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CAPÍTULO 10

PRINCÍPIOS DA INSPEÇÃO

INTRODUÇÃO a inspeção adequada é executada ao se expirar o


prazo correspondente a um número específico de
As inspeções são exames, visuais e ma- semanas. Este sistema é bastante eficiente sob o
nuais, para determinar a condição de um compo- ponto de vista de controle da manutenção. A
nente ou de um avião. A inspeção do avião pode substituição programada de componentes que
se estender desde uma simples caminhada em possuem horas limites operacionais é, normal-
volta do mesmo até um exame detalhado, com- mente, efetuada durante a inspeção sob calendá-
preendendo uma completa desmontagem, e a rio mais próximo destas limitações.
utilização de complexos auxílios à inspeção. Em alguns casos, é estabelecido um limi-
Um sistema de inspeção consiste de di- te para as horas de vôo, compreendidas entre os
versos processos, compreendendo: intervalos das inspeções pelo sistema de calendá-
rio.
1) As reclamações feitas pela tripulação A inspeção programada, sob o sistema de
ou inspetor do avião; e horas de vôo, tem lugar quando é acumulado um
número específico de horas voadas. Também,
2) As inspeções regularmente programa- neste caso, os componentes que possuem horas
das para o avião. O sistema de inspeção é proje- limites operacionais são substituídos durante a
tado para manter o avião na melhor condição inspeção mais próxima destas limitações.
possível. As inspeções gerais e periódicas devem
ser consideradas a coluna mestra de um bom INSPEÇÕES OBRIGATÓRIAS
programa de manutenção. A inspeção irregular
ou ocasional resultará certamente na deterioração O órgão regulador do governo estipula a
gradual e total de uma aeronave. O tempo que inspeção de toda aeronave civil a intervalos es-
deverá ser gasto na conseqüente recuperação pecíficos, dependendo geralmente do tipo de
será bem mais longo que o tempo ganho nas rá- operação que realiza, com a finalidade de com-
pidas inspeções de rotina e manutenção. provar seu estado geral. Alguns aviões devem
ser inspecionados de 12 em 12 meses, enquanto
Está provado que as inspeções regular- outros a cada 100 horas de vôo.
mente programadas e a manutenção preventiva Em certos casos, um avião pode ser ins-
asseguram boas condições de vôo. As falhas ope- pecionado de acordo com um sistema que possi-
racionais e defeitos do equipamento são aprecia- bilite sua inspeção total ao longo de determinado
velmente reduzidos, se o desgaste ou pequenos tempo ou de horas voadas.
defeitos, forem detectados e corrigidos o mais A fim de determinar as normas e exigên-
cedo possível. cias de uma inspeção específica, deve-se consul-
Não se pode deixar de enfatizar a impor- tar o órgão regulador do governo que determina
tância das inspeções e a utilização correta das os critérios para inspeção e manutenção da aero-
fichas de inspeção. nave, dependendo da atividade operacional.
As inspeções da estrutura do avião e do
motor podem compreender, desde os testes de TÉCNICAS DE INSPEÇÃO
pré-vôo às verificações detalhadas.
O tempo dedicado aos períodos de inspe- Antes de iniciarmos uma inspeção, veri-
ção varia com o modelo do avião e, de acordo ficamos se todas as tampas, portas de acesso,
com os tipos de operações levadas a termo. carenagens e capotas acham-se abertas ou remo-
As instruções do fabricante do avião e do vidas; bem como se a estrutura encontra-se lim-
motor devem ser consultadas ao serem estabele- pa.
cidos os intervalos entre as inspeções. Ao se abrir as tampas de inspeção ou ca-
O avião pode ser inspecionado, utilizando potas, e antes de deixar a área limpa verificamos
as horas de vôo como base de programação, ou a presença de óleo ou qualquer outra evidência
sob um sistema de calendário. Neste último caso, de vazamento.

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FICHAS DE INSPEÇÃO c) Interior do motor - quanto à compres-
são dos cilindros, e quanto à existência
Utiliza-se sempre uma relação de itens de partículas metálicas ou de origem
ao realizar a inspeção. estranha nas telas e bujões dos
A lista de verificações pode ser de sua reservatórios de drenagem. Se a
própria confecção, fornecida pelo fabricante do compressão dos cilindros estiver fraca,
equipamento sob inspeção, ou obtida de alguma verificar qualquer irregularidade nas
outra fonte. condições e tolerâncias internas.
d) Berço do motor - quanto a rachaduras,
A ficha de inspeção deve incluir: folgas nos montantes de fixação ou
entre o motor e seus montantes.
1) Setor da fuselagem e equipamentos: e) Amortecedores flexíveis de vibração -
quanto ao estado e deterioração.
a) Entelagem e chapeamento - quanto à f) Controles do motor - quanto a defeitos
deterioração, empenos, outras evidên- inerentes aos comandos e à correta
cias de falha, bem como fixações inse- frenagem.
guras ou defeituosas. g) Tubulações, mangueiras e braçadeiras
b) Sistemas e componentes - quanto à - quanto a vazamentos, estado geral e
correta instalação, defeitos aparentes e aperto.
operação satisfatória. h) Descarga do motor - quanto a rachadu-
c) Tanques celulares de combustível, ras, defeitos e à correta fixação.
tanques de lastro e partes relacionadas i) Acessórios - quanto a defeitos aparen-
- quanto ao estado. tes na segurança da fixação.
j) Todos os sistemas - quanto à instala-
2) Setor das cabines de comando e passa- ção correta, defeitos nas condições ge-
geiros: rais e fixação adequada.
k) Capota - quanto a rachaduras e defei-
a) De um modo geral - quanto à limpeza tos.
e fixação de equipamentos l) Acionamento e verificação funcional
b) Poltronas e cintos de segurança - do motor no solo - quanto ao seu de-
quanto ao estado e fixação. sempenho e a operação adequada dos
c) Janelas e pára-brisas - quanto a deteri- controles do motor e dos instrumentos.
oração e rachaduras.
d) Instrumentos - quanto ao estado, fixa- 4) Setor do trem de pouso:
ção, marcações e, quando possível,
operação adequada. a) Todos os componentes - quanto ao es-
e) Controles de vôo e dos motores - tado e segurança da fixação:
quanto à correta instalação e operação. b) Amortecedores - quanto ao correto ní-
f) Baterias - quanto à correta instalação e vel do óleo.
carga. c) Hastes, articulações e suportes - quan-
g) Todos os sistemas - quanto à correta to ao desgaste excessivo, fadiga do
instalação, estado geral, defeitos apa- material e deformações.
rentes e segurança da fixação. d) Mecanismo de retração e distensão -
quanto à operação correta.
3) Setor do motor e da nacele: e) Tubulações hidráulicas - quanto a va-
zamento.
a) Seção do motor - quanto à evidência f) Sistema elétrico - quanto a desgaste e
de vazamento de óleo, combustível ou operação correta dos interruptores.
fluido hidráulico, e o motivo de tais g) Rodas - quanto a rachadura e estado
vazamentos. dos rolamentos.
b) Prisioneiros e porcas - quanto ao aper- h) Pneus - quanto a cortes e desgaste.
to correto e defeitos evidentes. i) Freios - quanto ao ajuste correto.

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5) Asas e seção central: a) Equipamento rádio e eletrônico -
quanto à instalação correta e fixação
a) Todos os componentes - quanto ao es- adequada.
tado e fixação. b) Fiação e cablagens - quanto à disposi-
b) Entelagem e chapeamento - quanto à ção correta, fixação adequada e defei-
deterioração, empenos, outras evidên- tos evidentes.
cias de falha; bem como fixações in- c) Ligação à massa e blindagem - quanto
seguras ou defeituosas. à instalação correta e condição.
c) Estrutura interna (longarinas, nervuras d) Antenas - quanto ao estado, fixação
e elementos de compressão) - quanto a adequada e operação correta.
rachaduras, empenos e fixação.
d) Superfícies móveis - quanto a avarias 9) Equipamentos diversos (miscelânea):
ou defeitos evidentes, fixação imper-
feita da entelagem ou das chapas e a) Equipamento de emergência e primei-
deslocamento correto. ros-socorros quanto ao estado geral e
e) Mecanismo de controle - quanto à li- armazenagem correta.
berdade de movimento, alinhamento e b) Pára-quedas, barcos salva-vidas, pára-
fixação. quedas luminoso, etc - inspecionar de
f) Cabos de controle - quanto à tensão acordo com as recomendações do fa-
correta, esgarçamento, desgaste e pas- bricante.
sagem adequada pelas guias e polias. c) Sistema de piloto automático - quanto
ao estado geral, fixação adequada e
6) Setor da empenagem: operação correta.

a) Superfícies fixas - quanto a avarias ou


DOCUMENTAÇÃO DO AVIÃO
defeitos evidentes, fixadores frouxos e
fixação adequada.
"Documentação do Avião" é um termo
b) Superfícies móveis de controle - quan-
usado neste manual, que compreende o livro de
to a avarias ou defeitos evidentes, fi-
bordo e todos os registros suplementares referen-
xadores frouxos, entelagem frouxa ou
tes ao avião. O livro e os registros fornecem um
empenos nas chapas.
histórico da manutenção e operação, controle das
c) Entelagem ou chapeamento - quanto a
programações de manutenção e informações
desgaste, rasgos, cortes ou defeitos,
concernentes à época da substituição dos com-
deformação, e deterioração.
ponentes ou acessórios.
O livro de bordo é o documento no qual
7) Setor da hélice:
são registradas todas as informações relativas ao
avião. Elas indicam o estado do avião, as datas
a) Conjunto da hélice - quanto a rachadu-
das inspeções e o tempo da estrutura e dos moto-
ras, mossas, empenos e vazamento de
res. O livro de bordo reflete a história de todos
óleo.
os acontecimentos importantes relativos à estru-
b) Parafusos - quanto ao aperto correto e
tura, seus componentes e acessórios, apresentan-
à frenagem.
do, ainda, um local para o registro da execução
c) Dispositivos contra formação de gelo -
de serviços, exigido pelos órgãos governamen-
quanto à operação correta e defeitos
tais ou boletins de serviço dos fabricantes.
evidentes.
d) Mecanismos de controle - quanto à
INSPEÇÕES ESPECIAIS
operação correta, fixação adequada e
deslocamento.
Durante a vida útil de uma aeronave, po-
derão sobrevir ocasiões em que sejam realizados
8) Setor de comunicações e navegação:
pousos com excesso de peso, ou, em que, parte
de um vôo possa ter ocorrido sob turbulência

10-3
severa. Pousos com impactos severos também combinação da velocidade da rajada com a velo-
ocorrem por motivos diversos. cidade do avião exceder certos limites, o esforço
Na ocorrência de qualquer destas situa- induzido pode ocasionar danos estruturais.
ções, deverão ser observados procedimentos es- Uma inspeção especial deve ser executa-
peciais de inspeção, com a finalidade de verificar da após o vôo em turbulência severa. Muita a-
se houve qualquer dano à estrutura do avião. Os tenção deve ser dada às superfícies dorsal e ven-
procedimentos descritos nas páginas seguintes tral das asas, quanto a empenos excessivos ou
são de ordem geral e objetivam familiarizar o marcas permanentes de rugas. Onde quer que
mecânico do avião com as áreas que devem ser estas últimas ocorram, deve-se remover alguns
inspecionadas. Qualquer uma destas inspeções rebites e examinar seus corpos quanto a cisalha-
especiais executadas, segue sempre os procedi- mento ou deformações.
mentos detalhados do manual de manutenção do Inspeciona-se as almas das longarinas,
fabricante. desde a raiz até a ponta das asas, através dos
painéis de inspeção e outras aberturas acessíveis.
Inspeção devido a pouso com impacto ou ex- Verifica-se as suas fixações quanto a empenos,
cesso de peso rugas ou cisalhamento. Devemos inspecionar se
há empenos nas zonas ao redor das naceles, prin-
O esforço estrutural exigido durante um cipalmente no bordo de ataque da asa.
pouso depende não somente do peso total do Qualquer vazamento de combustível con-
avião, mas também da intensidade do impacto. siderável é sinal de que uma área possa ter rece-
Entretanto, devido à dificuldade em calcular a bido sobrecargas que romperam a vedação e a-
velocidade vertical durante o contato, é difícil briram as costuras da chapa.
julgar se um pouso foi suficientemente "duro", a Se o trem de pouso foi baixado durante a
ponto de causar dano estrutural. Por este motivo, turbulência severa, inspecionamos cuidadosa-
uma inspeção especial, após um pouso com peso mente as superfícies quanto a rebites frouxos,
ou impacto excessivo, deverá ser executada, fissuras ou empenos. O interior da cavidade do
mesmo que o impacto tenha ocorrido, estando o trem de pouso pode apresentar outras indicações
avião com o peso dentro do limite estipulado. decorrentes das rajadas.
Os sinais mais facilmente detectados de O revestimento superior e o inferior da
esforço excessivo, imposto durante o pouso, são fuselagem devem ser inspecionados. Um mo-
rugas nas chapas das asas. mento excessivo de torção pode ter provocado
Outra indicação que pode ser facilmente rugas de natureza diagonal nestas áreas.
detectada é o vazamento de combustível ao lon- Inspecionamos o revestimento da empe-
go de chapas rebitadas. nagem quanto a empenos, rugas ou fixações cisa-
Alguns locais possíveis de danos são na lhadas. Verificamos também, a área de fixação
“alma” da longarina, anteparos, chapas e fixa- da empenagem à fuselagem.
ções das naceles, chapa de paredes de fogo, e As inspeções acima abrangem as áreas
nervuras das asas e fuselagem. críticas. Se qualquer dano excessivo for observa-
Se nenhuma dessas áreas apresentar si- do em qualquer das áreas mencionadas, a inspe-
nais de terem sido adversamente afetadas, pode- ção deve prosseguir até que toda a avaria seja
se concluir, razoavelmente, que não houve a o- detectada.
corrência de avaria grave. Se qualquer irregula-
ridade for detectada, uma inspeção mais PUBLICAÇÕES
prolongada pode se tornar necessária, além de
uma verificação de alinhamento. As publicações aeronáuticas são as fon-
tes de informação para a orientação dos mecâni-
Inspeção devido a turbulência severa cos da aviação, na operação e manutenção do
avião e equipamentos correlatos.
Quando o avião enfrenta rajadas, a carga A utilização correta destas publicações
de ar imposta sobre as asas excede a carga nor- auxiliarão bastante na operação e manutenção
mal de sustentação do peso do avião. A rajada eficientes de qualquer aeronave. Elas compre-
procura acelerar o avião, enquanto que, sua inér- endem os manuais, catálogos e boletins de servi-
cia, age no sentido de resistir a esta ação. Se a ço dos fabricantes, regulamentos dos órgãos go-

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vernamentais, diretrizes de aeronavegabilidade, 5) métodos para nivelamento, suspensão
circulares de recomendação e especificações de e reboque;
avião, motor e hélice.
6) métodos de balanceamento das super-
Boletins fícies de controle;

Os boletins de serviço constituem um dos 7) identificação das estruturas das super-


diversos tipos de publicações editadas pelos fa- fícies primárias e secundárias;
bricantes de aviões, de motores e de componen-
tes. 8) a freqüência e a extensão das inspe-
Os boletins podem incluir: ções necessárias à operação correta do
avião;
1) o motivo da publicação;
9) métodos especiais de reparo aplicáveis
2) o nome da célula, motor ou ao avião;
componente a que se refere;
10)técnicas especiais de inspeção envol-
3) instruções detalhadas para manuten- vendo raio x, ultra-som ou inspeção
ção, ajustagem, modificação ou inspe- por partículas magnéticas; e
ção, bem como procedência de peças,
caso necessárias; e 11)uma lista de ferramentas especiais.

4) o número aproximado de homens hora Manual de revisão


para a realização do trabalho.
O manual de revisão do fabricante con-
tém breve informação descritiva, e instruções
Manual de manutenção detalhadas, passo a passo, acerca do trabalho
normalmente executado numa unidade removida
O manual de manutenção do avião, for- do avião.
necido pelo fabricante, contém instruções com- Componentes simples e baratos, tais co-
pletas para a manutenção de todos os sistemas, e mo, interruptores e reles, nos quais a revisão é
componentes instalados a bordo. Ele contém antieconômica, não são mencionados no manual.
informações para o mecânico que trabalha nor-
malmente nas unidades, conjuntos e sistemas Manual de reparos estruturais
quando estiverem instalados nos aviões.
Não se aplica, portanto, para o mecânico Este manual apresenta informação e ins-
da oficina de revisão. Um manual típico de ma- truções específicas do fabricante para o reparo de
nutenção de avião inclui: estruturas primárias e secundárias.
1) uma descrição dos sistemas tais como São cobertos por este manual os reparos
elétrico, hidráulico, combustível, con- típicos de chapa (revestimento), anéis, nervuras,
troles de vôo, etc.; perfis longitudinais, etc., abrangendo também
técnicas especiais de reparo e substituição de
2) instruções para lubrificação, estabele- materiais e fixadores.
cendo a freqüência, os lubrificantes e
os fluidos que deverão ser usados nos Catálogo ilustrado de peças
diversos sistemas;
Este catálogo apresenta vistas detalhadas
3) as pressões e cargas elétricas estabele- de componentes da estrutura e dos equipamentos
cidas para os diversos sistemas; na seqüência de desmontagem. Também acham-
se incluídas as figuras das peças desmontadas e
4) as tolerâncias e ajustes necessários ao vistas sob diversos ângulos, abrangendo todas as
correto funcionamento do avião; fabricadas pelo construtor do avião.

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Regulamentos federais para a aviação (far) Certificado de aprovação de aeronave

O órgão governamental dos E.E.U.U. Este certificado é constituído por folhas


estabeleceu por lei, para a aviação, determinados de dados que descrevem o projeto do tipo da
regulamentos que dispõem sobre a segurança e aeronave e estabelecem as limitações estipuladas
disciplina das operações do vôo, estabelecendo nos Regulamentos Federais para a Aviação. Nele
ainda os privilégios e deveres dos tripulantes. O também se incluem outras limitações e informa-
conhecimento desses regulamentos torna-se ne- ções necessárias à emissão do certificado para
cessário no desempenho da manutenção, posto um modelo determinado de avião.
que todo trabalho executado na aeronave deve As folhas de dados são numeradas na
estar de acordo com os critérios então estabele- parte superior direita de cada página. Este núme-
cidos. ro é o mesmo que o do Certificado de Aprova-
ção. O nome do possuidor do tipo de aeronave,
Disposições sobre a segurança do vôo ( dire- juntamente com os de todos os modelos aprova-
trizes de aeronavegabilidade ) dos, aparece logo abaixo do número do Certifi-
cado de Aprovação. A data da emissão do Certi-
A função básica do órgão federal (no ficado também é incluída com os dados acima,
Brasil representado pela DAC ) é exigir a corre- sendo o conjunto colocado em destaque por li-
ção de condições que comprometem a segurança nhas limitadoras.
do vôo, encontradas nos aviões, motores, hélices As folhas de dados são classificadas por
ou outros dispositivos, quando tais condições seções. Cada seção é identificada por um número
existem, possam existir ou se desenvolvam em romano, seguido pela designação do modelo da
outros produtos do mesmo projeto. A condição aeronave.
comprometedora pode existir decorrentes de erro A categoria, ou categorias, para as quais a
de projeto, de manutenção ou outras causas. As aeronave pode ser aprovada aparece entre parên-
disposições sobre a Segurança do Vôo definem a teses logo após o número do modelo. Inclui-se
autoridade e responsabilidade do administrador também a data da emissão do Certificado de A-
para fazer cumprir a adoção das medidas corre- provação.
tivas necessárias. Os proprietários de aviões, e As folhas de dados encerram informações
outras pessoas interessadas, são então notificadas relativas a:
sobre as condições comprometedoras, recebendo 1) Designação dos modelos dos motores
ainda orientação sobre as medidas que deverão para os quais o fabricante do avião ob-
tomar para que seus produtos possam continuar a teve aprovação para utilização com o
serem operados. O cumprimento adequado das modelo do avião.
medidas corretivas deve, então, ser efetivado
imediatamente, a menos que sejam concedidas 2) Grau mínimo do combustível a ser u-
isenções específicas. tilizado.
As condições sobre a Segurança do Vôo 3) Regimes de operação máximo contí-
podem ser divididas em duas categorias: nuo e de decolagem dos motores apro-
vados, incluindo pressão de admissão (
1) aquelas de caráter de emergência, exi- se utilizada ), rotações por minuto
gindo imediato cumprimento após (R.P.M.) e potência (hp).
notificação; e
4) Nome do fabricante e designação do
2) aquelas de caráter menos urgente, es- modelo de cada hélice para a qual o
tipulando um prazo para o cumprimen- fabricante do avião obteve aprovação,
to das medidas corretivas. conjuntamente com as limitações e
qualquer restrição operacional da héli-
As notificações para o cumprimento das ce ou combinação motor-hélice.
disposições acima apresentam também o modelo
e números de série do produto afetado, quer seja 5) Limites de velocidade em milhas por
este o avião, motor, hélice ou outro componente. hora (m.p.h.) e nós.

10-6
6) Variação do centro de gravidade para bricantes de aviões, acessórios ou componentes,
as condições extremas de carregamen- identificassem seus respectivos produtos.
to do avião, apresentada como distân- A fim de padronizar o melhor possível e
cia em polegadas, a partir da linha de simplificar o assunto quanto ao problema de lo-
referência ( DATUM ), ou em porcen- calização, um método uniforme de distribuição
tagem da Corda Média Aerodinâmica do material em todas publicações tem sido de-
(C.M.A.). senvolvido.
A Especificação A.T.A. 100 dividiu o
7) Variação do centro de gravidade para avião em sistemas, como o elétrico, no qual co-
o avião vazio, apresentada como limi- bre basicamente o sistema elétrico (Sist. 24 sub
tes dianteiros e traseiros, em polega- 00). A numeração de cada sistema principal per-
das. Não existindo variação, a palavra mite uma subdivisão em vários subsistemas.
"nenhuma" seguir-se-á ao item corres- Os modelos atuais de aviões, em torno de
pondente na folha de dados. aproximadamente 12.500 unidades, têm seus
Manuais de Peças e Manuais de Manutenção
8) Localização da linha de referên- arranjados de acordo com o sistema A.T.A.
cia(DATUM). A seguir a tabela com Sistema, Subsiste-
ma e Título, conforme A.T.A. para uma familia-
9) Métodos disponíveis para o nivela- rização.
mento do avião.

10)Todos os pesos máximos correspon- ESPECIFICAÇÃO A.T.A. 100 - SISTEMAS


dentes.
Sist Sub Título
11)Número de assentos e seus braços de
momento. 21 AR CONDICIONADO
00 Geral
12)Capacidade de óleo e combustível. 10 Compressão
20 Distribuição
13)Movimentos das superfícies de con- 30 Controle de Pressurização
trole. 40 Aquecimento
50 Refrigeração
14)Equipamento necessário. 60 Controle de Temperatura
70 Regulagem de Umidade
15)Equipamento adicional ou especial e-
xigido para certificação. 22 VÔO AUTOMÁTICO
00 Geral
16)Placas com avisos necessários. 10 Piloto Automático
20 Correção de Velocidade/Altitude
Não teremos todos os itens mostrados 30 Controle Automático das
nesta relação de certificado de aprovação. A lista Manetes de Potência
acima serve apenas para informar ao mecânico
quanto aos tipos de assuntos que geralmente apa- 23 COMUNICAÇÃO
recem. 00 Geral
10 Freqüência (HF)
Especificação A.T.A. - 100 20 VHF / UHF
30 Sistema de Comunicação
A publicação da especificação da Associ- com o Passageiro
ação de Transporte Aéreo da América dos As- 40 Interfone
suntos Técnicos dos Fabricantes, é datada de 1° 50 Áudio
de junho de 1956. 60 Descarga de Estática
Esta especificação criou um padrão de 70 Monitor de Vídeo e Audio
apresentação de dados técnicos para que os fa-

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24 FORÇA ELÉTRICA 30 PROTEÇÃO DE CHUVA
00 Geral E GELO
10 Acionamento do Gerador 00 Geral
20 Geração AC 10 Aerofólios
30 Geração DC 20 Entradas de Ar
40 Força Externa 30 Pitot e Estática
50 Distribuição de Força 40 Janelas e Pára-brisas
Elétrica 50 Antenas e Radomes
60 Hélices e Rotores
25 EQUIPAMENTO DE CABINE 70 Linhas de Água
00 Geral 80 Detecção
10 Cabine de Comando
20 Cabine de Passageiro 31 INSTRUMENTOS
30 Galley 00 Geral
40 Lavatórios 10 Vago
50 Compartimento de Carga 20 Vago
e Acessórios 30 Gravações
60 Emergência 40 Computador Central
70 Compartimento de 50 Sistema de Aviso Central
Acessórios
32 TREM DE POUSO
26 PROTEÇÃO DE FOGO 00 Geral
00 Geral 10 Trem Principal e Portas
10 Detecção 20 Trem do Nariz e Portas
20 Extinção 30 Extensão e Retração
30 Supressor de Explosão 40 Rodas e Freio
50 Direção
27 CONTROLES DE VÔO 60 Posição e Aviso
00 Geral 70 Trem Suplementar, Skis,
10 Aileron e Compensador Flutuadores
20 Leme e Compensador
30 Profundor e Compensador 33 LUZES
40 Estabilizador Horizontal 00 Geral
50 Flapes 10 Cabine de Comando
60 Spoiler, Dispositivos de 20 Cabine de Passageiro
Arrasto e Carenagens 30 Compartimento de Carga e
Aerodinâmicas Variáveis Serviço
70 Travas de Comandos e 40 Exterior
Amortecedores 50 Iluminação de Emergência
80 Dispositivos de Hiper-sustentação
34 NAVEGAÇÃO
28 COMBUSTÍVEL 00 Geral
00 Geral 10 Previsão do Tempo
10 Armazenagem 20 Atitude e Direção
20 Distribuição 30 Auxílios de Pouso e Rolagem
30 Alijamento 40 Sistema de Posição Independente
40 Indicação 50 Sistema de Posição Dependente
60 Computação de Posição
29 FORÇA HIDRÁULICA
00 Geral 35 OXIGÊNIO
10 Principal 00 Geral
20 Auxiliar 10 Tripulação
30 Indicação

10-8
20 Passageiro 52 PORTAS
30 Portátil 00 Geral
10 Tripulação/Passageiro
36 PNEUMÁTICO 20 Saída de Emergência
00 Geral 30 Carga
10 Distribuição 40 Serviço
20 Indicação 50 Interna
60 Escada
37 VÁCUO 70 Avisos de Porta
00 Geral 80 Trem de Pouso
10 Distribuição
20 Indicação 53 FUSELAGEM
00 Geral
38 ÁGUA / ESGOTO 10 Estrutura Principal
00 Geral 20 Estrutura Auxiliar
10 Potável 30 Chapas de Revestimento
20 Lavatório 40 Elementos de Fixação
30 Esgoto 50 Carenagens Aerodinâmicas
40 Pressurização
54 NACELES / PYLONS
39 PAINÉIS ELÉTRICOS / 00 Geral
ELETRÔNICOS E 10 Estrutura Principal
COMPONENTES 20 Estrutura Auxiliar
MULTIFUNCIONAIS 30 Chapas de Revestimento
00 Geral 40 Elementos de Fixação
10 Instrumentos e Painel de 50 Carenagens e Fillets
Controle
20 Prateleiras de Equipamentos 55 ESTABILIZADORES
Elétrico/Eletrônico 00 Geral
30 Caixa de Junção Elétrica e 10 Estabilizador Horizontal
Eletrônica 20 Profundor
40 Componentes Eletrônicos 30 Estabilizador Vertical
Multifuncionais 40 Leme
50 Circuitos Integrados 50 Elementos de Fixação
60 Montagem de Circuito
Impresso 56 JANELAS
00 Geral
49 APU 10 Cabine de Comando
00 Geral 20 Cabine de Passageiro
10 Power Plant 30 Porta
20 Motor 40 Inspeção e Observação
30 Combustível do Motor e Controle
40 Ignição e Partida 57 ASAS
50 Ar 00 Geral
60 Controles do Motor 10 Estrutura Principal
70 Indicação 20 Estrutura Auxiliar
80 Reversores 30 Chapas de Revestimento
90 Lubrificação 40 Elementos de Fixação
50 Superfícies de Vôo
51 ESTRUTURAS
00 Geral 61 HÉLICES
00 Geral
10 Conjunto da Hélice

10-9
20 Controle 20 Distribuição
30 Freio 30 Interrupção
40 Indicação
75 SANGRIA DE AR
65 ROTOR 00 Geral
00 Geral 10 Anti-Gelo do Motor
10 Rotor Principal 20 Refrigeração dos Acessórios
20 Conjunto do Rotor Anti-Torque 30 Controle do Compressor
30 Acionamento de Acessórios 40 Indicação
40 Controle
50 Freio 76 CONTROLES DO MOTOR
60 Indicação 00 Geral
10 Controle da Potência
71 POWER PLANT 20 Parada de Emergência
00 Geral
10 Capotas 77 INDICAÇÃO DO MOTOR
20 Suportes do Motor 00 Geral
30 Parede de Fogo e Periferia 10 Força
40 Elementos de Fixação 20 Temperatura
50 Chicotes Elétricos 30 Analisadores
60 Entradas de Ar
70 Drenos do Motor 78 DESCARGA
00 Geral
72 MOTOR A REAÇÃO / 10 Coletor
TURBOÉLICE 20 Supressor de Ruído
00 Geral 30 Reversor
10 Trem de Engrenagem Redutora/ 40 Ar Suplementar
Seção do Eixo (Turboélice)
20 Seção de Entrada de Ar 79 LUBRIFICAÇÃO
30 Seção do Compressor 00 Geral
40 Seção de Combustão 10 Reservatório
50 Seção da Turbina 20 Distribuição
60 Acionamento de Acessórios 30 Indicação
70 Seção By-Pass
80 PARTIDA
72 MOTOR CONVENCIONAL 00 Geral
00 Geral 10 Acoplamento
10 Seção Fronteira
20 Seção de Força 81 TURBINAS (MOTOR. CON-
30 Seção dos Cilindros VENCIONAL)
40 Seção de Compressores 00 Geral
50 Lubrificação 10 Recuperação de Potência
20 Turbo-Compressor
73 COMBUSTÍVEL DO MOTOR
E CONTROLE 82 INJEÇÃO DE ÁGUA
00 Geral 00 Geral
10 Distribuição 10 Armazenagem
20 Controle 20 Distribuição
30 Indicação 30 Alijamento e Purgamento
40 Indicação
74 IGNIÇÃO
00 Geral 83 CAIXAS DE ACESSÓRIOS
10 Suprimento de Força Elétrica 00 Geral

10-10
10 Eixo de Acionamento Desenvolvimento das indicações
20 Seção da Caixa
Quando a descontinuidade num
INSPEÇÃO POR PARTÍCULAS MAGNÉ- material magnetizado encontra-se aberta à super-
TICAS fície, possibilitando a aplicação sobre ela de uma
substância magnética, a dispersão do fluxo na
A inspeção por partículas magnéticas é descontinuidade tende a formar com o agente
um método de detectar fraturas invisíveis, e ou- detector uma passagem de maior permeabilidade.
tros defeitos em materiais ferromagnéticos, tais ( Permeabilidade é o termo usado para se referir
como ferro e aço. à facilidade com que um fluxo magnético pode
Esse método de inspeção é um teste não- ser formado num determinado circuito magnéti-
destrutivo, o que significa que ele é realizado na co).
própria peça, sem danificá-la. Ele não é aplicável Devido ao magnetismo da peça e à ade-
a materiais não magnéticos. rência mútua das partículas magnéticas, a indica-
Nas peças do avião sujeitas a alta rotação, ção permanece sobre a superfície da peça sob a
vibração, oscilação e outros reforços, pequenos forma de contorno aproximado da descontinui-
defeitos se desenvolvem muitas vezes, a ponto dade existente logo abaixo.
de ocasionar dano total à peça. Quando a descontinuidade não se encon-
A inspeção por partículas magnéticas tem tra aberta na superfície, tem lugar o mesmo fe-
provado ser de extrema confiabilidade na detec- nômeno acima observado, mas pelo fato da dis-
ção rápida em casos de defeitos localizados pró- persão do fluxo ser menor, a aderência das partí-
ximos ou na superfície de peças. O emprego des- culas magnéticas é mais fraca, obtendo-se uma
te método de inspeção não somente indica o lo- indicação menos definida.
cal da falha, como também são delineadas a Se a descontinuidade estiver muito abai-
extensão e a forma da mesma. xo, poderá não haver indicação na superfície. A
O processo da inspeção consiste em mag- dispersão do fluxo numa descontinuidade trans-
netizar a peça e, então, aplicar partículas ferro- versal está representada na figura 10-l. A figura
magnéticas no local da superfície a ser inspecio- 10-2 mostra a dispersão numa descontinuidade
nado. longitudinal.
As partículas ferromagnéticas (agente de-
tector) podem estar em suspensão num líquido
que é aplicado sobre a peça: a peça pode ser
mergulhada no líquido de suspensão, ou as partí-
culas, em forma de pó seco, podem ser espalha-
das sobre a superfície da peça.
O processo do líquido é o mais comu-
mente utilizado na inspeção de peças de avião.
Se alguma descontinuidade estiver pre-
sente, as linhas magnéticas de força sofrerão Figura 10-1 Dispersão do fluxo em descontinui-
alteração, havendo formação de pólos opostos dade transversal.
em ambos os lados da descontinuidade. As partí-
culas magnetizadas formam assim uma imagem
no campo magnético.
Esta imagem, conhecida como "indica-
ção", apresenta a forma aproximada da projeção
da descontinuidade, que pode ser definida como
uma interrupção na estrutura ou configuração
física normal de irregularidades, tais como, ra-
chadura, sobreposição em peça forjada, costura
de solda, inclusão, porosidade e outras. A des-
continuidade pode ou não afetar a vida útil de Figura 10-2 Dispersão do fluxo em descontinui-
uma peça. dade longitudinal.

10-11
Tipos de descontinuidades detectadas partículas magnéticas por igual sobre a superfí-
cie da peça.
Os tipos de descontinuidades detectadas, Todas as pequenas aberturas ou furos
normalmente pelo teste de partículas magnéticas, para lubrificação, conduzindo a passagens ou
são os seguintes: rachaduras, sobreposição em cavidades internas, devem ser fechados com pa-
peças forjadas, costuras, fechamento a frio, in- rafina ou qualquer outra substância adequada
clusões, fendas, rasgos, bolsas de retraimento e não abrasiva.
ocos (vazios). Camadas leves de banho de cádmio, co-
Todas estas descontinuidades podem afe- bre, estanho e zinco não interferem no resultado
tar a confiabilidade das peças em serviço. Ra- satisfatório da inspeção por partículas magnéti-
chaduras, fendas, estaladuras, rasgos, costuras, cas.
ocos e bolsas de retraimento são formados por O resultado ficaria prejudicado se a ca-
uma separação ou ruptura real do metal sólido. mada fosse demasiadamente grossa ou se as des-
Fechamento a frio e sobreposição são dobras que continuidades a serem detectadas fossem extre-
se formaram no metal, interrompendo sua conti- mamente pequenas.
nuidade. Banhos de cromo ou níquel geralmente
As inclusões são materiais estranhos, não interferirão nas indicações de rachaduras
formados por impurezas do metal durante os abertas à superfície do metal básico, mas evita-
estágios de seu processamento. Elas podem con- rão a indicação de descontinuidades delgadas,
sistir, por exemplo, de partículas do revestimento tais como inclusões.
da fornalha introduzidas durante a fusão do me- A camada de níquel, sendo mais forte-
tal básico ou de outras matérias estranhas. As mente magnética, é mais prejudicial que a ca-
inclusões interrompem a continuidade do metal mada de cromo ao impedir a formação das indi-
porque elas não permitem a junção ou caldea- cações de descontinuidades.
mento de faces adjacentes do metal.

Efeito da direção do fluxo


Preparação das peças para o teste
A fim de detectar uma falha numa peça,
Graxa, óleo e qualquer sujeira devem ser torna-se essencial que as linhas de força magné-
removidos de todas as peças antes que elas sejam ticas passem perpendicularmente à falha. Tor-
submetidas a teste. na-se, portanto, necessário induzir fluxo magné-
A limpeza é muito importante, posto que tico em mais de uma direção, desde que as falhas
a presença de graxa ou qualquer matéria estra- existiam em qualquer ângulo em relação ao eixo
nha pode provocar indicações falsas devido à maior da peça.
aderência das partículas magnéticas, e a esses Isto exige duas operações independentes
corpos estranhos, quando a suspensão líquida é de magnetização, conhecidas como magnetiza-
aplicada sobre a peça. ção circular e magnetização longitudinal.
A formação da imagem correta da des- O efeito da direção do fluxo acha-se ilus-
continuidade pode ser prejudicada pela presença trado na figura 10-3.
de graxa ou outras matérias estranhas. Não é Magnetização circular é a indução de um
aconselhável confiar na suspensão de partículas campo magnético constituído por círculos de
magnéticas para limpar a peça. força concêntricos, ao redor e dentro da peça,
Qualquer matéria estranha removida por fazendo passar a corrente elétrica através da pe-
este processo contaminará a suspensão, reduzin- ça.
do, portanto, sua eficiência. Este tipo de magnetização localizará fa-
Na inspeção por partículas magnéticas, lhas no sentido paralelo ao eixo da peça.
utilizando-se pó seco, é absolutamente necessá-
rio uma rigorosa limpeza.
Graxa ou outras matérias estranhas fixa-
riam o pó magnético, daí resultando indicações
incorretas, tornando ainda impossível espalhar as

10-12
Figura 10-5 Magnetização circular de um pino
de pistão com barra condutora.

A figura 10-5 ilustra a magnetização cir-


cular de uma peça de seção transversal oca, pas-
sando a corrente magnetizadora por uma barra
condutora localizada no eixo da peça. Na magne-
tização longitudinal, o campo magnético é pro-
duzido numa direção paralela ao eixo maior da
peça. Isto é feito colocando-se a peça no interior
de um solenóide excitado por corrente elétrica. A
peça metálica torna-se então o núcleo de um ele-
troímã e é magnetizada pela indução do campo
Figura 10-3 Efeito da direção do fluxo na inten- magnético criado no solenóide.
sidade da indicação. Na magnetização longitudinal de peças
compridas, o solenóide deve ser movimentado ao
A magnetização circular de uma peça de longo da peça a fim de magnetizá-la (Ver a figu-
seção transversal sólida acha-se ilustrada na fi- ra 10-6). Isto é necessário para assegurar uma
gura 10-4. intensidade de campo adequada através de todo o
Cada extremidade da unidade magnetiza- comprimento da peça.
dora é ligada eletricamente a um painel de con-
trole, de tal modo que, ao ser fechado o contato,
a corrente magnetizadora passa de uma para ou-
tra extremidade da peça, através da mesma.

Figura 10-6Magnetização longitudinal do eixo-


manivela (método do solenóide).

Os solenóides produzem magnetização


efetiva até aproximadamente 12 polegadas a par-
tir de cada extremidade da bobina, podendo a-
comodar peças ou seções de até 30 polegadas de
comprimento.
Uma magnetização longitudinal equiva-
lente àquela obtida pelo solenóide pode ser rea-
Figura 10-4 Magnetização circular de um eixo- lizada, enrolando-se em torno da peça um condu-
manivela. tor elétrico flexível, como mostra a figura 10-7.

10-13
Ainda que este método não seja tão conveniente, Identificação das indicações
ele apresenta a vantagem das bobinas se acomo-
darem melhor com o formato da peça, produzin- A avaliação correta do caráter das indica-
do assim uma magnetização mais uniforme. ções é extremamente importante, porém apresen-
O método da bobina flexível é também ta alguma dificuldade somente pela observação
utilizado nas peças de grande porte ou de forma- das mesmas.
to irregular, para as quais não existem solenóides As características principais das indica-
adequados. ções são a forma, o tamanho, a largura e a nitidez
do contorno. Estes aspectos são geralmente mais
úteis em determinar o tipo de descontinuidades
do que propriamente a sua importância.
Entretanto, uma observação cuidadosa
do caráter do molde das partículas magnéticas
deve sempre ser incluída na avaliação completa
da importância de uma descontinuidade indicada.
As indicações mais rapidamente distin-
guíveis são as produzidas por fendas abertas na
superfície. Essas descontinuidades incluem ra-
chaduras por fadiga, por tratamento térmico, por
Figura 10-7 Magnetização longitudinal de pá de contração em soldas e fundição, e por esmeri-
hélice metálica (método do cabo lhamento.
flexível). A figura 10-8 ilustra uma rachadura por
fadiga.
Efeito da densidade do fluxo

A eficiência da inspeção por partículas


magnéticas depende também da densidade do
fluxo, ou intensidade do campo sobre a superfí-
cie da peça, quando é aplicado o agente detector.
À medida que é aumentada a intensidade
do fluxo na peça, a sensibilidade do teste tam-
bém aumenta, devido à maior dispersão do fluxo
nas descontinuidades, resultando daí a formação
de contornos mais detalhados de partículas mag-
néticas.
Entretanto, densidades de fluxo excessi-
vamente elevadas poderão formar indicações
sem importância como, por exemplo, os contor-
nos do fluxo granular no material. Essas indica-
ções interferirão na detecção dos contornos re-
sultantes de descontinuidades importantes. Tor-
na-se assim necessário utilizar uma intensidade
de campo suficientemente elevada para detectar Figura 10-8Rachaduras por fadiga num trem de
todas as possíveis falhas prejudiciais, mas não pouso
tão elevada que seja capaz de produzir indica-
ções indevidas e confusas. As rachaduras por fadiga apresentam
contornos nítidos e definidos, geralmente uni-
Métodos de magnetização formes e sem interrupção em todo o comprimen-
to, e de tamanho razoável.
Quando uma peça é magnetizada, a inten- Apresentam aparência serrilhada, compa-
sidade de campo nela resultante aumenta até um rada com as indicações retas de fadiga em costu-
certo limite, assim permanecendo, enquanto a ra, podendo também mudar ligeiramente de dire-
força magnetizadora for mantida. ção em certos locais.

10-14
As rachaduras por fadiga são encontradas variam de um simples a um considerável conjun-
nas peças em uso e nunca em peças novas. Ge- to de traços. As fraturas por esmerilhamento es-
ralmente situam-se em áreas submetidas a gran- tão geralmente relacionadas com a direção do
des esforços. esmerilhamento.
É importante compreender que mesmo Exemplificando: a fratura comumente
uma pequena rachadura por fadiga indica que o tem início e continua em ângulo reto à direção de
defeito da peça acha-se positivamente em pro- rotação do rebolo, apresentando um contorno
gressão. ligeiramente simétrico. Indicações de fraturas
As rachaduras provocadas por tratamento por esmerilhamento podem freqüentemente ser
térmico apresentam um esboço suave, porém, identificadas através dessa correlação.
geralmente, são menos perceptíveis e menores As indicações das rupturas nas costuras
que as rachaduras por fadiga. de solda são geralmente retas, bem definidas e
Nas peças com seções finas, como pare- delicadas. Elas são muitas vezes intermitentes,
des de cilindros, as rachaduras por tratamento podendo apresentar tamanho reduzido.
térmico podem apresentar contornos bem defini- Os traços (linhas muito finas) são costu-
dos (figura 10-9), com a forma característica ras muito delicadas nas quais as paredes da cos-
consistindo de traços curtos denteados e agrupa- tura foram muito comprimidas durante a fabrica-
dos. ção da peça.
As rachaduras por contração apresentam As indicações desses traços são muito de-
um contorno nítido e definido, embora o traçado licadas e bem definidas, com tamanho muito
seja comum e muito denteado. Sendo as paredes reduzido. As descontinuidades desse tipo somen-
das fraturas por contração muito estreitas, suas te são consideradas perigosas nas peças sujeitas a
indicações normalmente não atingem a extensão esforços elevados.
das indicações observadas nas fraturas por fadi- As inclusões são corpos não-metálicos,
ga. tais como materiais de escória e componentes
químicos que ficaram presos nos lingotes em
solidificação. Elas são comumente alongadas e
esticadas à medida que o lingote passa pelas sub-
sequentes operações de processamento.
As inclusões apresentam-se nas peças sob
diversos tamanhos e formatos, desde um filete
facilmente identificado pela vista, até partículas
somente visíveis sob ampliação. Numa peça
pronta elas podem se apresentar como desconti-
nuidades na superfície ou sob ela.
As indicações das inclusões subsuperfici-
ais são geralmente largas e indefinidas. São
poucas vezes contínuas ou de mesma espessura
e densidade ao longo de seu comprimento. Inclu-
sões maiores, principalmente aquelas próximas
ou abertas à superfície, apresentam indicações
mais facilmente definidas.
Uma inspeção mais apurada revelará ge-
ralmente sua falta de definição e o fato de que a
indicação consiste de diversas linhas paralelas,
Figura 10-9 Rachaduras por tratamento térmico em lugar de uma linha única. Tais características
em parede de cilindro. geralmente distinguirão uma inclusão séria de
uma rachadura.
As fraturas provocadas por esmerilha- Quando cavidades acham-se localizadas
mento também apresentam contornos nítidos e bem abaixo da superfície da peça, o teste por
bem definidos, porém raramente de tamanho partículas magnéticas não é um método confiável
considerável, dada a sua profundidade limitada. de detectá-las. Mesmo que qualquer indicação
Essas fraturas podem apresentar indicações que seja obtida, será provavelmente um contorno

10-15
impreciso e indefinido da cavidade, com o detec- adas e componentes do motor do avião. O líqui-
tor magnético procurando se distribuir sobre toda do marrom avermelhado usado na pulverização
a área, em vez de apresentar claramente o con- ou banho da peça consiste da pasta MAGNA-
torno da descontinuidade. Defeitos desse tipo são GLO misturada com óleo fino na proporção de
mais facilmente detectados pelos métodos radio- 0,10 a 0,25 onças de pasta por galão de óleo.
gráficos. Após a inspeção, a peça deve ser des-
As sobreposições ou dobras podem ser magnetizada e lavada com solvente.
identificadas por sua forma e localização. Elas
normalmente aparecem nas extremidades de uma
forjadura e suas indicações são comumente bem EQUIPAMENTO PARA MAGNETIZAÇÃO
marcantes e irregulares.
A indicação de uma dobra de qualquer Unidade fixa (não portátil)
comprimento é comumente interrompida for-
mando ilhas e ramificações curtas, e um aspecto Uma unidade fixa para aplicação geral
de escama apresentado na dobra revela invaria- acha-se apresentada na figura 10-10. Essa unida-
velmente contornos em forma de leques que par- de fornece corrente contínua para processos de
tem da indicação principal. magnetização, contínua ou residual, por suspen-
Quando um lingote se solidifica, a distri- são. Pode ser aplicada magnetização circular ou
buição dos vários elementos ou componentes não longitudinal, utilizando-se corrente alternada
é geralmente uniforme em toda a estrutura do retificada ou corrente contínua.
lingote. Poderá então ocorrer uma pronunciada As cabeças de contato constituem os ter-
separação de alguns componentes. No processo minais elétricos para a magnetização circular.
da forjadura e conseqüente laminação do lingote, Uma cabeça tem posição fixa. Sua chapa de con-
essas separações são alongadas e reduzidas nos tato acha-se montada num eixo envolvido por
cortes transversais. uma mola de pressão, de modo que a chapa pode
Depois de subseqüente processamento, ser movimentada longitudinalmente.
elas podem aparecer como finas linhas ou faixas A chapa é mantida na posição distendida
paralelas, conhecidas como enfaixamento. pela mola, até que a pressão transmitida pela
A separação sob a forma de faixas é al- peça através da cabeça móvel força-a para trás.
gumas vezes detectada pela inspeção por partícu- A cabeça móvel desliza horizontalmente
las magnéticas, principalmente quando se utili- sobre guias longitudinais e é comandada por um
zam campos magnéticos de alta intensidade. Es- motor.
se tipo de separação geralmente não é prejudici- O controle é feito através de um interrup-
al. tor. A mola permite à cabeça móvel deslocar-se
A forma mais séria de separação ocorre até um certo limite de compressão, e assegura
provavelmente na fundição. Neste caso, a condi- pressão suficiente em ambas as extremidades da
ção básica do metal permanece inalterada na peça para garantir um bom contato elétrico.
peça pronta, permanecendo qualquer separação Um interruptor operado por uma haste
na mesma forma em que foi originada. Ela pode localizada na cabeça fixa corta o circuito de co-
variar no tamanho e, normalmente, terá formato mando do motor da cabeça móvel, quando a mo-
irregular, ocorrendo na superfície ou abaixo dela. la for suficientemente comprimida.
Em algumas unidades de magnetização a
Inspeção Magnaglo cabeça móvel é operada manualmente, e a chapa
de contato é algumas vezes construída para ope-
A inspeção MAGNAGLO é semelhante a rar por pressão de ar.
de partículas magnéticas, sendo que é utilizada Ambas as chapas de contato são adapta-
uma solução de partículas magnéticas fluores- das com diferentes dispositivos para suportar a
centes, e a inspeção é feita sob luz negra. peça.
A eficiência da inspeção é aprimorada O circuito de magnetização é fechado
pelo brilho tipo néon dos defeitos e indicações pela compressão de um botão de pressão locali-
de pequenas falhas, que podem ser percebidas zado na frente da unidade. O circuito geralmente
mais rapidamente. Esse é um excelente método é aberto automaticamente após cerca de meio
para ser utilizado em engrenagens, peças rosque- segundo.

10-16
equipamentos adequados a estes tipos de inspe-
ção utilizando para magnetização corrente alter-
nada ou corrente contínua. Um exemplo típico
acha-se apresentado na figura 10-11.
Essa unidade é simplesmente uma fonte
de corrente magnetizadora, não possuindo condi-
ções para suportar a peça ou aplicar a suspensão
líquida. Ela opera com corrente alternada (200
volts, 60 Hz) e possui um retificador para produ-
zir corrente contínua.
A corrente magnetizadora é fornecida
através de cabos flexíveis. Os terminais dos ca-
bos podem ser equipados com pontas ( como
mostra a ilustração) ou grampos ou garras de
contato.
A magnetização circular pode ser obtida
utilizando-se as pontas ou as garras. A magneti-
zação longitudinal obtem-se enrolando o cabo ao
redor da peça. A intensidade da corrente magne-
Figura 10-10 Unidade magnetizadora fixa para tizadora é controlada por um seletor de oito po-
uso geral. sições, e o tempo de sua aplicação é regulado por
um circuito automático semelhante ao utilizado
A intensidade da corrente magnetizadora na unidade fixa já descrita.
pode ser ajustada manualmente no valor deseja-
do por meio do reostato, ou aumentada até o li-
mite de capacidade da unidade pelo interruptor
de curto-circuito do reostato. A corrente elétrica
utilizada é indicada no amperímetro.
A magnetização longitudinal é produzida
através de um solenóide que se desloca nas
mesmas guias horizontais que a cabeça móvel,
sendo, ele, ligado ao circuito elétrico por meio
de um interruptor.
O líquido contendo as partículas em sus-
pensão encontra-se num reservatório, sendo agi-
tado e circulado por uma bomba. O fluido de
suspensão é aplicado à peça através de um bocal. Figura 10-11 Unidade portátil para uso geral.
Após escorrer pela peça, o líquido passa por uma
grelha de madeira e é coletado por uma bandeja Essa unidade portátil serve também como
que o envia de volta à bomba. A bomba circula- desmagnetizador, para isso fornecendo corrente
dora é operada por um interruptor tipo botão de alternada de alta amperagem e baixa voltagem.
pressão. Para a desmagnetização, a corrente alternada é
passada pela peça e gradualmente reduzida por
Unidade portátil para uso geral meio de um redutor de corrente.
Ao testar grandes estruturas com superfí-
Torna-se muitas vezes necessário execu- cies planas, onde a corrente deve passar pela
tar a inspeção por partículas magnéticas em lo- peça, torna-se, às vezes, impossível usar as gar-
cais onde não se dispõe de unidade fixa de mag- ras de contato. Nesse caso são utilizadas as pon-
netização, ou em componentes das estruturas do tas.
avião, sem removê-las do mesmo. Isso tem ocor- As pontas também podem ser utilizadas
rido, particularmente, em trem de pouso ou su- com a unidade fixa. A peça ou conjunto sob teste
portes de motor suspeitos de terem desenvolvido pode ser mantida acima da unidade fixa e a sus-
rachaduras em serviço. Podem ser encontrados pensão líquida aplicada com mangueira na área;

10-17
o excesso da suspensão é drenado para o interior na superfície, ou no interior da peça, é de parti-
do reservatório. O método seco também pode ser cular importância. As cores mais utilizadas no
utilizado. processo líquido são o preto e o vermelho; no
As pontas devem ser seguradas firme- processo seco são o preto, o vermelho e o cinza.
mente de encontro à superfície sob teste. Há a Para uma operação aceitável, o material
tendência da corrente de alta amperagem provo- indicador deve ser de alta permeabilidade e baixa
car queimaduras nas áreas de contato, mas com o retentividade. A alta permeabilidade assegura
devido cuidado estas queimaduras serão bem que um mínimo de energia magnética será exigi-
reduzidas. Para aplicações onde a magnetização do para atrair o material na dispersão do fluxo
por pontas é aconselhável, leves queimaduras causada pelas descontinuidades.
não são tomadas em consideração. A baixa retentividade assegura que a mo-
Quando é desejável utilizar cabos com a bilidade das partículas magnéticas não será pre-
unidade fixa como fonte de energia, tornar-se judicada, pelo fato das mesmas partículas mag-
conveniente o uso de um bloco de contato. Esse néticas tornarem-se magnetizadas e atraírem-se
consiste de um bloco de madeira em cujas ex- umas às outras.
tremidades são adaptadas chapas de cobre para A substância magnética para o processo
receber os terminais dos cabos. líquido é geralmente fornecida em forma de pas-
Quando o bloco de contato é colocado ta. A pasta vermelha aumenta a visibilidade nas
entre as cabeças da unidade fixa, os controles e superfícies pretas, ainda que a quantidade exata
interruptores da unidade podem ser utilizados da substância magnética a ser adicionada possa
para regular a corrente magnetizadora. Este pro- variar, uma concentração de 2 onças de pasta por
cesso apresenta um meio conveniente de ligar os galão do veículo líquido tem sido considerada
cabos à fonte de energia, eliminando a necessi- satisfatória.
dade de fixação das conexões por meio de para- A pasta não deve ser adicionada ao líqui-
fusos. do de suspensão no reservatório da unidade
Ao passar a corrente magnetizadora por magnetizadora, posto que o agitador e a bomba
uma pá de hélice de aço para magnetização cir- não são satisfatórios para efetuar a mistura.
cular, há possibilidade de queimar a ponta da pá O processo correto para o preparo da sus-
se não forem tomadas certas precauções. Essa pensão é colocar a quantidade adequada da pasta
possibilidade pode ser eliminada usando-se uma num vasilhame e adicionar pequena quantidade
garra articulada presa à cabeça móvel da unidade do líquido parceladamente, à medida que se vai
de inspeção. A garra é revestida com malha de misturando os componentes com o auxílio de
cobre que fornece bom contato elétrico, ajustan- uma espátula. Quando a pasta estiver totalmente
do-se à curvatura das faces da pá da hélice. Esse diluída numa mistura líquida uniforme, ela pode-
arranjo evita o contato elétrico na borda fina da rá então ser despejada no reservatório.
ponta da pá e elimina as correntes de alta inten- É importante que no preparo da suspen-
sidade que podem causar queimadura neste pon- são seja sempre utilizada substância magnética
to. A extremidade de fixação da pá da hélice é nova. Quando a suspensão se tornar descolorida,
suportada por um encaixe montado na cabeça ou, de certa forma contaminada a ponto de inter-
fixa da unidade. ferir na formação dos contornos das partículas
magnéticas, a unidade deverá ser drenada, limpa
Materiais indicadores e reabastecida com suspensão limpa.

Os vários tipos de materiais indicadores DESMAGNETIZAÇÃO


disponíveis para utilização na inspeção por partí-
culas magnéticas podem ser classificados em O magnetismo residual que permanece na
dois tipos: os utilizados no processo líquido e os peça após a inspeção deve ser removido por uma
utilizados no processo seco. O requisito básico operação de desmagnetização, antes que a peça
para qualquer material indicador é que ele forne- volte a serviço.
ça indicações aceitáveis de descontinuidades nas Peças de mecanismos operacionais de-
peças. vem ser desmagnetizadas para evitar que as pe-
O contraste proporcionado por um deter- ças magnetizadas atraiam limalhas ou pequenas
minado material indicador de descontinuidades lascas, deixadas inadvertidamente no sistema, ou

10-18
partículas de aço resultantes do desgaste opera- campo de força magnética. À medida que a peça
cional. é afastada, ela deve ser mantida diretamente o-
O acúmulo dessas partículas numa peça posta à abertura, até que se encontre a 1 ou 2 pés
magnetizada pode causar arranhões em mancais do desmagnetizador. A corrente desmagnetiza-
ou outras partes trabalhantes. dora não deve ser cortada antes que a peça esteja
Os componentes da estrutura do avião a uma distância de 1 a 2 pés da abertura; caso
também devem ser desmagnetizados, de modo a contrário, a peça tornará a ser magnetizada.
evitar que os instrumentos sejam afetados. Outro processo utilizado com unidades
A desmagnetização entre sucessivas ope- portáteis é passar corrente alternada pela peça a
rações de magnetização não é comumente neces- ser desmagnetizada, e reduzir gradativamente a
sária, a menos que a experiência indique que a corrente a zero.
omissão desta operação resulte em decréscimos
da eficiência numa determinada aplicação. INSPEÇÃO POR LÍQUIDOS PENETRAN-
Anteriormente, esta operação era consi- TES
derada necessária para remover completamente o
campo existente numa peça antes que ela fosse A inspeção de penetração é um exame
magnetizada numa direção diferente. não destrutivo de defeitos abertos à superfície
A desmagnetização pode ser efetuada por por peças fabricadas de qualquer material não
vários processos. Possivelmente, o mais conve- poroso. Ela é aplicada com sucesso em metais
niente para peças de avião é submeter a peça a como o alumínio, magnésio, latão, cobre, ferro
uma força magnetizadora com reversão contínua fundido, aço inoxidável e titânio. Este tipo de
na direção e que, ao mesmo tempo, diminua gra- inspeção pode também ser utilizado em cerâmi-
dativamente de intensidade. ca, plástico, borracha moldada e vidro.
À medida que a força magnetizadora de- A inspeção de penetração detectará defei-
crescente é aplicada, primeiro numa direção e em tos, tais como rachaduras superficiais ou porosi-
seguida na outra, a magnetização da peça tam- dade. Estas falhas podem ser ocasionadas em
bém decresce. rachaduras por fadiga, por contração, por trata-
mento térmico, por esmerilhamento, porosidade
Método padrão para desmagnetização de retração, fechamento a frio, costura, sobrepo-
sição por forjadura e queimaduras. A inspeção de
O processo mais simples para criar uma penetração também detectará uma falta de coe-
força magnética reversível e gradativamente são entre metais unidos.
mais fraca numa peça utiliza uma bobina de so- A principal desvantagem da inspeção de
lenóide energizada por corrente alternada. À penetração é que o defeito deve se apresentar
medida que a peça é afastada do campo alterna- aberto à superfície, a fim de permitir que o
tivo do solenóide, o magnetismo na peça se re- agente penetrante atinja o defeito. Por esse moti-
duz gradualmente. vo, se a peça a ser inspecionada for construída de
Deve ser utilizado um desmagnetizador material magnético, recomenda-se geralmente o
cujo tamanho seja o mais aproximado possível uso da inspeção por partículas magnéticas.
da peça; e para maior eficiência, as pequenas A inspeção de penetração depende, para
peças devem ser mantidas tão perto quanto pos- ser bem sucedida, que o líquido penetrante entre
sível da parede interna da bobina. na abertura da superfície e aí permaneça, tornan-
As peças que não perdem rapidamente do-a perfeitamente visível para o operador.
seu magnetismo devem ser passadas vagarosa- Há necessidade do exame visual da peça
mente para dentro e para fora do desmagnetiza- após o processamento da penetração, mas a visi-
dor por diversas vezes, sendo ao mesmo tempo, bilidade do defeito é aumentada de tal forma que
viradas ou giradas em várias direções. Permitir pode ser detectada.
que uma peça fique no desmagnetizador com a A visibilidade do material penetrante é
corrente ligada resulta em pouca desmagnetiza- ainda aumentada por adição de corante que pode
ção. ser de qualquer dos dois tipos: visível ou fluo-
A operação eficiente no processo de des- rescente. O conjunto para penetrante visível con-
magnetização consiste em movimentar a peça siste do corante penetrante, emulsificador-
lentamente para fora da bobina, afastando-a do removedor do corante e revelador.

10-19
O conjunto para inspeção de penetração 4) Quanto menor o defeito, mais longo
fluorescente consiste de instalação de luz negra será o tempo de penetração. Fendas finas, à se-
bem como aerossóis de penetrante, limpador e melhança de rachaduras, necessitam de mais
revelador. tempo para penetração do que defeitos, tais como
A instalação de luz negra consiste de um porosidade.
transformador de força, cabo flexível e lâmpada
portátil. Graças a seu tamanho, a lâmpada pode 5) Quando a peça a ser inspecionada for
ser utilizada em qualquer posição ou localização. construída de material suscetível ao magnetismo,
Em síntese, os itens a serem observados deve-se utilizar o método da inspeção por partí-
ao se executar uma inspeção de penetração são: culas magnéticas, caso haja equipamento dispo-
nível.
A) Completa limpeza da superfície metá- 6) O revelador para o tipo penetrante vi-
lica. sível, quando aplicado à superfície da peça, seca-
rá formando uma camada branca tênue e unifor-
B) Aplicação do penetrante. me. Durante a secagem, indicações brilhantes
C) Remoção do penetrante com emulsifi- vermelhas aparecerão nos locais onde hajam
cador-removedor ou limpador. defeitos superficiais. Se não houver indicações
vermelhas, não haverá defeitos superficiais.
D) Secagem da peça
7) Ao proceder à inspeção de penetração
E) Aplicação do revelador com corante fluorescente, os defeitos aparecerão
(sob luz negra ) com coloração brilhante amare-
F) Inspeção e interpretação do resultado. lo-verde. As áreas perfeitas apresentarão colora-
ção azul-violeta escura.
Interpretação dos resultados
8) É possível examinar a indicação de um
O sucesso e a confiabilidade de uma ins- defeito e determinar sua causa, bem como sua
peção com líquido penetrante depende do cuida- extensão. Tal julgamento pode ser feito saben-
do com que a peça foi preparada. Os diversos do-se algo sobre os processos de fabricação aos
princípios básicos aplicáveis à inspeção de quais a peça foi submetida.
penetração são:
O tamanho da indicação, ou o acúmulo
1) O penetrante deve atingir o defeito a do penetrante indicará a extensão do defeito. O
fim de formar uma indicação. É importante a- brilho dará a medida de sua profundidade. As
guardar o tempo suficiente para que o penetrante indicações de rachaduras profundas comportarão
possa preencher o defeito. O defeito deve estar mais penetrantes, sendo, portanto, mais largas e
limpo e livre de matérias contaminantes, de mo- brilhantes.
do que o penetrante possa atingi-lo livremente.

2) Não poderá haver a formação de uma


indicação se o penetrante for completamente
removido do defeito durante a lavagem. Antes da
revelação há, pois, a possibilidade de que o
penetrante seja removido não só da superfície,
como também do defeito.

3) Rachaduras limpas são normalmente


fáceis de detectar. Aberturas superficiais não Figura 10-12 Tipos de defeitos.
contaminadas, independentemente de quanto
sejam delgadas, raramente serão difíceis de se-
Fendas muito delgadas comportam pe-
rem detectadas através da inspeção de penetra-
quena quantidade de penetrantes, aparecendo
ção.
portanto como linhas finas. A figura 10-12 apre-

10-20
senta alguns tipos de defeitos que podem ser
localizados utilizando-se penetrantes corantes. As técnicas de inspeção radiográficas são
utilizadas para localizar defeitos ou falhas na
Indicações falsas estrutura do avião ou nos motores com pouca ou
nenhuma desmontagem. Isso constitui um con-
Na inspeção de penetração de corante não traste marcante em relação a outros tipos de ins-
ocorrem falsas indicações, no sentido do que peção não destrutiva que, geralmente, exigem a
acontece na inspeção por partículas magnéticas. remoção, desmontagem e retirada da tinta da
Há, entretanto, duas condições que podem ocasi- peça suspeita, antes que ela possa ser inspecio-
onar acúmulo de penetrante, confundindo-o mui- nada. Devido à natureza do raio-X, há necessi-
tas vezes com rachaduras e descontinuidade dade de um treinamento intensivo para o preparo
reais de superfície. de um operador do equipamento, sendo que so-
A primeira condição compreende as indi- mente pessoal legalmente habilitado pode operar
cações causadas por lavagem imperfeita. Se todo as unidades de raio-X.
o penetrante na superfície não for removido na As três principais etapas no processamen-
operação de lavagem ou enxaguadura, após de- to do raio-X, abordadas nos parágrafos subse-
corrido o tempo de penetração, o penetrante não quentes são:
removido ficará visível. A evidência da lavagem
imperfeita é geralmente fácil de identificar, posto 1) Exposição à radiação, incluindo a pre-
que o penetrante se apresenta em áreas espalha- paração.
das, ao invés dos contornos bem definidos en-
contrados nas indicações verdadeiras. Quando 2) Revelação do filme.
acúmulo de penetrantes não lavados forem en-
contrados na peça, esta deverá ser completamen- 3) Interpretação da chapa radiográfica.
te reprocessada. O desengorduramento é reco-
mendado para a remoção completa do penetran- Preparação e exposição
te.
As indicações falsas podem também apa- Os fatores relativos à exposição radiográ-
recer onde as peças são encaixadas umas às ou- fica são tão interdependentes que há necessidade
tras. Se uma roda for encaixada num eixo, haverá de todos serem levados em consideração, para
uma indicação de penetrante na linha de encaixe. qualquer tipo de exposição. Estes fatores inclu-
Isto é perfeitamente normal, posto que as duas em (não achando-se, porém, a eles limitados ) os
peças não se acham soldadas. Indicações deste seguintes:
tipo são fáceis de identificar, já que apresentam
formato e contorno regulares. a) Espessura e densidade do material.

RADIOGRAFIA b) Forma e tamanho do objeto.

Devido as suas características especiais c) Tipo de defeito a ser detectado.


de penetrar materiais e detectar descontinuida-
des, as radiações X e GAMA têm sido aplicadas d) Características do equipamento de rai-
na inspeção radiográfica ( raio - x ) de compo- os-X.
nentes metálicos e não metálicos.
e) A distância de exposição.
A radiação penetrante é projetada através f) O ângulo de exposição.
da peça sob inspeção, produzindo uma imagem
invisível ou latente no filme. Depois de revelado, g) As características do filme.
o filme se torna uma radiografia ou figura som-
breada do objeto. h) Tipos de telas ampliadoras, se utiliza-
Esse método de inspeção, numa unidade das.
portátil, fornece um processo rápido e seguro de O conhecimento das possibilidades da
testar a integridade da estrutura do avião e dos unidade de raio-X será útil para a consideração
motores. dos outros fatores da exposição. Além da especi-

10-21
ficação em quilovolts, o tamanho, o transporte, a manecido na imagem revelada. Consequente-
facilidade de manipulação e as particularidades mente, para se obter uma imagem permanente é
de exposição do equipamento disponível devem preciso fixar o material sensível à radiação, re-
ser inteiramente conhecidos. movendo da emulsão todo sal de prata remanes-
A experiência, previamente adquirida, cente.
com equipamentos semelhantes é também muito Após a fixação, torna-se necessário um
útil na determinação das técnicas de exposição enxágüe completo para remover o agente fixa-
em geral. Uma lista ou registro de exposições dor. A permanência deste provocaria sua combi-
anteriores fornecerá dados específicos, que pode- nação com a imagem, ocasionando manchas par-
rão ser utilizados como orientação para radiogra- dacento-amareladas de sulfeto de prata e o con-
fias futuras. seqüente desbotamento da imagem.
NOTA: Todo o processo de revelação
Revelação do filme deve ser conduzido sob uma luz tênue, e, a cuja
cor o filme não seja sensível.
Depois de exposta ao raio-X, a imagem
latente no filme torna-se permanentemente visí- Interpretação radiográfica
vel, processando-a sucessivamente com uma
solução química reveladora, um banho de ácido e Do ponto de vista do controle de quali-
um banho de fixação, seguido por uma lavagem dade, a interpretação radiográfica é a fase mais
com água pura. importante da radiografia. É durante essa fase
O filme consiste de um sal de prata sensí- que um erro de interpretação pode trazer conse-
vel à radiação numa suspensão gelatinosa, for- quências desastrosas. Os esforços, de todo pro-
mando uma emulsão. A solução reveladora con- cesso radiográfico, acham-se centralizados nessa
verte os elementos afetados pela radiação na fase. A peça ou estrutura é aceita ou rejeitada.
emulsão, em prata negra metálica. São essas Condições de falha na integridade ou outros de-
partículas metálicas que formam a imagem. feitos observados superficialmente, não entendi-
Quanto mais tempo o filme permanecer no reve- dos ou erroneamente interpretados, podem des-
lador, mais prata metálica é formada, fazendo truir a finalidade e os esforços da radiografia,
com que a imagem se torne cada vez mais escu- podendo prejudicar a integridade estrutural de
ra. Excesso de tempo na solução reveladora todo o avião. Um grave perigo é o falso senso de
resulta em super-revelação. segurança, adquirido pela aceitação da peça ou
Um enxágüe em banho ácido, conhecido estrutura, baseada em interpretação incorreta.
como banho de parada, neutraliza instantanea- À primeira vista, a interpretação radio-
mente a ação do revelador, paralisando o pro- gráfica pode parecer simples, mas uma análise
gresso da revelação. mais detalhada do problema cedo desfaz a im-
Devido à emulsão macia e à qualidade pressão.
não absorvente da base da maioria dos materiais O assunto da interpretação é tão variado e
negativos, é suficiente um banho de ácido bem complexo que ele não pode ser abordado ade-
fraco. quadamente neste tipo de manual. Assim sendo,
O objeto do banho de fixação é fi- este capítulo fornecerá somente uma revisão bre-
xar a imagem no estágio desejado de revelação. ve das necessidades básicas para a interpretação
Quando um material sensível à radiação é remo- radiográfica, incluindo algumas descrições de
vido da solução reveladora, a emulsão permane- defeitos comuns.
ce ainda com uma considerável quantidade de A experiência tem demonstrado que na
sais de prata que não foi afetada pelos agentes medida do possível a interpretação radiográfica
reveladores. deve ser feita próxima à operação radiográfica. É
Esses sais são ainda sensíveis e, se forem bastante útil, ao observar as radiografias, ter a-
deixados na emulsão, serão eventualmente escu- cesso ao material submetido à inspeção.
recidos pela luz, obscurecendo a imagem. Logi- A radiografia pode assim ser comparada
camente, caso isso aconteça, o filme ficará im- diretamente com o material e indicações devidas
prestável. a fatos, tais como condição da superfície ou vari-
O banho de fixação evita a descoloração, ações na espessura podem ser determinadas ime-
dissolvendo os sais de prata que possam ter per- diatamente.

10-22
Os parágrafos subseqüentes apresentam diversos metálicos estão sujeitos a numerosos e variados
fatores que devem ser levados em consideração esforços em suas atividades. De um modo geral,
ao se analisar uma radiografia. a distribuição destes esforços não é equalizada
Há três tipos básicos de defeitos: falhas, nas peças ou componentes; e determinadas áreas
inclusões e irregularidades dimensionais. Este críticas podem estar mais sujeitas a esforço. O
último tipo de defeito não se enquadra nos co- analista deve dedicar atenção especial a essas
mentários, pois seu principal fator diz respeito a áreas. Outro aspecto na localização dos defeitos
grau, não sendo a radiografia tão detalhada. As é que certos tipos de descontinuidades próximas
falhas e inclusões podem aparecer na radiografia umas às outras podem tornar-se potencialmente a
sob uma variedade de forma que vão desde um fonte de concentração de esforço; portanto esse
plano bidimensional a uma esfera tridimensional. tipo de situação deve ser examinado com bastan-
Uma rachadura, rasgo ou vinco terão mais apro- te atenção.
ximadamente o aspecto de plano bidimensional, A inclusão é um tipo de defeito que con-
ao passo que uma cavidade se assemelhará a uma tém material aprisionado. Esses defeitos podem
esfera tridimensional. Outros tipos de defeitos ser de maior ou menor densidade que a peça que
como contrações, inclusões óxidas, porosidade, está sendo radiografada. Os comentários acima
etc. aparecerão com aspectos que se encaixam sobre o formato, tamanho e localização do defei-
entre os dois extremos acima citados. to aplicam-se igualmente às inclusões e falhas.
É importante analisar a geometria de um Além disso, um defeito portador de matéria es-
defeito, especialmente no que diz respeito à a- tranha pode tornar-se uma fonte de corrosão.
gudeza das extremidades. Num defeito tipo fen-
da, por exemplo, as extremidades aparecerão Perigos da radiação
muito mais agudas do que em um defeito tipo
esfera, tal como uma cavidade gasosa. A rigidez A radiação das unidades de raio-X e fon-
do material pode também ser afetada negativa- tes de radioisótopos é capaz de destruir o tecido
mente pelo formato do defeito. Um defeito apre- humano. Reconhecemos que ao manipularmos
sentando extremidades pontiagudas pode estabe- tais equipamentos as devidas precauções devem
lecer uma fonte de concentração de esforços lo- ser tomadas. As pessoas devem ficar afastadas
calizados. Os defeitos esféricos afetam a rigidez todo o tempo do feixe primário do raios-X.
do material num grau inferior aos defeitos com A radiação produz modificações em todas
extremidades pontiagudas. Os padrões de espe- as matérias pelas quais ela passa. O que também
cificações e referências estipulam geralmente é verdadeiro com respeito ao tecido humano.
que os defeitos com extremidades pontiagudas, Quando a radiação atinge as moléculas do corpo,
tais como rachaduras, vincos, etc. são causas o efeito pode não passar pelo deslocamento de
para rejeição. alguns elétrons, porém um excesso dessa modifi-
A rigidez do material é afetada também cação pode causar males irreparáveis. Quando
pelo tamanho do defeito. O componente metálico um organismo complexo é exposto à radiação, o
de uma certa área é projetado para suportar uma grau de lesão, caso exista, depende de quais das
determinada carga, incluindo um fator de segu- células do seu corpo foram atingidas.
rança. A redução dessa área devido a um grande Os órgãos mais vitais encontram-se no
defeito enfraquece a peça e reduz o fator de se- centro do corpo; portanto a radiação mais pene-
gurança. Alguns defeitos são muitas vezes tole- trante é passível de ser mais perigosa nessa área.
rados nos componentes devido aos estes fatores A pele normalmente absorve a maior parte da
de segurança; nesse caso, o analista deve deter- radiação e, portanto, reage mais prontamente a
minar o grau de tolerância ou imperfeição espe- seus efeitos.
cificado pelo engenheiro do projeto. Tanto o Se todo o corpo for exposto a uma alta
tamanho como o formato do defeito devem ser dose de radiação, isso poderá resultar em morte.
criteriosamente levados em consideração, posto Em geral, o tipo e a seriedade dos efeitos
que pequenos defeitos com extremidades pontia- patológicos da radiação dependem da quantidade
gudas podem ser tão perigosos quanto grandes de radiação recebida de uma só vez, e da percen-
defeitos sem extremidades pontiagudas. tagem de todo o corpo exposto. As doses meno-
Outra importante consideração na análise res de radiação podem causar problemas sangüí-
do defeito é a sua localização. Os componentes neos e intestinais de pouca duração. Os efeitos

10-23
mais prolongados são leucemia e câncer. A ex- damente se selecionado para varredura automáti-
posição à radiação pode também provocar lesão ca de alta velocidade.
da pele e queda do cabelo.

TESTE ULTRA-SÔNICO

O equipamento de detecção ultra-sônica


tornou possível localizar defeitos em todos os
tipos de materiais, sem provocar-lhes quaisquer
danos. Minúsculas rachaduras, fendas e falhas,
extremamente pequenas para serem vistas pelo
raio-X, são localizadas pela inspeção ultra-
sônica. O instrumento de teste ultra-sônico ne-
cessita de acesso a somente uma superfície do
material a ser inspecionado e pode ser utilizado
com a técnica do feixe em linha reta ou em ângu-
lo.
Dois métodos básicos são aplicados na
inspeção ultra-sônica. O primeiro deles é o teste
de inversão. Nesse método de inspeção, a peça
sob exame e a unidade de pesquisa ficam total- Figura 10-13 Diagrama em bloco do sistema
mente submersas num líquido que pode ser água básico de eco-pulso.
ou qualquer outro fluido adequado.
O segundo método é denominado teste Devido à velocidade do ciclo de trans-
por contato, que é facilmente adaptado ao uso no missão e recepção, a figura no osciloscópio pare-
hangar (esse é o método aqui apresentado). Nes- ce estacionária.Poucos segundos, após ter início
se método a peça a ser inspecionada e a unidade a varredura, o gerador de razão excita eletrica-
de pesquisa são acopladas com um material vis- mente o pulsador de RF, e este por seu turno
coso (líquido ou pasta ) que reveste as faces da emite um pulso elétrico. O transdutor converte
unidade de pesquisa e o material sob exame. esse pulso numa curta série de ondas de som
Há dois sistemas básicos ultra-sônicos: ultra-sônicas. Se as faces de contato do transdu-
tor e da peça estiverem devidamente orientadas,
1) O pulsante o ultra-som será refletido para o transdutor ao
atingir o defeito interno e a superfície oposta da
2) O de ressonância. peça

O sistema pulsante pode ser de eco ou de


transmissão direta; o sistema de eco é o mais
versátil dos dois.

Eco-pulso

Os efeitos são detectados medindo-se a


amplitude dos sinais refletidos e o tempo neces-
sário para esses sinais irem das superfícies para
as descontinuidades. (Ver a figura 10-13).
A base de tempo, que é disparada simul-
taneamente com cada pulso de transmissão, gera Figura 10-14 Apresentação do osciloscópio em
um ponto luminoso que se desloca de um lado a relação à localização do defeito.
outro do CRT (tubo de raios catódicos). O ponto .
varre a face do tubo da esquerda para a direita, O intervalo de tempo compreendido entre
de 50 a 5.000 vezes por segundo, ou mais rapi- a transmissão do impulso inicial e a recepção dos

10-24
sinais refletidos na peça é medido pelos circuitos defeito se encontra entre as superfícies frontal e
de tempo traseira da peça. ( Ver a figura 10-14 )
. O pulso refletido recebido pelo transdutor O Reflectoscópio é um equipamento tipo
é amplificado e então transmitido ao osciloscó- eco-pulso, podendo ser utilizado para detecção
pio, onde o pulso recebido devido ao defeito é de defeitos tais como rachaduras, dobras, inclu-
apresentado na tela do CRT. O PULSO é apre- sões, deslaminação, soldas parciais, falhas, con-
sentado na mesma posição relativa entre os pul- trações, porosidade, escamação e outros defeitos
sos frontais e traseiros, da mesma forma que o sob a superfície.

Figura 10-15 Operação do reflectoscópio - teste de feixe direto.

O princípio operacional é ilustrado na A aplicação do teste de feixes em ângulo,


figura 10-15, onde os pulsos elétricos são trans- também conhecido como teste de onda recortada,
formados pelo cristal em vibrações ultra-sônicas inclui os seguintes casos:
que são transmitidas para o interior do material.
O sinal refletido pelo pulso inicial provoca uma 1) Defeitos cujos planos formam ângulo
indicação no tubo de raios catódicos apresentada com o plano da peça.
na figura 10-15, detalhe A. A apresentação do
detalhe B correspondente ao reflexo emitido pe- 2) Descontinuidade em áreas que não po-
las vibrações que atingiram a parte inferior da dem ser atingidas utilizando-se a téc-
peça, e retornaram à unidade de pesquisa, que as nica padrão do feixe direto.
transformou novamente em pulsos elétricos.
A indicação vertical na tela, de seus ecos, 3) Alguns defeitos internos em chapas
é conhecida como a "primeira indicação de re- metálicas.
torno". Se um defeito estiver presente (figura 10-
15, detalhe C ), uma parte das vibrações que 4) Alguns tipos de defeitos internos em
atravessa a peça é refletida pelo defeito, provo- tubulações ou barras, tais como inclu-
cando uma indicação extra na tela. O espaço sões e pequenas fendas próximas à su-
percorrido pela varredura horizontal é corres- perfície.
pondente ao tempo decorrido desde que as vibra-
ções foram emitidas pelo cristal. Esse tipo de 5) Rachaduras no metal básico, proveni-
operação, designado como teste de feixe direto, é entes de soldas.
indicado para detecção de defeitos cujos planos
são paralelos ao plano da peça. 6) Alguns defeitos de soldas.

10-25
O teste de feixe em ângulo difere do teste Como mostra a figura 10-16, o feixe é
de feixe direto, somente na forma pela qual as projetado no material num ângulo agudo à super-
ondas ultra-sônicas atravessam o material que fície, devido a um corte angular no cristal que
está sendo testado. fica montado sobre um plástico.

Figura 10-16 Operação do reflectoscópio - teste de feixe em ângulo.

O feixe ou parte dele reflete sucessiva- quivale dizer, a ressonância. Se a freqüência for
mente das superfícies do material, ou de qual- aumentada de forma que três vezes o compri-
quer outra descontinuidade, incluindo a borda do mento de onda equivalha a quatro vezes a espes-
mesmo. sura, o sinal refletido chegará então completa-
No teste de feixe direto, a distância hori- mente fora de fase com o sinal transmitido, o-
zontal na tela entre o pulso inicial e o primeiro correndo o cancelamento do sinal. Tornando-se a
eco representa a espessura da peça, enquanto que aumentar a freqüência de tal forma que o com-
no teste de feixe em ângulo a distância represen- primento de onda seja novamente igual à espes-
ta o espaço entre a unidade de pesquisa e a borda sura do material, obtem-se um sinal refletido em
oposta da peça. fase com o sinal transmitido, ocorrendo uma vez
mais a ressonância. ( Ver a figura 10-17 )
Sistema de ressonância

Esse sistema difere do método pulsante


no sentido de que a freqüência de transmissão é,
ou pode ser, continuamente variada. O método
de ressonância é utilizado principalmente para
medida da espessura, quando os dois lados da
peça sob teste são lisos e paralelos. O ponto no
qual a frequência transmitida equivale ao ponto
de ressonância da peça sob teste, é o fator que
determina a espessura. É preciso que a freqüên-
cia das ondas ultra-sônicas, correspondente a um
determinado ajuste do mostrador, seja conhecida
com exatidão. Constantemente deve ser efetuado
teste com frequencímetro para evitar desvio de
freqüência.
Se a freqüência da onda ultra-sônica for
tal que seu comprimento de onda seja duas vezes
a espessura do material (freqüência fundamen-
tal), a onda refletida chegará ao transdutor na
mesma fase que a da transmissão original. Ocor- Figura 10-17 Condições de ressonância ultra-
rerá desta forma um reforço do sinal, o que e- sônica numa chapa metálica.

10-26
Iniciando-se na freqüência fundamental e equipamento utilizado, bem como o método de
aumentando-se gradualmente a freqüência, po- inspeção a ser aplicado às diversas peças subme-
dem ser observados os sucessivos cancelamentos tidas a teste.
e ressonâncias, bem como as leituras utilizadas
para verificar a leitura da freqüência fundamen- TESTE DE EDDY CURRENT
tal.
Em alguns equipamentos, o circuito osci- Análise eletromagnética é um termo na
lador possui um condensador movimentando um qual descreve os métodos de testes eletrônicos,
motor que modifica a freqüência do oscilador ( envolvendo a intersecção de campos magnéticos
Ver a figura 10-18). Em outros equipamentos, a e correntes circulatórias. A técnica mais usada é
freqüência é modificada por processo eletrônico. a de "Eddy Current".
“Eddy Current” são compostos por elé-
trons livres que passam através do metal, sob a
influência de um campo eletromagnético. O
Eddy Current é usado na manutenção para ins-
pecionar eixo do motor da turbina à um jato,
revestimento das asas e seus elementos, trem de
pouso, furos de fixadores e cavidade das velas de
ignição quanto a rachadura, superaquecimento e
danos estruturais. Na construção de uma aerona-
ve o “Eddy Current” é usado para inspecionar as
carcaças, estampagens, peças mecanizadas, for-
jadas e extrusões.

Princípios básicos
Figura 10-18 Diagrama em bloco do sistema
ressonante de medição da espes- Quando uma corrente alternada passa
sura. através de uma bobina, ela desenvolve um cam-
po magnético ao seu redor, que por sua vez induz
A variação da freqüência é sincronizada uma tensão de polaridade oposta da bobina que
com a varredura horizontal de um CRT. O eixo se opõe ao fluxo de corrente original. Essa bobi-
horizontal representa a escala de freqüência. Se na é colocada de tal maneira que seu campo
em seu espaçamento ocorrerem ressonâncias, o magnético passa em um corpo de prova de bom
circuito é construído, de tal forma que elas se condutor de eletricidade no qual a “Eddy Cur-
apresentarão verticalmente. Escalas transparen- rent” será induzida. O “Eddy Current” cria seu
tes calibradas são colocadas na frente do tubo, de próprio campo que varia em oposição do campo
modo que a espessura possa ser lida diretamente. original para o fluxo de corrente original. Assim
Os instrumentos operam normalmente entre 0,25 a sensibilidade para o “Eddy Current” determina
e 10 MHz, em quatro ou cinco faixas. o fluxo de corrente através da bobina (Figura 10-
O instrumento de medição da espessura 19).
por ressonância pode ser utilizado para testar O tamanho e a fase do campo dependem
metais como aço, ferro fundido, latão, níquel, basicamente da resistividade e permeabilidade
cobre, prata, chumbo, alumínio e magnésio. do corpo de prova em evidência, e ele nos permi-
Além disso, podem ser localizadas e avaliadas te fazer uma avaliação qualitativa de várias
áreas de corrosão ou desgaste nos tanques, tubu- propriedades físicas do material de teste.
lações, chapas de asa do avião e outras estrutu- A interação do campo de “Eddy Current”
ras. com o resultado do campo original é uma inver-
Existem unidades de leitura direta, ope- são de força que pode ser medida utilizando um
radas por mostrador, que medem espessuras en- circuito eletrônico similar a uma ponte de Whe-
tre 0,025 e 3 polegadas, com precisão superior a astone.
+ ou - 1%. O corpo de prova é introduzido através
A inspeção ultra-sônica requer um opera- do campo de uma bobina de indução eletromag-
dor habilitado que esteja familiarizado com o nética, e seu efeito na impedância da bobina ou

10-27
na saída de tensão de uma ou mais bobinas de Uma boa solda tem largura uniforme; as
teste é observado. ondulações são uniformes e bem cunhadas no
O processo pelo qual os campos elétricos metal base, que não apresenta queimadura devi-
são emitidos para examinar uma peça em várias do ao superaquecimento
condições, envolve a transmissão de uma energia A solda tem boa penetração, não apresen-
através do campo de prova como a transmissão tando bolhas, porosidade ou inclusões. As bordas
do Raio-X, calor ou Ultra-som. do filete ilustrado na figura 10-20 (B) não estão
Na transmissão do Raio-X, calor ou ultra- em linha reta; entretanto, a solda está bem execu-
som, o fluxo de energia flui em uma amplitude tada, pois a penetração é excelente.
máxima tendo uma direção, intensidade identifi- Penetração é a profundidade da fusão
cada, obedecendo as leis de absorção, reflexão, numa solda. A fusão integral é a característica
difração e difusão. Elementos receptíveis podem mais importante que contribui para uma solda
ser colocados dentro de um campo e uma medida segura.
de fluxo de energia é possível de se obter. A penetração é afetada pela espessura do
Entretanto, em testes eletromagnéticos a material a ser unido, pelo tamanho da vareta de
energia se distribui em um raio pré-determinado, enchimento e do modo pela qual ela é adiciona-
passando por um processo de transformação de da. Na solda de topo a penetração deve corres-
energia magnética para elétrica e, subseqüente- ponder a 100% da espessura do metal base. Na
mente, voltando para a energia magnética. Como solda de canto angular (filete), a necessidade da
a corrente induzida flui em um circuito fechado, penetração deve ser de 25 a 50% da espessura do
ela não é conveniente e nem usualmente possível metal base. A largura e profundidade do rebordo
para interceptar os limites do fluxo do campo de das soldas de topo e de filete acham-se apresen-
prova. tadas na figura 10-21.
Visando melhor determinar a qualidade
Inspeção visual de uma junção por solda, vários exemplos de
soldas imperfeitas são apresentados nos parágra-
Testes não destrutivos pelo método visual fos seguintes.
constituem a mais velha forma de inspeção. De- A solda vista na figura 10-22 (A) foi feita
feitos que possam passar despercebidos a olho apressadamente. O aspecto alongado e pontiagu-
nu podem ser ampliados até tornarem-se visíveis. do das ondulações foi causado por calor excessi-
Telescópios, boroscópios e lentes ajudam na vo ou chama oxidante.
execução da inspeção visual.
Os comentários sobre a inspeção visual
neste manual serão confinados à apreciação da
qualidade de soldas pelo método visual. Embora
o aspecto da solda pronta não seja uma indicação
positiva da sua qualidade, mesmo assim dá uma
boa idéia do cuidado com que foi executada.
Uma junção por solda bem executada é
muito mais forte que o metal básico ligado por
ela. As características de uma junção por solda
bem executada são apresentadas nos parágrafos
seguintes. (Ver a figura 10-20).
Figura 10-21 (a) solda de topo e (b) solda de file-
te, mostrando a largura e profundi-
dade do rebordo.

Se a solda fosse transversal, possivelmen-


te apresentaria bolhas de gás, porosidade e inclu-
são de escória.
A figura 10-22 (B) apresenta uma solda
com penetração indevida e dobras frias ocasio-
Figura 10-20 Exemplos de boas soldas. nadas por calor insuficiente. Ela parece grossei-

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ra, irregular, e seus bordos não estão cunhados Ela tem freqüentemente o aspecto de uma solda
no metal base. fria.
Durante o processo da solda há uma ten-
dência de fervura, caso seja usada uma quantida-
de excessiva de acetileno. Isso provoca muitas
vezes leves protuberâncias, ao longo do centro, e
crateras na extremidade da solda. A firmeza do
corpo da solda será evidenciada através de veri-
ficações cruzadas. Se a solda fosse submetida a
um corte transversal, bolhas e porosidade seriam
visíveis. Essa situação é apresentada na figura
10-22 (C).
Uma solda mal feita, com bordos irregu-
lares e bastante variação na profundidade da pe-
netração acha-se ilustrada na figura 10-22 (D). Figura 10-22 Exemplos de soldas mal feitas.

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