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CO M
248 # 06.01.2008
Jornal Diário | Ano LX I | Nº18945 | 0,55 e
Fundado em 1946 | Terceira | Açores
Angra
josé pedro cardoso
Comemorar
olhares NOTA DE ABERTURA
FOTOGRAFIA antónio araújo José Lourenço
poisar do milhafre
04 José Pedro Cardoso
Comemorar Angra
[ENTREVISTA] Tema de capa: Com a situação fi-
nanceira regularizada, o presidente da
10 João Saavedra
Câmara Municipal de Angra do Heroís-
[ENTREVISTA] mo prepara-se para mais dois anos de
mandato. Começa esse período com as
14 Maduro-Dias
lizar os angrenses para os benefícios
[VELA DE ESTAI] desse galardão é a aposta de José Pe-
dro Cardoso. O autarca reconhece que o
20 Lei do tabaco
te da Câmara Municipal de Angra nunca
[REPORTAGEM] foi posta em causa. Para os dois anos que
se seguem, promete algum investimento.
Mas nada de exageros.
Uma revelação: João Saavedra, 20 anos
de idade, vai ser a nova voz da Rádio Co-
mercial. Foi o vencedor de um “casting”
promovido pela estação de rádio de âm-
bito nacional que contou com cerca de 3
800 participantes, sendo o preferido do
júri e do público. Dentro de poucos dias,
vai iniciar uma nova etapa da sua vida
que vem ao encontro daquilo que sem-
pre sonhou. Aos dez anos, já fazia rádio
em casa para a família.
Reportagem: Metal e vidro, ágatas, tur-
quesas, cristais, plástico, pérolas, mis-
sangas e até bonecos de peluche, trans-
formados em colares, anéis, brincos e
24 Turismo
2008 da lei que proíbe o fumo de ta-
[REPORTAGEM] baco em todos espaços fechados, in-
cluindo os locais públicos com menos
26 Alexandra Soares
de cem metros quadrados vai mudar de
[DESPORTO] forma radicar os cerca de dois milhões
de portugueses fumadores.
28 Sugestões
A figura do desporto: Alexandra Soares,
[AGENDA] central da Associação de Jovens da Fon-
te do Bastardo e produto dos escalões
29 Tiro&Queda
de formação do Angra Volei Clube, irra-
[CARTOON] dia felicidade por todos os poros. A ra-
zão é simples: acaba de participar num
estágio da selecção nacional.
Dois anos
a aguentar
de remos...
Com a situação financeira regularizada, o presidente da Câmara
DI DOMINGO 06.JANEIRO.2008
entrevista rui messias fotografia antónio araújo O autarca reconhece que o investi- em função da inflação sentida, por parte do governo as a recorrer à periferia. Ou seja, as freguesias come-
central. A par disso, tínhamos compromissos com for- çam a ganhar maior dinamismo. No entanto, em ter-
mento no concelho foi reduzido ao mínimo devido aos constran- necedores na ordem dos 3,7 milhões de euros. Peran- mos económicos, Angra concentra o desenvolvimen-
te isso, foi necessário ir resolvendo esta situação, uma to. As freguesias acabam por ser dormitórios, onde as
gimentos financeiros da autarquia. Mas José Pedro Cardoso, no vez que se tratavam de contas por saldar que care- pessoas que nelas habitam – tendo em conta que via-
ciam de atenção a curto prazo. Neste momento, essa jaram para lá não sendo naturais – acabam por ter
balanço dos dois primeiros anos de mandato, sublinha que a ac- dívida encontra-se num valor residual. A nossa estra- pouca participação social. No entanto, as festas e
tégia foi estancar alguns gastos, sem prejudicar o fun- tradições naqueles locais – como é o caso das fes-
tividade corrente da Câmara Municipal de Angra nunca foi posta cionamento normal da autarquia. Ou seja, não houve tas do Espírito Santo – têm, de certa forma, ameni-
investimentos de grande porte, mas sim a satisfação zado esta tendência, já que o convívio que se gera
em causa. Para os dois anos que se seguem, promete algum inves- das necessidades habituais… nesses dias acaba por resultar em convites para ou-
tras participações. Isso, em boa verdade, tem esba-
timento. Mas nada de exageros. Este elenco camarário tem sido, de facto, acusado de não tido o carimbo de espaço dormitório, não se deno-
investir em projectos significativos. Presumo que a justifi- tando, muitas vezes, essa situação de forma tão ex-
cação seja essa necessidade de saneamento financeiro? plícita.
Exacto. Havia que sanear as finanças da autarquia. Fe-
lizmente, conseguimo-lo. Mas com uma conduta de Este elenco camarário tem sido acusado bastas vezes de
Anunciou recentemente a redução significativa do passivo Antes de mais, deixe-me dizer-lhe que, nestes últi- grande contenção, com a preocupação de que qual- não conseguir explorar da melhor forma a classificação da
corrente da autarquia, que apontava como um dos princi- mos dois anos, o maior entrave ao desenvolvimento quer investimento a fazer teria de ser aquele que era cidade como Património da Humanidade. Aceita esta crí-
pais entraves a um maior nível de investimento no conce- do concelho surgiu por dois factores: o fim dos fun- impossível evitar e que tivesse capacidade reproduti- tica?
lho. Neste momento, qual o valor em dívida? dos comunitários e a não atribuição de mais verbas – va. Não deixamos as escolas ao abandono, nem as es- Aceito a critica em duas perspectivas. Primeiro, não
tradas, nem tudo aquilo que era necessário resolver a sabemos como vender o nosso passado, o nosso pa-
curto prazo. Ponto de honra nesta estratégia foi o pa- trimónio, perante a opção que foi feita no novo pólo
gamento atempado aos colaboradores e funcionários económico açoriano que é o Turismo. Depois, é pre-
da Câmara. ciso não esquecer que o angrense aceitou este galar-
dão como um fardo, como sinónimo de entrave e difi-
Qual, então, o valor da dívida da autarquia? culdade a algo. E isso leva tempo a ultrapassar, inqui-
São 215 mil euros, que pretendemos extinguir nos pri- nando a possibilidade intrínseca de sabermos sensi-
meiros dias de 2008. bilizar quem nos visita para o património que temos.
Percebemos o que temos, mas precisamos de tempo
A que se refere este valor? para sabermos adoptar esse património como nos-
Este valor é referente a uma dívida que se vem desen- so. Penso que com as comemorações dos 25 anos
rolando de há dois anos a esta parte, e que é relativa a da classificação da cidade pela UNESCO, os angren-
um fundo de apoio à doença dos funcionários, que é ses vão dar um passo importante na aceitação des-
a ADSE, com quem combinamos ir pagando todos os se galardão como algo de muito importante – que o
meses uma quantia, sem nunca pôr em causa os pa- é – e que é possível majorar e, acima de tudo, ren-
gamentos do que se vai realizando agora. tabilizar.
Portanto, a autarquia, além desta dívida de curto prazo Nestes dois anos, há um episódio que se destaca: a ale-
mantém os seus encargos com a Banca? gada ameaça dos deputados municipais socialistas na As-
Sim. Temos mais de 20 milhões de euros em emprés- sembleia Municipal em confrontar directamente o elenco
timos bancários. Essa dívida está dentro dos limites camarário. Passado este tempo, que comentário faz a esse
naturais do endividamento autárquico. A outra não, a momento? Houve, de facto, um confronto entre as partes,
outra prendia-se com compromissos assumidos pe- ou tudo não passou de um bola de ar mediática?
rante fornecedores que tinham a expectativa de rece- Em todas as sociedades, há situações que se extre-
ber ao fim de 60 dias e vieram receber ao fim de mui- mam. E, nesse caso em concreto, um elemento des-
to mais tempo. se grupo, de forma espontânea, apresentou essa ne-
cessidade de ir sabendo como as coisas iam evoluin-
Chega à autarquia substituindo o presidente da altura. De- do, qual o destino das recomendações saídas da As-
pois candidata-se e vence a presidência em sufrágio. Ga- sembleia Municipal, etc. Ao contrário da leitura que
nha um concelho a duas velocidades: a zona da cidade e se fez de que essa situação era o encostar à pare-
freguesias circundantes com algum dinamismo e o restan- de este executivo, entendo essa atitude como uma
te território, rural e de pouca efervescência económica. forma de ajudar a Câmara a apresentar à Assem-
Durante estes dois anos sentiu alguma alteração em rela- bleia Municipal, cinco vezes ao ano, aquilo que vai
ção a esta realidade? fazendo. Claro que, numa estrutura social, há mo-
Temos sentido uma enorme dificuldade em manter as mentos de tensão e de dificuldade. A menor prova
pessoas dentro da cidade, porque o valor das habita- do esbatimento destas tensões é a última Assem-
ções começa a ser excessivamente elevado e começa bleia Municipal onde os documentos mais impor-
a ser mais canalizado para a representação comercial tantes em discussão foram aprovados por esmaga-
ou para outro tipo de actividade. Isso obriga as pesso- dora maioria.
Rádio de sonho
acordo com o que foi divulgado pela Rádio Comercial a pectivas de trabalho?
escolha do júri corresponde ao resultado da votação da Praticamente todas as vozes da Rádio Comercial fa-
Internet. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para zem trabalhos para grandes empresas de publicida-
agradecer a todos os que votaram em mim e que per- de. Para além disso a Rádio Comercial pertence a um
mitiram a concretização deste sonho. grupo de comunicação muito forte – a Média Capital,
que é a proprietária da TVI. Sendo assim, julgo que as
portas estão abertas para poder fazer diversas coisas
relacionadas com a rádio e publicidade.
COMEÇAR CEDO
Aos dez anos de idade pediu um emissor de rádio como
presente aos teus pais. Como é que foram essas primeiras
emissões de rádio para a família?
Com essa idade já tinha o “bichinho da rádio”. Como
tinha muita curiosidade por tudo o que tivesse a ver
com a rádio pedi aos meus pais um emissor para fa-
zer umas brincadeiras.
Entre os 10 e os 14 anos, fui fazendo as minhas emis-
sões de rádio para a família e aprendi muita coisa a
brincar sozinho.
As emissões eram produzidas no andar de cima da
minha casa e os meus pais ouviam cá em baixo na co-
zinha. Tinha uma audiência que raramente ultrapassa-
va as três pessoas. Mas as emissões podiam ser capta-
das também nas rua…
ACADEMIA… A UNIVERSIDADE
A Universidade dos Desta questão, mais com- aluno, face aos critérios legais e tutelares, a Uni- O “Diário Insular” ele- versidade tripolar, inse- ses centralistas de Maria- gãos governamentais re-
Açores voltou a ser notícia. plexa do que à primeira gerais de financiamento versidade é dos Açores, geu, com justiça, como rida na realidade arqui- no Gago. gionais e esperar melhor
Em causa, uma vez mais, vista possa parecer, cum- legalmente fixados; não está apenas nos Aço- “Homem do Ano”, em pelágica e como um dos São as agruras da coerên- compreensão e mais efi-
um tema central: o do seu pre realçar o que pensa- - Tudo isso não deve dis- res. E bem tem andado o 2007, o reitor da Univer- mais importantes instru- cia. cácia do governo central.
financiamento, já que a mos ser importante: pensar (nem desculpar) Governo dos Açores que, sidade dos Açores, o Prof. mentos para o desenvol- Contudo, o essencial des- É não só um absurdo,
mesma teve que solicitar - A imprescindibilidade que a própria Academia, afora essas questões jurí- Avelino Meneses, pela vimento regional e pre- ta questão da Universida- mas uma autêntica per-
à respectiva tutela um re- da instituição académica no seu lato auto-governo, dico-burocráticas, tem si- sua coragem e persistên- parou-se para sofrer as de dos Açores é bem ou- turbação do sistema.
forço de 1.800.000 euros, açoriana, para a Região, o aplique a si própria os cri- do o grande esteio da Uni- cia na defesa da institui- consequências destas op- tra. Compreende-se ainda
com vista a poder fechar mesmo é dizer, para o Pa- térios de exigência, inova- versidade, quer ao nível ção a que preside e so- ções. O que não espe- Não faz sentido que sen- menos que o Governo
um ano equilibrado. ís, como forma de criação ção e excelência que tão dos contratos-programa bretudo pela forma he- rava, possivelmente, era do a Universidade uma Regional e também a As-
A instituição universitária e de difusão de um saber bem conhece e ensina, no para investigação, quer róica como tem resistido que alguns políticos re- instituição pública e da sembleia legislativa acei-
açoriana depende do Mi- de excelência, de que, pe- sentido de aumentar sem- dos apoios em equipa- às traições a que tem sido gionais com responsabi- maior importância para tem semelhante situa-
nistério da Ciência e do lo menos nalgumas áreas, pre a sua produtividade, mentos e infra-estruturas, continuamente sujeito da lidades acrescidas lhe ti- a Região Autónoma dos ção e não usem dos me-
Ensino Superior, desde até granjeou público inter- excelência e reconheci- como aqueles que ago- parte, sobretudo, do po- rassem o tapete debaixo Açores continue com a tu- canismos constitucionais
inícios da década de 90 nacional reconhecimento; mento científicos e de Es- ra surgem no novo Cam- der político. dos pés e viessem a pú- tela do Governo da Repú- ao seu dispor para resol-
(1994, presumo), por for- - O dever legal que incum- cola, para além duma ges- pus de Angra, face ao au- Avelino Meneses assu- blico, no auge da refrega, blica. Não é aceitável que ver de uma vez por todas
ça e com aplauso do en- be sobre a República de tão sempre mais eficaz; xílio financeiro da Autono- miu-se como um acérri- como o Ministro do Ensi- se exija a um Ministro em a questão da Universida-
tão Governo dos Açores. suportar financeiramente - Para além dos aspectos mia. mo defensor de uma Uni- no Superior, aderir às te- Lisboa que compreenda de dos Açores e a sua in-
A política de rigor finan- esse serviço público, aten- e aplique nas ilhas me- serção por direito e por
ceiro levada a cabo pe- dendo à realidade e espe- didas especiais para sal- dever no sistema político
lo Governo da República, cificidades açorianas, de- vaguardar as especifici- e administrativo que nos
designadamente ao nível signadamente a tripolari- dades da insularidade. A rege. Sem isso, não have-
da redução da Despesa dade, associada à insula- Autonomia nasceu pre- rá nunca paz e a Univer-
Corrente e com o funcio- ridade, à semelhança do cisamente por se ter ve- sidade continuará, ape-
namento do aparelho do que faz com a desconcen- rificado que os centralis- sar da heroicidade do seu
Estado, tem levado a que tração territorial das aca- tas não têm remissão e reitor, a viver sob a ame-
a instituição, à semelhan- demias continentais; deles não se pode nun- aça da própria extinção e
ça das suas congéneres - O respeito, compreen- ca esperar atitudes bene- será sempre olhada co-
e de muitos outros servi- são e especificidade pela volentes. Sou até de pare- mo um corpo estranho à
ços públicos nacionais, te- realidade da Universidade cer que se, por absurdo, Autonomia.
nha, nos últimos anos, or- dos Açores não pode nem o Ministro do Ensino Su- Não podemos nem de-
çamentos exíguos, que deve ser desligado duma perior conseguisse enten- vemos deixar que paire a
cobrem apenas cerca de política avulsa que suces- der o problema das espe- mínima dúvida que o Go-
75% das suas despesas sivos Governos da Repú- cificidades da nossa Uni- verno Regional nos Aço-
correntes – segundo de- blica mantiveram relativa- versidade e lhe aplicas- res fará sempre melhor
clarações do respectivo mente às Universidades e se regras de excepção e que qualquer ministro do
Reitor. Por sua vez, o Mi- Ensino Superior, hoje lar- de discriminação positiva, Governo da República. Es-
nistério da tutela tem da- gamente responsável pe- se corria o risco de peri- ta regra de ouro aplica-se
do a entender que a Uni- la fraca atractividade de gar um dos pilares auto- a todas as instituições pú-
versidade, relativamente alunos de fora da Região nómicos. blicas e em todas as ins-
aos seus gastos, não cum- a frequentarem a mesma Não podem os açorianos tâncias, sejam elas quais
pre critérios de produtivi- Universidade, dificultando em geral e os académicos forem.
dade e eficiência que são assim em muito um mais em especial duvidarem Fugir a ela é caminhar pa-
agora exigíveis. eficaz “ratio” professor/ da maior eficácia dos ór- ra o desastre.
O SINDICATO…
… dos Magistrados do Ministério Público vai orga- aberto às questões do património natural ou construído,
nizar nestes primeiro meses de 2008, com a associa- não consegue passar da salvaguarda, e este assumir da
ção do IPPAR (Instituto Português do Património Ar- repressão como quase única “arma” de combate a favor
quitectónico), um colóquio em torno das questões da do património, torna-o inimigo público nº1.
defesa do Património Histórico e Natural. Enquanto outros países e grupos de países – Anote-
O encontro funcionará, também, como uma espécie se o National Trust na Inglaterra ou a Europa Nostra
de curso de formação para os procuradores que tra- com vocação mais global – desenvolveram modos de
balham nomeadamente nos tribunais administrativos, dar sentido positivo, social e económico ao patrimó-
habilitando-os para saberem actuar preventivamente, nio e à sua protecção, em Portugal, pelos vistos, ainda
perante algumas decisões de autarquias que são au- não conseguimos muito mais que aperfeiçoar as leis
tênticos atentados ao património do País, seja ele na- e continuar atrás dos prevaricadores.
tural ou construído. Ora esta política de “eu atrás da pulga e ela aos salti-
Interessa isso aos Açores? nhos” já demostrou que só pode garantir algum con-
Sem dúvida! trole por um certo tempo. O caminho correcto implica
Com duas amplas zonas incluídas na lista do Patrimó- um comprometimento mais geral e comunitário, on-
nio Mundial da UNESCO, o conjunto de áreas da Na- de o poder político faça mais, por um lado, do que le-
tura 2000, os centros históricos de Vila do Porto, San- gislar e dar incentivos e deixe mais, por outro, a inter-
ta Cruz da Graciosa e Vila Nova do Rosário do Corvo e venção nas mãos dos actores civis.
uma enorme mão cheia de espaços e edifícios classi- Esta formação que os procuradores do Ministério Pú-
ficados individualmente, a questão não pode nem irá blico organizaram para si, revela, entre outras coisas,
passar ao largo da Região. que o aparelho jurídico se quer e está a preparar.
Se nos lembrarmos, também, que o turismo está a Porém, falta o resto e o mais importante!
tornar-se pilar importante do desenvolvimento eco- A participação cívica que só é possível com mais for-
nómico da Região, Angra não pode deixar de assumir mação, dando informação e exemplos variados e cla-
a obrigação de liderar, em conjunto com a Paisagem ros às pessoas.
do Pico, respectivamente, as questões do património Há um longo caminho a percorrer, de investimento
edificado e natural. informativo e formativo, junto dos vários grupos, no-
Importa tornar claro, no entanto, que não é apenas e meadamente os actores educativos, económicos, so-
só, ou até principalmente, aos poderes públicos, que ciais e políticos.
compete a salvaguarda desses valores e o trabalho É preciso começar desde os primeiros bancos de es-
nesse sentido. A busca do rendimento e de postos de cola a apresentar e ensinar outros modos de ver.
trabalho, o lazer e o gozo das coisas bem feitas, de- É preciso mostrar exemplos, dar a conhecer experiên-
vem ser procurados, desde logo, por nós! cias, promover encontros e fóruns, onde a troca de in-
A protecção jurídico – legal do património cultural e formações mostre que o progresso, apoiado nos re-
natural do País tem sido, graças a Deus, até muito cursos culturais e naturais, existe, dá dinheiro e cons-
fotografia antónio araújo
Madalena Costa
A arte da bijuteria
Metal e vidro, ágatas, turquesas, sucesso. Os turistas ficavam “maravilhados” pelos ma-
teriais e modelos diferentes. “Vendeu-se tão rápido...
cristais, plástico, pérolas, missan- Além disso, venderam-se muitas coisas por encomen-
da. Houve turistas que passavam pelo hotel e que acha-
gas e até bonecos de peluche, trans- vam muita piada em escolher as peças. Faziam exacta-
mente aquilo que eu fazia ao inicio. Comecei a fazer bi-
formados em colares, anéis, brin- juteria como forma de escolher peças para mim. Eles
escolhiam para si”, recorda, tocando o colar de tons
cos e pulseiras. Para Madalena Cos- castanho e pedras grandes que traz ao pescoço.
Ver que a sua bijuteria não era apenas valorizada pe-
ta, a bijuteria é uma forma de arte. los amigos e família foi um grande passo. “Não é muito
a questão monetária. Fiquei felicíssima quando vi que Criar um artigo de bijuteria pode ser um trabalho de nais e exclusivas, um dia mais tarde, quando já esti-
as pessoas compravam porque de facto gostavam. In- paciência. Sobretudo na fase em que se pensam o ver cá a trabalhar. Uma loja no centro da cidade era
dependentemente do preço. Isso para mim é incrível. modelo e os materiais. “Por vezes, há alturas em que um sonho”.
É muito diferente de vender aos amigos, porque há ve- não tenho qualquer ideia. É um pouco frustrante por- Por agora, divide-se entre o curso e a paixão pela biju-
É uma paixão. Aos 22 anos, Madalena Costa não zes em que pensamos que eles compram por pena, ou que penso que vai durar para sempre, mas, felizmen- teria. Até porque se está a falar de arte. “É uma forma
sabe dizer quando começou. Desde pequena que porque pensam: ‘Coitadinha, ela tem tanto trabalho...’. te, essa fase acaba depressa. Há períodos em que es- de arte bem explícita. Mistura-se imaginação, criação.
gostava de artes visuais, de fazer desenhos, pintar e No hotel, só compram porque gostam mesmo”. tou a fazer um colar e surge-me outra ideia. Começo Não copio o que vejo, parto de ideias originais e tudo,
colar. Na escola, uma das suas disciplinas favoritas era Embora ainda faça colares grandes e vistosos, o con- a fazer duas coisas ao mesmo tempo. No final, nenhu- no fundo, tem o meu cunho pessoal. Posso não saber
Educação Visual e Tecnológica. Mas a bijuteria chegou tacto com vários tipos de clientes alargou-lhe o leque ma peça resulta exactamente como tinha imaginado. explicar porquê, mas é arte. Tenho a certeza”.
mais tarde, ainda quando frequentava o ensino se- de peças. “Antes fazia só peças grandes para mim e É sempre uma surpresa”. Além disso, existe o tempo
cundário. Como todas as paixões, foi-se manifestando para as minhas amigas, porque elas não usam mui- de execução. “Os anéis, as coisas mais pequenas, são
primeiro no círculo da família e dos amigos: “Inicial- tos anéis. Mas, quando comecei a vender no hotel, as que levam mais tempo. Os colares fazem-se rápi-
mente, comecei a fazer algumas peças para me en- reparei que os turistas, essencialmente os franceses, do, quinze, vinte minutos. Os brincos também demo-
treter e porque não conseguia arranjar nada que me usam coisas muito pequeninas, só com umas boli- ram muito tempo. Deve ser uma média de 45 minu-
agradasse. Gosto de coisas vistosas. Depois, vendia às nhas… Continuo a fazer uns colares muito vistosos, tos por peça”, explica.
minhas amigas e às amigas da minha mãe”. mas também faço peças mais pequenas e elegantes, Os materiais podem variar. Madalena usa-os com ima-
Com a ida para Lisboa, para frequentar o curso de Ra- com pérolas, cristais, com vidro. Coisas mais bonitas ginação. Já na loja do Terceira Mar, mostra-nos colares
diologia, na Escola Superior de Saúde, perto da zona da e sofisticadas”. pesados de metal, tecido e plástico, delicados anéis
Expo, o leque de pessoas que queriam comprar foi cres- de cristais e colares de contas, brincos elegantes de vi-
cendo. As amigas de faculdade espalhavam palavra... Uma forma de arte dro brilhante. Um colar é feito com pequenos “moran-
“Eu não era muito de mostrar, mas elas sabiam que eu Para Madalena Costa, a bijuteria não é apenas uma gos”. “Fiz uma vez um colar com frutos, lindíssimo, e
fazia e pediam para levar as peças para a faculdade. Foi forma de satisfazer o cliente. Tem também de agradar coloquei um preço alto. Sinceramente, nunca pensei
nesse tempo que me entusiasmei mais a vender”. a si própria. Não repete peças. Mesmo que seja feita que o ia vender... Mas fui a um churrasco de um ami-
As vendas a sério surgiram durante as últimas férias uma encomenda, muda as cores ou o formato. É um go meu, e levei o banquinha para vender as minhas
de Verão. “Já tinha uma grande quantidade de peças processo criativo, sempre. A criatividade leva-a a fazer bijuterias. Vendi tudo, inclusive o colar”, conta, com
guardadas e o meu pai lembrou-se que o melhor era coisas verdadeiramente diferentes. Muito longe dos um brilho risonho nos olhos verdes.
arranjar uma loja para as vender. Como ele já tinha banais anéis de cristais ou colares de contas: “Duran- Para além de se dedicar à bijuteria, Madalena mudou
vindo ao Terceira Mar Hotel e via aquela loja fecha- te estas férias, fiz colares com bonecos de peluche. Fi- de curso. Está agora em Dietética, uma opção que se
da, disse-me para experimentar. Eu disse-lhe logo que caram engraçadíssimos. Mas, como eram diferentes, lhe ajusta mais ao espírito dinâmico e criativo. Mas
não valia a pena, que não iam querer que eu fosse pa- pensei que ia vender muito poucos”. Aconteceu exac- não coloca de lado frequentar um curso relacionado
ra ali, que deviam era querer vender revistas ou qual- tamente o contrário. Ficaram apenas dois na loja do com as artes. “Toda a gente pergunta porque não fui
quer coisa desse género... Mas não, gostaram muito e hotel Terceira Mar. “Pedi uma licença à Câmara Muni- para artes. Prefiro ter outro curso, uma saída mais só-
acharam que os clientes eram capazes de aderir, por cipal e, nos dias em que não choveu, fui para a Rua da lida e, talvez mais tarde, tirar um curso mais específi-
se tratar de uma coisa muito diferente”. Palha, pus uma mesinha, um guarda-sol e fui vender. co, de joalharia”. Outro sonho é abrir uma loja no cen-
O aspecto alternativo das peças de Madalena foi um Os colares com peluches desapareceram”. tro de Angra. “Adorava abrir uma loja de peças origi-
Coisas da língua
O meu folhetim da semana passada versou sobre mo se vê (embora os tais atónitos de serviço digam
o “acordo ortográfico”, e no meu entusiasmo – quase que não), interfere não só com a pronúncia, como até
panfletário, o que não é muito adequado a um pro- com a boa imagem das pessoas. Já viram, por exem-
fissional da língua como o eu – lá chamei “tontos de plo, o encanto que é eu, um dia, entrar no café e gri-
serviço” aos não menos panfletários defensores do di- tar para os meus amigos que lá se encontram a tomar
to acordo, os quais dão o litro e outras coisas menos o seu café:
dizíveis em nome do politicamente correcto – perdão, – “Tenho um cagado em casa!…”.
“correto” (que é assim que querem que eu, ao tira- Pois é, a língua tem destas coisas. Ou melhor, quem
rem-me o “c”, passe a pronunciar: “co-rrê-to”). usa a língua, e sobretudo quem quer acabar, por de-
Claro que eu, com aquele meu acto (querem “ato”, creto, com uma tradição de séculos, sujeita-se a estas
não é?) de má-língua, lá provoquei a ira de quem en- coisas. Querem mais exemplos, saidinhos da nossa
fiou o barrete, e vi-me confrontado com o facto (ai!... língua, e que ainda são mais incómodos do que os da
“fato”!) de a redacção (ui!, e a boca a fugi-me para ortografia, na medida em que não resultam da von-
a verdade… “redação”, ditnho assim: “re-dâ-ção”) do tade dos tais atónitos de serviço, mas sim da dimen-
DI ter sido inundada de cartas de leitores desespe- são ideológica da língua que, como dizia o gramáti-
rados a brafamarem contra aquilo que consideraram co espanhol do século XVI, Nebrija, era a companhei-
ser um atentado aos seus direitos fundamentais e, por ra do Império?
isso, constitucionalissimamente defendidos: o direito Querem? Pois vamos a isso (não esquecendo os
de poderem vestir, de fato, um fato para praticarem a exemplos que deixo espalhados por este texto abai-
boa “ação” que é, por exemplo, “adotarem” o hábito xo, para quem os quiser encontrar):
de levarem o carro à “inspeção”… Vejam lá o enras- “Querem fazer-me a vida negra por causa do que es-
canço em que eu me encontro: e se algum deles re- crevo” (ecos do racismo e da escravatura: vida negra,
solve pedir uma indemnização, e o senhor “diretor” vida dos escravos negros). “Gosto muito da Freguesia
(sim, o “di-rê-tor”) do DI me manda a continha pe- do Porto Judeu” (ecos de anti-semitismo: porto judeu
la calada? significava, talvez, um porto traiçoeiro, que era uma
Quem é que é capaz de lhes tirar este direito, a essas das coisas que antigamente se chamava aos judeus).
personalidades, algumas delas gradas figuras do nos- “Eu sou um mouro de trabalho…” (ecos de racismo
so meio académico, cultural e literário, de se sentirem e escravatura: um mouro de trabalho era um escravo
atónitas (é este o significado antigo da palavra “ton- mouro, obrigado a trabalhar até cair). E por aí fora.
to”, aquele que fica pasmado, ou espantado) peran- Dirão que isso são coisas do passado, que já ninguém
te a grandeza que é ficarem ligadas a mais um pas- liga a esses significados ocultos das palavras. Pois se-
so importante da história da língua portuguesa – co- rão. Pois não ligarão. Mas, como nós vivemos no tem-
mo, por exemplo, poderem passar a escrever a pala- po, cada palavra que dizemos, cada acto que pratica-
vra “cagado”, deixando ao leitor o inequívoco direito mos, passam nesse mesmo momento a ser passado.
de escolha, de acordo com a sua interpretação da pa- Querem exemplos? Querem? Pois bem:
lavra na frase, entre o simpático bichinho que todos Quem é que hoje em dia se atreve a entrar num café
nós conhecemos com o acento agudo no seu nome, e gritar, como o fazia há meia dúzia de anos, para o
fotografia antónio araújo
NOVA LEI DO TABACO de fumo para os seus funcionários, mas mesmo nes-
se aspecto, já se adiantam outros problemas ou ques-
ceder quando o vizinho do lado ameaçar com a po-
lícia ou chegar mesmo a chamá-la. Ao nível de res-
proibido fumar
tões. taurantes, mas sobretudo de bares e discotecas, sa-
be-se que tudo pode acontecer, pelo menos enquan-
NO TRABALHO to as consciências não estiverem devidamente prepa-
De acordo com especialistas portugueses, o fumador radas e alertadas para o meio-termo, que se terá de
que deixa o local de trabalho para um intervalo que consubstanciar num trabalho de sensibilização de to-
lhe permita puxar do cigarro, nunca gastará menos das as partes.
de um tempo que se crê possa variar entre os vinte a
trinta minutos, por cada cigarro, e isso por razões de AS “CHAMINÉS”
ansiedade. A lei permite a criação de espaços para fumadores
Entre o momento em que um indivíduo deixa o pos- ou a colocação de aparelhos de ventilação especiais,
to de trabalho, fuma um cigarro e regressa, existe um muito para além dos exaustores comuns, e também aí
hiato de desconcentração no que estava a fazer, que começa já a aparecer muito “gato por lebre”, de acor-
nunca será inferior aos vinte minutos. do com o alerta da ARESP.
Ainda segundo os mesmos especialistas, a ansiedade Existem já diversos estabelecimentos que adquiriram
e consequente distracção em relação ao trabalho, co- os mais variados tipos de equipamentos destinados a
meça antes de a pessoa sair para o tal intervalo de fu- diluírem os fumos provenientes dos cigarros, no en-
mado e só acaba alguns minutos depois de consuma- tanto, a sua certificação, em muitos casos, deixa fortes
do o acto de fumador. suspeitas em virtude de não serem os eliminadores
Acredita-se que, num processo lento, a situação aca- de fumo que a lei não só prevê como obriga os pro-
be por se reequilibrar, no entanto os primeiros tem- prietários dos estabelecimentos s utilizarem.
pos, ainda não contabilizáveis de forma concreta, le- O que isto significa é que alguns aparelhos colocados
vam a crer que haja uma diminuição no rendimento no mercado não passam de simples exaustores de co-
laboral. zinha e não cumprem minimamente com as regras
Essa ansiedade e o tempo perdido aumentarão em impostas pela lei, o que vai criar graves problemas en-
função da existência ou não de espaços apropriados, tre os estabelecimentos, a fiscalização e os vendedo-
bem como com a relação – mais ou menos conflituo- res desses equipamentos.
sa - que possa a ocorrer entre colegas de trabalho. Na Será, desde logo, mais uma fonte de conflito.
realidade, os não fumadores, sobretudo os mais fun- Como é tradição nacional, tudo acabará por se arran-
damentalistas sabem que agora há uma lei que proí- jar e as coisas encaixarão, no devido tempo, umas nas
be o fumo e isso coloca-os com as defesas contra os outras, de forma a que, por um lado a lei seja cumpri-
fumadores legalizadas e constituídas em direito. da e, por outro, a que os fumadores e não fumadores
acabem por conviver de forma pacifica.
CONFLITOS O que não deixará de preocupar todos os intervenien-
Aliás, é sobretudo no sector da restauração e similares tes é o espaço que mediará entre a entrada em fun-
que se espera o maior número de conflitos. cionamento da lei e a sua devida aplicação.
Existem no todo nacional cerca de 26 mil estabeleci- De realmente positivo, caso seja uma previsão correc-
mentos de restauração e similares, ou sejam, bares, ta, é a crença de que com esta nova legislação o nú-
O dia 1 de Janeiro de 2008 marca a entrada em vi- nos ansiedade os seus cigarrinhos, até que tocasse discotecas e outros locais de entretenimento noctur- mero de fumadores, com o tempo, acabe por real-
gor, entre nós, da proibição do fumo do tabaco. Trata- para o regresso às aulas. Para algumas pessoas essa no, onde a proibição de fumar poderá causar, pelo mente diminuir.
se de uma lei relativamente simples nas suas linhas, visão foi tida como algo de caricato e para outras, ape- menos de início, alguns conflitos que serão mais ou De ter em conta, muito em conta, é o que dizem os
mas cuja aplicação vai requerer uma mudança de há- nas uma passagem para o abandono do cigarro. Am- menos complexos, dependendo sobretudo da tole- responsáveis pela Saúde: Mais de um quarto das
bitos a mais de um quarto da população, já que este bas as partes terão razão, sobretudo se nos ativermos rância de fumadores e não fumadores. crianças portuguesas, desde o momento em que nas-
é o número oficial de fumadores. à multidão de adolescentes e jovens que passaram a A ARESP adianta que, embora ainda não existam nú- cem e até aos 14 anos de idade, estão sujeitas ao fu-
No decorrer de 2007 já alguns passos relacionados recorrer às portas dos estabelecimentos de ensino a meros exactos, os primeiros indicadores apontam pa- mo do cigarro, de forma passiva, mas nas suas pró-
com restrições ao fumo de tabaco foram dadas, so- tragarem de forma sôfrega o seu cigarro e a deixarem ra que mais de metade desses estabelecimentos op- prias casas, embora também nesse sector resida já al-
bretudo em locais fechados de uso público, merecen- os acessos às escolas pejados de beatas. E o mesmo tem por proibir o fumo no seu interior, porém, e pe- guma esperança. É que os pais mais conscientes, e
do destaque o interior das escolas, que se reflectiu em acontece, cada vez com maior frequência, às portas rante a presença de um ou mais fumadores, ainda se também de acordo com fontes governamentais, cada
alguns casos num acrescento dos horários das pausas das repartições públicas, onde até há pouco eram os desconhece a reacção dos não fumadores. vez mais fumam o seu cigarrinho na varanda ou no
entre aulas e no consequente aumento das mesmas. utentes que atiravam o cigarro para longe, antes de ali É que a própria lei prevê que a queixa directa a um quintal, a fim de protegerem os filhos. Em casa, por
Passou, então, a ser vulgar, em determinadas horas, entrarem, para depois serem alguns funcionários que agente da segurança, pode resultar numa multa ao fu- enquanto, ainda não existe qualquer lei que proíba as
constatar a presença de alunos, professores outros também se lhes juntaram a meio da manhã e da tar- mador apanhado em flagrante, com uma coima de 60 pessoas de fumarem, pelo que para esses casos serão
funcionários escolares, a fumarem com mais ou me- de. Que o digam os homens e mulheres que varrem euros, mas a reacção perante o ou os delatores é que as leis da consciência as únicas a funcionarem.
a José Berto
Guardo da minha adolescência terceirense as mais Mais tarde, já aposentado, o José Berto fixou-se na
vivas recordações de um homem deveras singular: o ilha Graciosa. E quando eu lá ia de férias, encontra-
José Berto, figura incontornável do meu imaginário va-o à mesa do café junto à praia, à conversa com os
afectivo. amigos, de cerveja à boca, sempre susceptível, judi-
Nascido em 1933 na então freguesia da Praia da ilha cioso, penteado de maresia e de barbas pensantes,
Graciosa, o José Berto frequentou o Liceu de Angra e, com aquele sorriso de secreta ambiguidade. Continu-
mais tarde, concluiu, com distinção, o curso de piano ava igual a si próprio: insatisfeito e contraditório, in-
no Conservatório Nacional de Lisboa. Entregou-se à cómodo e incomodado, dotado de uma consciência
música de alma e coração, tendo exercido actividade crítica e de uma visão cáustica sobre os outros, inteli-
docente em Angra do Heroísmo e na Praia da Vitória. gente, perspicaz e universal da vida e do conhecimen-
Nos anos 50 e 60 do século passado, fez parte da Or- to das coisas.
questra Filarmónica de Angra e foi presença assídua Boémio por condão e por gosto, quando ele estava
nos Serões Músico-Literários nas Festas de São Tomás com o “astral” puxava do retumbante acordeão e ani-
de Aquino, no Seminário de Angra do Heroísmo. Pri- mava quem o quisesse ouvir. E com ele mantínhamos
vou de perto com gente da cultura angrense, como o longas e bem dispostas conversas vadias… Costuma-
investigador João Afonso, o poeta Emanuel Félix, ou o va ele contar episódios das turbulentas viagens que
pintor Rogério Silva. Também se dedicou ao teatro e à empreendera por terras americanas, bem como das
poesia e, sobretudo, à boémia… Embriagava-se de vi- tocatas em insólitas paragens das Caraíbas e Vietna-
da e costumava dizer: “A noite da boémia tem que ser me – e assegurava-nos que havia tocado para um tal
verdadeiramente sentida, gozada, amada”… D. Gergoliani, chefe da Máfia americana…
Ah, o José Berto! Estou a vê-lo nos bailes do Liceu de Um dia, sob o efeito de uma tremenda bebedeira, ele
Angra a fazer a sua “perninha” com os conjuntos mu- passou uma tarde inteira a tentar convencer-me que
sicais “Os Bárbaros”, “Flama Combo” ou “O Açor”, can- Jesus Cristo era um extra-terrestre… Depois passa-
tando com emoção poética: va por fases de alucinação satânica, ou de inquieta-
ções religiosas e metafísicas. Dizia a todos que trata-
“Saudade dessa mulher va Deus por tu… E dividia os homens em cinco cate-
Meu peito sente…” gorias: os boémios, os alienados, os idiotas, os creti-
nos e os loucos.
Para nós, estudantes com sangue na guelra, aquela O José Berto tornara-se um homem cercado e ator-
música (da sua autoria) era um “slow” dos bons, da- mentado, náufrago de si próprio… Viveu os últimos
queles que, como se então se dizia, dava para “es- anos da sua vida misturando música com bebida, bo- machina, escrevendo versos certeiros que são de rai- lucidez. Falou-me que tinha pronto para publicação
fregar a cavalinha” com as meninas que se deixavam émia e poesia. Vítima da chacota dos outros, nunca va e ternura, de amor e ódio e questiona o triunfalis- mais um livro de poesia, cujo título seria: Quando os
apertar no calor escurecido da noite… perdeu um certo sentido de dignidade. Três anos an- mo científico: mortos vierem fardados. E citou-me estes versos que
Já então o José Berto era um nobre vagabundo, des- tes de a cirrose o levar, publicou um belíssimo livro mostram a sua alma de poeta:
bocado e desprendido dos bens materiais, dilemático de poemas: Mar de Escamas (edição da Câmara Mu- “O último invento
e dialéctico, boémio e insolente, fumador feroz, filó- nicipal de Santa Cruz da Graciosa, Angra do Heroís- matou o teu filho”. (pág, 55) “Ai o músico
sofo de barbas e rebeldias… Temperamento de génio mo, 1997), em que fala do destino da vida humana se poeta sente
incompreendido, homem de talento desatento – ape- no teatro do mundo. Atento ao desconcerto do mun- A última vez que vi o José Berto fiquei com a sensa- ai o poeta
nas conhecido pela estúrdia das suas noitadas e por do, e questionando Deus, o Homem, a Solidão, o Ser ção de estar perante um barco velho abandonado no se músico consente”.
ser o autor do hino do “Lusitânia”. e o Não-Ser, o autor denuncia a falsidade, o fingimen- cais… A sua decadência física era visível: envelhecido,
Recordo também as animadas viagens inter-ilhas, a to, a hipocrisia e o egoísmo dos homens e renuncia a pele macilenta, os olhos baços, as longas barbas a Era assim o José Berto – músico e poeta, um ho-
bordo do “Ponta Delgada”, com o José Berto a arran- ao quotidiano comezinho e à trivialidade da vidinha. escorrerem cerveja, sujidade e desolação… A solidão mem bom que se deixou enredar nas vicissitu-
car do seu acordeão noctívago belíssimas melodias e Vivendo no microcosmo da ilha-mãe, o poeta parte pesava-lhe como um fardo. Foi a sua fase negra, sór- des da existência e derrapou no plano inclinado
a beber quantidades industriais de vinho… então em busca de uma harmonia, de um deus ex- dida, macabra e grotesca. Mas não perdera a enorme da vida.
TURISMO
prós e contras
A freguesia do Porto Martins de- as coisas são, para já, como são e não se vê ninguém
que as queira ou possa mudar.
cidiu resolver todos os seus aspec- Naquela circunstância, e praticamente – e muito bem!
– em início de ano, essas viagens de chamada de aten-
tos negativos que foram apresenta- ção para as diversas deficiências, resultou em alguns
casos e se surtiu efeito, tal deve-se ao empenhamen-
dos pelos guias turísticos, no ano to de várias entidades e, diga-se, por ser verdade, a
uma ainda ligeira, mas correcta mudança de algumas
passado. Em Angra do Heroísmo, o atitudes, sobretudo a um maior civismo e mais cor-
recta actuação da parte de quem mais usa o interior
“terror” dos turistas vai continuar da ilha, que, obra ou não do acaso, e provavelmente plesmente na passagem quotidiana, se afirmavam MAU EXEMPLO
com uma mãozinha das brigadas de Ambiente da Po- horrorizados com a situação. Enquanto que, na pequena freguesia do Porto Mar-
a ser o Monte Brasil, a não ser que lícia de Segurança Pública e da GNR, de forma muito Rita Branco, a presidente da Junta de Freguesia, ape- tins, tudo se resolveu, e apesar de todos os alertas, o
clara e por vezes enérgica, vão ajudando as pessoas a lou à população que acorreu ao chamamento e lá se calcanhar de Aquiles que é o Monte Brasil, permane-
alguém tome as decisões adequadas. assumirem uma maior consciência ambiental. conseguiu limpar toda a zona costeira, que hoje se ce intacto, negativamente na mesma.
pode dar ao luxo de pedir meças às mais limpas das Os avisos e apelos dos guias turísticos, pelo menos
PORTO MARTINS ilhas. até agora, foram em vão e o que tudo indica se pode
Seja como for, o exemplo mais concreto que se co- Seguiu-se um outro trabalho de voluntariado, ao pro- esperar, mais de um ano depois, é que quando chegar
A freguesia do Porto Martins foi, no ano passado, nhece pertence à freguesia do Porto Martins, onde ceder-se à área, onde a onde de ratazanas era de tal o próximo Verão se voltem a escutar os “gritos de me-
visitada por um grupo de agentes ligados ao turismo, a Junta de Freguesia assumiu em diversas vertentes, dimensão que durante a noite, os enormes e imen- do” dos turistas, ou o abandono temporário dos auto-
que apontaram algumas lacunas relacionadas com as preparar desde já a próxima época de Verão, e come- sos roedores chegaram a dar cabo de um campo de carros, em manobras perigosas, sobretudo nas diver-
principais dificuldades no acesso dos turistas àque- çou por reunir com guias turísticos com a finalidade milho. sas curvas, todas elas estonteantes quando sentidas
la localidade, uma das mais desejadas por quem de- de saber com detalhe o que mais os afligia em termos do interior dos autocarros.
manda a ilha Terceira, para além de constituir parte in- das visitas àquela localidade. Vislumbrar, portanto, os A CEREJA Pelo menos aparentemente, não existe qualquer pro-
tegrante de praticamente todos os percursos que ac- pontos onde seria, por um lado necessário intervir e, Com a casa limpa, ficava a faltar ao Porto Martins a jecto de requalificação simples, muito simples, nas
tualmente se praticam no calendário dos guias de tu- por outro lado, se isso era ou não exequível. resolução dos vários pontos negros, que impediam a curvas de acesso e de saída numa área que nem se-
rismo que acompanham os forasteiros nos diversos Desde logo, resultou uma mão cheia de trabalhos, boa circulação dos autocarros de turismo, sendo que quer é militar.
passeios em redor da ilha. que começaram com a limpeza na orla costeira que, os mais importantes se prendiam com diversas curvas São prementes os pequenos trabalhos de alargamen-
No decurso dessa visita, uma espécie de mostra do francamente, se encontrava há muito tempo sem ser em que ou não se passava, ou então se originavam as to de algumas das vias de acesso ao Pico das Cruzi-
que de negativo por ali se poderia encontrar e que alvo de uma acção de limpeza digna desse nome. mais caricatas situações, entre o avança e recua dos nhas, e falamos de um local de visita obrigatória, pa-
emperrava o bom funcionamento do trabalho dos E não eram apenas os indesejáveis lixos caseiros que autocarros, criando mal-estar e alguma impaciência, ra melhor os turistas se deleitarem com a paisagem
guias, foram diversos os pontos referenciados, como as pessoas mais inconscientes e menos limpas, mora- ao mesmo tempo que exigia uma enorme perícia aos soberba com a Cidade Património mesmo aos pés e
carenciados de um trabalho, na generalidade simples, dores ou não na freguesia, faziam o favor de, de forma condutores da EVT, que de acordo com as declarações com deslumbrantes vistas sobre toda a costa, entre a
mas que era considerado como fulcral, no sentido totalmente desnecessária, atirar para qualquer sítio os feitas aos jornalistas por Pires Borges, efectuavam dia- Ribeirinha e São Mateus.
de permitir acesso a todas as zonas que, pelo menos sacos de lixo do dia-a-dia, criando uma vasta lixeira a riamente “autênticos milagres”, para levarem a bom Dizem-nos alguns guias turísticos que ainda não é tar-
de acordo com os guias turísticos, merecem maiores céu aberto da forma mais inconveniente e descarada termo a sua missão. de, mas também nos garantem que já é tempo de as
atenções. que se possa imaginar. Em declarações ao DI, durante uma visita guiada a al- máquinas entrarem no Monte Brasil e abrirem um po-
E a questão é colocada desta forma, porque fica-se Como se isso – que já é muito – não bastasse, a or- guns desses locais, Rita Branco mostrou a obra feita, ço mais de caminho para oferecerem conforto e segu-
com a sensação de que são os guias turísticos quem la costeira do Porto Martins começou a encher-se dos na generalidade constituída por pequenos detalhes, rança aos turistas que nos visitam.
decide o que fazer com os turistas, mais coisa, menos chamados “monstros”, em termos de lixos, e desde mas que, agora que foram alterados, permitem a to- Eles, os guias turísticos, esperam que os seus aler-
coisa, em termo da escolha dos percursos, das para- frigoríficos a fogões, televisores em desuso ou seja o dos mais qualidade de vida e constituem simultanea- tas mereçam atenção de quem tem o poder para
gens, dos sítios de maior interesse e, por ventura, será que mais for, no ramo dos electrodomésticos de dei- mente mais um atractivo para que os guias turísticos actuar. Os turistas que nos visitam não podem con-
bom que assim seja, se mais ninguém se decidir por tar fora, chegando-se a um ponto de saturação, e fa- se sintam motivados para visitarem aquela localidade, tinuar a temer pelas suas vidas. Isso constitui uma
mostrar interesse ou saber em relação a isso. Mesmo cilmente visíveis para os turistas, o que é muito maus, passagem obrigatória, mas até agora com esses ele- forma cruel de receber e não faz qualquer senti-
que muitas pessoas considerem que existem outros mas para os habitantes daquela zona também, cuja mentos impeditivos de uma passagem tranquila, que do perante a nossa tão embandeirada hospitali-
pontos de alegado maior interesse, a verdade é que qualidade de vida nos seus passeios de lazer ou sim- agora se torna possível. dade.
NAS NUVENS
há dois na AJFB, depois de ter estado seis épocas no ridade. Por vezes, ainda posso protestar com uma ad-
AVC. Trabalha numa empresa de limpeza, mas não es- versária ou até mesmo com uma colega, mas, sendo a
conde o sonho de ser profissional. única central de raiz da equipa, o treinador exige mais
“Sou capaz de fazer tudo para ter tempo disponível de mim, por isso protesto com as minhas colegas, já
para treinar e jogar, e a melhor prova disso é que já que não convém protestar com o técnico (risos).”
Alexandra Soares, central da Asso- Alexandra sente-se nas nuvens. A jovem de 20 devia ter sido operada a uma lesão no joelho e tenho Alexandra refere ainda que tem uma excelente rela-
anos, que pertence aos quadros da AJFB, foi convoca- vindo a adiar, pois quero ajudar a minha equipa a al- ção com as colegas e com a equipa técnica constituí-
ciação de Jovens da Fonte do Bas- da para o estágio da selecção nacional e garante que cançar os objectivos!” da por Leandro Terra e Francisco Oliveira.
tudo vai fazer para continuar a englobar as escolhas “Um dos meus sonhos é ser profissional de voleibol, o O atletismo foi o primeiro desporto que praticou, mas
tardo (AJFB) e produto dos escalões do seleccionador. outro era ser convocada para a selecção, e esse feliz- o voleibol falou mais alto. Através de uma amiga foi
“Os responsáveis da selecção juvenil portuguesa es- mente já o concretizei. Sei que nos Açores será muito treinar para o AVC, iniciando assim a sua carreira na
de formação do Angra Volei Clube tiveram na Terceira, presenciaram alguns treinos da complicado ser profissional, mas tenho fé que, atra- modalidade para a qual diz ter nascido.
AJFB e gostaram das minhas qualidades. O convite vés da Fonte do Bastardo, poderei chegar ao topo, in- A lesão no joelho da qual padece surgiu quando ainda
(AVC), irradia felicidade por todos partiu muito tempo após esse treino e, sinceramente, do para clubes do continente, como, por exemplo, o actuava no AVC. Reconhece que está a ser bem trata-
não estava à espera de ser convocada!”. Espinho!”, acrescenta. da na AJFB, mas não esconde que mais tarde ou mais
os poros. A razão é simples: acaba de Agora, e num grupo de 18 atletas, Alexandra terá Alexandra não perde um jogo da equipa masculina da cedo terá de ir à faca.
de se empenhar ao máximo para ser uma das 12 AJFB na Vitorino Nemésio e faz a sua apreciação ao Relativamente à carreira da equipa, diz que podia es-
participar num estágio da selecção eleitas que vão participar num torneio no Luxem- plantel de Luís Resende: tar melhor classificada, mas o 2º lugar actual é posi-
burgo. “É um plantel com mais e melhores soluções que tivo, tendo em conta a qualidade das formações que
nacional de seniores. “Tenho os pés bem assentes na terra, e mesmo que não o da época passada. Espero que a equipa continue militam na Série Açores.
sugestões tiro&queda
abetLIVROS pítulo do Museu de An-
gra, até 13 de Janeiro.
Filhos do Vento Uma mostra de fotogra-
Francisco Moita Flores fia sobre o Vulcão de
Editorial Notícias Santa Bárbara, da autoria
285 Páginas de Paulo Henrique Silva,
está patente na Galeria
O vento não tem memó- do IAC, em Angra.
ria e é, por vezes, a me- “Loop” é o título de uma
táfora do esquecimento. exposição de pintura, da
“Filhos do Vento” conta- autoria de Paula Mota,
nos a história de três ve- patente na Sala Dacosta
lhos - Quitério, Grelinhos do Museu de Angra, até
e Raimundo - que simbo- 13 de Janeiro.
licamente representam a “As Armas que Mudaram
multidão de idosos que o Mundo” é o título de
as actuais sociedades, uma exposição patente
apostadas em acelerar o na Sala de Oportunida-
tempo e apagar os sinais des do Museu de Angra,
da rememoração, ten- até 13 de Janeiro.
dem a esquecer. Uma mostra de balan-
“Filhos do Vento” é, tam- ças antigas está patente
bém, o percurso pela his- na Sala de Destaques do
tórias das mentalidades, Museu de Angra, até 13
através dos medos, das de Janeiro.
crenças, dos preconcei-
tos que permanecem co- Cinema
mo persistências de um
tempo que, só aparente- “Elisabeth” é o filme em
mente, o vento varreu da exibição no Centro Cul-
nossa memória. tural de Angra até quin-
Para quem conhece o EXPOSIÇÕES Panorâmica” está paten- ta-feira, dia 10, pelas
percurso da escrita de te na Sala dos Canhões 21h00. Hoje, domingo, o
Moita Flores, será surpre- Uma exposição de foto- da Pousada de São Se- filme é exibido às 18h00
endido pela leitura des- grafia intitulada “Mirada bastião e na Sala do Ca- e às 21h00.
te livro, cuja acção se de- O Centro Cultural de An-
senrola no ambiente ru- gra apresenta hoje, do-
ral de Alcaides. mingo, pelas 15h00, “O
«Tenho passado a puta Gang do Pi”.
da vida a descer para a O Centro Cultural de An-
morte degrau a degrau. gra estreia sexta-feira, dia
E conforme desço cresce 11, pelas 21h00, “Gangs-
o azedume, mirra a espe- ter Americano”. O filme DIÁRIO INSULAR - Ficha Técnica: Propriedade: Sociedade Terceirense de Publicidade, Lda., nº. Pessoa Colectiva: 512002746 nº. registo título 101105 Jornal diário de manhã Composição
rança e vou morrrendo está em exibição até dia e Impressão: Oficinas gráficas da Sociedade Terceirense de Publicidade, Lda. Sede: Administração e Redacção - Avenida Infante D. Henrique, n.º 1, 9701-098 Angra do Heroísmo Terceira
devagarinho. Sabes qual 17. - Açores - Portugal Telefone: 295401050 Telefax: 295214246 diarioins@mail.telepac.pt | www.diarioinsular.com Director: José Lourenço Chefe de Redacção: Armando Mendes Redacção:
é o meu problema? Dei- Hélio Jorge Vieira, Fátima Martins, Vanda Mendonça, Henrique Dédalo, Rui Messias e Helena Fagundes Desporto: Mateus Rocha (coordenador), Luís Almeida, Daniel Costa, José Eliseu
xei de acreditar», escre- Costa, Jorge Cipriano e Carlos do Carmo. Artes e Letras: Álamo Oliveira (coordenador) Colaboradores: Francisco dos Reis Maduro Dias, Ramiro Carrola, Claudia Cardoso, Luís Rafael do
ve Moita Flores num dos Nota: Os eventos agendados Carmo, Luiz Fagundes Duarte, Gustavo Moura, Francisco Coelho, José Guilherme Reis Leite, Ferreira Moreno, António Vallacorba, Diniz Borges, Bento Barcelos, Jorge Moreira, Duarte Frei-
diálogos inseridos neste estão sujeitos a alteração, da tas, Guilherme Marinho, Daniel de Sá, Soares de Barcelos, Cristóvão de Aguiar, Vitor Toste, Luis Filipe Miranda, Paulo Melo e Fábio Vieira Fotografia: António Araújo, Rodrigo Bento, João
“Filhos do Vento”, que já responsabilidade dos promo- Costa e Fausto Costa Design gráfico: António Araújo. Agência e Serviços: Lusa Edição Electrónica: Isabel Silva Sócios-Gerentes, com mais de 10% de capital: Paula Cristina Lourenço,
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vai na 4ª edição. tores. José Lourenço, Carlos Raulino, Manuel Raulino e Paulo Raulino. Tiragem desta edição: 3.500 exemplares,; Tiragem média do mês anterior: 3.500 exemplares; Assinatura mensal: 11 euros
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