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Arcadismo

O Arcadismo foi um estilo literário que perdurou pela maioria do século


XVIII, tendo como principal característica o bucolismo, elevando a vida
despreocupada e idealizada nos campos.

PORTUGAL

O termo Arcadismo é derivado de Arcádia, região da Grécia onde


pastoreiros viviam em harmonia com a natureza, gostavam e poesia e eram
chefiados pelo deus Pã. Neoclassicismo, palavra que também designa o
estilo desta fase literária, é utilizado para explicitar a atitude que os
escritores tinham em escrever como os clássicos renascentistas.

Em 1756, aconteceu a fundação da Arcádia Lusitana, tendo como


referência a Arcádia Romana e 1690. No contexto histórico, Portugal se
integra ao restante da Europa e nas terras lusitanas há uma tentativa e
reformar o ensino superior a partir de idéias iluministas; marquês de
Pombal expulsa os jesuítas e desvencilha o ensino escolar da Igreja
Católica

Em 1779, é fundada a Academia de Ciências de Lisboa, com o objetivo de


atualizar o progresso científico da época. No Arcadismo português a
poesia é mais cultivada do que a prosa, o autor mais cultuado nesta fase
literária portuguesa é Manuel Maria Barbosa Du Bocage, poeta que
nasceu em 1765, em Setúbal, ingressou na Escola na Marinha, mas
vivendo numa ida boêmia teve uma vida militar irregular. Em viagem à
Índia esteve por algum tempo no Rio de Janeiro, retornando a Portugal em
1790.

Du Bocage alcançou grande sucesso literário em sua fase pré-romântica,


revelando o seu inconformismo com o rigor habitual dos autores
arcadistas tinham em escrever, Bocage se permiti se emocionar em seus
poemas. Cronologicamente, o Arcadismo em Portugal termina em 1825,
ano inicial do Romantismo português.

Trecho de um poema de Du Bocage:


“Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel das paixões, que me arrastava
Ah! Cego eu cria, ah! Mísero eu sonhava
Em mim, quase imortal, a essência humana!”

AUTORES PORTUGUESES

Bocage

Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805),


nasceu em Setúbal, Portugal. É o mais famoso dos satíricos e o mais
popular dos poetas portugueses. Sua inspiração não foi só erótica e
passional; também cantou sentimentos graves, "a desesperança e o lento
gosto da morte", em que atinge muitas vezes o sublime. Mas sua vida
desregrada, além de arruinar-lhe a saúde, tornou desigual a sua vasta
obra. É um dos melhores sonetistas da língua portuguesa.

BRASIL

O Arcadismo no Brasil teve início no ano de 1768, com a publicação do


livro “Obras” de Cláudio Manuel da Costa.

Nesse período Portugal explorava suas colônias a fim de conseguir suprir


seu déficit econômico. A economia brasileira estava voltada para a era do
ouro, da mineração e, portanto, ao estado de Minas Gerais, campo de
extração contínua de minérios. No entanto, os minérios começaram a ficar
escassos e os impostos cobrados por Portugal aos colonos ficaram
exorbitantes.

Surgiu, então, a necessidade do Brasil de buscar uma forma de se


desvincular do seu explorador. Logo, os ideais revolucionários começaram
a se desenvolver no Brasil, sob influências das Revoluções Industrial e
Francesa, ocorridas na Europa, bem como do exemplo da independência
das 13 colônias inglesas.
Enquanto na Europa surgia o trabalho assalariado, o Brasil ainda vivia o
tempo de escravidão. Há um processo de revoltas no Brasil, contudo, a
mais eloqüente durante o período árcade é a Inconfidência Mineira,
movimento que teve envolvimentos dos escritores árcades, como Tomás
Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa, além do
dentista prático Tiradentes.

Como a tendência é do eixo cultural seguir o econômico, os escritores


árcades são, na maioria, mineiros e algumas de suas produções literárias
são voltadas ao ambiente das cidades históricas mineiras, principalmente
Vila Rica.

O Arcadismo tem como características: a busca por uma vida simples,


pastoril, a valorização da natureza e do viver o presente (pensamentos
causados por inspiração a frases de Horácio “fugere urbem” – fugir da
cidade e “carpe diem”- aproveite o dia).
Os principais autores árcades são: Cláudio Manoel da Costa, Tomás
Antonio Gonzaga, Basílio da Gama, Silva Alvarenga e Frei José de Santa
Rita Durão.

AUTORES BRASILEIROS

Cláudio Manuel da Costa

Introdutor do Arcadismo no Brasil, Cláudio Manuel


da Costa (1729-1789) estudou Direito em Coimbra. Rico, advogou em
Mariana, SP, onde nasceu e estabeleceu-se depois em Vila Rica. Foi um
poeta de transição, ainda muito preso ao Barroco. Era grande amigo de
Tomás Antônio Gonzaga, como atesta a poesia deste. Tinha os
pseudônimos (apelido, no caso dos árcades, de origem pastoril) de
Glauceste Satúrnio e Alceste. O nome de sua musa era Eulina. Foi preso
em 1789, acusado de reunir os conjurados da Inconfidência Mineira. Após
delatar seus colegas, é encontrado morto na cela, um caso de suicídio até
hoje nebuloso. Na citação a seguir está presente um elogio ao campo,
lugar idealizado pelos árcades.
"Quem deixa o trato pastoril, amado,
Pela ingrata civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro da paz não tem provado."

Basílio da Gama

O poeta José Basílio da Gama (1741-1795), nascido em


São João del Rei, MG. Estudou com os Jesuítas no RJ até a expulsão
destes do Brasil pelo Marquês de Pombal. Foi para Itália e ingressou na
Arcádia Romana, adotando o pseudônimo de Termindo Sipilío. Escapou de
acusações de jesuitismo escrevendo elogios ao casamento da filha do
Marquês de Pombal. Escreveu O Uruguai ajudado por este e o publicou
em 1769. A segunda passagem é uma das passagens mais famosas de sua
obra: a morte de Lindóia.
"Na idade que eu, brincando entre os pastores,
Andava pela mão e mal andava,
Uma ninfa comigo então brincava,
Da mesma idade e bela como as flores."

"Açouta o campo coa ligeira cauda


O irado monstro, e em tortuosos giros
Se enrosca no cipreste, e verte envolto
Em negro sangue o lívido veneno.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor! No frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito." (O Uruguai)

Tomás Antônio Gonzaga


Nascido em Porto (1744-1810?) de pai brasileiro, estudou
na BA e formou-se em Coimbra em Direito, sendo um jurista habilidoso.
Envolvido na Inconfidência é preso em 23/05/1789 e mandado para a
prisão no Rio de Janeiro. É deportado para a África em 1792. Na África se
casa com uma rica herdeira, recupera fortuna e influências e morre,
provavelmente, em 1810. Produziu pouco, exceto no curto tempo em que
esteve em MG. Apaixonado por Maria Dorotéia Joaquina de Seixas,
escreveu Marília de Dirceu em sua homenagem. Ele ia casar-se com ela e
partir para a Bahia assumir um cargo de desembargador, mas foi preso
uma semana antes. Segundo suas poesias ele não participava da
Conjuração, apesar de ser amigo de Cláudio Manuel da Costa. De fato,
Gonzaga, acusado de ser o mais capaz de dirigir a Inconfidência e ser o
futuro legislador, não suportava Tiradentes. Escreveu também as Cartas
Chilenas, que satirizavam seu desafeto, o governador Luís Cunha
Meneses. Sua obra apresenta características transitórias para o
Romantismo, como a supervalorização do amor e a idealização da mulher
em Marília de Dirceu.

"Eu vi o meu semblante numa fonte,


Dos anos ainda não está cortado;
Os Pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder de meu cajado." (Marília de Dirceu)

"Assim o nosso chefe não descansa


De fazer, Doroteu, no seu governo,
Asneiras sobre asneiras e, entre as muitas,
Que menos violentas nos parecem,
Pratica outras que excedem muito e muito
As raias dos humanos desconcertos." (Cartas Chilenas)

Santa Rita Durão


O Frei José de Santa Rita Durão (1720-1784),
orador e poeta, pode ser considerado o criador do indianismo no Brasil.
Seu poema épico Caramuru é a primeira obra a ter como tema o habitante
nativo do Brasil; foi escrita ao estilo de Camões, imitando um poeta
clássico assim como faziam os outros neoclássicos (árcades). Santa Rita
Durão nasceu em Cata Preta (MG) e mudou-se para a Europa aos 11 anos
de idade, onde teve grande participação política. Foi também um grande
orador.

Alvarenga Peixoto

Inácio José de Alvarenga Peixoto (1744?-1792) estudou


com os jesuítas e formou-se com louvor na Universidade de Coimbra. Foi
juiz e ouvidor. Casou-se com uma poetisa e deixou a magistratura,
ocupando-se da lavoura e mineração no MG. Foi implicado na
Inconfidência Mineira junto com seu parente, Tomás Antônio Gonzaga, e
seu amigo Cláudio Manuel da Costa. Sentenciado a morte, teve a sentença
comutada para degredo para Angola, onde morreu num presídio. Sua obra
artística foi pequena, mas bem acabada. Segue um exemplo.

"Eu vi a linda Jônia e, namorado,


Fiz logo voto eterno de querê-la;
Mas vi depois a Nise, e é tão bela,
Que merece igualmente o meu cuidado."
Barroco

O momento de Renascimento europeu ocorreu no final do século XVI, em


meio a crises religiosas e movimentos que buscavam a restauração da fé
cristã. É neste contexto, na transição do século XVI para o século XVII que
surge o Barroco, como expressão de contradições e conflitos espirituais do
homem da época.

O homem barroco tem uma índole renascentista, marcada pelo


materialismo, paganismo e realismo, mas também é influenciado pela
Contra-Reforma, reação ao protestantismo que, intentando resgatar a fé
cristã, o induz à religiosidade. O produto deste contraste é uma atitude
divisionista e marcada pela instabilidade, que, por quebrar certos
princípios renascentistas, contribui para a visão do barroco como uma
arte indisciplinada.

PRINCIPAIS AUTORES:

Destacaram-se na poesia Gregório de Matos, Botelho de Oliveira, Frei


Itaparica e Bento Teixeira. Gregório de Matos, baiano de Salvador, é o
maior poeta barroco brasileiro e um dos fundadores da poesia lírica
satírica nacional. Produziu ainda variadas espécies líricas como a lira
filosófica, em que refletiu sobre os desconcertos do mundo, o hedonismo e
o carpe diem; a lira amorosa, marcada pela exaltação da mulher e pelo
fusionismo de elementos como o amor carnal e platônico; a lira religiosa
mesclada de medievalismo (como a religiosidade contrita e submissa) e
renascimento (como a religiosidade racional e questionadora) e a lira
laudatória, marcada pelo louvor a amigos e mulheres.

A lira satírica de Gregório de Matos, em razão da qual foi apelidado de


“Boca do Inferno” ou “Notabilíssimo Canalha”, é que constitui a parte
mais original e irreverente da obra do poeta. Marcada por feitios jocosos,
moralizantes e muitas vezes chulos e indecorosos, a sua sátira era
multidirecional, atingindo aos mais variados segmentos da sociedade com
a mesma violência. Alguns autores a classificam inclusive como poesia
realista brasileira em razão da sua percepção crítica da exploração
colonialista dos portugueses no Brasil.
Na prosa, os principais autores foram Padre Antônio Vieira, Sebastião da
Rocha Pita e Nuno Marques Pereira. Dentre eles, o de maior destaque foi
o Padre Antônio Vieira, que integra tanto o Barroco português quanto o
brasileiro. Sua obra, composta por sermões, cartas e profecias, trata com
muita clareza e objetividade de temas sacros, políticos e sociais, inclusive
em defesa dos índios. Na prosa conceptista, revela sua grande força
argumentativa e riqueza vocabular. Foi o maior expoente do Barroco
português e da prosa barroca do Brasil.

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