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ACIDENTE DO TRABALHO

INDICE

1 - Introdução 9 - Comunicação do Acidente


2 - Conceito 10 - Investigação de Acidentes
3 - Causas de Acidentes 11 - Cadastro
4 - Fatores de Acidentes 12 - Estatísticas
5 - Determinação das Causas 13 - Custo do Acidente
6 - Predisposição à
14 - Custeio
Acidentes
7 - Teoria de Hienrich 15 - Inspeção de Segurança
8 - Eliminação das Causas 16 - Prestações devidas pela Previdência Social

INTRODUÇÃO
Nas sociedades mais antigas, o homem já sofria acidentes enquanto
trabalhava para prover as necessidades de sua subsistência. Todavia, esses
acidentes só chamaram a atenção dos governantes quando, em virtude do
seu elevado numero, adquiriram as dimensões de um problema social. Isto
ocorreu após a Revolução Industrial resultante das descobertas de novas
fontes de força, como o vapor e a eletricidade, provocando o aparecimento
de grandes concentrações de trabalhadores em torno das empresas que
empregavam grandes quantidades de mão-de-obra. Era uma situação bem
diferente daquela que caracterizava a Idade-Media: artesãos realizando
trabalho manual dentro de pequenas oficinas.

No século passado, o clamor contra as condições de vida do trabalhador


cresceu a ponto de levar os homens públicos a pensarem no cerceamento
da liberdade das partes na celebração do contrato de trabalho. Era o
começo da intervenção do Estado no mundo do trabalho assalariado. Não
era possível , no que tange ao acidente do trabalho, continuar adotando os
princípios do direito clássico, para exigir do empregado acidentado a prova
de que o patrão era o culpado. Na maioria dos casos essa prova não podia
ser produzida ou o fato tivera como causa excludente a força maior ou caso
fortuito.

Pouco a pouco, a legislação foi se modificando até chegar á teoria do risco


social: o acidente do trabalho é um risco inerente à própria atividade
profissional exercida em beneficio de toda a comunidade, devendo esta, por
conseguinte, amparar a vitima do acidente. Não se cogita da
responsabilidade deste ou daquele pelo acontecimento.

Através de um seguro social, o empregado é protegido quando incapacitado


para o trabalho em virtude de um acidente.

Em nosso pais, tudo se passou mais ou menos da mesma maneira. Em 1919


tivemos a primeira lei estabelecendo que o empregado acidentado não
precisava obter qualquer prova da culpa do patrão para ter direito à
indenização.

Desde então não nos afastamos desse principio fundamental.

CONCEITO DE ACIDENTE DE TRABALHO

A legislação brasileira define acidente do trabalho como todo aquele


decorrente do exercício do trabalho e que provoca, direta ou indiretamente,
lesão, perturbação funcional ou doença.

Como se vê, pela lei brasileira, o acidente é confundido com o prejuízo físico
sofrido pelo trabalhador (lesão, perturbação funcional ou doença).

Do ponto de vista prevencionista, entretanto, essa definição não é


satisfatória, pois o acidente é definido em função de suas conseqüências
sobre o homem, ou seja, as lesões, perturbações ou doenças.

Visando a sua prevenção, o acidente, que interfere na produção, deve ser


definido como "qualquer ocorrência que interfere no andamento normal do
trabalho", pois além do homem, podem ser envolvidos nos acidentes, outros
fatores de produção, como máquinas, ferramentas, equipamentos e tempo.

Assim, as três situações apresentadas são representativas de acidente:

Na primeira, o operário estava transportando manualmente urna caixa


contendo certo produto; em certo momento, deixa cair a caixa, o que já é
um acidente (queda da caixa), embora não tenha ocorrido perda material (a
caixa não se danificou) ou lesão no trabalhador; nesse caso, ocorreu tão
somente, perda de tempo.

Na segunda, a queda da caixa, embora não tenha ocasionado lesão, é


também um exemplo de acidente, em que ocorreu, além da perda de
tempo, perda de material, pois este se danificou.

Na última, a queda da caixa é exemplificativa de acidente do qual


resultaram, a lesão no homem, a perda do material e a conseqüente perda
de tempo.
E claro que a vida e a saúde humana tem mais valor do que as perda
naturais, daí serem considerados como mais importantes os acidentes com
lesão. Por exemplo, se a caixa ao cair atingir o pé da pessoa que a estava
carregando, provocando sua queda e causar-lhe uma lesão, teremos um
acidente mais grave porque, além da perda de tempo e/ou perda material,
houve dano físico.

Diferença fundamental entre a definição legal e a técnica.

Na definição legal, ao legislador interessou, basicamente e com muita


propriedade definir o acidente com a finalidade de proteger o trabalhador
acidentado, através de uma compensação financeira, garantindo-lhe o
pagamento de diárias, enquanto estiver impossibilitado de trabalhar em
decorrência do acidente, ou de indenização, se tiver sofrido lesão
incapacitante permanente. Nota-se por aí que o acidente só ocorre se dele
resultar um ferimento mas, devemos lembrar que o ferimento é apenas
uma das conseqüências do acidente A definição técnica nos alerta que
o acidente pode ocorrer sem provocar lesões pessoais. A experiência
demonstra que para cada grupo de 330 acidentes de um mesmo tipo, 300
vezes não ocorre lesão nos trabalhadores, enquanto que em apenas 30
casos resultam danos à integridade física do homem. Em todos os casos,
porém, haverá prejuízo à produção e sob os aspectos de proteção ao
homem, resulta serem igualmente importantes todos os acidentes com e
sem lesão, em virtude de não se poder prever quando de um acidente vai
resultar, ou não, lesão no trabalhador.

Do exposto, concluímos que devemos procurar evitar todo e qualquer tipo


de acidente. Deveremos evitar os acidentes sem lesão porque, se forem
eliminados estes, automaticamente, estará afastado a quase totalidade dos
outros. Por exemplo, se o trabalhador tivesse evitado que a caixa caísse no
chão, ela não teria atingido o seu pé. Teria sido mais seguro e mais fácil
evitar a queda da caixa, do que tirar o pé na hora em que caísse. Devemos
lembrar ainda que estudos realizados no Brasil e no exterior, tem revelado
que o custo de acidentes leves é igual ao dos acidentes sob o encargo do
INSS, em virtude, de como já vimos, aqueles serem muito mais numerosos
que estes.

A política governamental dos últimos anos, no sentido de dinamizar esforços


de empresários e empregados e de atualizar a legislação trabalhista, em
muito tem colaborado para a diminuição dos percentuais de acidentes do
trabalho em relação à população trabalhadora do País.

Embora a prevenção de acidentes industriais vise basicamente a


manutenção da integridade física do trabalhador, não se pode esquecer a
influencia dos custos de qualquer programa na implantação ou ,
manutenção do mesmo.
Em outras palavras, qualquer ocorrência não programada que interfira no
processo produtivo, causando perda de tempo, constitui um acidente do
trabalho.

Deve-se destacar que a prevenção de acidentes torna-se economicamente


viável, a partir de um bom programa de prevenção de acidentes.

Um empregado acidentado, aposentado precocemente por incapacidade


permanente, afeta indiretamente a toda a população pois é um a menos a
colaborar no aumento da produção. Quanto mais especializada a sua
função, mais caro se torna substituí-lo. Em síntese, ocorre uma redução na
capacidade produtiva da nação e um aumento dos custos de treinamento da
população economicamente ativa.

Restringindo-se o campo de estudo a uma empresa, a diminuição no


numero de acidentes pode e deve levar a um aumento na produção, bem
como a um custo menor, o que, inclusive, pode baixar o preço do produto
final a nível de consumidor ou elevar o lucro do empresário

O empregado encontra na empresa inúmeros fatores de risco, que podem


criar condições para a ocorrência de um acidente e conseqüente lesão.

Equipamentos elétricos, operações de soldagens, manuseio de líquidos


combustíveis ou inflamáveis, veículos de transporte são exemplos desses
riscos. Sua utilização de forma inadequada pode incapacitar ou até matar o
elemento acidentado.

O primeiro passo na prevenção de acidentes e saber o que se entende por


acidente do trabalho.

Sua definição legal diz que: Acidente do trabalho é aquele que ocorre
no exercício do trabalho, a serviço da empresa, ou ainda pelo
exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou
redução da capacidade para o trabalho, permanente ou
temporária'. Tal definição pode ser encontrada no artigo 131 do
"Regulamento dos Benefícios da Previdência Social", instituído pelo Decreto
n0 2172 de 05 de março de 1997.

Também são igualados, para efeito de lei, os acidentes que ocorrem no local
e no horário de trabalho; as doenças do trabalho, constantes ou não de
relações oficiais; os acidentes que ocorrem fora dos limites da empresa e
fora do horário normal de trabalho, estes sob certas condições. Para a
legislação previdenciária, portanto, somente o acidente do trabalho que
cause prejuízo físico ou orgânico é enquadrado como tal.

Analisando o problema do ponto de vista prevencionista qualquer ocorrência


anormal que prejudique a produtividade já pode ser considerado um
acidente. Se uma pilha de sacas de café, mal estocada, desabar e atingir
um empregado, causando-lhe alguma lesão, temos caracterizado o acidente
do trabalho legal. Se não atingir nenhum empregado e apenas tivermos
perda de tempo para recolocar o material em seu respectivo local, do ponto
de vista prevencionista o acidente do trabalho também ocorreu.

En outras palavras, qualquer ocorrência não programada, que interfira no


processo produtivo, causando perda de tempo, constitui um acidente do
trabalho.

CAUSAS DE ACIDENTES

Em principio, temos três fatores principais causadores de acidentes:

1. Condições inseguras, inerentes às instalações, como máquinas e


equipamentos.

2. Atos inseguros, entendidos como atitudes indevidas do elemento


humano.

3. Eventos catastróficos, como inundações, tempestades, etc.


Estudos técnicos, principalmente no campo da engenharia, são capazes de,
com o tempo, eliminar as condições inseguras. Quando se fala, porém, do
elemento homem, apenas técnicas não são suficientes para evitar uma
falha nas suas atitudes.

Sob o ponto de vista prevencionista, causa de acidente é qualquer fator


que, se removido a tempo teria evitado o acidente. Os acidentes não são
inevitáveis, não surgem por acaso, eles, na maioria das vezes, são
causados, e portanto possíveis de prevenção, através da eliminação a
tempo de suas causas. Estas podem decorrer de fatores pessoais
(dependentes, portanto, do homem) ou materiais (decorrentes das
condições existentes nos locais de trabalho).

Vários autores, na analise de um acidente, consideram como causa do


acidente o ato ou a condição que originou a lesão, ou o dano. No nosso
entendimento, devem ser analisadas todas as causas, desde a mais remota,
o que permitirá um adequado estudo e posterior neutralização ou
eliminação dos riscos.

Existe então a necessidade do envolvimento de profissionais de outras


áreas, principalmente de Ciências Humanas para se obter uma evolução
neste setor.

Até o presente momento, nenhuma das máquinas construídas, nenhum dos


produtos químicos obtidos por síntese e nenhuma das teorias sociais
formuladas alterou fundamentalmente a natureza humana. As formas de
comportamento, que devem ser levadas em consideração no esforço de
prevenir atos inseguros, deverá ser analisadas de modo bastante
abrangente.

No treinamento de integração baseado na função a ser desenvolvida pelo


novo empregado ou na reciclagem dos funcionários mais antigos, deverá ser
reforçado o conhecimento das regras de segurança, instruções básicas
sobre prevenção de incêndio e treinamento periódico de combate ao fogo,
informações sobre ordem e limpeza, cor na segurança do trabalho,
sinalização, cursos de primeiros socorros, levantamento, transporte e
manuseio de materiais, integram uma política de segurança, visando a
diminuição dos acidentes causados por atos inseguros. Sendo a segurança
do trabalho basicamente de caráter prevencionista, recomenda-se, ainda,
uma pesquisa bibliográfica, no sentido de identificar possíveis riscos no
processo de produção, antes mesmo que ocorram acidentes, isto é, a
simples analise de risco ou estatística , mesmo que não acuse nenhum
acidente, deve ser encarada como mais um subsidio para a prevenção de
acidentes e eliminação de causas..

A ocorrência de uma única morte, além da perda para a família do


trabalhador, representa um prejuízo para a nação de 20 anos ou 6.000 dias,
em média, de trabalho produtivo.
Risco, Acidente e Lesão
Toda pessoa está sujeita pelo menos a três modalidades de risco. Em
primeiro lugar, o risco genérico a que se expõem todas as pessoas. Em
seguida na sua qualidade de trabalhador, está sujeito ao risco especifico
do trabalho. Por fim, em determinadas circunstâncias, o risco genérico se
agrava pelo fato ou pelas condições de trabalho - donde um risco genérico
é agravado. Por exemplo, a possibilidade de acidentes de trânsito, na
viagem de ida de casa para o trabalho, e vice-versa, constitui um risco
genérico. Os acidentes com a máquina de trabalho decorrem de um risco
específico. O "pastilheiro", que passa o dia sobre o andaime, expõe-se
durante o verão, ao risco genérico, mas agravado por sofrer os efeitos da
insolação. Para determinarmos os riscos específicos de uma indústria é
necessário verificar as condições e os métodos de trabalho da indústria. Isto
é importante porque, ás vezes, encontramos duas fábricas de produtos
iguais que apresentam processos de fabricação diferentes e por sua vez
riscos específicos diversos.

Em alguns casos, ainda existe uma má compreensão do que seja um


acidente. A expressão acidentes "grandes" ou "pequenos", presta-se à
confusão. Em muitos casos, estes termos são erradamente empregados
para designar lesões graves ou leves. Quando os termos acidente e lesão
são assim confundidos, além de poder-se supor facilmente que nenhum
acidente seja de importância nos conduz a erro quando da fase do
reconhecimento das causas do acidente. Lesão é o ponto de partida para
descobrir o tipo de acidente ocorrido.

O reconhecimento e a caracterização das causas podem ser simples, como


no caso de um degrau quebrado de uma escada ou complexo quando se
trata de determinar a causa ou as causas de uma seqüência, em cadeia,
que originaram o acidente, cada uma delas relacionada a outra. De uma
maneira geral pode-se dizer que na maior parte dos casos, os acidentes são
ocasionados por mais de uma causa.

FATORES DE ACIDENTES
Para fins de prevenção de acidentes, há 5 tipos de informações de
importância fundamental em todos os casos de acidentes. São os chamados
fatores de acidentes que se distinguem de todos os demais fatos que
descrevem o evento Eles são: o agente da lesão; a condição insegura; o
acidente tipo; o ato inseguro e o fator pessoal inseguro.

Agente da Lesão
Agente da lesão é aquilo que, em contato com a pessoa determina a lesão.
Pode ser por exemplo um dos muitos materiais com características
agressivas, uma ferramenta, a ponta de uma máquina. A lesão e o local da
lesão no corpo, é o ponto inicial para identificarmos o agente da lesão.
Convém observar qual a característica do agente que causou a lesão.
Alguns agentes são essencialmente agressivos, como os ácidos e outros
produtos químicos, a corrente elétrica, etc., basta um leve contato para
ocorrer a lesão. Outros determinam ferimentos por atritos mais acentuados,
por batidas contra a pessoa ou da pessoa contra eles, por prensamento,
queda, etc. Por exemplo: a dureza de um material não é essencialmente
agressiva, mas determina sempre alguma lesão quando entra em contato
mais ou menos violento com a pessoa. O mesmo se pode dizer do peso de
objetos; o peso, em si, não constitui agressividade, mas é um fator que
aliado à dureza do objeto, determina ferimentos ao cair sobre as pessoas.

Condição insegura
Condição insegura em um local de trabalho são as falhas físicas que
comprometem a segurança do trabalhador, em outras palavras, as falhas,
defeitos, irregularidades técnicas, carência de dispositivos de segurança e
outros, que põem em risco a integridade física e/ou a saúde das pessoas, e
a própria segurança das instalações e dos equipamentos.

Nós não devemos confundir a condição insegura com os riscos inerentes a


certas operações industriais. Por exemplo: a corrente elétrica é um risco
inerente aos trabalhos que envolvem eletricidade, ou instalações elétricas; a
eletricidade, no entanto, não pode ser considerada uma condição insegura,
por ser perigo Sa. Insta1ações mal feitas ou improvisadas, fios expostos,
etc., são condições inseguras; a energia elétrica em si, não.

A corrente elétrica, quando devidamente solada do contato com as pessoas,


passa a ser um risco controlado e não constitui uma condição insegura.

Apesar da condição insegura ser possível de neutralização ou correção, ela


tem sido considerada responsável por 16% dos acidentes. Exemplos de
condições inseguras:

o proteção mecânica inadequada;


o Condição defeituosa do equipamento (grosseiro, cortante, escorregadio,
corroído, fraturado, qualidade inferior, etc.), escadas, pisos, tubulações
(encanamentos); - Projeto ou construções inseguras;
o Processos, operações ou disposições (arranjos) perigosos
(empilhamento perigoso, armazenagem, passagens obstruídas,
sobrecarga sobre o piso, congestionamento de maquinaria e operadores,
etc.);
o Iluminação inadequada ou incorreta;

o Ventilação inadequada ou incorreta.

Ato inseguro
Ato inseguro é a maneira pela qual o trabalhador se expõe, consciente ou
inconscientemente a riscos de acidentes. Em outras palavras é um certo
tipo de comportamento que leva ao acidente.
Vemos que se trata de uma violação de um procedimento consagrado,
vio1ação essa, responsável pelo acidente.
Segundo estatísticas correntes, cerca de 84% do total dos acidentes do
trabalho são oriundos do próprio trabalhador. Portanto, os atos inseguros no
trabalho provocam a grande maioria dos acidentes; não raro o trabalhador
se serve de ferramentas inadequadas por estarem mais próximas ou
procura limpar máquinas em movimento por ter preguiça de desliga-las, ou
se distrai e desvia sua atenção do local de trabalho, ou opera sem os óculos
e aparelhos adequados. Ao se estudar os atos inseguros praticados, não
devem ser consideradas as razões para o comportamento da pessoa que os
cometeu, o que se deve fazer tão somente é relacionar tais atos inseguros.
Veremos os mais comuns:
o Levantamento impróprio de carga (com o esfor~o desenvolvido a custa
da musculatura das costas);
o Permanecer embaixo de cargas;

o Permanecer em baixo de cargas suspensas;

o Manutenção, lubrificação ou limpeza de máquinas em movimento;

o Abusos, brincadeiras grosseiras, etc.;

o Realização de operações para as quais não esteja devidamente


autorizado e treinado;
o Remoção de dispositivos de proteção ou alteração em seu
funcionamento, de maneira a torna-los ineficientes;
o Operação de máquinas a velocidades inseguras;
o Uso de equipamento inadequado, inseguro ou de forma incorreta (não
segura);
o Uso incorreto do equipamento de proteção individual necessário para a
execução de sua tarefa.

Acidente-tipo
A expressão "Acidente-tipo" está consagrada na prática para definir a
maneira como as pessoas sofrem a lesão, isto é, como se dá o contato entre
a pessoa e o agente lesivo, seja este contato violento ou não.
Devemos lembrar que a boa compreensão do Acidente-tipo, nos facilitará a
identificação dos atos inseguros e condições inseguras.
A classificação usual estabelece os seguintes acidentes-tipo:
o Batida contra..: a pessoa bate o corpo ou parte do corpo contra
obstáculos. Isto ocorre com mais freqüência nos movimentos bruscos,
descoordenados ou imprevistos, quando predomina o ato inseguro ou,
mesmo nos movimentos normais, quando há condições inseguras, tais
como coisas fora do lugar, má arrumação, pouco espaço, etc.
o Batida por...: nestes casos a pessoa não bate contra, mas sofre batidas
de objetos, pecas, etc. A pessoa é ferida, às vezes, por colocar-se em
lugar perigoso, ou por não usar equipamento adequado de proteção e,
outras vezes, por não haver protetores que isolem as partes perigosas
dos equipamentos ou que retenham nas fontes os estilhaços e outros
elementos agressivos.
o Queda de objetos: esses são os casos em que a pessoa é atingida por
objetos que caem. Essas quedas podem ocorrer das mãos, dos braços
ou do ombro da pessoa, ou de qualquer lugar em que esteja o objeto
apoiado - geralmente mal apoiado.
Embora nesses casos a pessoa seja batida por, a classificação é à parte pois a ação
do agente da lesão é diferente das demais - queda pela ação da gravidade e não
arremesso - e as medidas de prevenção também são específicas.
Duas quedas se distinguem; a pessoa cai no mesmo nível em que se
encontra ou em nível inferior. Em alguns casos, para estudos mais acurados
desdobra-se esse Acidente-tipo nos dois acima citados. Porém, onde há
pouca possibilidade de ocorrer quedas de níveis diferentes, esse
desdobramento é dispensável pois trará mais trabalho do que resultado
compensador.
o Quedas da pessoa: a pessoa sofre lesão ao bater contra qualquer
obstáculo, aparentemente como no segundo Acidente-tipo, classificado
como batida contra...0 acidente em si, isto é, a ocorrência que leva a
pessoa, nestes casos, a bater contra alguma coisa é específica, assim
como o são também os meios preventivos. A pessoa cai por escorregar
ou por tropeçar, duas ocorrências quase sempre, de condições inseguras
evidentes, cai por se desequilibrar, pela quebra de escadas ou andaimes
e, muitas vezes simplesmente abuso do risco que sabe existir.
o Prensagem entre ..: é quando a pessoa tem uma parte do corpo
prensada entre um objeto fixo e um móvel ou entre dois objetos móveis.
Ocorre com relativa freqüência devido a ato inseguro praticado no
manuseio de peças, embalagens, etc., e também devido ao fato de se
colocar ou descansar as mãos em pontos perigosos de equipamentos. A
prevenção desse Acidente-tipo, assim como dos dois exemplificados
anteriormente, além de dispositivos de segurança dos equipamentos,
requer, dos trabalhadores, muitas instruções, treinamento e
responsabilidades no que diz respeito às regras de segurança.
o Esforço excessivo ou "mau jeito ": nesses casos a pessoa não é
atingida por determinado agente lesivo; lesões com distensão lombar,
lesões na espinha, etc., decorrem da má posição do corpo, do
movimento brusco em más condições, ou do super esforço empregado,
principalmente na espinha e região lombar. Muito se fala, se escreve e se
orienta sobre os métodos corretos de levantar e transportar
manualmente volumes e materiais e, por mais que se tenha feito, sempre
será necessário renovar treinamentos e insistir nas práticas seguras para
evitar esse Acidente-tipo.
o Exposição à temperaturas extremas: são os casos em que a pessoa
se expõe à temperaturas muito altas ou baixas, quer sejam ambientais
ou radiantes, sofrendo as conseqüências de alguma lesão ou mesmo de
uma doença ocupacional. Prostração térmica, queimaduras por raios de
solda elétrica e outros efeitos lesivos imediatos, sem que a pessoa tenha
tido contato direto com a fonte de temperatura extrema, são exemplos
desse Acidente-tipo.
o Contato com produtos químicos agressivos: a pessoa sofre lesão
pela aspiração ou ingestão dos produtos ou pelo simples contato da pele
com os mesmos. Incluem-se também os contatos com produtos que
apenas causam efeitos alérgicos. São muitos os casos que ocorrem
devido a falta ou má condição de equipamentos destinados a
manipulação segura dos produtos agressivos, ou à falta de suficiente
conhecimento de perigo, ou ainda, por confusão entre produtos. A falta
de ventilação adequada é responsável por muitas doenças ocupacionais
causadas por produtos químicos.
o Contato com eletricidade: as lesões podem ser provocadas por contato
direto com fios ou outros pontos carregados de energia, ou com arco
voltaico. O contato com a corrente elétrica, no trabalho, sempre é
perigoso. Os acidentes-tipo de contato com eletricidade são
potencialmente mais graves, pois, o risco de vida quase sempre está
presente. Muitos casos ocorrem por erros ou falta de proteção adequada,
mas uma grande percentagem deve-se ao abuso e à negligência.
o Outros acidentes-tipo: como é fácil notar, alguns dos tipos relacionados
agrupam acidentes semelhantes mas que poderiam ser considerados,
individualmente, um Acidente-tipo. E lícito um desdobramento desde que
seja vantajoso, para o estudo que se propõe efetuar, cujo objetivo deve
ser uma prevenção sempre mais positiva dos acidentes.
O tipo queda da pessoa poderá ser subdividido, como já foi explicado. Isto
naturalmente será vantajoso em empresas com trabalhos em vários níveis, como na
construção civil.
Numa indústria química, certamente será útil desdobrar o tipo que se refere
a contato com produtos químicos agressivos; por outro lado, em outro
gênero de indústria o resultado desse desdobramento poderá não
compensar. Num armazém de carga e descarga com muito trabalho manual,
poderá ser vantajoso subdividir o tipo esforço excessivo ou "mau jeito" e,
numa empresa de instalações elétricas certamente será vantajoso
desdobrar o tipo contato com eletricidade.
Além dos citados, existem outros tipos menos comuns, que pela menor
incidência não requerem uma classificação específica. Eles podem ser
identificados por não se enquadrarem em nenhum dos acidentes-tipo aqui
relacionados.
Mais uma vez, é bom lembrar que a classificação aqui proposta baseia-se na
maneira pela qual a pessoa sofre a lesão, ou entra em contato com o agente
lesivo, e nada tem a ver com a ocorrência física do ambiente - acidente-
meio - e nem com o gênero ou extensão das lesões.
Um mesmo acidente-meio pode causar diferentes acidentes-tipo. Numa
explosão, uma pessoa poderá ser batida por algum estilhaço, outra poderá
sofrer uma queda, outra ainda poderá ser atingida por uma onda de calor.
Portanto, o Acidente-tipo aqui referido está bem caracterizado, desde a sua
definição até à sua interpretação na prática.
A classificação será, eventualmente, um pouco difícil nos casos em que o
acidente puder, aparentemente, pertencer a dois tipos. Porém conhecendo-
se bem os pontos mais importantes para a classificação não haverá
qualquer dificuldade. Por exemplo: uma pessoa recebe contra o corpo
respingos de ácido e sofre queimaduras; o Acidente-tipo é "contato com
produto químico" e não batida por. . . pois o que determinou a lesão não foi
o impacto, mas sim a agressividade química do agente. Uma pessoa recebe
um choque que a faz cair e bater com a cabeça no chão; sofre um
ferimento; se o ferimento foi só devido a queda, o tipo é queda da pessoa
se, eventualmente, sofresse também lesão de origem elétrica teriam
ocorrido dois acidentes-tipo e o caso deveria ser assim registrado.
Em alguns casos, apesar de todo o cuidado, poderá restar alguma dúvida,
pelo fato de a classificação proposta ser apenas genérica. Porém, para
ganhar tempo, ou melhor, para não desperdiçar tempo em detalhes que
podem não compensar o esforço e o tempo despendidos em sua análise, é
preferível optar pela generalidade e dentro dela dar a devida atenção aos
fatos específicos de destaque que possam servir para a conclusão geral do
relatório - que é objetivo visado - isto é, o que fazer para prevenir novas
ocorrências.

Fator pessoal inseguro


É a característica mental ou física que ocasiona o ato inseguro e que em
muitos casos, também criam condições inseguras ou permitem que elas
continuem existindo.
Na prática, a indicação do fator pessoal pode ser um tanto subjetiva, mas no
cômputo geral das investigações processadas, e para fim de estudo, essas
indicações serão sempre úteis.
Os fatores pessoais mais predominantes são:
o atitude imprópria (desrespeito às instruções,

o má interpretação das normas,

o nervosismo,

o excesso de confiança,

o falta de conhecimento das práticas seguras

o incapacidade física para o trabalho.

DETERMINAÇÃO DAS CAUSAS


Os cinco fatores relatados são de suma importância na determinação das
causas do acidente. Ocorrem eles em determinada seqüência, para
determinar o resultado final.

O melhor método de por em prática a análise das causas de um acidente


com a finalidade de prevenção, reside na utilização dos fatores como guia
de análise das condições de trabalho, e determinação das fontes de
acidentes, de modo a permitir a adoção de medidas preventivas. Isso
pressupõe, a identificação de cada agente para o competente levantamento
das causas de acidente. Resumindo podemos dizer que na determinação da
causa devemos levar em conta: fatores pessoais, que são dependentes
do homem, os quais originam o ato inseguro e fatores materiais que são
dependentes das condições existentes nos locais de trabalho e que originam
a condição insegura; os dois fatores se encadeiam o que nos leva a dizer
que o acidente resulta do ato mais condição insegura.

Impropriedade do termo "Descuido"


O descuido foi e continua sendo apresentado como a maior causa de
acidentes do trabalho. Em vários levantamentos de acidentes com perda de
tempo, examinados, tivemos oportunidade de constatar que as causas mais
freqüentes dos acidentes investigados eram o descuido, a falta de atenção,
a distração e outras mais, nenhuma porém, relacionada a condições
inseguras.

Sem dúvida, o caminho mais fácil a seguir numa análise de acidentes, seria
atribuir ao descuido do operário a ocorrência do acidente.

Devemos lembrar que como o "descuido" não e uma causa direta de


acidentes devemos procurar as causas reais, ou mais diretas, que podem
resultar em um ato inseguro.

Em geral iniciamos nossa investigação, pelas conseqüências da lesão, tais


corno cortes, queimaduras, escoriações, fraturas ósseas, choque, etc. Estes
são os resultados de acidentes, não causas. A seguir, passamos para o tipo
de acidente, tal como estudamos anteriormente.

Então procuramos quaisquer condições inseguras que possam ter sido


inteira ou parcialmente responsáveis pelo acidente. Estas poderiam ser:
impropriedade dos anteparos das máquinas ou transmissões; equipamento
defeituoso; arranjo físico perigoso; iluminação deficiente; etc.

Também procuramos quaisquer atos inseguros que possam ter procedido o


acidente, tais como:

o Falta de uso de equipamento de segurança;

o Uso do equipamento de modo incorreto;

o Execução da tarefa sem autorização;

o Trabalho a uma velocidade insegura;

o Uso de equipamento defeituoso;

o Carregamentos de risco;

o Postura inadequada;

o Conserto ou lubrificação de maquinaria em movimento;

o Brincadeiras;

o Dispositivos de segurança tornados inoperantes.


Concluímos dizendo que o termo descuido não deve ser empregado com referência à
causa de um ato inseguro ou de um acidente. Devemos procurar a causa real entre
as atitudes falhas.
PREDISPOSIÇÃO A ACIDENTES
É conhecido o fato de que certos operários sofrem muito mais acidentes que
outros, seja porque trabalham em locais que oferecem maiores riscos, seja
porque são elementos descritos como "predispostos a acidentes".

Como o termo predisposição para fim de estudo das causas de acidentes é


perigoso, confuso e pode nos induzir a concluir que na prática a maioria dos
trabalhadores sofrem pouco acidentes, enquanto uma pequena minoria é:
responsável por um grande número deles.

Environ Hirschfeld e R. C. Behon, especialistas em segurança do trabalho,


estudaram uma série de 500 casos de acidentes e lesões onde incluíram
somente pacientes que foram entrevistados por psiquiatras por um tempo
que variou de 2 a 20 horas. Entre os aspectos interessantes observados
ressaltam os seguintes:

o Na ocasião do acidente, muitos operários especializados e experientes


fizeram repentinamente coisas que não faria um novato;
o Freqüentemente várias regras de segurança foram infringidas
simultaneamente;
o Enquanto o esforço de autodestruição se processava, alguns operários
mandavam embora do local colegas que ali estavam para protege-los;
o Um sentido de previsão dos fatos foi observado - freqüentemente as
vítimas relataram que "haviam dito" ao supervisor ou as suas esposas
que uma tragédia estava por ocorrer.
Estes fatos quando repetidos por muitas vítimas de acidentes, parecem ter algum
significado. Deste estudo concluíram que um processo psicológico estava em
evolução há algum tempo antes que o acidente tivesse lugar.
Segundo Selling, essa chamada "predisposição a acidentes" na realidade
não existe, mas ela encobre as suas causas que são os fatores pessoais, e
que em ordem decrescente de importância são:
o Deficiências físicas (principalmente órgãos do sentido)

o Deficiências psico-fisicas

o Deficiências mentais e nervosas

o Preocupações com outros problemas.

o Insatisfação com o trabalho da empresa

o Atitude contrária à segurança.


Como podemos notar, a complexidade deste problema faz com que ele seja
transferido da segurança para a medicina, depois para a psicologia e finalmente
considerações sociológicas.

TEORIA DE HEINRICH
Entre os vários estudos desenvolvidos no campo da segurança do trabalho,
nós encontramos a teoria de Heinrich. O que nos diz a teoria de Heinrich?
Nos mostra que o acidente e consequentemente a lesão são causados por
alguma coisa anterior, alguma coisa onde se encontra o homem, e todo
acidente é causado, ele nunca acontece. E causado porque o homem não
se encontra devidamente preparado e comete atos inseguros, ou então
existem condições inseguras que comprometem a segurança do
trabalhador, portanto, os atos inseguros e as condições inseguras
constituem o fator principal na causa dos acidente.

Heinrich imaginou, partindo da personalidade, demonstrar a ocorrência de


acidentes e lesões com o auxilio de cinco pedras de dominós; a primeira
representando a personalidade; a segunda as falhas humanas, no
exercício do trabalho; a terceira as causas de acidentes (atos e condições
inseguras); a quarta, o acidente e a quinta, as lesões

o Personalidade: ao iniciar o trabalho em uma empresa, o trabalhador traz


consigo um conjunto de características positivas e negativas, de
qualidades e defeitos, que constituem a sua personalidade. Esta se
formou através dos anos, por influência de fatores hereditários e do meio
social e familiar em que o indivíduo se desenvolveu. Algumas dessas
características (irresponsabilidade, irrascibilidade, temeridade, teimosia,
etc.) podem se constituir em razões próximas para a prática de atos
inseguros ou para a criação de condições inseguras.
o Falhas humanas: devido aos traços negativos de sua personalidade, o
homem seja qual for a sua posição hierárquica, pode cometer falhas no
exercício do trabalho, do que resultarão as causas de acidentes.
o Causas de acidentes: estas englobam, como já vimos, as condições
inseguras e os atos inseguros.
o Acidente: sempre que existirem condições inseguras ou forem
praticados atos inseguros, pode-se esperar as suas conseqüências, ou
seja, a ocorrência de um acidente.
o Lesões: toda vez que ocorre um acidente, corre-se o risco de que o
trabalhador venha a sofrer lesões, embora nem sempre os acidentes
provoquem lesões.

Desde que não se consegue eliminar os traços negativos da personalidade, surgirão


em conseqüência, falhas no comportamento do homem no trabalho, de que podem
resultar atos inseguros e condições inseguras, as quais poderão levar ao acidente e as
lesões, quando isso ocorrer, tombando a pedra "personalidade" ela ocasionará a
queda, em sucessão de todas as demais.(Veja figura abaixo)

Considerando-se que é impraticável modificar radicalmente a personalidade


de todos que trabalham, de tal sorte a evitar as falhas humanas no trabalho
deve-se procurar eliminar as causas de acidentes, sem que haja
preocupação em modificar a personalidade de quem quer que seja, para
tanto, deve-se buscar a eliminação tanto das condições inseguras, apesar
da avareza, do desprezo pela vida humana ou quaisquer outros traços
negativos da personalidade de administradores ou supervisores como
também, deve-se procurar que os operários, apesar de teimosos,
desobedientes, temerários, irascíveis, não pratiquem atos inseguros, o que
se pode conseguir através da criação nos mesmos, da consciência de
segurança, de tal sorte que a prática da segurança, em suas vidas, se
transforme em um verdadeiro hábito.

Eliminadas as causas de acidentes administradores, supervisores e trabalhadores


continuarão, cada um com a sua personalidade, de que resultarão falhas no
comportamento no trabalho, mas o acidente e as lesões não terão lugar.

ELIMINAÇÃO DAS CAUSAS DE


ACIDENTES
Tendo em vista que as causas de acidentes se devem a falhas humanas e
falhas materiais a prevenção de acidentes deve visar:

o a eliminação da prática de atos inseguros


o a eliminação das condições inseguras.
Os primeiros, poderão ser eliminados inicialmente através de seleção profissional e
exames médicos adequados e posteriormente através da educação e treinamento e as
segundas, através de medidas de engenharia que garantam a remoção das condições
de insegurança no trabalho.
Nesse particular, convém lembrarmos da "Regra EDE", relativa aos
problemas de segurança do trabalho:
"E" (engenharia, medidas de ordem técnicas);
"D" (disciplina, medidas que visam que os métodos de trabalho seguro
sejam devidamente observados);
"E" (educação, o ensino da segurança a todo o pessoal), deve convencer a
administração a corrigir as condições inseguras reveladas pela
"engenharia", instalar e subvencionar um programa de segurança, treinar os
trabalhadores, obter seu apoio para o programa e conquistar a cooperação
de todos os supervisores.
"A segurança do trabalho não é somente um problema de pessoal, mas
envolve uma engenharia, um conhecimento de legislação específica, cujo
sucesso é função direta da habilidade de vender o programa à gerência e
aos trabalhadores".

Comunicação do Acidentes
1 – Conceito
2 – Comunicação do acidente
3 – Acidente sem afastamento
4 – Acidente com afastamento

Comunicação do Acidente

Conceito

Como ponto de partida para qual quer estudo de Prevenção de Acidentes,


necessário se faz definir o que seria o acidente do trabalho. Legalmente, a
definição é dada pelo Decreto n0. 2.172, de 05 de março de 1997, no
"Regulamento dos Benefícios de Previdência Social.

"Art. 131 - Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a


serviço da empresa, ou ainda pelo exercício do trabalho dos segurados
especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte a perda ou redução da capacidade permanente ou temporária.
Pode-se notar, portanto, que a legislação especifica "exercício do trabalho a
serviço da empresa", e, mais ainda, que esse acidente cause incapacidade
para o trabalho ou a morte do empregado.

Há casos, porém, de acidentes que, embora não se enquadrem na definição


de acidentes do trabalho, podem ser encarados como tal:

"I - a doença profissional ou do trabalho, assim entendida a inerente ou


peculiar a determinado ramo de atividade e constante do anexo v;

II - o acidente que, ligado ao trabalho, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte ou a perda, ou a redução da
capacidade para o trabalho;

III - a doença proveniente de contaminação acidental de pessoal da área


medica, no exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo empregado no local e horário do trabalho, em


conseqüência de:

a) ato de sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiro, inclusive


companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro motivo de disputa


relacionada com o trabalho;

c) ato de imprudência, de negligencia ou de imperícia de terceiro, inclusive


companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação ou incêndio;

f) outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.

V - o acidente sofrido pelo empregado ainda que fora do local e


horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da


empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar


prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, seja qual for o meio de locomoção


utilizado, inclusive veiculo de propriedade do empregado

d) no percurso da residência para o trabalho ou deste para aquela.

e) no percurso para o local de refeição ou de volta dele, em intervalo do


trabalho.
Para a Segurança do Trabalho, o acidente do ponto de vista prevencionista
ocorre sempre que um fato não programado modifica ou põe fim a
realização de um trabalho, o que ocasiona sempre perda de tempo. Outras
conseqüências podem advir, tais como danos materiais (aos equipamentos,
produtos fabricados, etc.) e lesões (ao operador e/ou colegas próximos ao
local).

Comunicação do acidente
A esquematização do sistema de comunicação de acidentes será elaborada
a partir das conseqüências do acidente, que podem ser classificadas em:

1. sem lesão;
2. lesão leve (acidente sem afastamento) ;
3. lesão incapacitante (acidente com afastamento).

Essa classificação é feita no sentido de facilitar o entendimento. A


Associação Brasileira de Normas Técnicas editou uma norma de cadastro de
acidentes (NB-18) em 1958, a qual já passou por duas reformulações, em
1967 e 1975, as quais não tem caráter legal apenas normativo. Os conceitos
aqui apresentados envolvem não só uma compilação dessa Norma mas
também aspectos legais.
Qualquer acidente, mesmo aquele sem lesão já ocasiona perda de tempo
para normalização das atividades podendo ocasionar ainda, danos
materiais. Não existe a necessidade legal de comunicação aos órgãos da
Previdência Social quando não ha lesão que ocasione o afastamento do
trabalhador, se este retornar ao trabalho no mesmo dia ou no dia seguinte,
no horário normal. O acidente sem afastamento seria aquele que o
acidentado, embora tenha sofrido uma lesão, pode retornar ao trabalho no
mesmo dia ou no dia seguinte, em seu horário regulamentar de entrada.
Ocorrido o acidente e não acontecendo o retorno do acidentado ao trabalho
no mesmo dia ou dia seguinte de trabalho, no horário normal, passamos a
considerar esse acidente como acidente com afastamento, cuja
conseqüência é uma incapacidade temporária total, ou uma incapacidade
permanente parcial ou total, ou mesmo a morte do acidentado.

Esquematizando, os acidentes com lesão ou perturbação funcional


compreendem:
Acidente :
• Sem afastamento
• Com afastamento

Comunicação do acidente
Acidente sem afastamento

Comunicação do acidente
Acidente com afastamento
É o acidente que provoca a:

• incapacidade temporária

• incapacidade parcial

• incapacidade total.

Incapacidade temporária
É a perda total da capacidade de trabalho por um período limitado de
tempo, nunca superior a um ano. É aquela em que o acidentado, depois de
algum tempo afastado do serviço, devido ao acidente, volta ao mesmo
serviço executando suas funções normalmente, como fazia antes do
acidente

Incapacidade parcial

É a redução parcial da capacidade de trabalho do acidentado, em caráter


permanente:

Exemplos: Perda de um dos olhos. Perda de um dedo.

Incapacidade total
É a perda da capacidade total para o trabalho em caráter permanente

Exemplo: Perda de uma das mãos e dos dois pés, mesmo que a prótese seja
possível.
A comunicação de acidentes será tanto mais complexa quanto mais grave
for a sua conseqüência. Os acidentes que não ocasionam lesão (como a
simples queda de um fardo de algodão da respectiva pilha) tornam-se
importantes pela possibilidade de que, no caso do exemplo citado, havendo
repetição do fato, o fardo pode atingir algum operário. De verão , portanto ,
ser estudadas as causas dessa queda para evitar fatos semelhantes,
acionando-se o encarregado do setor, o chefe do departamento e o Serviço
Especializado de Segurança do Trabalho, quando houver, ou então a CIPA.
No caso de um acidente sem afastamento, com uma lesão leve portanto,
alem dos elementos citados anteriormente também o enfermeiro ou médico
será envolvido

Quando em virtude do acidente ocorre lesão ou perturbação; funcional que


cause incapacidade temporária total, incapacidade permanente parcial ou
total, ou a morte do acidentado, as providencias a serem tomadas quanto à
sua comunicação no âmbito da empresa são:

a) da própria vitima ou de colegas ao encarregado do setor (normalmente


oral);

b) do encarregado do setor ao chefe do departamento (normalmente oral )

c) do chefe de departamento à direção da empresa e ao departamento de


segurança (por escrito).

A empresa deverá comunicar ao INSS, em, no máximo, vinte e quatro horas,


da ocorrência do acidente, através do preenchimento da ficha de
Comunicação de Acidente do Trabalho. (ver anexo 1)

Essa ficha (conhecida como CAT) solicita uma serie de informações, tais
como:
- Nome, profissão, sexo, idade, residência, salário de contribuição.
- Natureza do acidente sofrido.

- Condições.

- Local, dia e hora do evento, nome e endereço de testemunhas.

- Tempo decorrido entre o início do trabalho e a hora do acidente.

- Indicação do hospital a que eventualmente foi recolhido o


acidentado.

• Se doença profissional , quais os empregadores acometidos anteriormente nos


ltimos dois anos.
Observações: O INSS exige duas testemunhas (CAT) oculares ou circunstanciais , e
quando ocorrer a morte do acidentado, deverá ser informada a autoridade policial.
O sistema de comunicação de acidentes, portanto, difere de acordo com as
conseqüências.

INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
As peculiaridades inerentes a cada industria, tais como espaço físico,
produto fabricado, processo, tipo de máquinas e equipamentos,
características socio-economicas da região onde se localiza essa industria,
etc., podem criar riscos de acidentes de difícil detecção.

Em casos de acidentes do trabalho, somente uma investigação cuidadosa,


isto é, uma verificação dos dados relativos ao acidentado (comportamento,
atividade exercida, tipo de ocupação data e hora do acidente), possibilita a
descoberta de determinados riscos.

Temos, então, determinada outra atividade de prevenção de acidentes,


baseada não só em conhecimentos teóricos, mas também na descoberta de
novos riscos e soluções, com base na capacidade de dedução e/ou indução.
A partir da descrição do acidente, de informações recolhidas junto ao chefe
de seção ou encarregado, de um estudo do local do acidente, da vida
pregressa do acidentado, poderá o responsável pela investigação
determinar causas do acidente que originem uma nova atividade para o
Serviço de Segurança; podemos investigar. por exemplo, a possibilidade de
problemas psicológicos levaram o trabalhador a se acidentar. Surge, então,
a figura do assistente social, do psicólogo, entre outros, para, em conjunto
com o Serviço de Segurança, desenvolver um novo programa de prevenção
de acidentes. A seguir, damos exemplo de uma ficha de investigação de
acidentes.

FICHA DE INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES

SETOR:_____________________________________________________________________________

NOME DO ACIDENTADO: ______________________________________________________________

IDADE:__________ TEMPO DE EMPRESA: _________________________________________________

OCUPAÇÃO: _______________________________ TEMPO NA FUNÇÃO: _______________________


SERVIÇO EXECUTADO POR OCASIÃO DO
ACIDENTE_______________________________________
____________________________________________________________________________________

O EMPREGADO FOI ORIENTADO ATRAVÉS DA ANÁLISE DE RISCO DO TRABALHO -


SIM ( ) NÃO ( )

O EMPREGADO JÁ ACIDENTOU-SE ANTERIORMENTE:


_________________________________
__________________________________________________________________________

DADOS DO ACIDENTE
LOCAL DA OCORRÊNCIA:
______________________________________________________
TESTEMUNHAS:

NOME ______________________________________________________________________

NOME ______________________________________________________________________
DESCRIÇÃO DO ACIDENTE:
______________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

INFORMAÇÕES DO RESPONSÁVEL PELO ACIDENTADO:


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

____________________________
DATA ____/____/____ ASSINATURA DO RESPONSÁVEL

MEDIDAS RECOMENDADAS:___________________________________________________

________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
______________________________________
DATA: ____/____/____ ASSINATURA DO RESP. PELA SEGURANÇA

ANALISE DAS CAUSAS DO ACIDENTE

Agentes da Lesão
1. Pisos escadas, andaimes, etc
2. Instalações elétricas
3. Ferramentas manuais
4. Ferramentas portáteis motorizadas
5. Transportadores - gravidade, correias, roletes
6. Empilhadeiras, veículos de carga ou passageiros (internos)
7. Equipamentos sob pressão
8. Exaustor, ventilador, etc
9. Maquinas
10. Material em processo
11. Aerodispersoides (poeira, vapor, etc.)
12. Produtos químicos
13. Radiações
14. Temperaturas extremas
15. Outros:

FALHAS TÉCNICAS ENCONTRADAS


1. Proteção deficiente ou inadequada nas maquinas
2. Defeito na maquina ou no equipamento
3. Espaço físico deficiente
4. Localização inadequada
5. Iluminação inadequada
6. Armazenagem inadequada
7. Maquina ou equipamento sem proteção
8. Falta de EPI
9. Falta de sinalização
10. Outros

ATOS INSEGUROS ENCONTRADOS


1. Não utilização do EPI .
2. Neutralização ou retirada do dispositivo de segurança
3. Utilização de ferramenta inadequada ou defeituosa
4. Manipulação de carga incorreta
5. Armazenamento contrário ás normas de segurança
6. Manipulação incorreta de produtos químicos
7. Desobediência à sinalização
8. Operação de empilhadeiras e afins sem habilitação ou autorização
9. Brincadeira ou negligência
l0. Utilização de roupa inadequada (ou Pertences)
11. Outros

ACIDENTE - TIPO

1. Batida por
2. Batida contra
3. Prensagem entre
4. Quedas de mesmo nível
5. Quedas de nível elevado
6. Quedas de objetos
7. Contato com produtos químicos
8. Contato com eletricidade
9. Contato com temperaturas extremas
10. Esforço excessivo ou de mau jeito

Cadastro de Acidentes
A manutenção de um cadastro de acidentes, com informações, relativas aos
acidentes adequada mente selecionados, permitirá não apenas avaliar os
resultados alcançados pela organização de segurança, mas também orientar
sobre quais as medidas de prevenção que se fazem necessárias ou que
devem ser a dotadas em caráter prioritário.

Qualquer acidente é um acontecimento inesperado ou não. Quando um


trabalhador se acidenta, poderá ocorrer uma lesão. Esta lesão,
conseqüência do acidente, por si só constitui uma prova de que algum risco,
ou alguma combinação de risco, não foi adequadamente corrigido. Portanto,
uma série de lesões ocorridas em qualquer indústria ou em qualquer
atividade industrial constitui o único indicio de segurança aplicável aquela
indústria ou aquela atividade. Um número excessivo de lesões constitui a
prova de que o trabalho não está sendo realizado dentro das condições de
segurança. A perfeição em matéria de segurança poderia somente ser
lograda se o trabalho sempre fosse executado e nunca ocorresse um
acidente. Contudo, para podermos aplicar uma medida com relação às
lesões ocorridas, com a finalidade de determinarmos o grau de segurança
alcançado, torna-se necessário saber com que freqüência ocorrem e a
gravidade daquelas lesões.

Avaliação dos Resultados


A maneira usual para a verificação das condições de nossas indústrias em
relação a prevenção de acidentes é através do cadastro de acidentes. Além
do mais, o cadastro serve para:

- avaliar se o programa de segurança está sendo bem orientado e bem


conduzido.

- avaliar se os gastos feitos com o programa estão sendo compensado.

- criar interesse na prevenção de acidentes.

- determinar as fontes principais dos acidentes.

- fornecer informação sobre os atos e condições inseguras.

Nota: com o aumento dos conhecimentos aumenta-se o interesse. Em


conseqüência, dever-se-á fazer um amplo uso do cadastro em:

- informação á diretoria.

- informações aos supervisores reuniões de segurança.

- reuniões de C.I.P.A.

- organização de concursos.

ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES

As estatísticas de acidentes não são compiladas unicamente com fins de


investigação e estudo da prevenção dos acidentes. Embora seja esta a
razão principal, também é importante que todos os interessados conheçam
devidamente qual a situação existente no tocante aos acidentes, para
alertá-los e estimular seu interesse, ajudando-os a adquirir a consciência da
segurança.
Para esses elementos pode ser conveniente apresentar os dados estatísticos
não somente em cifras, mas também em forma gráfica, que
indiscutivelmente chama-se melhora atenção que os números. Num país
como o nosso, em que grande parte da população é desprovida de preparo
adequado, a publicação de figuras que exponham informações sobre os
acidentes e seus efeitos resulta em arma de grande eficácia para convencer
os trabalhadores sobre a importância de sua segurança. As figuras que se
seguem contém exemplos de representação gráfica de estatística de
acidentes.

A CIPA, de acordo corn a NR-5 da Portaria no 3214/78, e obrigada a


preencher uma ficha com dados sobre o acidente (ver anexo II). Essa ficha
deverá ser aberta quando da ocorrência de acidente com afastamento e
será discutida em todas as reuniões até que as medidas propostas para
evitar repetição do acidente tenham sido alotadas.

Ao tomar conhecimento da ocorreria o Departamento de Segurança deverá


providenciar a investigação do acidente. Um elemento do Departamento
dirigir-se-a ao local onde fará uma inspeção detalhada e colherá
depoimentos dos operários da seção e, posteriormente, do encarregado.
Quando houver vítima, esta deverá também descrever o ocorrido.

A descrição do acidente e a identificação de suas causas serão


apresentadas pelo encarregado da investigação ao Departamento de
Segurança, que verificará a conveniência de alguma medida já adotada em
caráter provisório e procurara encontrar as soluções mais cabíveis.

Qualquer programa de Segurança deve incluir métodos de controle e


avaliação dos resultados. A reunião das informações e dados relativos as
ocorrências, a partir dos diversos formulários, tais como a Ficha de
Comunicação de Acidentes (CAT) Ficha de Investigação de Acidentes e Ficha
de Inspeção de Segurança, possibilita a fixação das metas e objetivos.

Para um resumo dos acidentes em tabelas e gráficos que possibilitem


controle e avaliação mais rápidos e precisos, podem ser estimados resumos
periódicos, por exemplo, mensais e anuais. Em termos gerais, considera-se
o ano estatístico de 1o de janeiro a 31 de dezembro e o mês estatístico do 1o
ultimo dia desse mês.

Vários coeficientes e taxas podem ser utilizados. Os índices citados a seguir


são os mais comuns, e embora alguns autores critiquem uns em defesa de
outros, acreditam que todos são válidos em termos estatísticos.

Aspectos Legais
A Portaria n.º 32, do Departamento Nacional de Segurança e Higiene do
Trabalho, de 29 de novembro de 1968, no seu artigo 8, letra 1 diz que a
C.I.P.A. deve analisar as estatísticas que deverão constar de atas das
reuniões.

O artigo 16 da referida Portaria diz que das estatísticas deverão constar os


seguintes dados:
1. Número de empregados.
2. Número de acidentes, com perda de tempo ocorrido no mês.
3. Número de dias perdidos com os acidentes.
4. Número de homens-horas trabalhadas.
5. Coeficiente de Freqüência
6. Coeficiente de Gravidade.
Parágrafo único: Os dias debitados serão calculados de acordo com a tabela anexa à
Portaria.
O art.17 menciona que as estatísticas que acompanharem a documentação
a ser enviada mensalmente às Delegacias Regionais do Trabalho
obedecerão ao Modelo B.

Visto isso, devemos enumerar com exatidão, as lesões que se incluirão na


determinação do grau de segurança de qualquer indústria. Incluiremos o
acidente sem afastamento ou aquele com afastamento? A prática corrente é
a de incluir, apenas os acidentes com lesões e entre estes, somente os
chamados acidentes com afastamento.

Vários coeficientes e taxas podem ser utilizados. Os índices citados a seguir


são os mais comuns, e embora alguns autores critiquem uns em defesa de
outros, acreditam que todos são válidos em termos estatísticos.

Basicamente, são utilizados dois coeficientes: de freqüência, que nos dá


idéia do número de acidentes, e o de gravidade, quenos dá idéia da
extensão das lesões sofridas pelos trabalhadores. Para possibilitar
comparações entre diversos períodos de tempo ou entre diversas empresas,
os dados obtidos sobre os acidentes do trabalho são considerados em
relação como tempo de exposição ao risco dos empregados da empresa ou
a soma das horas efetivamente trabalhadas. Assim, temos:

Coeficiente de Freqüência (C. F.)


Suponhamos duas fábricas; uma que chamaremos de A e outra de B. No ano
passado, 10 trabalhadores se acidentaram na fábrica A e 20 na B. Qual das
duas fábricas teve uma proporção mais alta de acidentados? A fábrica B?
Mas suponhamos, que na fábrica A trabalhem 100 pessoas e na B um
número duas vezes maior. Cada fábrica, portanto, teve o mesmo número de
acidentados para cada 100 trabalhadores. Mas, suponhamos agora que a
fábrica A trabalhe 40 horas por semana e a fábrica B 44 horas. Isso, nos faz
concluir, que em termos de prevenção de acidentes, a B é melhor do que a
A, já que cada operário trabalhando mais horas, a exposição ao risco é
maior.
Assim, com o objetivo de podermos fazer urna verdadeira comparação das
lesões ocorridas na fábrica A e na fábrica B durante um mesmo período (ano
passado) devemos levar em consideração o total de homens-horas
trabalhadas (H.H.T.) em cada fábrica, no mesmo período. Isto se logra por
meio do chamado coeficiente de freqüência. O coeficiente de freqüência (C.
F.) expressa o número de acidentes com perda de tempo (a.c.p.t.) ocorridos
em um milhão de horas-homens trabalhadas. Este é o número padrão
adotado para possibilitar a comparação entre coeficientes de empresas que
possuem diferentes números de empregados.

A expressão do coeficiente de freqüência é:

C. F. = _x_ x 106
Y
onde x: número de a.c.p.t.

y: número de H.H.T.

Se na fábrica A, citada no caso acima, ocorreram 10 acidentes com perda de


tempo, no ano passado e, se foram trabalhadas 200.000 horas-homens
durante o ano, obtemos, aplicando a f6rmula:

C.F. = _ 10__ x 106 = 50,00


2 x105

Isto significa, que durante o ano os trabalhadores da fábrica A sofreram


lesões que provocaram uma perda de tempo à razão de 50, por cada milhão
de horas que trabalharam.

O coeficiente de freqüência indica apenas a quantidade de acidentes, mas


não indica a gravidade das lesões. Assim por exemplo, numa empresa pode
ter havido 50 acidentes com lesões de pequena importância, enquanto que
numa outra empresa poderia ter havido apenas 5 acidentes com perda de
falanges e perda de visão de um olho.

Portanto, como o número de acidentes não expressa realmente a gravidade


dos acidentes, torna-se necessário levantar o coeficiente de gravidade.

Coeficiente de Gravidade (C.G.)


O coeficiente de gravidade, representa a perda de tempo resultante dos
acidentes em número de dias, ocorridos em um milhão de horas-homens
trabalhadas. A gravidade das lesões é, dessa forma, medida pelos dias de
trabalho perdidos pelos trabalhadores, em decorrência de acidentes. Aos
dias efetivamente perdidos pelo acidentado que sofreu lesão, incapacitado
permanentemente, somam-se os dias debitados correspondentes à lesão. A
expressão do coeficiente de gravidade é:
C.G. = (a + b) x106
y
onde:

a = número de dias perdidos


b = número de dias debitados
y = número de H.H.T.

Se no caso da fábrica A, as 10 lesões provocaram um total de 200 dias


perdidos, obteremos empregando a expressão de coeficiente de gravidade:

C.G. = 200 x 106 = 1.000


2 x105

Isto é, o tempo perdido devido aos acidentes ocorridos na fábrica A, no ano


passado, foi de 1.000 dias para cada 1.000.000 horas trabalhadas. Supondo-
se que cada trabalhador, trabalhou 2.000 horas por ano, a média de tempo
perdido foi de 2 dias por homem, por ano.

Não devemos nos esquecer, que nesse exemplo, não levamos em


consideração as incapacidade permanentes. É óbvio, que quando figura
uma incapacidade permanente, como por exemplo perda de um dedo, perda
de um olho, a perda real de tempo enquanto a lesão cicatriza, não constitui
urna medida exata da gravidade. Para sanar esse problema, adota-se a
chamada "tabela de dias debitados" que é um dos anexos da Portaria
DNSHT - 32, de 29 de novembro de 1968.

Tabelas de Dias Debitados


A tabela de dias debitados permite a comparação de redução de capacidade
devido ao acidente. Representa uma perda econômica, tendo a vida média
do trabalhador, sido estimada em 20 anos ou 6.000 dias. E usada
internacionalmente e foi organizada pela "Internacional Association of
Industrial Accident Bord and Comissions".

Se no nosso exemplo incluirmos uma lesão da qual resultou a perda de 2


dedos da mão, a carga correspondente é de 750 dias, os quais acrescidos à
perda de tempo proveniente das 9 lesões restantes, que eqüivalem a 180
dias, nos dá um total de 930 dias, e o coeficiente de gravidade será:

C.G. = (180 + 750) x 106 = 4.650


2 x 105

COEFICIENTE DE GRAVIDADE
Expressa a perda de tempo (dias perdidos + dias debitados) por um milhão
de homens-horas trabalhadas.

FORMULA
C = (dias perdidos + dias debitados) x 1.000.000
número de homens-horas trabalhadas

Tabela de Dias Debitados


A tabela de dias debitados é uma tabela utilizada com o fim exclusivo de
permitir a comparação da redução da capacidade resultante dos acidentes
entre Departamento de uma mesma Empresa, entre diversas Empresas e
entre Empresas de países que adotem a mesma tabela. A perda de tempo
constante da tabela representa uma perda econômica tendo por base a vida
média ativa do trabalhador, estimada em 20 anos ou 6.000 dias.

A tabela, que constitui o Anexo 1 da Portaria 32/68, é usada


internacionalmente e foi organizada pela "International Association of
Industrial Accident Bord and Commission".

TABELA DE DIAS DEBITADOS

AVALIAÇÃO DIAS
PERCENTUAL
NATUREZA DEBITADOS

Morte 100 6.000


Incapacidade total e permanente 100 6.000
Perda da visão de ambos os olhos 100 6.000
Perda da visão de um olho 30 1.800
Perda do braço acima do cotovelo 75 4.500
Perda do braço abaixo do cotovelo 60 3.600
Perda da mão 50 3.000
Perda do 1º quirodátilo (Polegar) 10 600
Perda de qualquer outro quirodátilo (dedo) 5 300
Perda de dois outros quirodátilos (dedos) 12 1/2 750
Perda de tres outros quirodátilos (dedos) 20 1.200
Perda de quatro outros quirodátilos (dedos) 30 1.800
Perda do 1º quirodátilo (polegar) e qualquer outro quirodátilo (dedo) 20 1.200
Perda do 1º quirodátilo (polegar) e dois outros quirodátilos (dedos) 25 1.500
Perda do 1º quirodátilo (polegar) e três outros quirodátilos (dedos) 33 1/2 2.000
Perda do 1º quirodátilo (polegar) e quatro outros quirodátilos
40 2.400
(dedos)
Perda da perna acima do joelho 75 4.500
Perda da perna, no joelho ou abaixo dele 50 3.000
Perda do pé 40 2.400
Perda do 1º pododátilo (dedo grande do pé) ou de dois ou mais
6 300
podátilos (dedos do pé)
Perda do 1º pododátilo (dedo grande) de ambos os pés. 10 600
Perda de qualquer outro podátilo (dedo do pé) 0 0
Perda da audição de um ouvido 10 600
Perda da audição de ambos os ouvidos 50 3.000

VARIAVEIS DOS COEFICIENTES SEGUNDO A A.B.N.T.


No Brasil, a norma NB-18, R, de 1951, da A.B.N.T. Associação Brasileira de
Normas Técnicas, define as variáveis dos coeficientes que intervém nos
cálculos. Assim temos:

Acidente sem perda de tempo (a. s. p. t.)

É o acidente em que o acidentado, segundo opinião do médico, pode


exercer sua função normal no mesmo dia do acidente, ou no dia imediato ao
dia do acidente, no horário regulamentar.

Nota: O a.s.p.t. não entra nos cálculos do C.F. e dos C.G.

Incapacidade Temporária
É a perda total da capacidade para o trabalho para um período limitado de
tempo, nunca superior à um ano. Portanto, é aquela em que o acidentado
depois de algum tempo afastado do serviço devido ao acidente, volta ao
mesmo executando suas funções normalmente como as fazia antes do
acidente.

Incapacidade Permanente
É a incapacidade temporária que ultrapassa um ano. Pode ser parcial ou
total. Assim:

Incapacidade Parcial Permanente.


Perda de qualquer membro ou parte dele, perturbação permanente de
qualquer membro ou parte do mesmo.

Exemplo: perda de um dos olhos.

perda de um dedo.

Incapacidade Total e Permanente


Perda anatômica ou impossibilidade funcional, em suas partes essenciais,
de mais de um membro, conceituando-se como partes essenciais a mão e o
pé.

Perda da visão de um olho e redução simultânea de mais da metade da


visão do outro.

Lesões orgânicas ou perturbações funcionais graves e permanentes de


qualquer órgão vital, ou quaisquer estados patológicos reputados
incuráveis, que determinem idêntica incapacidade para o trabalho.
Nota: As incapacidades definidas e classificadas no item 6.3 referem-se à
incapacidade profissional para o trabalho em que estava classificado.

Empregado
É toda pessoa física que presta serviço de natureza não eventual ao
empregador sob a dependência deste e mediante remuneração.

COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE


ACIDENTES
QUADRO DE ESTATÍSTICA DE ACIDENTES

Número Médio de Empregados


Número médio de empregados num intervalo de tempo, é a relação entre a
soma das durações do trabalho dos diversos empregados nestes intervalos,
e a duração normal do trabalho no intervalo. Assim:

• Número médio de empregados dias, por ano, é a relação entre a soma dos dias
de trabalho no ano e duração normal do trabalho num ano, que é de 300 dias.

Dias Computados
Dias computados para cada acidentado: é o número de dias atribuídos a
cada acidentado, num só acidente, conforme:
• Acidente com incapacidade permanente parcial: os dias computados
correspondem á soma dos dias debitados por Redução de Capacidade, até o
máximo de 4.500 dias.
• Acidente com incapacidade permanente total: os dias computados
correspondem a 6.000 dias (dias debitados).
• Acidente com morte: os dias computados correspondem a 6.000 dias (dias
debitados).
• Dias computados por acidentes: é o número que exprime a soma dos dias
computados de cada acidentado no mesmo acidente.
• Dias computados no mês: é o total de dias perdidos, dias debitados e dias
transportados durante o mês considerado.
• Dias computados acumulados: é a soma dos dias computados a contar.
desde 1º de janeiro. Assim, os dias computados acumulados em fevereiro
correspondem à soma dos dias computados em janeiro com os de. fevereiro;
quando em marco, correspondem á soma dos dias computados em janeiro,
fevereiro e marco.

Estatística Mensal
Corno o nome indica, é a estatística elaborada durante um mês, com a
finalidade de obter dados comparativos que permitem confronto com as
estatísticas de outros locais de atividades semelhantes.

Estatística Anual
Tem a mesma finalidade da estatística mensal, mas abrange dados de
todos os meses do ano.
Data de Encerramento da Estatística
O mês estatístico se encerra no último dia de cada mês.
O ano estatístico se encerra no dia 31 de dezembro.
Número médio de empregados dias por mês é a relação entre a soma dos
dias de trabalho num mês e a duração normal do trabalho num dia que é de
8 horas.
Esse número médio referir-se-à totalidade dos empregados de uma empresa
devendo-se, em caso contrário, mencionar a seção da empresa.
homens-horas Trabalhadas
É o número que exprime a soma de todas as horas efetivamente
trabalhadas por todos os empregados do estabelecimento inclusive do
escritório, de administração, de vendas ou de outras funções; são horas em
que os empregados estio sujeitos a se acidentarem em trabalho.
Notas:
• no número de horas/homens trabalhadas devem ser incluídas as horas extras e
excluídas as horas remuneradas não trabalhadas tais como as decorrentes de
faltas abonadas, licenças, férias, enfermidades e descanso remunerado.
• número de horas/homens trabalhadas referir-se-à totalidade dos empregados
da empresa, devendo-se em caso diferente, mencionar a seção ou o
departamento a que se referir.
• para o empregado cujas horas efetivamente trabalhadas sejam de difícil
determinação, serão consideradas 8 horas por dia de trabalho.

Dias Perdidos:
É o total de dias em que o acidentado fica incapacitado para o trabalho em
conseqüência de acidente com incapacidade temporária.
- os dias perdidos são dias corridos contados do dia imediato ao dia do
acidente até o dia da alta médica, inclusive.
- portanto, na contagem dos dias perdidos se incluem os domingos, os
feriados ou qualquer outro dia em que não haja trabalho na empresa.
- conta-se também qualquer outro dia completo de incapacidade, ocorrido
depois do retorno ao trabalho e que seja em conseqüência do mesmo
acidente.
- contar-se-ao os dias de afastamento do acidentado, cujo acidente fora
inicialmente considerado sem afastamento e que, por justa razão, passar a
ser incluído entre os acidentes com afastamento.
- no caso do item anterior, a contagem dos dias perdidos será iniciada no
dia da comunicação do agravamento da lesão.
Dias Perdidos Transportados
São os dias perdidos durante o mês por acidentado do mês anterior (ou de
meses anteriores).
Dias Debitados por Redução de Capacidade
ou Morte:
É o número de dias que convencionalmente se atribui aos casos de
acidentes de que resulte morte, incapacidade permanente total ou
incapacidade permanente parcial, representando a perda total ou a redução
da capacidade para o trabalho, conforme a tabela anexa á Portaria 32.
Tabela Comulativa
ACIDENTE COM DIAS DIAS PERDIDOS
HORAS HOMEM DIAS COEFICIENTE DE COEFICIÊNTE DE
MES TRABALHADAS
PERDA DE PERDIDOS DO DO MES
DEBITADOS FREQUÊNCIA GRAVIDADE
TEMPO MES ATUAL ANTERIOR

JAN. 890.000 20 310 -- -- 22,47 348


FEV 850.000 25 350 80 900 29,41 1.470
AC. 1.740.000 45 740 -- 900 25,88 942
MAR 910.000 18 240 50 -- 19,78 318
AC. 2.650.000 63 1.030 -- 900 23,77 728
ABR. 965.000 15 405 20 3.000 15,54 3.549
AC. 3.615.000 78 1.455 -- 3.900 21,57 1.481
PRINCIPIOS QUE NAO DEVEM SER
ESQUECIDOS
Para que as estatísticas de acidentes tenham o maior grau possível de
comparabilidade com fins preventivos, torna-se necessário aplicar os
seguintes princípios:
Representação gráfica do coeficiente de freqüência
Fig 12.10

Representação gráfica do coeficiente de gravidade

Figura 12.11
- As estatísticas de acidentes devem ser compiladas partindo de uma
definição uniforme de acidente de trabalho, em geral, para efeitos de
prevenção, e em particular, para medir a grandeza ou importância dos
diferentes riscos. Todos os acidentes definidos desta forma devem ser
notificados e tabulados uniformemente.
- Os coeficientes de freqüência e de gravidade devem ser compilados
utilizando-se métodos uniformes. Deve haver uma definição uniforme para
acidentes, métodos uniformes para calcular o tempo de exposição ao risco.
- A classificação das indústrias e ocupações para efeitos das estatísticas de
acidentes deve ser uniforme em todas as partes.
- A classificação das causas e dos acidentes deve ser uniforme, e deve
aplicar-se mesmos princípios em todos os casos para determinar as causas
de acidentes.
Não é absolutamente indispensável que as estatísticas nacionais sejam
comparáveis em seus mínimos detalhes, porém devem sê-lo no essencial.
Cada país pode reunir os dados requeridos para as comparações
internacionais e outros ainda destinados a satisfazer suas próprias
necessidades.
- Embora a norma NB-18 não mencione, é recomendável fazer uma
estatística à parte para os acidentes de trajeto, adotando-se porém as
mesmas recomendações mencionadas na referida norma.
INTERPRETACAO DOS COEFICIENTES DE UMA EMPRESA:
Distribuição dos acidentes segundo o tempo de serviço

Figura 12.12
Os valores acima mostrados vem de certa forma confirmar um conceito de
há muito conhecido em matéria de segurança. Entre outros fatores que
entram na sua eclosão, os acidentes derivam ou da falta de prática e
desconhecimento dos perigos ou do excesso de confiança de que se imbui
um trabalhador muito experiente em seu serviço. O quadro nos mostra
exatamente isso: As maiores porcentagens situam-se em pólos opostos,
relativamente ao tempo de serviço dos acidentados (21% com empregados
de menos de 1 ano e 29% com empregados com mais de 10 anos de firma).
É possível ao trabalhador acidentar-se porque "não sabe" ou por "saber
demais", julgar-se a salvo dos acidentes. Dai a conveniência de se ter por
principio o seguinte:
1o) Inicialmente procurar conhecer todos os riscos do serviço e as regras de
segurança a ele pertinentes;
2o ) De posse desses conhecimentos, jamais desprezar as regras.
aprendidas.
O argumento dos que desprezam regras básicas de segurança, sob a
alegação do "Eu faço isto desse jeito há mais de 20 anos e nunca me
aconteceu nada" é irrelevante, pois num trabalho executado de forma
insegura sempre persistirão riscos danosos. E a prova disso é a grande
incidência de acidentes ocorridos com trabalhadores com mais de 10 anos
na mesma atividade.
Pelo quadro anterior podemos observar quais foram as principais causas dos
acidentes com afastamento. E podemos reparar talvez até com espanto e
surpresa - que os corpos estranhos e conjuntivites oculares ocupam o
primeiro lugar entre as causas de acidentes. superam inclusive o próprio
trabalho com máquinas também com apreciável parcela de acidentes, a
exemplo do que sucede em todos os anos.
A julgar por esse quadro, quase a metade dos casos poderia ser eliminada
se protegêssemos melhor os olhos (esses maravilhosos órgãos
condicionadores da normalidade da vida e da nossa felicidade pessoal), bem
como se fossem observa dás todas as regras de segurança relativa ao
trabalho com máquinas.
UM CONTROLE MAIS EFETIVO DA PREVENCAO DE ACIDENTES:
O registro dos acidentes ocorridos em urna empresa pode fornecer um
grande número de informações ao pessoal que trabalha na segurança. Ao
administrador, no entanto, interessa saber se as medidas preventivas
adotadas estão conduzindo ou não a resultados satisfatórios. Para o
administrador, o fato de perceber que o número de acidentes diminui em
um mês, para o mês seguinte novamente aumentar e a seguir diminuir
novamente é insatisfatório, já que o real interesse está em saber se há um
critério que permita chegar-se a conclusão de uma melhora ou piora.
Sabe-se que a variabilidade de um produto acabado provém da
variabilidade dos diversos fatores que influem na produção tais como:
trabalho humano, máquinas, matéria prima, umidade, voltagem, etc. A
variabilidade destes fatores se decompõe em duas parcelas:
a. uma variabilidade estável no tempo, isto é, o fator varia dentro de uma
distribuição de probabilidades, conservando, pois, a média e o desvio padrão. A
variação que resulta para o produto, devido á esta primeira parcela, denomina-
se ocasional e é inerente ao processo.
Só pode ser eliminada se este for alterado.

b. uma variabilidade instável no tempo, como por exemplo a falta de tremo de um


operário ou ainda a uma queda na voltagem.Com relação aos acidentes em
uma fábrica, podemos considerá-los como o resultado de um determinado
processo de trabalho, e a sua variabilidade provém de fatores como: tipo de
indústria, máquinas utilizadas, matéria prima usada, etc. Da mesma forma,
como no caso de um produto acabado, a variabilidade destes fatores se
decompõe em duas parcelas:
b.1) uma variabilidade estável no. tempo, que se denomina ocasional e que é inerente,
ao processo, utilizado.
b.2) uma variabilidade estável no tempo, que se denomina assinalável e que
pode ser resultado por causas externas ao processo utilizado. Estamos
portanto induzindo a que aceitem que os acidentes em urna determinada
indústria estão' sujeitos a dois tipos de variabilidade: a ocasional e a
assinalável.
Dizemos que os acidentes estão em estado de controle estatístico quando a
variabilidade assinalável for eliminada, permanecendo apenas a
variabilidade ocasional. Em outras palavras, apesar de variar o número de
acidentes mês a mês, a média e o desvio padrão permanecem constantes.
Os gráficos de controle são instrumentos para garantir a permanência do
estado de controle estatístico. O número de acidentes pode ser facilmente
controlado usando a Distribuição de Poisson dos eventos raros.
Por esta lei sabemos que o desvio padrão é igual á raiz quadrada da media.
Assim, se for o número médio de acidentes por unidade de tempo, ocorridos
no passado, o gráfico por um sistema americano, será o da figura a seguir.

Figura 12.16
A zona acima da média indica piora das condições de segurança, finalmente
pontos da zona abaixo da média, melhora nestas condições. Antes de
explicarmos a mecânica do processo de controle estatístico, vamos
contornar mas algumas dificuldades que podem ocorrer: a mesma empresa
pode em meses consecutivos aumentar sua forca de trabalho, seja pelo
aumento do número de operários, seja pelo aumento de número de horas
trabalhadas por dia através das horas extras. Dessa forma, comparar pura e
simplesmente o número de acidentes ocorridos mês a mês poderá não
refletir a medição da freqüência real dos acidentes. Por isso é que se divide
o número de acidentes ocorridos pelo total de horas trabalhadas no mês,
obtendo-se assim a freqüência de acidentes em uma hora para uma certa e
em determinada fábrica.
Outra dificuldade diz respeito ao não levantamento e registro de todo, e
qualquer acidente, mas classificar e selecionar apenas os acidentes que
acarretem o afastamento do trabalhador do serviço. Pelo que se descreveu
nesse parágrafo, estamos quase que chegando á própria fórmula do
coeficiente de freqüência de acidentes, restando apenas multiplicar esse
valor de freqüência horária de acidentes por uma certa e bem determinada
constante, que foi estabelecida pela própria Associação Brasileira de
Normas Técnicas e que é a de 1.000.000, o que representaria o número de
acidentes que ocorreriam em milhão de horas trabalhadas.
Pelo que se viu, a possibilidade de se contornar as dificuldades apontadas
está no uso dos gráficos de controle para os Coeficientes de Freqüência de
Acidentes. Sabendo-se pois que a ocorrência de acidentes obedece urna
determinada lei estatística ou probabilística, dita distribuição de Poisson, e
que empregaremos gráficos de controle e que os gráficos de controle serão
aplicados aos coeficientes de freqüência, passemos a descrever como
iremos ou como podemos proceder:
Suponhamos que uma empresa tenha apresentado os seguintes valores de
coeficientes de freqüência:
COEFICIENTE DE FREQUÊNCIA
Janeiro ............50
Fevereiro.........17
Marco..............52
Abril ...............14
Maio ................0
Junho ................0
Julho ...............28
Agosto ............52
Setembro ..........0
Outubro ............0
Novembro ........0
Dezembro ......75
Em primeiro lugar vamos estabelecer o coeficiente de freqüência (média) e
o desvio padrão desse coeficiente. Assim, a média é de 288 :12 = 24; o
desvio padrão é 3 :240.5 = 14,6.
Feito o cálculo, podemos iniciar a construção do gráfico colocando o valor da
média e estabelecendo os limites superior e inferior de controle que serão:
limite superior = 24 + 14,6 = 38,6.
limite inferior = 24 - 14,6 = 9,4.
Obtemos dessa forma (em: escala) o seguinte:
Figura 12.17
A seguir, caso estejamos querendo estudar a eficiência do sistema de
prevenção de acidentes, vamos analisar como se comportam os resultados
do ano seguinte, mês a mês, em relação ao gráfico estabelecido.
MES COEFICIENTE DE FREQUÊNCIA
Janeiro ........................................... 36
Fevereiro ....................................... 24
Marco ........................................... 16
Abril .............................................. 0
Maio .............................................. 0
Junho.............................................. 0
Julho .............................................. 0
Agosto ........................................... 18
Setembro ....................................... 16
Outubro ......................................... 0

Figura 12.18
Pelo que pode ser observado acima, os valores dos coeficientes de
freqüência apresentam 5 valores abaixo do limite inferior o que já não
denota apenas uma variação assinalável, mas na realidade uma verdadeira
alteração no valor da média para o ano atual, já que todos os pontos, à
exceção do 1o , apresentam-se abaixo do valor da média do ano passado.
Está claro e evidenciado que o programa de prevenção está surtindo
resultados benéficos. Suponhamos, agora, apenas para efeito de raciocínio,
que tivéssemos obtido os valores de coeficiente de freqüência que se
seguem:
Mês Coeficiente de Freqüência
Janeiro....................................................... 52
Fevereiro .................................................. 40
Março ....................................................... 38
Abril ......................................................... 40
Maio ......................................................... 0
Junho ........................................................ 36
Julho ......................................................... 45
Agosto ...................................................... 50
Setembro .................................................. 40
Outubro .................................................... 45
Colocando-se no gráfico de controle teríamos:

Figura 12.19
Pelo que pode ser observado, o ponto relativo ao mês de junho é uma
exceção ao restante do ano e não pode ser encarado como um indicativo de
melhora no programa de prevenção, e sim um indicativo de piora ao se
observar o conjunto do ano atual, que fatalmente apresentará coeficiente de
freqüência maior do que para o ano passado.
Podemos acrescentar que, ao que tudo indica, o resultado de junho deve-se
a uma variação assinalável, e que no cálculo da média do ano deverá ser
eliminada.
MÉTODO N.S.C RELATIVO AO CÁLCULO DO COEFICIENTE DE
GRAVIDADE
No que se respeita ao cálculo mensal do coeficiente de gravidade, uma
dificuldade que surge, não raras vezes, resulta do fato de um trabalhador
que se acidente em certo mês não poder retornar ao trabalho no mesmo
mês. As perguntas que se impõem são: quantos dias serão atribuídos àquele
acidente para o cálculo do coeficiente de gravidade?
Serão contados apenas os perdidos no mês da ocorrência para o cálculo
referente àquele mês? Em que cálculos serão computados os dias perdidos
pelo acidentado no más ou meses subsequentes ao acidente?
Geralmente, no cálculo do coeficiente de gravidade, casos como esse
entram nas estatísticas nos vários meses em que os acidentados estiveram
afastados do trabalho até o encerramento do caso. Essa maneira de
proceder é causa do erro, por vários motivos: por gravar erroneamente
meses que não foram afetados pelo acidente em causa; por estabelecer
uma relação de dias perdidos para horas-homens trabalhadas, quando no
número dessas horas o trabalhador acidentado não foi incluído; pelo fato de,
em geral, trabalhador acidentado, afastado do serviço, não entrar na folha
de pagamento da empresa.
Para solucionar essas dificuldades, pode ser adotado o plano recomendado
pelo National Safety Concil dos Estados Unidos da América do Norte
(Industrial Accident Records and Analysis:. Safe Practices Pamphlet nº.21),
devidamente adaptado à norma brasileira do cadastro de acidentes.
Os casos de acidentes de trabalho ocorridos em cada mês são transcritos
em um quadro, referente á fábrica toda ou a cada um dos seus
departamentos.
Do quadro VII constam
- Número de acidentes sem perda do tempo ocorridos durante o mês.
- Numero de horas-homens trabalhadas.
- Número médio de trabalhadores em serviço durante o mês.
- Número de acidentes com perda de tempo, acarretando:
a) morte ou incapacidade total permanente;
b) incapacidade parcial e permanente;
c) incapacidade temporária.
As colunas correspondentes a cada uma dessas três espécies de acidentes
são subdivididas em duas, uma correspondente ao mês em curso e outra
intitulada "acréscimo", cuja finalidade será esclarecida adiante.
• Total de acidentes com perda de tempo.

• Dias perdidos e dias debitados, divididos e subdivididos em colunas


correspondentes às três classes de acidentes, ao número de dias perdidos e
debitados e á sua ocorrência no mês e por acréscimo conforme adiante se vera.
• Número total de dias perdidos e dias debitados.

• Coeficiente de gravidade.
Nas linhas horizontais tem-se uma linha correspondente a cada mês seguida dos
totais até esse mês.
Quando um caso de acidente não é encerrado por ocasião do fechamento
das estatísticas do mês, deve-se escrever na coluna correspondente debaixo
do título "mês", o número de dias que, de acordo com o médico que
atendeu o caso, o acidentado irá perder. Se o acidentado volta ao serviço
antes ou depois da data prevista, o número de dias perdidos a menos ou a
mais é transcrito no mês em que o operário volta ao trabalho, procedido do
sinal - ou + respectiva mente. Entretanto esse número não é computado da
estatística desse mês ou de qualquer Outro em particular, mas apenas no
número total acumulado até esse mês. O mesmo pode ser feito em relação
a dias debitados.
Quando um caso passa de uma categoria para outra, por exemplo, dá
incapacidade temporária para permanente parcial, procede-se do seguinte
modo: no mês em que ocorre a alteração adiciona-se à coluna "acréscimo"
uma unidade à nova categoria e subtrai-se também na coluna "acréscimo",
urna unidade á categoria a que o caso deixou de pertencer entretanto,
esses novos números não são adicionados aos totais desse mês, mas
apenas aos totais até esse más (vide exemplo no anexo 3).
Em fevereiro, três operários sofreram acidentes resultando em incapacidade
temporária; dentre eles, um operário que, de acordo com O prognóstico
médico deveria voltar ao serviço a 9 de março retornou no dia 5, havendo
assim 4 dias perdidos a menos; -4 são inscritos na coluna correspondente de
março, de modo que o total de dias perdidos, por incapacidade temporária
até esse mês em lugar de ser igual a 40 (dias perdidos até o mês anterior)
mais 42 (dias perdidos por acidente ocorrido em marco), torna-se igual a 40
+ 42-4 = 78 dias.
O acidente ocorrido em marco causou um ferimento no braço de um
operário, o qual continuava afastado do serviço ao ser encerrada, a
estatística desse mês. O médico assistente julgou que seria necessária a
perda de 42 dias de serviço, considerando o caso como de incapacidade
temporária.
Com efeito, O operário voltou ao trabalho na data prevista. No entanto, em
setembro foi notado que permanecera um certo grau de perturbação
funcional (dificuldade de movimentação do braço ferido). Assim, o caso
passou de incapacidade temporária para incapacidade permanente parcial
com direito a 900 dias debitados. Foram feitas alterações na tabela do mês
de setembro: nas colunas de acréscimo anotou-se + 1 entre as
incapacidades permanentes parciais e - 1 entre as incapacidades
temporárias.
Devido a restrição de mobilidade acrescentou-se 900 dias à coluna de
acréscimo para os dias debitados por incapacidade permanente parcial.
Como é fácil de ver, nenhum desses dados entra nas estatísticas do mês de
setembro; vão afetar unicamente os totais acumulados até esse mês.
No mês de dezembro Ocorreu um caso fatal sendo que a morte se deu
imediatamente após o acidente: assim sendo, foram incluídos 6.000 dias
debitados, não havendo dias perdidos a computar.
O quadro possui todos os elementos necessários para o cálculo do
coeficiente de freqüência, que foi omitido por não interessar ao assunto em
estudo.
Quando da análise final, deveria ser relembrado que, enquanto o objetivo
imediato do programa de segurança é o de eliminar os riscos até que os
acidentes não mais ocorram, um objetivo imediato desse programa deve ser
a identificação e o controle dos riscos que podem causar e estão causando
prejuízos graves a indústria, e danos aos empregados.
O progresso no sentido desses objetivos merece continua avaliação através
dos melhores meios disponíveis - o plano organizado constitui o rumo a
seguir para atingir esses objetivos.
CUSTO DO ACIDENTE

Importância

Qualquer acidente do trabalho acarreta prejuízos econômicos para o


acidentado, para a empresa, para a Nação. Se encararmos o acidente do
ponto de vista prevencionista (não ha necessidade de efeito lesivo ao
trabalhador em virtude da ocorrência), a simples perda de tempo para
normalizar a situação já representa custo. Por exemplo, a queda de um
fardo de algodão mal armazenado, em princípio, teria como conseqüências:

a) O empregado encarregado da reamarzenagem despendera esforço para o


trabalho, inclusive passando novamente pelo risco inerente a atividade,
desnecessário se a armazenagem inicial tivesse sido corretamente feita;

b) O empregador pagara duplamente pelo serviço de armazenagem;

c) A perda de produção, pela necessidade de execução do serviço varias


vezes, representa um custo para a Nação, mais sentida em caso de
produtos de exportação.

Se, no exemplo anterior, um trabalhador for atingido pelo fardo e necessitar


de um afastamento temporário para recuperação, citamos como
conseqüências

a) o operário ficará prejudicado em sua saúde;

b) o empregador arcará com as despesas de salário do acidentado, do dia


do acidente e

dos seguintes quinze dias,

c) a empresa seguradora (no caso do INSS) pagará as despesas de


atendimento medico e os salários a partir do 15o dia até o retorno do
acidentado ao trabalho normal.

Há diversos custos que o próprio bom-senso facilmente determina. Outros,


porem), além de não serem identificados na totalidade, quando o são
tornam-se de difícil mensuração.

O caso de um trabalhador morto em virtude de um acidente do trabalho. Em


termos da Nação como um todo, como mensurar a perda de capacidade
produtiva e mesmo da capacidade criativa do acidentado? Teremos os
gastos com funeral, pagamento de pensão, porém o chamado CUSTO
SOCIAL decorrente do acidente não poderá ser determinado. A família do
acidentado poderá sofrer graves conseqüências, não só financeiras, como
também sociais. Não haverá mais a possibilidade de promoções, horas
extras, etc. Toda a experiência de vida que poderia ser transmitida aos filhos
é perdida.

Pode ser sentida aqui a dificuldade para mensurar os custos dos acidentes.
Para contornar esse problema, por meio de uma investigação de acidentes
bem feita, e com a utilização de recursos matemáticos e inferências
estatísticas, podemos atingir um bom nível de precisão em termos de custos
para o empregador.

Parcelas do custo de acidentes


O custo total do acidente do trabalho pode ser em duas parcelas: o custo
direto e o custo indireto, ou seja:

C.T. = C.D.+ C.I.

O custo direto não tem relação com o acidente em si. É o custo do seguro de
acidentes do trabalho que o empregador deve pagar ao Instituto Nacional
de Seguridade Social - INSS, conforme determina do no artigo 26 do decreto
2.173, de 05 de março de 1997. Essa contribuição é calculada a partir do
enquadramento da empresa em três níveis de risco de acidente do trabalho
(riscos leve, médios e graves) e da folha de pagamento de contribuição da
empresa, da seguinte forma:

I – 1 % (um por cento) para a empresa em cuja atividade preponderante o


risco de
acidente do trabalho seja considerado leve;

II – 2 % (dois por cento) para a empresa em cuja atividade preponderante


esse risco de acidente do trabalho seja considerado médio;

III – 3 % (três por cento) para a empresa em cuja atividade preponderante


esse risco de acidente do trabalho seja considerado grave.

Essa porcentagem é calculada em re1ação a folha de pagamento de


contribuição e é recolhida juntamente com as demais contribuições devidas
INSS.

A classificação da empresa será feita a partir de tabela própria, organizada


pelo Ministério da Previdência Social

Tendo em vista que o custo direto nada mais é que a taxa de seguro de
acidentes do trabalho paga pela empresa a Previdência Social, esse custo
também é chamado de "custo segurado" e representa saída de caixa
imediata para o empregador.
Já os fatores que influem no custo indireto não representam uma retirada de
caixa imediata para a empresa, mas, embora prejudiquem a produção e
inclusive a diminuam, não acarretam novos gastos necessariamente. Eles
são inerentes a própria atividade da empresa.

A seguir são citados alguns fatores que influem no aumento do custo


indireto de um acidente do trabalho.

a) salário pago ao acidentado no dia do acidente. Mesmo em casos de


acidente de trajeto, o empregador é responsável por esse pagamento;

b) salários pagos aos colegas do acidentado, que deixam de produzir para


socorrer a vítima, avisar seus superiores e, se necessário, auxiliar na
remoção do acidentado;

c) despesas decorrentes da substituição de peça danificada ou manutenção


e reparos de máquinas e equipamentos envolvidos no acidente, quando for
o caso;

d) prejuízos decorrentes de danos causados ao produto em processo;

e) gastos para a contratação de um substituto, quando o afastamento for


prolongado;

f) pagamento do salário do acidentado nos primeiros quinze dias de


afastamento;

a. pagamento de horas extras aos empregados para cobrir prejuízo


causado à produção
pela paralisação decorrente do acidente;

b. gastos extras de energia elétrica e demais facilidades das instalações em


decorrência das horas extras trabalhadas;
i ) pagamento das horas de trabalho despendidas por supervisores e outras
pessoas:
i.1) n a investigação das causas do acidente
i.2) na assistência médica para os socorros de urgência;
i.3) no transporte do acidentado;
i.4) em providências necessárias para regularizar o local do acidente;
i.5) na assistência jurídica.
Conclusão
Pode-se notar, portanto, que o custo de acidentes envolve vários fatores de
produção:
1o) pessoal
2o) maquinas e equipamentos;
3o) matéria-prima
4o) tempo;
5o) instalações.

Pessoal
Envolve todos os funcionários assalariados.
Qualquer acidente determinará despesas médicas, hospitalares,
farmacêuticas, além de gastos com indenizações por incapacidade, ao órgão
segurador.
Maquinas e equipamentos
Inclui ferramentas, carros de transporte diretamente ligados à produção,
maquinas, que podem ser danificados em caso de acidente, exigindo
reparos, substituição de peças e serviço extra das equipes de manutenção.

Matéria - prima
Compreende os três estágios, entrada, processamento e saída como
produto acabado. Material perecível, por exemplo, pode ser perdido em caso
de parada repentina do processo em virtude de um acidente.

Tempo
Invariavelmente, qualquer acidente acarreta, com perda de tempo, tanto na
produção como na mão-de-obra.

Instalações Gerais
Compreende danos as instalações elétricas, aos prédios, às canalizações.
Em 1931, o engenheiro americano H.W. Heinrich efetuou uma pesquisa
entre a média industria americana e encontrou a relação 1:4 entre o custo
direto e o custo indireto, ou seja, se o custo direto de um acidente é R$
1.000,00, seu custo indireto será R$ 4.000,00. Essa relação no entanto,
embora difundida e utilizada normalmente, não corresponde a realidade na
maior parte dos casos.
A relação entre custo direto pode variar de 1:1 até 1:100, ou seja a variação
do custo total pode ser de 2 a 101 vezes o custo direto.
Deve-se, portanto, evitar a utilização desse valor (1:4) e, por meio de
estudos realizados dentro do próprio local de trabalho, inferir o índice
adequado.
Para possibilitar essa inferência pode-se, por exemplo, definir cinco classes
de acidentes:
1a classe - Acidentes sem lesão.

2a classe - Acidentes sem afastamento (lesão que não impossibilita o


retorno ao trabalho do acidentado no mesmo dia ou no dia
seguinte ao do acidente, no horário normal).
3a classe - Acidentes com incapacidade temporária total.
4a classe - Acidentes com incapacidade permanente parcial.

5a classe - Acidentes com incapacidade permanente total ou morte.


Após a retirada de um numero de acidentes (amostra) conveniente e um
estudo completo dos custos desses acidentes, determina-se uma média do
custo de acidente em cada classe.
Deve-se apenas tomar o cuidado de atualizar esse custo, tendo em vista a
inflação e as suas conseqüências na economia.
Qualquer modificação nos fatores anteriormente citados, como pessoal,
máquinas, etc., pode ocasionar modificações nos custos, obrigando,
portanto, os elementos da segurança a realizarem novo estudo.

Custeio

DAS CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESAS

Art. 26. A contribuição da empresa, destinada ao financiamento dos


benefícios concedidos em razão de maior incidência de incapacidade
laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho corresponde à
aplicação dos seguintes percentuais, incidentes sobre o total da
remuneração paga ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, aos
segurados empregados, trabalhadores avulsos e médicos-residentes:

I - um por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de


acidente do trabalho seja considerado leve;

II - dois por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco


de acidente do trabalho seja considerado médio;

III - três por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco
de acidente do trabalho seja considerado grave.

§ 1º Considera-se preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o


maior número de segurados empregados, trabalhadores avulsos ou
médicos-residentes.

§ 2º A atividade econômica preponderante da empresa e os respectivos


riscos de acidentes do trabalho compõem a Relação de Atividades
Preponderantes e correspondentes Graus de Risco, anexa a este
Regulamento.

§ 3º O enquadramento no correspondente grau de risco é de


responsabilidade da empresa, observada a sua atividade econômica
preponderante e será feito mensalmente, cabendo ao Instituto Nacional do
Seguro Social-INSS rever o auto-enquadramento em qualquer tempo.
§ 4º Verificado erro no auto-enquadramento, o Instituto Nacional do Seguro
Social-INSS adotará as medidas necessárias à sua correção, orientando o
responsável pela empresa em caso de recolhimento indevido e procedendo
à notificação dos valores devidos.

§ 5º Para efeito de determinação da atividade econômica preponderante da


empresa, prevista no § 1º, serão computados os empregados, trabalhadores
avulsos e médicos-residentes que exerçam suas atividades profissionais
efetivamente na mesma.

§ 6º O disposto no caput não se aplica à pessoa física de que trata a alínea


"a" do inciso V do art. 10.

§ 7º Quando se tratar de produtor rural pessoa jurídica que se dedique à


produção rural e contribua nos moldes do inciso IV do art. 25 , a
contribuição referida no caput corresponde a 0,1% incidente sobre a receita
bruta proveniente da comercialização de sua produção.

Art. 27. O Ministério da Previdência e Assistência Social-MPAS poderá


autorizar a empresa a reduzir em até cinqüenta por cento as alíquotas da
contribuição a que se refere o artigo anterior, a fim de estimular
investimentos destinados a diminuir os riscos ambientais do trabalho.

§ 1º A redução da alíquota de que trata este artigo estará condicionada à


melhoria das condições do trabalho, obtida através de investimentos em
prevenção e em sistemas gerenciais de risco que impactem positivamente
na redução dos agravos à saúde no trabalho, à inexistência de débitos em
relação às contribuições devidas ao Instituto Nacional do Seguro Social-INSS
e aos demais requisitos estabelecidos pelo Ministério da Previdência e
Assistência Social-MPAS.

§ 2º O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, com base principalmente na


comunicação prevista no art. 134 do Regulamento dos Benefícios da
Previdência Social-RBPS, implementará sistema de controle e
acompanhamento de acidentes do trabalho.

§ 3º Verificado o descumprimento por parte da empresa dos requisitos


fixados pelo Ministério da Previdência e Assistência Social-MPAS, para fim de
redução das alíquotas de que trata o artigo anterior, o Instituto Nacional do
Seguro Social-INSS procederá à notificação dos valores devidos.

INSPEÇÃO DE SEGURANÇA
Formas de ação
Basicamente, o programa de Prevenção de Acidentes do Trabalho
compreende dois tipos de atividades a serem desenvolvidas pelo Serviço de
Segurança.

A partir de uma verificação de riscos mais comuns, inerentes a qualquer


instalação industrial, como instalações elétricas inadequadas ou falta de
equipamento de combate ao fogo, pode-se propor uma serie de medidas
que visem eliminar ou neutralizar os riscos encontrados.

Há uma série de riscos, porém, que variam de empresa para empresa,


levando-se em consideração o espaço físico, o tipo de processo, o produto
fabricado, etc. Deverá então o Serviço de Segurança procurar analisar os
acidentes ocorridos e, através dessas experiências negativas anteriores,
descobrir condições ou a atitudes inseguras mais específicas.

Inspeção de Segurança
A inspeção de segurança nada mais é que a procura de riscos comuns, já
conhecidos teoricamente. Esse conhecimento teórico facilita a eliminação
ou neutralização do risco, pois as soluções possíveis já foram estudadas por
grande numero de técnicos e constam de extensa bibliografia.

Os riscos mais comumente encontrados em uma inspeção de segurança


são:
Falta de proteção nas maquinas
Falta de ordem e limpeza.

Mau estado das ferramentas.

Iluminação e instalações elétricas deficientes.

Pisos escorregadios, deficientes, em mau estado de conservação

Insuficiência ou obstrução de portas e outros meios saída.

Equipamento de proteção contra incêndio em mau estado ou


insuficiente.

Pratica de atos inseguros.


As inspeções de segurança, dependendo do grau de profundidade envolvem não só
os elementos da Segurança do Trabalho, como também todo o corpo de funcionários.
Por exemplo: uma ferramenta manual avariada deverá ser imediatamente substituída
pelo operador no momento em que este a receber, pois deverá ser feita a inspeção
visual. Não há necessidade de se aguardar o momento de vistoria geral de todas as
ferramentas, a ser feita no almoxarifado, para que a ferramenta defeituosa seja
substituída.
Como em qualquer atividade que se deseja otimizar, há a necessidade de
organizar um programa bem definido para as inspeções, quando será
estabelecido:
que será inspecionado;
a freqüência da inspeção;

a responsabilidade pela inspeção;

informações necessárias para verificação

destino dos dados coletados.


Uma vez determinados esses aspectos pode-se, então, partir para a proposição de
medidas saneadoras, objetivo-fim de qualquer inspeção de segurança.

Tipos de inspeção de segurança


Ao examinarmos o primeiro item de um programa de inspeção,
determinamos uma primeira divisão em duas classes:

a) Inspeções gerais - nas quais todas áreas são examinadas, fazendo-se


um levantamento global das condições operacionais da industria.

Devem ser coordenadas pelo Serviço de Segurança, recomendando-se a


presença de chefes e encarregados de setor, médico do trabalho,
engenheiro de segurança, técnico de segurança e cipeiros do setor, o que
possibi1ita maior rapidez nas informações, devido a discussão dos riscos no
local e no momento da observação, inclusive com uma primeira
comunicação oral, embora exista a necessidade da confecção de relatórios
que documente o fato e proponha as soluções mais adequadas a cada caso.
Nas empresas que não possuam Serviço de Segurança, a coordenação de
tais inspeções é responsabilidade da CIPA - Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes.
Pode ser realizada mensalmente mas, de acordo com características de
cada empresa, a periodicidade pode ser maior ou menor.

b) Inspeções parciais - são inspeções restritas, limitando-se apenas a


verificar as condições de segurança em determinadas áreas, atividades ou
mesmo equipamentos especiais existentes.

Definição de responsabilidades
Os elementos encarregados das inspeções podem ser funcionários da
própria empresa, técnicos contratados ou inspetores governamentais.

Nas inspeções oficiais, normalmente não há a preocupação com uma analise


posterior, visando a inibição do risco. O técnico procura observar os pontos
conflitantes com a legislação e notifica o empresário.

Em empresas onde não há Serviço Especializado, é normal que a CIPA,


responsável pela coordenação das inspeções, contrate um técnico na área
de segurança para realizar uma inspeção geral . Após a inspeção, o técnico
se encarregara de propor soluções, facilitando e dinamizando, desta forma,
a atuação da Comissão.

Quando, porém, já existe o Serviço Especializado, a necessidade dessas


inspeções gerais decai bastante, pois os inspetores da própria empresa
deverão ter conhecimentos técnicos gerais suficientes para descobrir e
eliminar, ou inibir, riscos mais comuns. A dificuldade aparece quando há a
necessidade de inspeções parciais mais detalhadas, como a inspeção de
uma caldeira ou a determinação da presença de riscos ambientais em
determinado processo. Nestes casos aconselha-se a contratação de
elemento especializado, que podem, com menor margem de erro, detectar
qualquer anormalidade e apontar soluções

No âmbito interno de cada empresa, deverá o Serviço de Segurança


equacionar de forma bastante clara e precisa a responsabilidade de cada
um dos funcionários, pois todos eles deverão dar a sua parcela de
colaboração na prevenção dos acidentes;

Os técnicos de segurança deverão diariamente realizar inspeções de rotina,


objetivando a descoberta dos riscos mais comuns, tais como utilização de
instalações elétricas provisórias de maneira inadequada, desobediência a
normas de conduta por parte dos empregados, utilização de maquinas com
proteção inibidas ou em mão estado de conservação, armazenagem
incorreta, etc.
Os encarregados de setores, dentro de suas funções normais, podem
receber atribuições que auxiliam o Serviço de Segurança por exemplo, a
verificação da utilização correta de EPI por parte dos seus subordinados ou a
inspeção diária de ferramentas pelo encarregado do almoxarifado, antes da
entrega aos operários.

Os trabalhadores devem ser instruídos e treinados no sentido de


inspecionarem suas ferramentas, máquinas e equipamentos de proteção,
antes de iniciarem a produção. É uma inspeção mais simples e rápida, na
maioria das vezes visual, que possibilita a descoberta de falhas que,
corrigidas a tempo, evitam o acidente.

A legislação determina a necessidade de inspeções periódicas em


determinados equipamentos, como caldeiras, elevadores e extintores de
incêndio.

Outras inspeções são feitas de forma rotineira pelo próprio elemento que se
utiliza do equipamento, não se excluindo, porém, a necessidade de
inspeções periódicas por elementos da segurança. E o caso de cordas,
correntes, cabos de aço, escadas e ferramentas portáteis

Registro das inspeções


Para possibilitar estudos posteriores, ou mesmo para controles estatísticos,
inclusive de qualidade, deve-se preparar formulários especiais, adequados a
cada tipo de inspeção e nível de profundidade desejados.

A própria inspeção de equipamentos, feita pelo operário diariamente no


início do turno de trabalho, deverá ser facilitada através da elaboração de
uma ficha de inspeção. Os pontos a serem observados deverão ser
colocados em ordem lógica e o preenchimento deverá ser feito com uma
simples marcação, ou visto.

Também o Técnico de Segurança, quando em uma inspeção rotineira,


poderá utilizar-se de um check-list.

Modelos
Uma vez preenchidos esses formulários, quando na inspeção do técnico de
segurança e se notada alguma irregularidade, deverá ser preenchido um
relatório de inspeção, em que serão registrados os pontos negativos
encontrados e as medidas propostas para inibir os riscos.
Esse relatório devera ter, no mínimo, quatro vias, distribuídas da seguinte
forma:
uma via a ser mantida no Serviço de Segurança;
uma via a ser enviada ao Chefe do Setor onde foi notada a
irregularidade;

uma via a ser enviada à gerência da área;

uma via a ser encaminhada à CIPA, para que esta realize o


acompanhamento necessário até a complementação das medidas
corretivas propostas.
Completado o trabalho, podem ser arquivada a via mantida pelo Serviço de
Segurança, para posterior consulta ou levantamento de dados estatísticos.

O Acidente do Trabalho Segundo a


Previdência Social
Índice
1 - o acidente do trabalho
2 - do acidente do do trabalho e da doença profissional
3 - da comunicação do acidente
4 - da caracterização do acidente
5 - das prestações
6 - das disposições diversas relativas ao acidente do trabalho

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