundidade de 0,062 in (cerca de 1,6 milímetros) Na nitretação, ao contrário dos outros
Outro método de carbonetação chamado processos de cementação, a peça é tratada ter-
"gás carburizing", um material rico em carbono, micamente antes da nitretação, para produzir o
é introduzido na atmosfera do forno. efeito final desejado, ou seja: a peça é endure-
A atmosfera carburizante é produzida cida (temperada) e revenida, antes de ser nitre-
pelo uso de gases diversos ou pela queima de tada.
óleo, madeira ou qualquer outro material rico A maioria dos aços pode ser nitretado,
em carbono. mas, para melhores resultados, são exigidas li-
Quando a peça de aço é aquecida nessa gas especiais. Essas ligas contêm alumínio co-
atmosfera, o monóxido de carbono se combina mo um dos elementos de liga, e são chamados
com o ferro gama produzindo o mesmo efeito, "nitralloys".
como descrito anteriormente, pelo método "pack Na nitretação, a peça é colocada em um
carburizing". forno especial e aquecida a uma temperatura de
Um terceiro método de carburização é 1000º F (± 540º C). Estando a peça nessa tem-
chamado de "liquid carburizing". peratura, gás amoníaco é posto a circular dentro
Nesse método o aço é colocado em um de uma câmara especialmente projetada constru-
banho de sal fundido que contém produtos quí- ída dentro desse forno.
micos, que em última análise, resultam num A alta temperatura divide o gás em mo-
efeito semelhante aos dois métodos anteriores. léculas de hidrogênio e nitrogênio. Parte do gás
Ligas de aço com baixo carbono assim amoníaco que não se divide fica retido no filtro
como aços de baixo teor de carbono, podem ser de água situado abaixo do forno.
cementadas por qualquer um dos três métodos. O nitrogênio reage com o ferro para
Entretanto, algumas ligas contendo níquel (por formar nitreto. O nitreto de ferro fica disperso
exemplo), tendem a retardar a absorção do car- em partículas minúsculas na superfície e vai
bono. penetrando na peça.
6-102
A profundidade da penetração depende 2. Manutenção da peça a essa temperatura por
do tempo do tratamento. Na nitretação, períodos um específico intervalo de tempo.
de permanência de 3 dias são freqüentemente 3. Rápida imersão em banho refrigerante a uma
requeridos para produzir a espessura de cemen- temperatura relativamente baixa.
tação desejada. 4. Envelhecimento ou endurecimento por pre-
A nitretação tem a vantagem de ser realizada cipitação, tanto espontaneamente à tempera-
com a mínima distorção, dada a baixa tempera- tura ambiente, quanto como resultado de tra-
tura relativa em que as peças são cementadas, tamento à baixa temperatura.
além do que nenhuma necessidade de imersão
em líquido (para resfriamento) é exigida após a Os três primeiros passos acima são co-
exposição ao gás amoníaco. nhecidos como tratamento de solução a quente,
embora tenha se tornado prática comum o uso
TRATAMENTO TÉRMICO DE METAIS do termo simplificado tratamento térmico. En-
NÃO FERROSOS durecimento à temperatura ambiente é conhe-
cido como envelhecimento natural, enquanto o
Ligas de alumínio endurecimento ocorrido a temperaturas mode-
radas é chamado de envelhecimento artificial ou
Há dois tipos de tratamentos térmicos tratamento de precipitação a quente.
aplicáveis às ligas de alumínio. Um é chamado
de tratamento de solução a quente; e o outro, TRATAMENTO DE SOLUÇÃO À QUEN-
tratamento de precipitação a quente (envelheci- TE
mento artificial). Algumas ligas, como a 2017 e
a 2024, desenvolvem suas propriedades plena- As temperaturas usadas para tratamento
mente como resultado do tratamento de solução de solução à quente variam, conforme a liga
a quente, seguido de quatro dias de envelheci- empregada, de 825º F (440º C) até 980º F (525º
mento à temperatura ambiente. Outras ligas, tais C).
como 2014 e 7075, requerem todos os dois tipos Como regra, elas devem ser controladas
de tratamento. dentro de uma faixa bem estreita (± 10º F ou ±
As ligas que requerem tratamento 5º C) para que se obtenham as propriedades es-
de precipitação à quente (envelhecimento artifi- pecíficas.
cial) para desenvolverem suas resistências má- Caso a temperatura seja muito pequena,
ximas, também são capazes de envelhecerem a a resistência máxima não será obtida. Quando
um valor limitado na temperatura ambiente; a uma temperatura excessiva é usada, há o perigo
taxa e a quantidade de enrijecimento depende da de que haja fusão dos constituintes da liga de
liga. Algumas alcançam seu envelhecimento baixo ponto de fusão (em algumas ligas), com a
natural, ou à temperatura ambiente, em poucos conseqüente diminuição de suas propriedades
dias, e são designadas como condição "-T4" ou físicas. Mesmo que não ocorra a fusão, o em-
"- T3". prego de temperaturas acima da recomendada,
Outras continuam a envelhecer por um promove a descoloração e aumenta as tensões
período consideravelmente longo. Por causa do causadas pelo resfriamento.
seu envelhecimento natural, a designação "-W"
é especificada somente quando o período de Tempo de permanência na temperatura
envelhecimento é indicado, como por exemplo:
7075 -W (1/2 horas). Então, há uma considerá- O tempo que a peça permanece à tempe-
vel diferença nas propriedades físicas e mecâni- ratura do tratamento (SOAKING TIME) é me-
cas de um material recentemente tratado (- W) e dido a partir do momento em que a peça a ser
um material na condição "- T3" ou "- T4". aquecida atinge o limite inferior da faixa de
O endurecimento de uma liga de alumí- temperatura do tratamento. O tempo de perma-
nio por tratamento térmico consiste de quatro nência na faixa de temperatura do tratamento
passos distintos: depende da liga e da espessura da peça, varian-
do de 10 minutos para chapas finas, até aproxi-
1. Aquecimento a uma temperatura pré de- madamente 12 horas para forjamentos pesados.
terminada. Para peças de porte, um valor aproximado de
6-103
1 hora por polegada de espessura, pode ser con- Três métodos distintos de resfriamento
siderado uma boa aproximação (ver Figura 6- são empregados. Aquele que vai ser usado de-
66). pende da peça, da liga e das propriedades dese-
O tempo que a peça vai permanecer na jadas.
temperatura do tratamento é escolhido, de tal
forma, que seja o mínimo necessário para de- Resfriamento em água fria
senvolver as propriedades físicas requeridas.
Um tempo menor que o necessário não permite Peças produzidas a partir de chapas, extrusão,
que o metal desenvolva as propriedades físicas tubos, forjados pequenos, ou material similar
esperadas. Já um tempo elevado agrava os pro- são resfriados em banho de água fria. A tempe-
blemas inerentes ao aumento da oxidação cau- ratura da água, antes do resfriamento, não deve
sada pelo calor. Com o material protegido pelo exceder 85º F (± 30º C). A massa de água deve
cladeamento, o aquecimento prolongado resulta ser tal que a temperatura, após a imersão da pe-
numa excessiva difusão do cobre, ou outros ça aquecida, não suba mais que 20º F (± 10º C).
constituintes solúveis na liga, através da camada Esse resfriamento rápido garante uma
protetora de alumínio puro do cladeamento, o maior resistência a corrosão em função da rapi-
que pode afetar os propósitos do cladeamento. dez da exposição. Esse fato é particularmente
importante quando se trata de ligas como a
Resfriamento 2017, 2024 ou 7075. Essa é a razão principal da
preferência pelo método, muita embora o resfri-
Após estarem os elementos solúveis sóli- amento lento também produza as propriedades
dos, o material é resfriado para prevenir ou re- mecânicas requeridas.
tardar a precipitação imediata.

Figura 6-66 Tempo de permanência na temperatura para tratamento a quente.

Resfriamento em água quente quase qualquer tipo de liga, revestidas por alu-
Grandes peças forjadas, de seções espes- mínio puro (cladeamento).Esse tipo de resfria-
sas, podem ser resfriadas em água quente ou mento também minimiza a distorção e evita a
fervente. Esse tipo de resfriamento minimiza a formação de trincas. Todavia, muitas es-
distorção e evita trincas, as quais podem ser pecificações proíbem o uso do resfriamento por
produzidas pela diferença das temperaturas ob- pulverização para chapas desprotegidas de ligas
tidas durante o resfriamento. O uso de resfria- 2017 e 2024 por causa do seu efeito nefasto na
mento em água quente é permitido para essas resistência à corrosão.
partes, porque a temperatura da água do banho Intervalo entre a retirada do forno e o resfri-
não afeta criticamente a resistência à corrosão amento
das ligas forjadas. Em adição, a resistência à
corrosão das seções espessas não é um fator O intervalo entre a retirada do forno e o
crítico, como para as seções frias. resfriamento, é crítico para o material (especi-
almente para determinar ligas), e deve ser sem-
Resfriamento por pulverização pre o menor possível.
Quando efetuando tratamento por solu-
Pulverização com água a alta velocidade é útil ção a quente em chapas de liga 2017 e 2024,
para peças formadas por uma espessa seção de esse intervalo não deve exceder 10 segundos.
6-104
Tratando-se de seções com espessuras maiores, de tratamento de solução a quente. Para obter a
esse tempo pode ser ligeiramente maior. máxima resistência dessas ligas, elas devem ser
Permitir que o metal resfrie, mesmo que naturalmente envelhecidas ou endurecidas por
ligeiramente, antes do resfriamento propriamen- precipitação. Durante as operações, de endure-
te dito, permite que haja precipitação da solução cimento e enrijecimento, acontece a precipita-
sólida. A precipitação ocorre em torno da vizi- ção dos constituintes de uma solução supersatu-
nhança do grão e em certos planos ou direções rada. A medida que a precipitação prossegue, a
preferenciais, causando uma formação de- resistência do material aumenta, freqüentemente
feituosa. No caso das ligas 2017, 2024 e 7075, a através de uma série de picos, até que o valor
resistência à corrosão intergranular é afetada máximo é atingido.
adversamente. Envelhecimento posterior (sobre enve-
lhecimento) faz com que a resistência decline
Tratamento de reaquecimento uniformemente até que alguma condição estável
qualquer seja atingida.
O tratamento térmico de um material que As partículas submicroscópicas que fo-
já tenha sido previamente aquecido é consi- ram precipitadas provêem as aberturas ou blo-
derado um tratamento de reaquecimento. As queios dentro da estrutura do grão e entre os
peças feitas com ligas não cladeadas podem ser grãos - para resistir ao deslizamento interno,
tratadas por solução a quente repetidamente sem quando uma carga de qualquer tipo for aplicada.
efeitos danosos. Dessa forma, a resistência e a dureza de uma
Já o número de tratamentos por solução liga são incrementadas.
a quente, permitidos a uma chapa cladeada, é O endurecimento por precipitação pro-
limitado devido ao incremento da difusão dos duz um grande aumento na resistência e na du-
componentes da liga, através do cladeamento reza do material, com a correspondente diminu-
em cada reaquecimento. Existem, entretanto, ição nas propriedades ligadas à dutilidade.
algumas especificações, permitindo de um a três O processo usado para obtenção do de-
reaquecimentos do material cladeado, depen- sejado aumento na resistência, é conhecido co-
dendo da espessura do cladeamento. mo envelhecimento ou endurecimento por pre-
cipitação O enrijecimento das ligas termicamen-
Alinhamento após tratamento por solução a te tratáveis por envelhecimento, não é meramen-
quente te devido à presença de um precipitado. A resis-
tência é devida a ambos - a distribuição unifor-
Algumas distorções e empenamentos me do precipitado submicroscópico, finamente
ocorrem durante o tratamento por solução a disperso, e o seu efeito sobre a estrutura crista-
quente, produzindo ondulações ou torções nas lina da liga.
peças tratadas. Essas imperfeições são geral- As práticas de envelhecimento usadas,
mente removidas pelo alinhamento ou desem- dependem também de muitas outras proprieda-
penamento. des, além da resistência
Onde as operações de alinhamento pro- Como uma regra geral, a ligas artificial-
duzem um apreciável aumento na tensão e di- mente envelhecidas, são ligeiramente sobre-
minuição da resistência, além de uma pequena envelhecidas para aumentar a resistência à cor-
diminuição no alongamento, o material passa a rosão dessas ligas. Isto é mais verdade quando
ter a designação de condição "- T3". Quando os se trata de envelhecimento artificial de ligas de
parâmetros acima, não são materialmente ou alto teor de cobre que são susceptíveis à corro-
praticamente afetados, o material é classificado são intergranular, quando envelhecidas inade-
na condição "- T4". quadamente.
Ligas de alumínio termicamente tratá-
TRATAMENTO POR PRECIPITAÇÃO A veis são divididas em duas classes: as que ob-
QUENTE têm resistências máximas à temperatura ambien-
te, e as que requerem envelhecimento artificial.
Como já observado, as ligas de alumínio s ligas que obtém sua resistência máxima após 4
estão num estado de relativa maciez, imediata- ou 5 dias à temperatura ambiente são conheci-
mente, após o resfriamento de uma temperatura das como ligas de envelhecimento natural. A
6-105
precipitação a partir de solução sólida supersa- podem ser guardadas, para serem posteriormen-
turada começa cedo, logo após o resfriamento, te utilizadas, nas condições "-T4" e "- T3".
com 90% da resistência máxima geralmente Ligas com alto teor de zinco, como a
sendo obtida em 24 horas. Ligas 2017 e 2024 7075, continuam a envelhecer apreciavelmente,
são de envelhecimento natural. mesmo após um longo período de tempo, sendo
As ligas que requerem tratamento de suas propriedades mecânicas afetadas até redu-
precipitação a quente para desenvolver a máxi- zirem suas capacidades de serem conformadas.
ma resistência são ligas envelhecidas artificial- A vantagem da condição "-W" é que sua
mente. Entretanto, essas ligas também envelhe- conformabilidade não é afetada, como seria com
cem um pouco menos à temperatura ambiente, ligas de envelhecimento natural, desde que sua
sendo a razão ou taxa de enrijecimento e sua conformação (ou utilização), seja efetuada logo
extensão dependente da liga. uitas das ligas en- após o tratamento de solução a quente ou seja
velhecidas artificialmente atingem a resistências mantida em refrigeração.
por envelhecimento máximo natural, ou à tem- A refrigeração retarda a velocidade na-
peratura ambiente após uns poucos dias. Estas tural de envelhecimento.

Figura 6-67 Condições para tratamento a quente das ligas de alumínio.

A 32º F (0º C), o início do processo de Aumentando-se a temperatura do envelhecimen-


envelhecimento é atrasado por algumas horas, to, diminue-se o tempo de permanência a essa
enquanto o gelo seco (de - 50º F ou - 45º C até temperatura, necessária para o envelhecimento
- 100º F ou - 70º C) retarda o envelhecimento apropriado. Entretanto, um controle acurado,
por um período de tempo bem mais extenso. tanto do tempo quanto da temperatura, faz-se
necessário, especialmente quando se trabalha na
Práticas faixa de altas temperaturas.
Após receber o tratamento térmico de
As temperaturas usadas para endureci- precipitação, o material deve ser resfriado à
mento por precipitação dependem das ligas e temperatura ambiente. O resfriamento à água,
das propriedades desejadas, variando de 250º F embora não necessário, não produz nenhum
(120º C) até 375º (190º C). Essas temperaturas efeito danoso. Resfriamento dentro do forno tem
devem ser controladas dentro de uma faixa bem tendência a produzir sobre envelhecimento.
estreita (5º F ou 2,5º C) para que sejam obtidos
os melhores resultados (ver Figura 6-67). RECOZIMENTO DAS LIGAS DE ALU-
O tempo de permanência à temperatura MÍNIO
considerada (SOAKING TIME), depende da
temperatura usada, das propriedades desejadas e O procedimento para recozimento das
da composição da liga. Vai de 8 a 96 horas. ligas de alumínio consiste no aquecimento des-
6-106
sas ligas a uma temperatura elevada, mantendo- rem tais (em termos de temperatura) que pro-
a nessa temperatura num determinado intervalo movam o seu envelhecimento, o que é possível
(dependendo da massa do material), resfriando para essas ligas, então os rebites devem ser no-
em ar calmo. O recozimento deixa o metal na vamente tratados termicamente antes do seu
melhor condição possível para conformação a uso. A liga 2017 torna-se dura para rebitagem
frio (trabalho a frio). Entretanto, quando opera- após 1 hora, ao passo que a liga 2024 sofre o
ções prolongadas de conformação a frio são mesmo endurecimento após 10 minutos do res-
realizadas, o metal passa a adquirir endureci- friamento. Ambas as ligas citadas, devem ser
mento por conformação a frio (endurecimento tratadas termicamente, tantas vezes quantas ne-
por trabalho a frio) e a opor resistência a novos cessárias. Para minimizar a corrosão intergra-
trabalhos de conformação a frio. Assim, passa a mular, os rebites devem ser anodizados antes do
ser fundamental o recozimento das peças nos tratamento térmico. Caso os rebites sejam man-
intervalos entre um e outro processo de con- tidos a baixa temperatura (32º F ou 0º C), tão
formação a frio, a fim de se evitar a formação de logo sejam resfriados, eles permanecerão ma-
trincas. Ligas de alumínio recozidas, por serem cios por bastante tempo.
muito macias e facilmente deformáveis, não Rebites que exijam tratamento térmico
devem ser usadas para a fabricação de peças e são aquecidos; ou, em recipientes cilíndricos
fixações. imersos em banho de sal; ou, em pequenas ces-
Peças cladeadas devem ser aquecidas tão tas colocadas em fornos a ar. O tratamento para
rápida e cuidadosamente quanto possível, posto a liga 2017 consiste em sujeitar o material feito
que o prolongado e desnecessário (além da con- dessa liga, no caso os rebites, a uma temperatura
ta) aquecimento tende a fazer com que os ele- entre 930º F e 950º F (500º C e 510º C) durante
mentos da liga se difundam através do alumínio 30 minutos e, imediatamente, resfriar esse mate-
puro do cladeamento. rial em água fria. Esses rebites alcançarão suas
resistências máximas em 9 dias após instalados.
TRATAMENTO TÉRMICO DOS REBITES Rebites de liga 2024 devem ser aquecidos a uma
DE LIGA DE ALUMÍNIO temperatura entre 910º F e 930º F (490º C e
500º C) e, imediatamente, resfriados em água
Os rebites de liga de alumínio são forne- fria. Esses rebites desenvolvem uma resistência
cidos com as seguintes ligas: 1100, 5056, 2117, ao cisalhamento maior que a dos rebites de liga
2017 e 2024. 2017 e, são usados em posições onde uma resis-
Os rebites de liga 1100 são usados do tência adicional é requerida. Rebites de liga
jeito que saem das suas embalagens, para rebi- 2024 desenvolvem suas resistências máximas ao
tagem de chapas de alumínio onde rebites de cisalhamento 1 dia após terem sido instalados.
baixa resistência são suficientes. Os rebites de Os rebites de liga 2017 devem ser insta-
liga 5056 são usados da mesma forma, só que lados dentro de aproximadamente 1 hora; e os
para chapas de liga de alumínio com magnésio. rebites de liga 2024, dentro de 10 ou 20 minu-
Os rebites de liga 2117 têm resistência tos, após o tratamento térmico ou retirada do
moderadamente alta, sendo utilizados para rebi- refrigerador. Caso não sejam usados nesses in-
tagem de chapas em geral. Esses rebites rece- tervalos, os rebites devem ser novamente tra-
bem um único tratamento térmico, feito pelo tados termicamente antes de serem refrigerados.
fabricante. Como os rebites de liga 2117 man-
têm suas características indefinidamente, após
submeterem-se ao tratamento térmico, podem TRATAMENTO TÉRMICO DAS LIGAS
ser utilizados a qualquer momento. Os rebites DE MAGNÉSIO
dessa liga são os mais empregados na constru-
ção aeronáutica. Fundidos em ligas de magnésio, ade-
Os rebites de ligas 2017 e 2024 têm ele- quam-se facilmente ao tratamento térmico, sen-
vada resistência, sendo principalmente utiliza- do que na construção aeronáutica, o magnésio é
dos em estruturas de liga de alumínio. São obti- usado principalmente como fundido (cerca de
dos do fabricante na condição de termicamente 95% das peças feitas desse metal).
tratados. Entretanto, se as condições vigentes no O tratamento térmico dos fundidos em
ambiente onde os rebites ficarem estocados fo- ligas de magnésio é similar ao tratamento térmi-
6-107
co das ligas de alumínio, pelo fato de existirem ajuda a evitar um início de incêndio, caso a
dois tipos de tratamento térmico: temperatura exceda um pouco o limite.
Resfriamento ao ar é usado após o tra-
1. Tratamento de solução a quente. tamento de solução a quente das ligas de mag-
2. Tratamento de precipitação a quente (enve- nésio, desde que não haja vantagem no resfria-
lhecimento). mento por líquido.

O magnésio, entretanto, desenvolve mu- Tratamento de precipitação a quente


danças quase imperceptíveis em suas proprieda-
des, quando se permite o seu envelhecimento Após o tratamento de solução a quente,
natural à temperatura ambiente. as ligas de magnésio podem ser submetidas a
um tratamento de envelhecimento, para aumen-
Tratamento de solução a quente tar o endurecimento e incrementar a resistência.
Geralmente, tratamentos de envelhecimento são
Fundidos de liga de magnésio são trata- usados meramente para aliviar tensões e estabi-
dos por solução a quente para melhorar a resis- lizar as ligas, a fim de prevenir posteriores vari-
tência à tração, dutilidade e resistência ao im- ações dimensionais, especialmente durante ou
pacto. Essa condição de tratamento térmico é após a usinagem. Ambos, o incremento da resis-
indicada pelo uso do símbolo "-T4" seguido da tência e da dureza, são conseguidos em parte
designação da liga. Tratamento de solução a por esse tratamento, mas com uma ligeira perda
quente seguido do envelhecimento artificial é na dutilidade. A resistência à corrosão é também
designado por "-T6". O envelhecimento artifi- melhorada, aproximando nesse sentido as carac-
cial é necessário para desenvolver todas as pro- terísticas de uma liga fundida.
priedades do metal. As temperaturas para o tratamento de
As temperaturas usadas no tratamento de precipitação a quente são consideravelmente
solução a quente para fundidos de liga de mag- menores que as temperaturas para o tratamento
nésio variam de 730º F (390º C) a 780º F (420º de solução a quente, e variam de 325º F (165º
C), dependendo da liga. C) a 500º F (260º C). O tempo em que as peças
A especificação MIL-H-6857 lista a devem permanecer nessas temperaturas varia de
temperatura para cada liga. O limite superior de 4 a 18 horas.
cada faixa de temperatura, é a temperatura má-
xima, até que a liga possa ser aquecida sem cor-
rer o risco de que o metal se funda ou derreta. TRATAMENTO TÉRMICO DO TITÂNIO
O tempo de permanência nessa tempera-
tura varia de 10 a 18 horas, sendo que o valor O titânio é tratado termicamente com os
mais correto de permanência depende da liga e seguintes objetivos:
da espessura da peça. Peças com mais de 2 pole-
gadas de espessura podem exigir tempos maio- 1. Alívio das tensões adquiridas durante a con-
res. Ligas de magnésio não podem nunca ser formação a frio ou usinagem.
aquecidas em banho de sal, posto que há o peri- 2. Recozimento após trabalho a quente ou a
go de explosão, dada a reatividade do magnésio. frio (conformação) ou para consignar a má-
Um sério perigo potencial de fogo existe xima ductilidade para um posterior trabalho
no tratamento térmico das ligas de magnésio. a frio.
Caso haja alguma falha e a temperatura seja ex- 3. Endurecimento térmico para aumentar a re-
cedida, a peça fundida pode auto-incendiar-se. sistência.
Por essa razão, o forno usado deve ser equipado
com uma chave de corte que desligue o aqueci- Alívio das tensões
mento e inicie o seu resfriamento, caso haja
falha no funcionamento do equipamento regular O alívio das tensões é geralmente usado
de controle. para remover a concentração de tensões, resul-
Algumas ligas de magnésio requerem tantes da conformação das chapas de tintânio. É
uma atmosfera protetora, de dióxido de enxofre, realizado em faixas de temperatura de 650º F
durante o tratamento de solução à quente. Isso (340º C) a 1000º F (540º C).
6-108
O tempo de permanência nessas tempe- Cementação
raturas varia de uns poucos minutos para chapas
muito finas, até uma hora ou mais para seções A atividade química do titânio e sua rá-
espessas. pida absorção de oxigênio, nitrogênio e carbono
Um tratamento comum de alívio das a temperaturas relativamente baixas, fazem da
tensões é feita a 900º F (480º C), por 30 minu- cementação um tratamento vantajoso. A nitre-
tos, seguido de resfriamento em ar ambiente. tação, a carbonetação (a cementação como é
A descoloração (manchas) ou casca (ca- comumente conhecida) e a carbonitretação po-
repa) que se forma na superfície do metal, du- dem ser usadas para produzir camadas resisten-
rante o alívio das tensões, é facilmente re- tes ao desgaste superficial, de 0,0001 a 0,0002
movido por imersão em solução ácida. Essa polegada de profundidade.
solução contém 10% a 20% de ácido nítrico e
1% a 3% de ácido fluorídrico.
A solução deve estar à temperatura am- TESTES DE DUREZA
biente ou ligeiramente acima dessa temperatura.
Os testes de dureza são um método para
determinação dos resultados de um tratamento
Recozimento pleno térmico, assim como da condição de dureza do
metal, antes do tratamento térmico. Uma vez
O recozimento do titânio ou das ligas de que os valores de dureza possam ser correlacio-
titânio provê maleabilidade e ductilidade à tem- nados aos valores de resistência à tração e, par-
peratura ambiente; estabilidade dimensional e cialmente, com os de resistência ao desgaste, os
estrutural à temperaturas elevadas; e facilita a testes de dureza são um controle útil para trata-
usinagem. mento térmico e propriedades dos materiais.
O recozimento pleno é, geralmente, efe- Praticamente todos os equipamentos
tuado como preparação de uma operação poste- atuais para teste de dureza usam a resistência à
rior. É realizado entre 1200º F (650º C) e 1650º penetração como medida de dureza.
F (900º C). Incluem-se entre os mais conhecidos
O tempo em que a peça permanece nessa testes de dureza o BRINELL e o ROCKWELL,
temperatura varia de 16 minutos a várias horas, ambos descritos adiante. Da mesma forma há
dependendo da espessura do material e da quan- uma referência ao testador portátil de dureza.
tidade de trabalho a frio realizado.
Um tratamento típico usado para ligas de Medidor BRINELL de dureza
titânio é realizado a 1300º F (700º C), por uma
hora, seguida por resfriamento ao ar ambiente. O medidor BRINELL de dureza (Figura
O recozimento pleno, geralmente resulta 6-68) usa uma esfera de aço muito duro, que é
numa grande formação de casca (carepa), que pressionada contra a superfície do metal. Essa
requeira a sua decapagem cáustica, como um esfera tem 10 milimetros de diâmetro. Uma
banho de hidróxido de sódio (soda cáustica). pressão de 3000 Kg é aplicada por 10 segundos
se o metal por ferroso; uma pressão de 500 Kg é
aplicada por 30 segundos se o metal não for
Endurecimento térmico ferroso.
Essa carga é transferida por pressão hi-
Titânio puro não pode ser termicamente dráulica e indicada por um manômetro. Passado
tratado, mas suas ligas comumente usadas na o tempo de aplicação da carga, o sistema é ali-
indústria aeronáutica podem ser endurecidas por viado e a marca circular tem seu diâmetro im-
tratamento térmico, geralmente com com- presso, medido em milímetros, através de um
prometimento da ductilidade. microscópio.
Para melhores resultados, o resfriamento A fim de se determinar o índice de dure-
em banho de água, após aquecimento a 1450º f za BRINELL, há uma tabela que faz referência
(790º C), seguido de reaquecimento a 900º F do diâmetro da marca impressa com a respectiva
(480º C), por oito horas, é recomendado. dureza.

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Figura 6-69 Medidor Rockwell de dureza.

Figura 6-68 Medidor Brinell de dureza. Para aços endurecidos (temperados), é


usado o penetrador de diamante, a carga maior é
Medidor ROCKWELL de dureza de 150 quilogramas e a dureza é lida na escala
"C" do mostrador. Nesse caso, quando a leitura
O medidor ROCKWELL de dureza (Fi- é feita, deve ser referida a escala ROCKWELL
gura 6-69) mede a resistência à penetração, do "C", usada para testes com metais de dureza C-
mesmo modo que o medidor BRINELL. Porém, 20 ao aço mais duro (geralmente em torno de C-
ao contrário de medir o diâmetro da marca da 70). Caso o metal seja mais macio que C-20, é
impressão, o medidor ROCKWELL de dureza usada a escala ROCKWELL "B". Então o pe-
mede a profundidade da penetração, sendo que a netrador passa a ser uma esfera de aço de 1/16
dureza é indicada diretamente na máquina (mos- da polegada e a carga maior, 100 quilogramas.
trador). Os dígitos do círculo externo do mos- Além das escalas ROCKWELL "B" e"C",
trador são pretos; os dígitos do círculo interno são usadas outras para testes especiais. As es-
são vermelhos. calas, penetradores, cargas maiores e valores
Os índices ROCKWELL de dureza são das escalas correspondentes, estão listados na
baseados na diferença de profundidade da pene- Figura 6-70.
tração, consideradas uma carga grande e outra
menor. Quanto maior for essa diferença, menor Símbolo Penetrador Carga Número
o índice de dureza e, consequentemente, mais da maior do dial
macio é o material. escala (Kg)
Dois tipos de penetradores são usados
A Diamante 60 Preto
pelo medidor ROCKWELL de dureza: um cone
B Bola de 1/16” 100 Vermelho
de diamante e uma esfera de aço endurecido. A C Diamante 150 Preto
carga que força o penetrador contra o metal é D Diamante 100 Preto
chamada de carga maior, e, é medida em qui- E Bola de 1/8” 100 Vermelho
logramas. F Bola de 1/16” 60 Vermelho
Os resultados obtidos por cada pene- G Bola de 1/16” 150 Vermelho
trador e a combinação de cargas são registrados H Bola de 1/8” 60 Vermelho
em escalas separadas, designadas por letras. O K Bola de 1/8” 150 Vermelho
penetrador, a carga maior e a escala variam com
o tipo de metal a ser testado. Figura 6-70 Escala padrão Rockwell de dureza.
6-110
O medidor ROCKWELL de dureza é eliminado, aparelhando-se uma pequena área
equipado com um suporte para as cargas (pe- desse corpo, sobre o qual será efetuado o teste.
sos). Dois pesos são fornecidos com o equi- Ligas de alumínio cladeadas na forma de
pamento; sendo um marcado de vermelho e ou- chapas não podem ser testadas diretamente com
tro, de preto. Sem peso no suporte, há uma apli- o medidor ROCKWELL de dureza, a menos que
cação de carga da ordem de 60 quilogramas. se remova a camada de proteção e se faça o tes-
Caso a escala selecionada exija uma carga de te com o miolo.
100 quilogramas, o peso vermelho é colocado
no suporte. Para uma carga de 150 quilogramas, Medidor BARCOL de dureza
o peso preto é adicionado ao suporte junto com
o peso vermelho. O peso preto é sempre usado O medidor BARCOL de dureza (Figura
junto ao peso vermelho; nunca é usado sozinho. 6-71) é uma unidade portátil projetada para efe-
Praticamente todos os testes são realiza- tuar testes em ligas de alumínio, cobre, latão e
dos nas escalas ROCKWELL "B" e "C". Para outros materiais, relativamente macios. Não
essas escalas, as cores podem ser usadas como deve ser usado em aços aeronáuticos.
uma referência para a seleção do peso (ou pe- A faixa de utilização desse equipamento
sos) e para a leitura do mostrador. varia de 25 a 100 Brinel. Essa unidade pode ser
A escala ROCKWELL "B" usa o peso usada em qualquer posição e em espaços exí-
vermelho e confirma os resultados com os dígi- guos, onde caiba a mão do operador. É de gran-
tos vermelhos do mostrador. A escala de utilidade para a realização de teste de dureza
ROCKWELL "C" usa os pesos vermelho e preto para peças ou componentes já instalados, espe-
e confirma os resultados com os dígitos pretos cialmente para confirmar a qualidade do trata-
do mostrador. mento térmico.
Na utilização do equipamento, usa-se A dureza é indicada num mostrador di-
primeiro o penetrador de diamante, para testar- vidido em 100 graduações.
mos um material tido como duro em primeira O projeto do medidor BARCOL de du-
aproximação. reza, foi feito de tal forma, que não exige habili-
Sendo a dureza desconhecida, tenta-se dade do operador. Basta exercer uma ligeira
primeiro o penetrador de diamante, porque caso pressão contra o material a ser testado para que
fosse usada inicialmente a esfera de aço e, sendo uma mola com carga preestabelecida force um
o material muito duro, a esfera poderia ser da- penetrador contra esse material.
nificada. Confirmado que a dureza é menor que A sua dureza é lida, no mesmo momen-
ROCKWELL "C-22", passa-se então à esfera e a to, no mostrador.
à escala ROCKWELL "B". Leituras típicas de ligas de alumínio u-
Antes da carga maior ser aplicada, o suais, testadas por esse método, são listadas na
objeto deve ser firmemente preso aonde vai ser tabela 6-72.
testado, para prevenir que escorregue durante a Observe que os valores da escala
aplicação da carga. Com esse propósito, uma BARCOL de dureza são maiores quanto maior
carga de 10 quilogramas é aplicada preliminar- for a dureza do material.
mente e, é chamada de carga menor. Esse valor Para prevenir danos à ponta do penetra-
(10kg) independe da escala selecionada. dor, deve-se evitar que a mesma arraste-se ou
O material metálico a ser testado deve resvale sobre a superfície, quando da realização
estar apoiado suavemente no suporte de teste do do teste.
equipamento, e deve estar livre de arranhaduras Caso a ponta fique danificada, deve ser
e materiais estranhos. prontamente substituída por uma nova. Não
Suas superfície deve ficar perpendicular deve ser feita nenhuma tentativa de amolá-la em
ao eixo do penetrador e suas duas faces (opos- esmeril. Cada medidor BARCOL de dureza vem
tas) devem ser paralelas. Caso as superfícies não equipado com um disco para teste das condições
sejam paralelas, o erro obtido na medição, será a da ponta do penetrador.
função dessa ausência de paralelismo. Para que se efetue o teste, basta pressio-
Uma superfície curva poderá ser respon- nar o instrumento contra o disco de teste, con-
sável por uma leitura ligeiramente errada, de- firmando-se a leitura do mostrador com o valor
pendendo da curvatura. Esse erro poderá ser especificado nesse disco.
6-111
Liga e Número
Têmpera Barcol
1100-O 35
3003-O 42
3003-H14 56
2024-O 60
5052-O 62
5052-H34 75
6061-T 78
2024-T 85

Figura 6-71 Medidor Barcoll de dureza (portá- Figura 6-72 Leituras típicas Barcol para ligas
til). de alumínio

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