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Paulo Lourenço nasceu em Lisboa – Portugal.

Desde cedo começou a escrever poesias, e a interessar-se pelas artes, pela cultura,
e pelas ciências ocultas, onde descobriu o gosto pelo esoterismo, e iniciou-se no
Tarôt, e na Radiestesia.
Amante da natureza, e em especial pelas plantas e pelo mar, desde cedo percebeu
que a vida é muito mais que a simples encarnação que vive actualmente.
A religião e a Filosofia sempre o atrairam, e apesar de ter sido iniciado na Religião
Católica, foi nas Religiões Afro-Brasileiras e nos amados orixás, é que veio a
descobrir o seu caminho.
Esta é a sua primeira obra, a qual foi escrita com muito carinho e dedicação.
Usa o pseudónimo “Ramiro de Kali” para se autenticar, porque já existem escritores
e poetas com o mesmo nome do autor. “Ramiro”, pelo seu gosto inato pelo povo
cigano, e “Kali”, em homenagem a Santa Sara Kali, padroeira do mesmo povo.

Blog do autor:

http://paulo-lourenco.blogspot.com/

Orixás em poesia, é uma obra poética em sua base e ao mesmo tempo didáctica,
pois além de
conter poemas e cânticos aos Orixás mais cultuados e conhecidos, tem também em
si todas as explicações sobre o que são os Orixás, como actuam em nossa vida,
algumas lendas, simbolos representativos, suas caracteristicas e caracteristicas
das pessoas regidas por cada um.
Trás também simbolos que representam cada Orixá, suas oferendas preferidas,
ervas, plantas, cores, essências, velas, saudações, e tudo o mais para que se possa
firmar a vibração especifica de
cada um.
Desejo do fundo do coração, que este livro possa ajudar e talvez acender alguma
luz, no fundo do túnel daqueles que nada enxergam...
O autor.
ORIXÁS
em
poesia

PAULO LOURENÇO
“Ramiro de Kali”
Orixás em poesia
by Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

copyright © 2008, Paulo Lourenço

Registo original em Portugal no IGAC – Inspecção-geral das


actividades culturais

registos nº 3296/2008 de 2008.08.01 e 4084/2008 de 2008.09.23

ISBN e demais registos da responsabilidade da editora

Todos os direitos reservados. Este livro não pode ser reproduzido


no todo ou em parte, por qualquer processo mecânico, fotográfico,
electrónico, ou por meio de gravação, nem ser introduzido numa
base de dados, incluindo a internet. Não pode ser difundido ou de
qualquer forma copiado para uso público ou privado – além do uso
legal como breve citação em artigos e criticas – sem prévia
autorização da editora (representando o autor), ou pelo próprio
autor.
_____________________________________________________
Dedicatória

Obra compilada de poemas aos orixás, que tem sido escritos


desde á cerca de 3 anos atrás.
Tem também junto poemas que quis chamar de cânticos,
pois foram com intenção e desejo de um dia alguém gostar,
pegar neles, e com autorização do alto os transformar em
pontos cantados.
Além do poema do senhor Ogum Beira Mar, que foi dedicado
para o meu pai espiritual, meu amigo, e exemplo de ser humano,
Pai Pedro de Ogum.
Dedico o resto de todos eles, os meus comentários, e o resto da
obra, a Deus, aos Orixás e suas falanges,
á minha mãe e amiga, ao meu querido irmão e unico no mundo,
á minha doce esposa, e ao meu querido e adorado filho.

O autor.

Almada, 31 de Julho de 2008


Da escuridão nasce a luz...
INDICE

Nota do autor ------------------------------------------------- 9

Introdução ----------------------------------------------------- 13

Poemas -------------------------------------------------------- 15

Cânticos -------------------------------------------------------- 33

Os Orixás e suas origens ---------------------------------- 49

Caracteristicas dos Orixás e dos seus filhos --------- 57

Quadro de elementos associados a cada Orixá ----- 93

Vocabulário usado nos cultos Afro-Brasileiros ------ 107

Bibliografia ---------------------------------------------------- 111


NOTA DO AUTOR

As religiões, os credos, as seitas e as ordens secretas,


multiplicam-se ferozmente, aliciando as pessoas para as suas
hostes. Tantas religiões existem no mundo, que supostamente o
ser humano teria obrigação de ter mais fé em Deus, e de ter um
intimo melhor.
Mas ironicamente, é por causa das diferenças religiosas que
existe tanta discórdia, e tanta guerra entre os homens.
Será esse o desejo de Deus?... não me parece. Ainda mais que
supostamente, só existe um Deus unico – O Criador, apesar de
cada religião lhe atribuir cada qual um nome diferente, mas é e
será sempre o mesmo Deus.
Em relação ás religiões que cultuam os orixás, seja a Umbanda,
Candomblé, ou outros cultos Afro-Brasileiros, existe da parte das
pessoas em geral, pouco conhecimento ou mesmo nenhum,
apesar que estamos assistindo em Portugal e na Europa, um
crescimento destas religiões.
No entanto, tenho observado também, que existe um
sentimento de medo, por parte de quem só conhece de nome, ou
apenas ouviu falar destas religiões. Ora e porquê?
È lógico, que quando se começa a conhecer realmente, e se
percebe os fundamentos e objectivos das mesmas, esse medo se
desvanece. Infelizmente, a conclusão a que eu cheguei foi a
seguinte: Nós, cá em Portugal e Europa, não temos qualquer orgão
(federação/associação), que legalize e tutele, os templos, terreiros,
ilês, e os respectivos dirigentes. O que cria um ambiente propicio, a
que aconteça, que qualquer pessoa com um minimo de
conhecimento (ex: um filho de santo, ou apenas um frequentador),
abra um templo, terreiro ou ilê, e se faça passar por um Babalórixá
(pai de santo), ou uma Ialórixá (mãe de santo). Temos inclusive,
exemplos de casos de cidadãos portugueses, que vão ao Brasil
15 / 30 dias de férias, e quando voltam, vem já como Pais e Mães
de santo. É incrivel mas é verdade.
Também temos muitos casos, de cidadãos brasileiros, que vem
para a Europa com apenas algum conhecimento, pois no seu pais
eram frequentadores de algum terreiro, ou mesmo filhos de santo,
e como que num passe de mágica, ao sairem do avião saem
ORIXÁS EM POESIA 9
ORIXÁS EM POESIA 10

tranformados em Pais e Mães de santo. O que se pode dizer


destas pessoas?...
Mas pior ainda, é que estes pseudo Pais e Mães de santo, sem
qualquer formação e fundamento, são movidos apenas pela
ganância de ganhar dinheiro. E em geral o que se passa, é que
ganham a vida a fazer trabalhos de magia negra, prejudicando a
vida de outros, por vezes de uma maneira bastante grave.
Dai quando se pergunta ou se fala a alguém, sobre Umbanda,
Candomblé, ou qualquer outra religião Afro-Brasileira, esse alguém
torça o nariz e se afaste com medo, pois a ideia que existe destas
religiões é bastante má.
Urge então a necessidade, de ser criado um orgão que
represente, legalize, tutele, e dignifique realmente os verdadeiros
Babalórixás, Ialórixás, seus templos, terreiros, e ilês, sejam de
Umbanda, Candomblé, ou outros cultos Afro-Brasileiros, e que
preguem de verdade, a fé e humildade de nosso Pai Oxalá.
É verdade, que existe até ao momento e que eu saiba, uma
Associação Portuguesa de Cultos Afro-Brasileiros, mas não tem
grande expansão e pelo que sei, apenas divulga a cultura e alguns
eventos, nada mais. É verdade também, que já existem por cá,
alguns dirigentes, que são representantes de algumas associações
e federações brasileiras. Mas, estamos na Europa, estamos em
Portugal, e essas mesmas, têm seu valor e legalidade, apenas em
solo brasileiro, pois foram lá que foram fundadas. Cá, não têm
nenhum valor ou qualquer legalidade.
Teria alguma lógica, haver cá uma representação, da federação
brasileira de futebol? Claro que não! Nós temos a federação
portuguesa de futebol.
Faça-se o mesmo para a Umbanda, Candomblé e Cultos Afro, e
crie-se cá em uma federação, ou um orgão que tutele, legalize e
reja toda a actividade dos terreiros e seus dirigentes, que divulgue
os verdadeiros dirigentes e suas casas, e que trabalhe para que
num futuro próximo se possa ver, a Umbanda, Candomblé e
Cultos-Afro considerados como religiões pelo estado Português.
Neste momento e até á data, que eu saiba, existe apenas uma
pessoa que se propôs a esse objectivo, é o Pai Pedro de Ogum, do
ORIXÁS EM POESIA 11

Templo Sagrado de Umbanda, em Sesimbra – Quinta do Conde –


Portugal.
Mas para que as coisas avancem, é necessário o apoio de todos, e
todos beneficiarão.

De que esperam então?...

Endereços uteis : http://www.temploetxaury.com/

http://feuca.no.sapo.pt/

http://reuca-europa.ning.com/
INTRODUÇÃO

Além dos poemas e cânticos, que são a base desta obra, resolvi
também, escrever umas palavras sobre cada Orixá relativo a cada
poema.
Falo das suas caracteristicas, algumas lendas, a sua
sincretização com os santos católicos, suas cores, ervas, flores,
etc.
Falo também das caracteristicas, dos filhos desse Orixá, e como
podem influenciar a sua personalidade.
Quero dizer no entanto, que não falo em especial sobre
Umbanda, Candomblé, ou qualquer Culto Afro-Brasileiro, mas sim
dos Orixás em geral, pois tantas diferenças, derivações, e
ramificações existem, que não existe uma codificação unica. Existe
uma liberdade de critérios tão grande nas religiões Afro-Brasileiras,
que acontece, que cada casa segue o seu, conforme a orientação
de cada dirigente e a linha que segue. Ainda mais, que cada Orixá
pode ter várias qualidades, o que muda logo algumas das suas
caracteristicas.
Por isso existe tanta diferença, nas cores, velas, ervas, dias,
rituais, procedimentos, denominações, etc. O que não quer dizer,
que um é mais correcto que outro, pois o que mais importa é a fé.
Os Orixás têm tanto amor por nós, que aceitam as nossas várias
diferenças de critérios, mesmo nalgumas vezes, não serem as
mais correctas.
Os Orixás são os mesmos, sejam os cultuados na Umbanda,
sejam no Candomblé, ou outros Cultos Afro-Brasileiros, embora
algumas vezes com denominações diferentes.
Além dos Orixás sobre quais eu escrevo, e faço poesia, existem
muitos mais, e era impossivel falar e escrever sobre todos, em
apenas uma obra. Os representados aqui, são os mais cultuados e
conhecidos dentro das religiões que os cultuam.

ORIXÁS EM POESIA 13
Poemas
ORIXÁS EM POESIA 17

SAUDAÇÂO AOS ORIXÁS

Com licença de Zambi.


Com licença de Oxalá.

Vou saudar os divinos Orixás,


as suas falanges e seus guerreiros.
Salve os Exus e pombagiras,
salve os Baianos e Marinheiros.

Ok Caboclo, adorei as Almas,


as minhas crianças venham brincar.
Rufam tambores, batem as palmas,
Boiada e Ciganos, para eles vou cantar.

Salve a Umbanda, salve as nações,


salve todo o povo de Angola.
Salve Aruanda, salve a Quimbanda,
salve o amor em seus corações.

Almada, 29 de Julho de 2008


ORIXÁS EM POESIA 18

O MUNDO DOS ORIXÁS

Cada dia novo que amanhece,


traz a luz de pai Oxalá,
que ilumina as terras do mundo inteiro,
e embeleza o mar de mãe Iemanjá.

Sopram os ventos de mãe Iansã,


que abraçam Xangô em sua pedreira.
Correm os rios de mãe Oxum,
e as crianças brincam á sua maneira.

As matas de Oxossi ficam mais belas,


e novos caminhos Ogum nos oferece.
Na sua calunga Obaluaiê,
acolhe ou dá cura a quem merece.

Exu se ri na encruzilhada,
e firma seu ponto com seu punhal,
e o aroma das rosas de Pombagira,
ensina a diferença do bem e do mal.

Zambi segura o mundo nas mãos,


e fá-lo girar mais uma vez,
derramando nele seu amor divino,
e em toda a criação que um dia ele fez.

Lisboa, 25 de Julho de 2008


ORIXÁS EM POESIA 19

OXALÁ

Eu vi uma pomba branca,


que vinha do alto do céu.
Vinha trazendo um recado,
que a todos nos encanta.
Foi pai Oxalá quem escreveu,
para todo seu filho amado,
e para quem seu nome canta.

Diz para sermos todos irmãos.


Que termine a guerra, começe a paz,
que termine o ódio, e acabe a dor.
Que não haja doença e sejamos sãos,
justiça e fé nos Orixás.
Coração de criança e nos olhos amor,
haja alegria e déssemos as mãos.

Faremos assim um mundo diferente,


e ganhemos assim a nossa ascensão.
Á nossa espera papá Oxalá,
abre o caminho á nossa frente.
Ao nosso lado e a dar sua mão,
papá Ogum nos leva até lá.
Luz e amor é o nosso presente.

Almada, 14 de Novembro de 2005


ORIXÁS EM POESIA 20

IEMANJÁ

Iemanjá minha mãe!


oh bela e doce senhora,
dona das águas do mar,
que é dela e de mais ninguém.
Por todos nós ela chora,
por todos canta ao luar,
que um dia sejamos alguém.

Estenda seu manto para nós,


cuide de nossa cabeça,
tire o sal de nossos olhos,
e não nos deixe estar sós.
Dê a mão a quem mereça,
ilumine nossso sonhos,
e mostre o caminho até vós.

Nossa mãe de eterna beleza,


peça por nós a Deus,
peça por nós perdão.
Que não exista mais tristeza,
pois nós somos filhos seus,
e de todo o coração,
louvamos Oxalá com firmeza.

Almada, 9 de Novembro de 2005


ORIXÁS EM POESIA 21

OGUM

Lá do horizonte vem um cavalo branco,


saltando ribeiros, cruzando caminhos.
É meu pai Ogum que lá vem.
É para si meu pai que agora canto.
Vem nos dizer que não estamos sozinhos,
vem nos dizer que há sempre alguém,
e para quem merece estende seu manto.

Senhor meu pai, dono da espada,


senhor do ferro, senhor da lei.
O mal treme só de ouvir seu nome.
Vós que vigias cada estrada errada,
protecção eu peço, senhor meu rei.
Se estiver a meu lado o demónio some,
e não mais terei de ter medo de nada.

Meu pai Ogum, meu pai guerreiro,


leve-me consigo em sua viagem.
Levai-me a ver o outro lado do véu.
Saravá meu pai pelo mundo inteiro,
a papá Ogum eu presto homenagem,
que nossos espiritos se elevem ao céu,
seja esta a mensagem em todo o terreiro.

Almada, 16 de Janeiro de 2006


ORIXÁS EM POESIA 22

OGUM Beira-Mar

Vem vindo ao longe um cavalo branco,


correndo na areia bem junto do mar.
Cavalgando em cima, vem um belo guerreiro.
Salve meu pai! É Ogum beira-mar.

Vem me dar força, vem me dar fé,


e com sua espada me dá protecção.
Mãe Iemanjá sua estrela me guie,
e pai Oxalá me dê sua mão.

Levai-me consigo em seu cavalo,


Ogum beira-mar, meu pai valente.
A si meu pai entrego meu fado,
na minha vida estais sempre presente.

Protege seu filho meu pai amado,


me mostre sempre o melhor caminho.
Em troca eu ajudo seus filhos perdidos,
pois sei que consigo não estou sózinho.

Salve Ogum beira-mar!

Obs: Poema dedicado e escrito para Pai Pedro de Ogum pela data comemorativa de seu aniversário em 14
de Novembro de 2007
ORIXÁS EM POESIA 23

IANSÃ

Que grande tempestade ai vem,


soprando um vento tão forte.
Rasgando faiscas no céu,
levando tudo, não poupa ninguém.
Eu fico, não tenho medo da morte,
sou filho da senhora com véu,
mamã Iansã, minha mãe.

Minha mãe, dona do vento e do raio,


eu seu filho, lhe presto homenagem.
Olhai para mim que chamo seu nome,
olhai para mim que sou seu catraio.
Olhai meus irmãos nesta viagem,
ajudai meus irmãos que tem fome,
e todo aquele que não vê, guiai-o.

A justiça é feita com sua espada,


papá Xangô é quem tem a balança,
e com pai Ogum olhais pela lei.
E em todo o final de uma estrada errada,
estará minha mãe que o mal amansa.
Com todo o poder, justiça fazei,
pois quem foi por ai, mereçe ter paga.

Almada, 12 de Dezembro de 2005


ORIXÁS EM POESIA 24

XANGÔ

Kaô kabiesilé meu pai,


kaô kabiesilé meu rei.
Eu me ajoelho perante si, meu senhor.
Vós que sois justo e a justiça amai,
vós que sois sábio e sua voz é lei.
Eu peço perdão que sou pecador,
por mim e por todo meu irmão olhai.

Seu trono é belo e imponente,


e com seu leão a seu lado,
papá Xangô segura o machado,
que corta para o lado daquele que mente.
Sua balança nos espera, é um fado,
e um dia pesará o certo e errado.
O meu, dos irmãos, e de toda a gente.

Haja justiça em nossa missão,


haja equilibrio no nosso caminho.
Que todo o homem seja mais justo,
que saibamos dar a todos perdão,
e que haja alegria, amor e carinho.
Cheguemos ao fim com muito custo,
louvando Xangô pela nossa lição.

Almada, 16 de Janeiro de 2006


ORIXÁS EM POESIA 25

OXUM

Nas margens do mais lindo rio,


nascem os lirios mais belos.
Quem os apanha é uma bela senhora,
de tamanha beleza que ninguém viu.
Vai escolhendo os mais amarelos,
vai cantando sem olhar a hora,
vai caminhando e no rio sumiu.

Suas águas doces trazem amor,


da nossa querida mamã Oxum,
que nos oferece o maior carinho,
que nos dá paz e nos tira a dor.
Quem nos guarda é papá Ogum,
com seus soldados por todo o caminho,
dirija-se ele para onde for.

Dai-nos amor nossa mãe!


Lavai-nos com sua água sagrada,
e nossos olhos verão outro mundo.
Seremos felizes com tudo o que tem,
não mais andemos de forma errada,
olhemos para o céu com amor profundo,
unamos as mãos e cantemos amém.

Almada,16 de Novembro de 2005


ORIXÁS EM POESIA 26

OXOSSI

Oxossi meu querido pai,


dono das matas tão belas,
das florestas e vegetais,
supremo conhecimento nos dai.
Iluminados por luz de velas,
nosso caminho guiais,
ajudando sempre quem cai.

Suas ervas dão poder,


seus frutos nos dão vigor,
suas folhas nos dão sorte.
Seus caboclos nos trazem saber,
dançando ao som do tambor,
dizendo que há vida além-morte,
e que todos merecem viver.

Meu pai que vai aos pés da cruz.


Sua flecha nos dá protecção,
seu raio verde nos cura,
e em nós a esperança produz.
Seu caboclo nos dá a mão,
nos dá força, nos guia e segura,
nos ensina, e nos dá luz.

Almada, 12 de Dezembro de 2005


ORIXÁS EM POESIA 27

NANÃ BURUQUÊ

Saluba Nanã, Saluba Vovó.


Salve a senhora da vida e da morte,
Nanã Buruquê, Orixá de mistério,
na minha velhice de mim tenha dó,
na minha partida não me deixe á sorte,
na terra, na água, ou no cemitério,
me dê sua mão e não estarei só.

Não deixe Vovó que eu perca a memória,


não deixe Vovó que de mim façam pouco,
fui jovem, sou homem, e serei um velhinho.
Me ajude um dia a contar minha história,
sem nunca me olharem e chamarem de louco.
Que um dia consiga mostrar seu caminho,
e terei conseguido a minha vitória.

Ampare Vovó os espiritos caidos,


e lhes mostre a luz de Pai Oxalá,
ensine que existe amor e perdão,
e nunca se sintam por Deus esquecidos,
pois tudo o que existe é ele quem nos dá,
somos seus filhos em seu coração,
e sempre ele acolhe seus filhos perdidos.

Almada, 10 de Junho de 2008


ORIXÁS EM POESIA 28

OBALUAIÊ

Salve nosso pai, dono da peste e da cura,


tende piedade de nós meu pai,
e não nos deixeis sofrer de doença.
Com sua mão trémula nos segura,
e na sua presença a dor se vai.
Atôtô senhor, com sua licença,
beijamos sua mão com ternura.

Salve Nanã Buruquê sua mãe,


e mamã Iemanjá que o criou.
Não mais escondeis vosso rosto meu pai,
pois sois belo como ninguém.
Nossa mãe Iansã o aceitou,
e todos nós que aqui estai,
na vida, na morte e no além.

Curai-nos meu pai com suas flores,


curai as chagas, curai as feridas.
Levantai aquele que não anda,
dai consolo a quem tem dores,
e aceitai nossas preces sentidas.
Por nós pedi perdão a quem manda,
e aceitai meu pai, nossos louvores.

Almada, 16 de Janeiro de 2006


ORIXÁS EM POESIA 29

POMBAGIRA

Sou uma rosa, sou um perfume,


sou a mais bela de qualquer jardim,
oiço lamentos, oiço queixume,
não há mulher que não venha até mim.

Sei seduzir, me deixo seguir,


a palavra dificil para mim não existe,
de preto e vermelho, ou sem me vestir,
homem algum a mim me resiste.

Bebo champanhe, fumo cigarro,


digo mil coisas sem nunca falar,
sei ler na mão, jogo o baralho,
a mim só me engana quem eu deixar.

Se alguém precise e me queira encontrar,


siga o perfume em noite de lua,
diga meu nome sem se enganar,
sou Pombagira, meu lar é a rua.

Almada, 6 de Junho de 2008


ORIXÁS EM POESIA 30

EXU

Ao passar na encruzilhada,
em noite de lua cheia,
no silêncio da escuridão,
ouvi uma gargalhada.
Era um homem vestido de negro.
Tinha um tridente na mão,
e usava uma capa encarnada.

Ao questioná-lo quem era,


sorriu, e falou assim:
Para si, meu nome é Exu,
mas muitos me chamam de Fera.
Sou guardião dos caminhos,
sou carrasco dos perdidos,
de todos eu estou á espera.

Em tempos, já fui seu igual.


Hoje vivo no mundo dos mortos,
mas caminho no meio dos vivos.
Conheço o bem, mas também o mal.
Ajudo quem pede, se for de justiça.
Puno a maldade, puno a vaidade, e puno a cobiça.
Exu é meu nome, me chame de tal.

Almada, 6 de Junho de 2008


ORIXÁS EM POESIA 31

EXU DE LEI

Salve o povo da rua!


Que nos protege, e nos vigia,
em cada esquina, em cada lugar.
Que nos acompanha para todo o lado,
em qualquer hora, em qualquer lua.
Exu é pai, Exu é guia.
Pelo seus filhos vive a lutar,
e tantos o chamam para o caminho errado.

Meu pai perdoai-lhes a ignorância,


a ganância e o ódio, cega as pessoas,
a sede do poder fala mais alto,
e o valor do ser, dá lugar ao ter.
São como crianças na sua infância,
querem ser reis, e na cabeça coroas.
Mas esquecem que a queda depende do salto,
e no fim o que ganham é saber perder.

Meu pai Exu é rei na magia.


Desfaz embaraço e corta demanda.
Abre os caminhos, mas pode fechá-los,
quem manda é Exu, na lei da Quimbanda.
Dai-nos um pouco da sua alegria,
dai-nos um pouco do seu sorriso.
Protegei meu pai, quem for de direito,
e para os demais, que faça o juizo.

Almada, 6 de Junho de 2008


Cânticos
ORIXÁS EM POESIA 35

OXALÁ
Voa pombinha branca,
voa para este gongá,
traz para esta casa santa,
as luzes de pai Oxalá.

OBALUAIÊ
No caminho para o gongá eu encontrei um velhinho,
segurei a sua mão e me contou um segredo,
atótô meu pai, me mostrou o seu caminho,
seja dia ou seja noite, que o seguisse sem ter medo.

OXUM
Que água tão limpa vem vindo para nós,
vem da cachoeira de nossa mamãe,
quem chora que chore, não diz para ninguém,
é água tão limpa de mamãe Oxum,
que vem nos limpar, que vem nos curar,
para nossa rainha, nós vamos cantar.

NANÃ
Oi abre as portas que chegou Nanã,
com respeito que ela é orixá,
vem tirar o mal do mundo,
leva consigo para o fundo.
ORIXÁS EM POESIA 36

IEMANJÁ

Na beira da praia eu vi,


uma sereia a cantar,
ela estava tão feliz,
tinha um brilho no olhar.
Saravá mãe iemanjá,
saravá todo o seu mar,
vem aqui neste gongá,
vem aqui para limpar.

IEMANJÁ

Vinham três barcos no mar,


um deles era de iemanjá,
mas não tinha vento no ar,
como vão eles cá chegar?
Vamos pedir a Iansã,
para os mandar para cá,
que num deles vem Oxum,
e no outro vem Nanã.

IEMANJÁ

Iemanjá navega nas ondas do mar,


Iemanjá faz as sereias cantar.
Quem for á beira da praia,
não esqueça de a saudar,
peça a ela protecção,
e que ilumine o seu caminhar.
ORIXÁS EM POESIA 37

XANGÔ

Lá no seu palácio, vive o meu senhor,


ele é nosso rei, ele é papá Xangô,
lá só mora a luz, justiça e amor,
vamos para ele cantar, vamos pedir agô.
Kaô meu pai,
kaô meu rei,
eu beijo sua mão,
eu sigo sua lei.

XANGÔ

Xangô bateu na pedra,


fez um raio no trovão,
Xangô fez a justiça,
que segura em sua mão.

CIGANOS

Nesta vida sou cigano e não sei,


minha mãe é Santa Sara Kali yê,
me ilumine minha mãe com sua luz,
me proteja e me defenda em sua lei.
ORIXÁS EM POESIA 38

IANSÃ

Iansã é moça linda,


ela vem nesse gongá,
Iansã está vindo agora,
vem no barco de Iemanjá.

OXOSSI

A mata tem caçador,


que acerta onde eu errei,
é Oxossi o vencedor,
firma o ponto que ele é rei.

OXOSSI

Saravá meu pai, ele é o rei das matas,


ok Caboclo, vamos tocar tambor,
com sua flecha, ele vem nos proteger,
ele é Oxossi, ele é o caçador.

OGUM

Ogum é nosso pai guerreiro,


vem de aruanda com bandeira de Oxalá,
traz sua espada, traz sua lança,
toda a batalha sempre faz um vencedor,
é pai Ogum quem sempre ganha,
pois tem a benção de nosso pai criador.
ORIXÁS EM POESIA 39

OGUM

Sou filho de senhor Ogum,


com sua espada guarda meu caminho,
Ogum de lei, Ogum megê ou beira mar,
meu pai Ogum nunca me deixa sozinho.

OGUM

Ogum de lei, ou beira rio,


Ogum de ronda, ou beira mar,
pai Oxalá é quem mandou,
vir de aruanda para nos guardar.

EXU GANGA / TRANCA RUA

Deu meia noite no sino da igreja,


deu meia noite na face da lua,
tenha cuidado ao passar na encruzilhada,
pois essa é casa de Tranca-rua.
Seu Exu Ganga também mora lá,
mas nessa hora ele não lá está,
pois ele é rei, e não tem hora,
ele é o chefe deste gongá.
ORIXÁS EM POESIA 40

EXU GANGA

Hoje passei pela encruza,


não tinha gente, só tinha a luz da lua,
ouvi cantar, e ouvi alguém a rir,
era seu Exu dono da rua,
seu Exu Ganga falou comigo,
me disse para virar e ir embora,
mas eu não fui, e quis ficar,
e ele me disse que não era minha hora.

EXU

Amigo, não mexa comigo,


eu chamo meu povo, e ponho seu nome naquele cruzeiro,
eu tenho compadres e tenho comadres que viram você,
de nada lhe vale você ter dinheiro,
você nada pode contra meu terreiro.

EXU

È hora, é hora,
é hora de Exu,
vem ver o padê,
que fiz para você.

Gira na gira Exu,


gira e torna a girar,
Exu na gira com banda gira,
Exu na Quimbanda vem trabalhar.
ORIXÁS EM POESIA 41

EXU

Exu onde andas tu?


Procurei o dia inteiro.
Exu onde andas tu?
Fui na porta de um terreiro.

Exu onde andas tu?


Procurei na encruzilhada.
Exu onde andas tu?
Mesmo assim eu não vi nada.

EXU

Exu é lua?
Não Exu não é.
Exu é sol?
Não Exu não é.
Então quem é Exu?
é o nosso pai de fé.

Exu é fogo?
Não Exu não é.
Exu é água?,
Não Exu não é.
Então quem é Exu?
É o nosso pai de fé.
ORIXÁS EM POESIA 42

EXU GANGA

Bateram lá na porta do terreiro,


a esta hora quem é que está chegar?
Vá depressa, abra porta sem olhar,
seu Exu Ganga veio nos visitar.

POMBAGIRA

Olha essa rosa vermelha,


que está cheirando tão bem,
consigo traz um mistério,
que não se diz para ninguém.
Dona Pombagira, foi quem a pôs assim,
ela é nossa rainha, e nós o seu jardim.

POMBAGIRA

Olha que rosa tão bela,


é uma rosa encarnada,
ela é Pombagira,
rainha da encruzilhada.

POMBAGIRA

Tirei uma carta do baralho,


a carta que saiu foi o diabo,
a Pombagira deu uma gargalhada,
e me disse para morar na encruzilhada.
ORIXÁS EM POESIA 43

POMBAGIRA

Que moça é essa que anda nessa estrada,


cabelo negro e saia encarnada?
Cuidado amigo, não vá mexer com ela,
ela é mulher de Sete Encruzilhada.
Não sei seu nome,
nem sei como se chama,
só sei que ela é,
a mais bela cigana.

POMBAGIRA

É rosa bonita,
é rosa encarnada,
ela é a cigana,
da encruzilhada.
Tem dom e mistério,
tem saia amarela,
toda a Pombagira,
quer ser como ela.
Tão linda e tão só,
hoje tem lua cheia,
puxando a saia,
dançando na areia.
Fazendo feitiço,
vem ler minha mão,
ela é a cigana,
de meu coração.
ORIXÁS EM POESIA 44

EXU
Olha a vela que acenderam na Quimbanda,
não faz mal que está chegar seu Exu Ganga.

Olha o sol que já se foi ficou a lua,


não faz mal que está chegar seu Tranca Rua.

Olha o galo a cantar para seu povo,


não faz mal que está chegar Exu do Lodo.

Olha a sombra que de noite mete medo,


não faz mal que está chegar Exu morcego.

Olha a porta da igreja já sem luzes,


não faz mal que está chegar seu Sete Cruzes.

Olha o som que faz a mosca varejeira,


não faz mal que está chegar Exu Caveira.

Olha a estrela que de noite está brincando,


não faz mal que está chegando Exu Malandro.

Olha a carta que deixaram por engano,


não faz mal que está chegar Exu Cigano.

Olha o vento que abana a figueira,


não faz mal que está chegar Exu Mangueira.

Olha o cheiro a enxofre lá do fundo,


não faz mal que está chegar seu Giramundo.

Olha o mocho que de noite sabe tudo,


não faz mal que está chegar Exu Veludo.

Olha o sino que balança mas não tomba,


não faz mal que está chegar seu Exu Sombra.
ORIXÁS EM POESIA 45

CABOCLOS

Nas matas choveu e vi relampejar,


mas mesmo assim os caboclos dançavam,
com seu arco e suas flechas na mão,
estavam contentes por vir nos ajudar.

BAIANOS

Fui á Baia para fazer uma promessa,


fiz um pedido para o Senhor do Bonfim,
fui atendido e ganhei um protector,
povo baiano não sai mais de ao pé de mim.

CRIANÇAS

Eu quero doce, eu quero mel, eu vou brincar,


não fique triste que as crianças vão chegar,
lá vem a Cosme, o Doum e Damião,
fazem bagunça e querem rebolar no chão.

BOIADEIROS

Seu boiadeiro me deixe ir no seu cavalo,


pois há cancelas que sozinho não as passo,
meu boi fugiu e eu preciso de apanhá-lo,
me ajude agora a conseguir usar meu laço.
ORIXÁS EM POESIA 46

MARINHEIROS

Há tempestade no mar,
no reino de mãe sereia,
deixem chegar o marujo,
deixem que ele pise na areia.

PRETOS VELHOS

Voa andorinha, voa lá no céu,


traz os Pretos Velhos para trabalhar,
vêm lá de aruanda para este gongá,
vêm trazer sua bênção, vêm nos ajudar.

DEFUMAÇÂO

Eu defumo a minha banda,


eu defumo o meu gongá,
vou abrir minha aruanda,
na fé de Obatalá,

vou queimar mirra e guiné,


benjoim e alfazema,
espalhando a minha fé,
com as ervas da jurema,

nesta casa mora Deus,


nela fez sua morada,
só cá entram filhos seus,
e não pode entrar mais nada.
ORIXÁS EM POESIA 47

QUEBRA-MIRONGA

Vou quebrar esta mironga,


na fé de Obatalá,
com o machado de Xangô,
e a espada de Ogum,

Vou quebrar esta mironga,


na fé de Obatalá,
com as águas de Oxum,
e a força de Nanã,

Vou quebrar esta mironga,


na fé de Obatalá,
a justiça ganha sempre,
na lei de pai Olurum.

ABERTURA

Vou abrir a minha gira,


com as sete linhas e a bandeira de Oxalá,
Vou abrir a minha gira,
força e luz eu vou pedir para o meu gongá,
Vou abrir a minha gira,
Exu porteiro vai guardar o meu portão,
Vou abrir a minha gira,
só vai entrar quem Exu der permissão,
Vou abrir a minha gira,
com sete espadas de Ogum para me guardar,
Vou abrir a minha gira,
não há demanda que Ogum não vá quebrar.
ORIXÁS EM POESIA 48

ENCERRAMENTO

Com a pemissão de Deus,


eu encerro o meu gongá,
vou fechar a minha banda,
cantando para Oxalá,

Oxalá babá, Oxalá meu pai,


quem pisa a sua banda,
balanceia mas não cai,

Oxalá babá, Oxalá meu pai,


quem segue a sua estrela,
sabe sempre para onde vai.

Almada, 30 de julho de 2008


Os Orixás
e suas
origens
OS ORIXÁS

No inicio da sua civilização, o povo africano mais conhecido por


Iorubá, acreditava em forças sobrenaturais, espiritos e entidades
que se faziam presentes em toda a natureza.
Forças essas que eram cultuadas como divindades. Sacrificios
e oferendas lhes eram entregues, para que protegessem o seu
povo dos inimigos e dos maus espiritos, para que houvesse
prosperidade de alimento, e para que fossem poupados das
doenças.
De qualquer forma, essa época antiquissima, teria sido uma
época em que o ser humano se encontrava em um estágio muito
primitivo, tanto materialmente, como espiritualmente, e na qual os
Orixás entraram em contacto directo com os seres humanos,
mostrando-se eles na forma humana, e transmitindo muitos
conhecimentos.
Existe também outra corrente, que defende, que os Orixás
ocuparam a terra á mais de 750 milhões de anos, e que deixaram
na natureza as suas forças representativas.
Foram então desenvolvidos cultos e rituais própios, apropiados
a cada divindade. Há inclusive uma lenda que conta que Oxalá, por
ser o rei dos Orixás, tem todos os outros reunidos á sua volta, e só
fazendo Oxalá sorrir de alegria, se chega até ele e aos outros
Orixás. Então era costume quando se precisava de fazer algum
pedido, cantar e dançar para Oxalá, fazendo desse modo com que
sorrisse exteriorizando sua alegria, e também ele começa-se a
dançar, contagiando desse modo, todos os outros Orixás com sua
dança e felicidade, que por sua vez passavam também a dançar a
própia dança de cada um.
Entretanto, desde essas épocas até aos nossos dias, muito
conhecimento se perdeu, e algum para sempre. O que se sabe, foi
na maior parte passado de pais para filhos (espirituais).
Todos esses conhecimentos maravilhosos, de adoração a Deus
e aos amados Orixás, foram levados pelos negros que eram feitos
escravos pelos paises colonizadores, na maior parte para o Brasil,
estendendo-se depois por toda a América do Sul, e ilhas latinas.
Mais tarde, começaram também a ser trazidos para Portugal e
ORIXÁS EM POESIA 51
ORIXÁS EM POESIA 52

Europa, pelos mesmos negros, e alguns imigrantes.


Mesmo sendo oprimidos pelos brancos, lá conseguiram dissimular
os seus cultos e rituais, fazendo a sincretização e equivalencia de
santos católicos com os Orixás. Usando as imagens dos santos
nos seus locais de culto, para enganarem os brancos, julgando
estes que eles se estavam convertendo ao Catolicismo. Mas na
verdade, o que faziam era o inverso, pois por debaixo (no chão)
das imagens católicas, estava o “assentamento” do Orixá
correspondente, ao qual eles cumprimentavam, deitando-se no
chão ao comprido, e batendo levemente com a testa no chão, aos
pés da imagem.
O conhecimento que possuiam, não se baseava apenas nos
cânticos e nas danças que executavam, abrangia uma variedade
enorme de conhecimentos de plantas e ervas medicinais, com as
quais faziam defumações, pós, banhos, e infusões. Abrangia
também uma variedade enorme de tipos de comida e oferendas
para cada Orixá. Além de uma vasta doutrina ritualistica e
comportamental, que se baseava na incorporação de entidades, e
nas indicações e conhecimentos transmitidos, pelos guias
espirituais que incorporavam.
Ora, estes rituais foram-se espalhando pelo vasto continente sul
americano, e foram sendo também mesclados pelos rituais
indigenas já existentes, e outros que já se baseavam no transe e
na incorporação de espiritos. Dai surgiram várias linhas de rituais
afro-brasileiros, sendo que o mais popularizado foi o Candomblé, e
mais tarde a Umbanda. Sendo este ultimo, um ritual mais evoluido
e adaptado á mentalidade dos nossos dias, deixando para trás,
algumas coisas que foram ultrapassadas e já não se justificam nos
dias de hoje, como por exemplo os rituais e ofertas com sangue de
animais, pois sabe-se hoje que o sangue atrai espiritos do baixo
astral, e nada evoluidos. Mas mesmo assim, também a Umbanda
se desmembrou e deu origem a vários tipos de correntes
Umbandistas, surgindo assim várias Umbandas de diferentes
linhas de pensamento, conforme os seus fundadores.
Hoje existem centenas de terreiros (casas de culto) espalhados
pelo mundo, mas na sua maioria, estão espalhados pelo Brasil,
ORIXÁS EM POESIA 53

África, Portugal, e paises de lingua portuguesa, espanhola e


francesa.
Em Portugal, já existem bons terreiros de Umbanda e
Candomblé, com dirigentes sérios, e devidamente fundamentados
e credenciados, mas infelizmente são poucos os que se encontram
nesta situação.
De qualquer forma, e pelo menos o mais importante, é que
todas as diferentes formas de cultuar os Orixás, se seguem todas
pelo mesmo Deus unico e omnipotente, denominado Olurum,
Zambi, ou Olodumaré.
Os Orixás são entidades de alta força vibratória, conhecidos
também em outras partes do mundo como “Devas”, “ou Ministros”.
São eles que mantém a harmonia energética do planeta,
comandando os seres elementais da água, da terra, do fogo, e do
ar.
São eles, que segundo a lei divina e a verdade suprema do
Criador, criam, mantêm, e transformam a vida no nosso planeta.
A palavra Orixá, que significa “dono da cabeça”, demonstra bem
a relação existente entre os seres, o mundo material, e o mundo
espiritual.
Além dos espiritos que se empenham em nossa vigilância e
protecção, contamos ainda com um espirito da natureza, um Orixá
pessoal que cuida do equilibrio energético, fisico, e emocional de
nossos corpos fisicos.
Nós seres humanos, somos seres espirituais, que nos
manifestamos em nossos corpos fisicos. Desde o nascimento, o
ser humano é influenciado pelas energias dos Orixás, e quando a
personalidade começa a ser definida, uma das energias elementais
vai predominar, e definir de alguma forma o “arquétipo” de cada
um. A essa energia predominante, se dá o nome de: Orixá pessoal,
“pai ou mãe de cabeça”, ou ainda o nome esotérico “Eledà”. Junto
a essa energia predominante, outras duas se colocam como
secundárias, denominando-se “Juntós”, ou “Adjuntós”,
respectivamente pela ordem de influência.
Estas três energias, Eledá, Ossi, e Otum, formam uma triade do
coronário do ser humano, e são estas vão criar o “arquétipo” da
personalidade e caracteristicas emocionais, que se conhecem
através das lendas africanas. Sendo assim encontrado, o Orixá
ORIXÁS EM POESIA 54

pessoal de cada ser humano, que precisa obrigatóriamente, ser


confirmado depois pelo jogo de búzios. Tendo sempre em conta,
que a personalidade e as caracteristicas da pessoa, não
correspondem somente ao seu “pai ou mãe de cabeça”, mas sim á
junção dos três Orixás que formam a triade do coronário.
Em geral, em todas as correntes e diferentes cultos-afro,
consideram-se sete Orixás principais (sete forças, sete linhas, ou
sete vibrações), mais os sete complementares que com eles
formam par. Desta forma, já são quatorze Orixás, fora o Exu e
Pombagira.
Existem cultos que se baseiam em vinte e um Orixás ascensos.
Encontramos também Orixás que se cultuam por exemplo no
Candomblé, e na Umbanda são conhecidos, mas não cultuados.
Dai haver tanta diversidade entre os diferentes cultos. Existem
inclusive, nomes de Orixás que se perderam no tempo, e não mais
vão ser cultuados.
Dentro da hierarquia dos amados Orixás, encontramos sempre
em primeiro plano, o Orixá Oxalá, ou Obatalá, seguido depois pelos
outros Orixás, cada um actuando em cada diferente aspecto da
vida, considerando todos com igual valor e força, e tendo todos a
mesma importância, incluindo Oxalá.
Os Orixás principais, também conhecidos por Orixás ancestrais
ou planetários, estendem cada um por si, as suas vibrações e
ordenações a outros Orixás menores, e estes por sua vez a outros
ainda menores, dando assim origem a uma linha de comando,
formando uma falange de cada Orixá.
Nos rituais, é sempre um Orixá menor que incorpora nos
médiuns, quando invocada a vibração de seu Orixá de frente
(Eledá). Os Orixás maiores, além de terem outras funções mais
importantes; por terem uma energia tão densa, e uma vibração tão
pura, nunca incorporam, pois nenhum ser humano seria capaz de
os suportar.
Na irradiação de cada Orixá, temos ainda falanges de espiritos
muito elevados e com muita luz, que trabalham sob as ordens de
um Orixá, ao qual são subordinados. São estes espiritos que nas
casas de culto, são geralmente os “guias chefes” da casa, e o guia
principal de cada médium. Estes espiritos, normalmente são
Caboclos, e Pretos-Velhos, além de seus Exus e Pombagiras
ORIXÁS EM POESIA 55

correspondentes; e ainda outros de diferentes linhas como:


Boiadeiros, Marinheiros, Ciganos, Baianos, Crianças, Encantados,
e outros.
Resumindo:

Os Orixás são divindades de Deus. São manifestações divinas


de alta força vibratória que irradiam todas as qualidades do Criador,
e se manifestam em todos os niveis, por todo o Universo. Deles
fluem as essências divinas, que abrangem todos os seres
existentes.
As suas hierarquias e falanges, permitem que diversos grupos
de irmãos espirituais, possam trabalhar em prol da humanidade,
em especial na quebra de demandas e harmonização de energias
mal qualificadas dentro da magia, com trabalhos pendentes
envolvendo entidades do Umbral e de outras realidades. Sempre
na mais pura relação de amor e devoção, ao resgate da
consciência humana.
Caracteristicas
dos
Orixás
e dos
seus filhos
OXALÁ
“Quem enxergar pelos olhos de uma pomba branca,
sentirá a tristeza da guerra no mundo, e a sua fé no
desejo de paz e amor entre os homens.”

Pai Oxalá, é o orixá considerado mais importante dentro do


panteão africano. Não que tenha mais poderes que os outros, mas
merece o maior respeito, por ter sido o primeiro orixá a ser criado
por Olurum (Zambi) - O Criador, e por representar assim o chefe de
familia, o patriarca. Além disso é o orixá, que segundo as lendas da
mitologia iorubá, criou e continua a criar os seres humanos,
modelando-os no barro, que foi cedido por Nanã, e ao qual Olurum
insufla o sopro da vida.
Oxalá é também conhecido como Obatalá, ou Orixalá - O Orixá
dos orixás, mas acabou sendo popularizado por Oxalá.
Foi sincretizado com Jesus Cristo, e o Senhor do Bonfim, e
comemora-se a sua festa, no dia 25 de Dezembro.
No Candomblé inclusive, apresenta-se de duas maneiras: como
orixá jovem, segurando na mão uma idá (espada), chamado
Oxaguian, e como um orixá velho, segurando um ôpá xôrô (uma
espécie de cajado em estanho), chamado Oxálufam.
Oxalá é um orixá tranquilo, sereno, e pacificador. É o regente do
nosso planeta, e responsável pela existência de todos os seres do
céu e da terra.
A sua cor é o branco, que representa a paz, a pureza, a fé, e
representando também, todas as outras cores existentes. Por essa
razão, em todos os terreiros de Candomblé, Umbanda, e outros
cultos Afro-Brasileiros, é comum que todos se vistam de branco,
em sua homenagem.
Oxalá vibra e irradia em cada ser o mistério da fé na sua total
plenitude. Ampara todos os seres na sua religiosidade, sem
importar o tipo de religião, mas sim o sentimento de fé em Deus.
ORIXÁS EM POESIA 59
ORIXÁS EM POESIA 60

Sem a fé, não existiria qualquer religião á face da terra, nem


sequer a crença em Deus.
Pai oxalá, irradia o tempo todo sua luz, e o desejo da busca pelo
criador. Incentiva nos seres, a humildade, a simplicidade, a pureza
de coração, o amor e fraternidade entre todos. Sem essas
qualidades e sem fé, dificilmente se chegará á presença de nosso
pai.
Normalmente consideram-se os prados verdes, campos
abertos, e sitios muito altos, como os pontos de força de pai Oxalá,
sendo nesses locais que se costuma oferendar, e fazer os pedidos
necessários, mas como Oxalá é “tudo”, abrange qualquer sitio do
nosso planeta.

Caracteristicas dos filhos de Oxalá:

As pessoas que têm Oxalá como orixá regente de sua cabeça,


em geral são tranquilas e calmas, e mesmo em momentos de
tensão, têm facilidade em manter a calma.
São respeitadores de tudo e de todos, mas exigem também
serem respeitadas, chegando por vezes a serem um pouco
autoritárias.
Gostam de organizar seja o que for, tendo por isso facilidade em
profissões, que tenham tarefas organizativas. Gostam também das
coisas limpas e bonitas.
Em geral têm como defeito a teimosia, e quando se convencem
que têm razão em algo, é muito dificil alguém convence-los do
contrário.
Para as pessoas de Oxalá, falar e conversar, é mais importante
que agir, por isso também gostam bastante de profissões, nas
quais tenham de falar ou escrever bastante.
Fisicamente costumam ter um porte elegante, e uma maneira de
andar bastante nobre.
Precisam de vencer a sua teimosia natural.
IEMANJÁ

“Todo o filho do mar, sabe que é na sua calma,


que habita a sua força.”

Considerada a deusa dos mares, Iemanjá é a protectora dos


lares, da familia, dos pescadores, e das profissões ligadas ao mar.
É realmente a rainha das águas salgadas, visto que Oxum governa
as águas doces.
Mãe Iemanjá é geradora de vida, basta pensar que água é vida.
Nosso planeta é constituido por três quartos de água, e o nosso
organismo, é na sua maior parte água.
O mar alberga e dá alimento a milhões de espécies, incluindo os
seres humanos. É o maior santuário natural, sendo também o
maior “cemitério” do planeta.
A energia que emana do mar, cura algumas doenças espirituais,
e liberta o organismo de larvas astrais, e energias negativas. É por
isso que tomar banho de mar, nos faz sentir enérgicos e saudáveis,
pois na realidade ficamos mais “limpos”, e com o nosso campo
electromagnético descarregado de energia negativa.
A mitologia iorubá, conta que, Exu, um dos filhos de Iemanjá,
apaixonou-se pela própia mãe. E quando um dia a tomou á força,
seus enormes seios foram dilacerados na luta que travaram.
Quando tudo terminou e caida no chão, dos seus seios foi saindo
água, salgada como as lágrimas, e essa água deu origem ao rio
Yemojá, que por sua vez foi correndo e originou os oceanos, onde
passou a viver, tornando-se a deusa do mar.
Iemanjá, assim como os outros orixás, tem formas e simbolos
de ser representada, e um de seus simbolos é a estrela do mar,
que simboliza a geração de vida. E irradia nos seres humanos, a
necessidade e o desejo de gerar vida, e coisas novas. Vibra
também, a capacidade dos seres se adaptarem a condições

ORIXÁS EM POESIA 61
ORIXÁS EM POESIA 62

adversas, e a necessidade de se multiplicarem, para a continuação


da espécie.
É também Iemanjá, que ampara o bébé no seu nascimento, e
dá o sentido de familia, e sentimento de amor e fraternidade, ás
pessoas que vivem debaixo do mesmo tecto.

Caracteristicas dos filhos de Iemanjá:

São pessoas em geral muito maternais, demonstram muita


bondade, e costumam ser bons conselheiros. Adoram juntar os
filhos todos em suas casas, pois têm sempre o sentido de proteger
o que é seu, como uma “grande mãe”.
Não são pessoas ambiciosas, nem obcecadas pelo dinheiro,
mas gostam de viver num ambiente confortável, e sabem bem
apreciar o que é luxuoso.
Não toleram a mentira nem a traição, e por isso, são pessoas que
demoram bastante a confiarem em alguém. E quando traidas,
raramente esquecem, podendo mesmo ganhar rancor, em relaçao
á pessoa, ou pessoas que cometeram a traição.
São pessoas que normalmente casam cedo, devido ao seu
desejo de criarem familia, pois detestam viver sós. E em geral,
gostam da rotina do quotidiano, preferindo ficarem em casa, a
viajarem.
Relativamente ao aspecto fisico, costumam ter corpos bem
constituidos, com tendência para a obesidade. Têm um olhar calmo
e fascinante.
Gostam de profissões em que tenham de lidar com crianças, e
aquelas em que lidem com os problemas dos outros, como por ex:
psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, e outras afins.
Precisam de vencer o seu ciúme incontrolável.
OGUM
“De todas as vitórias e conquistas,
a mais gratificante que o ser humano pode ter,
é conseguir vencer-se a si próprio.”

Na mitologia iorubá, Ogum é o orixá da guerra, o vencedor de


demandas. O guerreiro que nunca descansa sobre os louros da
vitória, partindo sempre para novas lutas, novas conquistas. Ogum
foi sincretizado com São Jorge, sendo também por isso associado
aos militares, como figura de comandante supremo.
É o dono do ferro, e com ele forjou a espada e todos os
instrumentos de guerra. Foi também com o ferro, que forjou as
ferramentas utilitárias e as ferramentas de trabalho, que permitiram
o desenvolvimento de novas artes e tecnologias. E por essa razão
é o patrono dos militares, ferreiros, policias, trabalhadores
agricolas, mecânicos, barbeiros, e de todos que trabalhem com
ferro, ou instrumentos de ferro.
É o senhor dos caminhos, e quem protege os humanos em
locais perigosos, sempre auxiliado por seu irmão Exu, o dono das
encruzilhadas.
Os caminhos de ferro também lhe pertencem, e é por isso comum,
deixarem-se oferendas a Ogum no meio das linhas dos comboios.
Pai Ogum irradia nos seres humanos, a actividade criadora
sobre a natureza, o desejo de produzir coisas novas, a busca de
novas fronteiras, o desenvolvimento tecnológico e a expansão da
humanidade.
É também Ogum que vigia a execução da lei cármica, e tem sob
suas ordens, tanto a luz, como as trevas. Comanda os Exus de lei,
que são os agentes cármicos no nosso plano de vida. Aplicando a
lei maior conforme o merecimento de cada ser.
Se entendermos os caminhos, como vias de evolução dos

ORIXÁS EM POESIA 63
ORIXÁS EM POESIA 64

espiritos, então lá encontraremos nosso Pai, vigiando a caminhada


de cada um. Ogum sempre ajuda seus filhos, mas não deixa de
punir quem mereçe.
Há uma lenda que conta que, um homem trabalhador e sério,
era frequentemente roubado, expulso de suas terras, e despojado
de seus bens. Então um dia, desesperado e aconselhado por um
“babalaô”, foi fazer uma oferenda (ebó) em uma mata, e ao passar
um caminho, encontrou Ogum. Nesse momento, o homem caiu a
seus pés, e implorou perdão por estar a invadir a mata, e ofereceu-
lhe a oferenda que levava. Ogum aceitou, devorou o “ebó” e ouviu
os lamentos do homem. Vendo que ele tinha razão, mandou-o
colocar folhas de dendezeiro (mariô) nas portas das casas de seus
amigos, marcando assim cada casa a ser respeitada, pois naquela
noite Ogum destruiria a aldeia de onde vinha o homem. E assim
fez, destruiu tudo, menos as casas marcadas pelo “mariô”.
Ainda hoje, e por causa dessa lenda, é comum nas entradas
dos templos, ilês, e casas de culto, colocarem-se sobre as suas
portas “mariô” - folhas de dendezeiro desfiadas.

Caracteristicas dos filhos de Ogum:

São pessoas determinadas, cheias de vigor, e espirito de


competição.
Andam sempre em busca do impossivel, sem nunca recusarem
uma luta, e quanto maior o obstáculo, mais força despertam para o
ultrapassar.
Não gostam de rotina, e adoram viagens, mudanças, assuntos
novos, e novas tecnologias. E apesar de amarem as conquistas do
que quer que seja, não são apegadas ás coisas materiais,
deixando tudo e todos, e partindo em busca de nova conquista.
Devido á enorme resistência que possuem, adaptam-se
facilmente a qualquer lugar, e conseguem comer, sem se
importarem muito com a qualidade, ou o paladar da comida, pois
geralmente comem apenas para saciar a fome, e não pelo prazer
de comer.
São práticas e inquietas. Nunca falam por “detrás” de alguém,
dizem tudo directamente a quem quer que seja, mas acontece,
ORIXÁS EM POESIA 65

que por serem tão francas, ás vezes são grosseiras demais quando
se dirigem ás outras pessoas. Em especial, se sentirem traição,
falsidade, ou injustiça para com eles, ou para com os mais fracos.
As pessoas de Ogum, não admitem injustiça para com os mais
fracos, e costumam assumir na integra, a posição daqueles que
querem proteger.
Detestam a fraqueza, a falta de garra, e de coragem.
Têm um conceito de honra muito nobre, e dificilmente perdoam
uma ofensa grave.
Quando têm amigos, cultivam-nos como um tesouro e são
optimos camaradas, mas por serem tão rudes ao imporem as suas
ideias, por serem tão impacientes, e terem acessos de raiva
quando estão zangadas, não nadam em amizades.
Com o sexo oposto, são aquelas pessoas que sabem ser
divertidas, e despertar interesse nos parceiros. Gostam de
conquistar e andar de conquista em conquista, e apenas se fixam
em alguém, quando encontram realmente, quem preencha na
integra os requisitos que procuram no sexo oposto.
Têm necessidade em aprenderem a ter um pouco mais de
paciência, inclusive para não tomarem decisões precipitadas. E
precisam saber controlar os acessos de raiva quando irritadas, pois
podem ferir as pessoas que as rodeiam e lhes são queridas.

IANSÃ

“Fechai os olhos, e segui na direcção do vento


que sopra dentro de vossos corações,
e um raio no céu iluminará vosso caminho.”
ORIXÁS EM POESIA 66

Iansã, também conhecida por Oiá, é a deusa dos ventos e das


tempestades. È por essa razão sincretizada com Santa Bárbara.
Mãe Iansã, se assemelha a uma guerreira, brandindo sua
espada com uma mão, e segurando na outra, o “eruexim” - chibata
feita de rabo de cavalo, atada a um cabo de osso, madeira, ou
metal. Com o qual controla e domina os eguns (espiritos dos
mortos). É ela, que ao lado de Obaluaiê, serve de guia aos
espiritos que desencarnaram, e lhes indica o caminho a ser
percorrido.
Apesar de femenina, Iansã aproxima-se mais dos afazeres
consagrados aos orixás masculinos. Pois como guerreira que é,
está sempre presente nos campos de batalha, onde se resolvem as
grandes lutas, e em todas as situações de risco e aventura.
Caracteristicas que não a fazem muito femenina, ainda mais que
não gosta muito dos afazeres domésticos, e costuma estar longe
do lar.
É a dona das paixões, do amor violento, do desejo de possuir. É
o desejo mais forte que a razão.
É a mulher sensual e fogosa, que facilmente se apaixona em
um amor louco, mas saciado o seu desejo, rapidamente termina a
relação, e ás vezes tão violentamente como começou.
Conta as lendas iorubás, que Iansã teve muitas paixões e
conquistas. Uma delas foi Ogum, com quem aprendeu a manusear
a espada. Amou Oxaguian, que lhe ensinou a usar o escudo.
Relacionou-se com Exu, e dele ganhou os mistérios do fogo e da
magia. Seduziu Oxóssi, com quem aprendeu a caçar, e a tirar a
pele do búfalo. Com Logun-Éde, aprendeu a pescar. Com
Obaluaiê, aprendeu a dominar os eguns. Até que por fim,
apaixonou-se verdadeira e violentamente por Xangô, e com ele
aprendeu a governar e a dominar o raio e o trovão.
Conta ainda, que Iansã utilizava a magia e a pele do búfalo,
para se transformar naquele animal enquanto caçava. E por isso,
ainda hoje é costume haver em algumas casas de culto, e em
locais consagrados a Iansã, dois chifres de búfalo; Os quais, em
caso de aflição e necessidade, se devem bater um contra o outro,
pedindo dessa forma ajuda a Iansã.
Em outro campo, é ela a divindade que direcciona os seres
humanos, e indica o melhor rumo a seguir. É o vento que sopra em
ORIXÁS EM POESIA 67

todas as direcções.
É também, aplicadora da lei na área da justiça, e pode paralisar
os seres, caso estejam indo por um caminho imprópio. Actua sobre
o emocional, e esgota os negativismos, os vicios, e a consciência
desordenada e desequilibrada.
Irradia nos seres o sentimento de lealdade, movimentação,
circulação, segurança, ordenação, justiça, e a busca de melhores
condições de vida.
Os seres desencarnados, que tenham saido do caminho da lei
divina, são esgotados emocionalmente e mentalmente, de todos os
negativismos, de todos os sentimentos desvirtuados, e
posteriormente encaminhados para a linha recta da evolução, por
nossa mãe Iansã.

Caracteristicas dos filhos de Iansã:

Em geral, são pessoas com um temperamento explosivo.


Gostam de impor aos outros a sua vontade, e em qualquer
assunto, têm sempre a mania de pensar que sabem tudo, e têm
sempre a palavra que vale mais. Além disso, não admitem ser
contrariadas, tenham ou não razão. Quando contrariadas, tornam-
se violentas, partindo para a agressão, gritando, berrando, e
chorando.
Quando surge alguma oportunidade de aventura, são capazes
de deixar tudo o que estão fazendo na vida, e partir.
São pessoas que não têm medo de nada, e enfrentam qualquer
situação de peito aberto. São cheias de garra, e adoram competir
em tudo, sempre impondo sua força e agressividade. No entanto,
mesmo sendo pessoas com espirito guerreiro, e gostando de
batalhas, ao invés de agirem em grupo, preferem antes agir
sozinhas, sempre com a convicção que, com sua coragem e
agressividade, conseguem vencer sem ajuda de ninguém.
São aquelas pessoas, que repentinamente mudam o rumo de
suas vidas, não lhes interessando se para melhor, se para pior,
mas mudam. Apesar que, se chegarem á conclusão que erraram
no caminho, voltam novamente a alterar o rumo de vida.
Em geral são pessoas extrovertidas, muito directas, por vezes
até chocando os outros, e dificilmente conseguem esconder as
ORIXÁS EM POESIA 68

emoções.
Têm tendência, a terem uma vida sexual muito activa, cheia de
paixões e aventuras extraconjugais, mas, mesmo sendo capazes
de trair, não são capazes de perdoar a traição, pois são muito
ciumentas de seus parceiros.
Quando, e apenas, amam alguém de verdade, conseguem
dedicar-se unicamente á pessoa amada.
Com todas estas caracteristicas, estas pessoas têm dificuldade
em terem relacionamentos duradouros, e poucos são os parceiros
e amigos, que aturam um temperamento tão instável.
Fisicamente, têm em geral um porte atlético, e têm pouca
tendência á obesidade, pois costumam ter um metabolismo
acelerado, que lhes permite queimar as calorias extra, e ter
bastante energia disponível.
Gostam de profissões em que tenham de comunicar bastante, e
nunca estejam sós. Têm facilidade em trabalhar, em balcões de
contacto com o público, gabinetes de atendimento. Podem
inclusive ser, chefes de repartições, fiscais, oficiais de justiça, etc.
Precisam de aprender, a controlar os seus impulsos, a saber
ouvir os outros, e a saber perder.

XANGÔ

“O machado da justiça, espera impiedosamente


pelo pecador, e por quem na vida achou
ter o direito de julgar os outros.”

A razão acima de tudo e de todos, é assim Xangô. O orixá que


decide sobre o bem e o mal. As suas decisões são sempre
ORIXÁS EM POESIA 69

consideradas sábias, correctas e justas.


O orixá da justiça, segura o “ oxé “, o machado com dois lados e
duas lãminas, indicando que o seu poder corta nas duas direcções
opostas. E não poderia ser de outra forma, o administrador da
justiça, não poderia nunca olhar apenas para um lado, nem
beneficiar ninguém. Numa disputa, seu poder pode-se virar contra
qualquer um dos contendores, fazendo desse modo justo e
imparcial, com que a justiça seja correctamente aplicada,
mantendo sempre a neutralidade. Por essa razão, nunca se deve
fazer pedidos a Xangô, sem ter a certeza que se tem realmente
razão, e o que se pede é justo, pois o machado da justiça, pode
cair em cima da cabeça de quem pede, caso o que peça seja
injusto ou não seja merecedor.
Xangô tem o dominio do raio e do trovão, e em Àfrica, quando
uma casa é atingida por um raio, considera-se que o seu
propietário está sob a cólera de Xangô. É preciso então consultar
um babalaô (sacerdote), pedindo para que faça algo que acalme o
orixá, e que seja perdoado por algo que cometeu injustamente.
A força e o axé de Xangô, estão concentrados nas formações
de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos, nas serras rochosas,
e nas pedreiras. Suas pedras são inteiras, duras de quebrar, como
o próprio orixá.
Pesado, integro, e irremovivel, dá a Xangô uma atmosfera
autoritária e rigida. Ele é a ideologia, a decisão, a vontade, a
iniciativa, o trabalho, o progresso social, a politica, a organização e
a vontade de vencer. Sempre com a justiça acima de tudo, pois
sem justiça, nenhuma conquista vale apena.
Pai Xangô, vibra no mental dos seres, o senso de equilibrio, de
justiça e de razão, para que não sejam movidos apenas pela
emotividade e pelo instinto.
Uma das lendas de Xangô, conta que um dia, liderando o seu
exército frente a outro inimigo, que tinha ordens de seus
superiores, para não fazerem prisioneiros, todos os seus soldados
que caiam nas mãos do inimigo, eram bárbaramente mutilados e
cortados em pedaços. Isso provocou a ira de Xangô, que batendo
com o seu machado na pedra, gerou raios enormes que derrotaram
o exército inimigo.
ORIXÁS EM POESIA 70

Para os que foram feitos prisioneiros, os ministros de Xangô,


pediam o mesmo tratamento que tiveram para com os seus. Xangô
achou injusto e não concordou, pois entendeu que eles estavam a
cumprir ordens, e quem deveria pagar seriam os seus lideres. E
assim fez. Levantando o seu machado para o céu, gerou uma
avalanche de raios, e os dirigiu contra os lideres inimigos,
destruindo-os completamente.
Em seguida libertou os prisioneiros, mas estes, fascinados com a
maneira justa de agir de Xangô, passaram a segui-lo e a fazer
parte de seu exército.

Caracteristicas dos filhos de Xangô:

São pessoas firmes como uma rocha, e dificilmente se abalam


com qualquer coisa.
Como são tão honestas e justas, tendem a ser alvo de
confidências por parte dos outros, pois sabem guardar os segredos
como ninguém, e rapidamente adquirem a confiança total de quem
os rodeia.
Estas pessoas, têm uma dose enorme de energia e auto-estima,
e a consciência de que são importantes, e dignas de respeito e
atenção.
São sempre ouvidas pelos outros, pois em geral têm as opniões
mais justas e sábias, mesmo em assuntos em que não são
especialistas. E embora sejam sábias a ouvir, adoram dar a ultima
palavra.
São equilibradas e ponderadas, mas quando contrariadas,
rapidamente se podem tornar violentas, demolindo tudo de forma
rápida. Mas feita justiça, retornam ao seu comportamento normal.
No dia a dia, são incapazes de conscientemente cometer
alguma injustiça, e nunca fazem escolhas por paixão, interesses,
ou amizade, mas sempre pela razão, e o que acham mais justo.
Detestam mentiras, fofoquices ou intrigas, e se revoltam com
quem age assim.
Não costumam falar mal nas costas dos outros, e não podem
ver injustiças para com os mais fracos, ou os mais pobres.
São lideres por natureza, e gostam de exercer influência nos
ORIXÁS EM POESIA 71

outros. São as chamadas pessoas de “sangue azul”, e


normalmente têm tendência para amarem a monarquia.
Fisicamente tendem a ter uma estrutura forte, com ombros bem
desenvolvidos, e tronco largo, apesar de poderem ser um pouco
atarracadas. Mesmo as mulheres que são filhas de Xangô, têm um
jeito mais masculino que feminino.
Sexualmente têm uma vida muito activa, e dão á conquista um
valor muito importante. Nos relacionamentos sérios e duradouros,
impera a honestidade e a seriadade, embora quando livres têm
tendência a ter várias relações, inclusive ao mesmo tempo.
Profissionalmente, e por serem amantes da justiça, da lei, e da
politica, é comum enveredarem por carreiras afins e serem: juizes,
advogados, policias, militares, dirigentes executivos, politicos, e até
escritores.
Precisam de aprender, que não podem confiar totalmente, e em
qualquer pessoa, pois nem todas são honestas como elas.

OXUM

“Aquele que beber o doce vinho do amor,


terá encontrado a fonte da juventude.”

Orixá do amor, Oxum é a doce sedutora que a todos encanta, é


a mulher que quer ser amada. É a mulher jovem, bonita, bela, que
todos os homens querem e desejam.
Associada á maternidade, á fecundidade, á gravidez, ao parto, é
a grande protectora das crianças.
Adora o ouro, jóas, colares, perfumes, roupas caras, o luxo, e
em geral, tudo aquilo que é relacionado com a vaidade. E por ser
ORIXÁS EM POESIA 72

amante da fartura e do poder, não mede esforços para alcançar os


seus objectivos, seduzindo quem lhe poderá proporcionar o que
deseja. Usa e abusa da sua astúcia e charme, para conquistar os
prazeres da vida.
Adora ser o centro das atenções dos seus amantes, e ataca as
possiveis concorrentes capazes de lhe roubar o seu lugar.
Em outro contexto, mãe Oxum é a dona das águas doces,
dominando os rios e as cachoeiras. Vibra nos seres, o amor, a
ambição de uma vida melhor, o desejo do sexo com o objectivo do
nascimento de filhos e a continuação da espécie.
Em África, ainda hoje em algumas zonas, as mulheres que
desejam engravidar, vão junto de um rio, levando a Oxum uma
oferenda, e ai fazem o seu pedido.
É ela que zela pelos fetos em gestação até ao momento do
parto, sendo depois mãe Iemanjá, que ampara a cabeça da criança
que nasce para a nova vida. É ainda Iemanjá, que nesse momento
entrega a “cabeça” da criança, para os orixás que dela vão tomar
conta pela vida fora. Mas Oxum continua sempre zelando pela
criança, até esta atingir os sete anos de vida.
Oxum é também deusa dos minerais, das pedras preciosas, do
ouro e da riqueza. E irradia nos seres humanos, o desejo de
prosperidade, de fertilidade, de crescimento, de união e amor ao
próximo.
Há uma lenda iorubá, que conta que Oxum desejava muito
aprender os mistérios da arte da adivinhação. Exu, que possuia o
segredo do jogo de búzios, que lhe tinha sido dado por Ifá – o orixá
da adivinhação, não o dividia com ninguém. Mas Oxum foi procurá-
lo, e com tanta beleza, astúcia e sedução, conseguiu que Exu lhe
ensinasse. Mas em troca, o matreiro Exu, obrigou Oxum a passar
sete anos em sua casa, tratando, lavando e arrumando as suas
coisas.
É por isso que Oxum, é juntamente com Exu, dona de todos os
jogos adivinhatórios. Mas, continuando sempre a ser Orunmilá (Ifá)
o orixá da adivinhação.

Caracteristicas dos filhos de Oxum:

São aquelas pessoas que adoram as festas sociais, os


ORIXÁS EM POESIA 73

prazeres, a boa comida, e as coisas boas da vida. Têm por essa


razão alguma tendência a engordarem, pois não são muito adeptas
de dietas.
Gostam de jóias caras, ouro, roupas de qualidade, bons
perfumes, e tudo o que lhes possa auferir um pouco mais de
beleza e sensualidade, pois além de serem um pouco vaidosas,
adoram ver-se ao espelho, e acharem que são as que têm mais
charme, e que a sua aparência vai seduzir e chamar a atenção do
sexo oposto.
O sexo é muito importante para estas pessoas, e têm têndencia
a terem uma vida sexual muito intensa, podendo inclusive serem
infieis, pois gostam de mudanças.
Como despertam ciúme nos outros, podem se envolver em
intrigas, apesar de não gostarem de escândalos ou qualquer coisa
que possa denegrir a aura de bondade, fragilidade, doçura e
pureza, que tanto constroem e desejam transmitir aos outros, pois
por detrás, escondem uma forte ambição, e um grande desejo de
ascensão social.
São aquele tipo de pessoas, que dificilmente gostam mais de
alguém do que deles própios, embora tentem sempre transmitir o
contrário, fazendo com que pareçam apaixonadas, carinhosas e
preocupadas com quem as rodeia, ou com quem lhes possa
proporcionar o que no fundo desejam e ambicionam.
A aparência calma e tranquila que possuem, pode esconder
muitas armadilhas, e costumam conseguir tudo o que querem,
arquitectando planos com muita imaginação, esperteza e astúcia
que possuem em quantidade, arranjando intrigas, e deslizando
como uma serpente pelo meio dos problemas, saindo normalmente
vitoriosa, e com uma imagem de vitima.
São pessoas sensiveis a emoções e choram por qualquer coisa.
Têm também um pouco de preguiça em relação ao trabalho, e
tentam sempre arranjar maneira de ganhar dinheiro, sem terem de
se esforçar muito.
Têm uma intuição muito desenvolvida, e facilidade para lidar
com assuntos do oculto, sendo por isso atraidas para o
desenvolvimento da espiritualidade, rituais de magia, e tudo que
tenha a ver com esoterismo. São as melhores pessoas, que lêem e
ORIXÁS EM POESIA 74

interpretam os jogos adivinhatórios, como o tarôt, búzios, runas,


etc.
São românticas, apaixonadas, sensiveis, sensuais, algo
sonhadoras e dramáticas. Têm desssa forma facilidade em
profissões ligadas á dramatização tais como: teatro, cinema,
musica, artes, escrita etc.
Precisam de aprender a controlar, o desejo de fofocas e intrigas,
a serem menos ciumentas, e a deixarem de ser indecisas.

OXOSSI

“Qualquer que seja a presa,


somos todos caçadores nesta vida.”

Pai Oxossi, é o orixá dono das matas, rei da floresta e da caça.


São por isso, seus principais simbolos, o arco e a flecha.
Foi sincretizado com São Sebastião, e é celebrado o seu dia a
20 de Janeiro.
É muito ligado a seu irmão Ogum, de quem recebeu as armas
de caçador. É também por vezes associado a Ossaim, que é o
orixá que rege as folhas e ervas medicinais, usadas nos rituais.
Conta uma lenda iorubá, que em tempos longínquos, quando
um dia se festejava a colheita anual no palácio real de Ifé, pousou
sobre uma torre do palácio, um pássaro enorme, lançando fogo
sobre os festejos e os festejantes, com a intenção de destruir tudo.
Tudo, porque nesse ano, não haviam oferecido como costume,
parte da colheita ás feiticeiras Iyámis Osoróngá. Todo o povo ficou
em pânico, e prevendo as maiores catástrofes para o reino.
O rei Oduduwa, mandou então chamar os três melhores
guerreiros do reino a manejar o arco e a flecha, para matarem o
ORIXÁS EM POESIA 75

terrivel pássaro. Cada um á sua vez, disparou dezenas de flechas,


mas nenhuma acertou no pássaro.
Por fim, e já sem esperança, mandou chamar Osotokánsosó,
caçador de uma flecha apenas.
Sua mãe, sabia que as feiticeiras viviam em cólera, e nada
poderia ser feito para apaziguar sua furia, a não ser uma oferenda.
Foi então consultar Ifá, e o babalaô, mandou que preparasse uma
oferenda com, grão, frango ainda com as plumas, massa de milho
envolta em folhas de bananeira, e seis búzios. Teria ainda de
colocar a oferenda, sobre o peito de um pássaro sacrificado para o
efeito, e que a oferecesse em uma estrada dizendo: “Que o peito
da ave receba esta oferenda!”.
Assim o fez, e no momento em que o seu filho disparava a
flecha, em direcção ao malvado pássaro, esse, abriu sua guarda,
recebendo a oferenda de sua mãe, e a flecha mortal de
Osotokánsosó.
Maravilhados pela proeza, todos dançando e festejando o feito,
gritavam de alegria: “Oxossi! Oxossi!” (caçador do povo).
Desde esse dia, Osotokánsosó, é reverenciado como o maior
caçador de todas as terras, e carrega até os dias de hoje o seu
titulo: Oxossi.
Oxossi é o caçador solitário, aquele que de noite e sob o luar,
persegue a sua presa com determinação, com a máxima atenção e
paciência, e sabe esperar o momento certo para disparar sua
flecha, atingindo o alvo com a máxima eficácia.
Rege, além das florestas selvagens, bosques e matas virgens,
os animais, a flora, a lavoura, a agricultura, e todas as plantações.
É Oxossi quem provê o alimento aos seres, garantindo a caça e
as boas colheitas.
Gera progresso e riqueza, permitindo ao ser humano uma vida
mais próspera.
Das suas matas e florestas, além da renovação do oxigénio e a
purificação do ar, emanam essências medicinais, que actuam no
emocional e no campo energético dos seres, envolvendo-os de
energia curadora, que os equilibra emocionalmente,
espiritualmente, e manifesta-se depois no corpo fisico.
Pai Oxossi, vibra também nos seres, o desejo e a procura do
saber, do conhecimento em geral. Está por isso, e como todos os
ORIXÁS EM POESIA 76

outros orixás, presente em todos os aspectos da vida. Está no


conhecimento da fé, da lei, da justiça, do amor, e em tudo o que
rodeia o ser humano. Pois sem a procura, e a busca do saber, o
ser humano não evoluia, e permanecia para sempre no estágio
inicial de evolução.

Caracteristicas dos filhos de Oxossi:

São aquelas pessoas, cheias de energia e vigor, sempre joviais,


rápidas e espertas, tanto mental como fisicamente.
Têm uma enorme capacidade de concentração e atenção,
aliadas á determinação e á paciência, para aguardar o momento
certo.
Mesmo com o enorme auto-controle que possuem, ás vezes
tendem a ser nervosas, embora não o demonstrem.
Costumam sair cedo da casa dos pais, devido á sua enorme
necessidade de independência. Não querendo dizer que
constituam familia de imediato, pois tal como Oxossi, não se
importam de ser solitários, pois adoram o silêncio. No entanto,
quando têm familia, assumem a responsabilidade, e organizam o
sustento familiar. E mesmo sendo paternais, não são muito dados
ao contacto intimo com a familia, e preferem antes trabalhar, e
buscar as provisões necessárias ao sustento dos seus familiares.
Por todas estas razões, estas pessoas costumam ter dificuldade
em manter casamentos ou relacionamentos estáveis.
Quando no meio de amigos, gostam de estar alegres, e
conversar pelas noites fora. Apesar que no dia a dia, são pessoas
extremamente caladas e reservadas, guardando para si seus
comentários e sensações, sempre com a máxima descrição. Além
disso, nunca fazem julgamentos sobre os outros, e respeitam o
espaço individual de cada um.
Iniciativa não lhes falta, e adoram novas descobertas e novas
actividades. Apesar que em geral, são pessoas com os pés
assentes na terra, e não são muito sonhadoras ou ambiciosas, e
dedicam-se apenas á sua sobrevivência e á de suas familias.
Fisicamente, costumam ser pessoas magras, e donas de rara
beleza. O ar de mistério, o olhar profundo, aliados á força e
ORIXÁS EM POESIA 77

sensibilidade que possuem, dá-lhes um aspecto extremamente


atraente.
São também muito intelectuais, possuidoras de qualidades
artisticas, e de um gosto muito refinado.Têm espirito romântico.
Adoram as coisas belas, a arte e a cultura.
Profissionalmente, têm facilidade nas belas artes, na cultura,
profissões em que andem ao ar livre em contacto com a natureza,
e em todas aquelas em que tenham de buscar ou ensinar o
conhecimento, tais como: pintura, literatura, escultura, biologia,
desporto, investigação cientifica, ensino, etc.
Precisam de aprender a viver mais em sociedade, e a
adaptarem-se ao meio urbano.

NANÃ BURUQUÊ

“Semeai em jovem o calor da familia e da amizade,


e não tereis de colher na velhice, o frio e a amargura da solidão.”

Nanã, costuma ser carinhosamente chamada de “vovó”, pois é


considerada, a mais velha divindade feminina dentro do panteão
africano. É por isso, bastante associada á maturidade do ser
humano, sendo também considerada a protectora dos idosos.
Apesar de algumas correntes a associarem á chuva, enchentes,
lágos e águas lodosas, Nanã tem também o dominio dos poços,
das minas, e toda a água que nasce do interior da terra.
Das suas águas saem emanações, que actuam no emocional
dos seres, decantando os vicios e o negativismo.
É a deusa do reino da morte, e é ela quem conduz ao astral, as
almas após o desencarne actuando também nos seus cármas. E é
ela também, que no momento de encarnar, adormece a memória
ORIXÁS EM POESIA 78

do seres, para que não se lembrem das vidas passadas, e não


interfiram no destino que traçaram para a nova vida.
Nas lendas iorubás, quando Oxalá foi encarregado de modelar
os seres humanos, tudo tentou, desde a madeira, a pedra, o fogo,
a água, o ar, e nada resultava, até que Nanã lhe ofereceu a sua
ajuda, e lhe deu o barro do fundo da lagoa onde habitava. Então
Oxalá modelou o ser humano no barro, e Olurum lhe deu vida.
Só que um dia o ser humano tem de morrer, o corpo volta á
terra, e Nanã quer de volta o que é seu.
Nanã tem como simbolo, a meia-lua, a cruz, ou o Ibiri – um feixe
de ramos de palmeira com o qual “varre os males do mundo”.
É um dos orixás associados á justiça, pois Nanã não tolera
traição, roubo ou maus tratos. E nesse caso pode tornar-se
perigosa e vingativa. Sendo no entanto um orixá discreto, que
prefere esconder-se a dar nas vistas.
Nas mulheres de meia idade, é Nanã que estimula a
menopausa, paralisando a sexualidade e a geração de filhos.
Os seus pontos de força naturais são poderosissimos, e são
habitados por entidades com um poder enorme. Apesar que
dificilmente se conhece os seus mistérios, pois são muito fechados.
Lá são descarregadas e absorvidas, todas as cargas energéticas
negativas existentes ao redor do planeta, criadas pela mente do ser
humano.

Caracteristicas dos filhos de Nanã:

Os filhos de Nanã são aquelas pessoas, muito calmas e lentas


no exercicio dos seus afazeres, pois o tempo não as incomoda
muito.
Têm muito pouco sentido de humor, e podem ter um
temperamento severo, sempre criticando os outros. No entanto, por
serem dotadas de uma grande capacidade de compreensão,
sabem perdoar aos que erram. Custa-lhes a aceitar as opiniões
alheias, e demoram muito para tomarem uma decisão, mas quando
tomam, geralmente são as mais acertadas, ou pelo menos as mais
sábias e justas.
ORIXÁS EM POESIA 79

Adoram educar e brincar com as crianças. Têm para com elas


uma ternura, carinho, e paciência sem limite. Apesar que em suas
vidas, não dão muita importância á sexualidade e ao sexo oposto,
pelo medo de enorme de amarem alguém, e serem abandonadas.
Em contrapartida, dedicam-se bastante ao trabalho.
Por serem as pessoas mais conservadoras da sociedade, não
gostam muito de profissões modernas, e preferem aquelas em não
tenham de se expor muito, e possam trabalhar nos “bastidores”.
Fisicamente são pessoas que envelhecem rapidamente, e
aparentam sempre mais idade da que têm.
Precisam de um pouco de humor na vida e de aprenderem a
deixarem-se amar.

OBALUAIÊ

“Nunca um doente rico, será tão rico


como um pobre saudável.”

Pai Obaluaiê, é o orixá da vida e da morte, da saúde e da


doença.
Foi sincretizado com São Roque, e São Lázaro (Omulú), e é
celebrado o seu dia a 16 de Agosto, ou a 17 de Dezembro (Omulú).
Em geral, costuma ter duas formas de ser defenido: Obaluaiê –
sua forma mais jovem e actuando mais no campo da reencarnação
e encaminhamento do espirito, e Omulú – forma mais velha,
representando a idade avançada, e actuando mais no campo do
desencarne do espirito, e na sua purga no campo santo (cemitério),
até estar preparado para nova encarnação, ou para seguir outro
caminho de evolução no plano espiritual.
Obaluaiê / Omulú, rege a doença e a sua cura. É por isso tão
ORIXÁS EM POESIA 80

temido, e visto como um orixá sombrio e castigador. Inclusive,


capaz de dizimar toda uma polulação com a peste, variola, lepra,
ou qualquer outra epidemia, caso tenham falhado com ele em
algum aspecto. No entanto, também pode ser um pai bondoso e
fraternal, para aqueles que se tornarem merecedores, através da
humildade, da honestidade, e da lealdade.
Seu simbolo é o Xaxará – um ceptro ritualistico com palha da
costa e enfeitado com búzios, com o qual ele expulsa o mal e as
doenças.
Segundo as lendas, Obaluaiê é filho de Nanã com Oxalá. Mas
como nasceu com doenças de pele, e cheio de chagas que
cheiravam muito mal, sua mãe Nanã, com medo que lhe fossem
transmissiveis, abandonou-o em uma gruta junto do mar. Iemanjá,
que passeava pela praia, o encontrou, e mesmo sabendo que era
filho de Nanã, criou-o como seu filho.
A criança cresceu, e se tornou em um grande guerreiro, feitiçeiro
e caçador. Sempre com o corpo coberto de palha, não para
esconder as chagas, pois Iemanjá as tinha curado com sua água
salgada e o seu amor, mas porque seu corpo brilhava tanto como a
luz do sol, e feria os olhos de quem para ele olhasse.
E então um dia, Iemanjá mandou chamar Nanã, e apresentou-a
a seu filho Obaluaiê, que perdoou a mãe verdadeira, e passou a
conviver com as duas mães.
Este orixá, tem sua força e seu axé, concentrados nos
cemitérios, lugares sagrados desde os primeiros povos que
povoaram a terra.
Tem sob seu comando, os executores da lei na linha das almas,
responsáveis por guardar e fazer purgar no Umbral, todos aqueles
que se desvirtuaram do seu caminho, todos os que atentaram
contra a vida, ou que usaram de magias negras para seu beneficio
ou para fazer mal a outrem.
São também seus comandados, que no momento do encarne,
estabelecem o cordão energético (cordão de prata), que une o
espirito ao corpo, e na hora do desencarne o dissolvem, permitindo
que o espirito se solte da matéria. E são também eles, que
envolvem com um campo de força fluido-magnético, os hospitais,
cemitérios, morgues, e campos de batalha, impedindo que os
ORIXÁS EM POESIA 81

vampiros astrais (kiumbas), absorvam as energias do duplo-etérico,


daqueles que faleceram ou estão prestes a falecer.
Estas entidades, têm um conhecimento e um poder enorme, e
são elas que também actuam no plano fisico, junto dos
profissionais de saúde, trazendo as essências curadoras e
bálsamicas de pai Obaluaiê.
Em outro aspecto, Obaluaiê vibra nos seres o sentido de
evolução, e o desejo de ascender a outros patamares. O ser nunca
evolui sozinho, apesar de ser uma situação pessoal, pois ninguém
evolui no lugar de outro.
É Obaluaiê, que desperta nos seres a necessidade de eliminar
certos bloqueios que atrapalham a evolução, em especial, a
capacidade de perdoar os seus semelhantes, que de alguma forma
os prejudicaram, ofenderam, maltrataram, humilharam, roubaram,
odiaram, etc. E desperta também nos seres, a coragem e a
necessidade de pedir perdão aqueles a quem ofenderam,
mentiram, injuriaram, ou de alguma forma prejudicaram. Evitando
assim, o acumular de cármas negativos, que só atrasam a
evolução.
Os seres precisam de caminhar numa linha continua, para
assim entrarem na espiral ascendente de Obaluaiê. O que significa,
ter de haver uma renovação constante dos seres, havendo uma
reposição de novos valores, deixando para trás velhos hábitos e
costumes inadequados, e os velhos conhecimentos que foram
ultrapassados pela constante evolução. Os sentimentos negativos,
têm de dar lugar a sentimentos nobres e positivos, pois só assim os
seres caminharão no sentido correcto, e em harmonia com o
Universo. Caso contrário, entram na espiral descendente, que os
leva para purgarem nos planos inferiores do Umbral.

Caracteristicas dos filhos de Obaluaiê:

Quem é filho, ou filha de Obaluaiê, é geralmente bastante


pessimista, e com tendências autodestrutivas. São pessoas
amargas, melancólicas, e costumam ser bastante solitárias, pois
são também bastante dejaseitadas e desprovidas de qualquer
charme ou elegância. Inclusive podem ter já ter nascido com
alguma deficiência fisica ou alguma doença grave.
ORIXÁS EM POESIA 82

Por vezes costumam ter tendências ao masoquismo e á


autopunição, infligindo sofrimento a elas própias, e um código de
conduta exageradamente rigido.
Geralmente, ocultam o seu intimo para com as pessoas e para
com os amigos, mantendo sempre uma máscara de austeridade,
respeito e imposição, que gera intencionalmente algum medo nos
outros. Seus comentários são secos e irónicos, o que lhes confere
ainda mais, a imagem de terrivel que formam de si própios.
No entanto, quando querem sabem ser humildes, simpáticas e
caridosas.
Têm uma força de resistência enorme, e são capazes de esforços
fisicos prolongados, apesar que podem aparentar serem muito
frágeis fisicamente. E apesar de lentas, são bastante
perseverantes e firmes como rochas.
Não gostam de mudanças, pois a capacidade de adaptação que
possuem é minima.
Quando ofendidas ou humilhadas, tornam-se bastante cruéis e
sem piedade.
Mesmo sendo pessoas muito pessimistas, quando têm
objectivos determinados, são combativas e obstinadas em atingir a
meta. Capazes inclusive, de se apegarem ás coisas materiais de
uma maneira sofrêga e obsessiva, imaginando que todo o mundo
está contra elas, e que todas as riquezas lhes fossem negadas,
gerando desta forma, um comportamento obsessivo em quererem
enriquecer e ascender socialmente. Mas caso não atinjam os seus
objectivos, entram numa desilusão total, reprimindo as ambições, e
adoptando uma vida de humildade e pobreza voluntária, podendo
inclusive, dedicarem-se a uma causa humanitária, consagrando
assim suas vidas ao bem estar dos outros.
Fisicamente, como já foi dito, não têm qualquer charme, e
podem inclusive, já nascer com alguma deficiência fisica, em
especial nos membros inferiores, e apresentar alguma doença de
pele ou contagiosa, que pode ser de nascença ou aparecer mais
tarde.
Com o sexo oposto, são aquelas pessoas que ficam sempre na
sombra do parceiro, deixando o outro brilhar, pois é assim que
preferem. Por essa razão, costumam-se apaixonar por pessoas
ORIXÁS EM POESIA 83

bastante extrovertidas, extravagantes, e muito sensuais, mesmo ás


vezes tendo alguma inveja e insegurança, pois vêem
frequentemente o parceiro, como fonte de interesse e paixão de
todos.
Estas pessoas, por ser Obaluaiê um orixá muito ligado á morte
e ás almas, podem ter tendência a verem os fenómenos
sobrenaturais, e sentirem, ouvirem, ou mesmo verem os espiritos,
e serem assim atraidas para o estudo do mundo oculto e esóterico.
Dão-se bem em profissões ligadas á saúde, como a medicina,
enfermagem, medicinas naturais e alternativas, curandeiros, e
outras ligadas á espiritualidade.
Precisam de aprender a darem mais valor a si própias, e a
darem-se mais a conhecer aos outros.

EXU

“O guardião das trevas,


nunca deixará o devedor impune,
nem de amparar quem merece.”

Pai Exu, é o guardião dos caminhos, e das encruzilhadas. Vigia


as passagens, abre e fecha os caminhos.
É ele quem faz a comunicação entre os seres humanos e os
demais Orixás. Quando se faz alguma oferenda e pedido aos
Orixás, é Exu quem transporta a oferenda (essência) e a
mensagem. É essa uma das razões, porque Exu deve ser sempre
ofertado primeiro que todos. Inclusive nas casas de culto, Exu e
Pombagira – seu complemento feminino, são sempre saudados e
oferendados antes de se iniciar qualquer ritual.
Mas além de mensageiro, é Exu quem protege os médiuns e as
ORIXÁS EM POESIA 84

casas de culto, de espiritos perturbadores, para que a caridade


possa ser praticada durante os rituais, e durante o atendimento.
Exu e suas falanges, são os “soldados” dos Orixás. Cada Orixá
tem o seu Exu ou Pombagira correspondente, que representa o
seu pólo negativo, o seu representante ou serviçal nas trevas. E
como cada Orixá tem várias qualidades dependendo do seu campo
de actuação, para cada qualidade diferente há um Exu ou
pombagira chefe de falange correspondente, que por sua vez
comanda a sua enorme falange, que se vai dividindo
hierárquicamente. Costuma-se dizer que cada Exu chefe de
falange, comanda sete sub-chefes, que por sua vez cada um
comanda mais sete, e assim se vai multiplicando sempre por sete.
Sendo os que ocupam cargos mais altos dentro da hierarquia, os
mais evoluidos, com mais luz e conhecimento, normalmente
chamados de “tronados” e “coroados”, e os que se encontram mais
abaixo, são os espiritos sem luz e trevosos que foram recrutados, e
lhes foi dada a oportunidade de evoluirem servindo a luz nas
trevas.
Os Exus actuam no baixo astral, combatendo os espiritos
trevosos e demoniacos, e são os responsáveis pela estabilidade e
equilibrio nas trevas, sempre sob a luz da lei e da justiça divina.
Foram infelizmente sincretizados como diabos e demónios pela
igreja católica, e não só. Actualmente existem algumas igrejas que
os utilizam erradamente como rótulo da maldade, e responsáveis
pelos males do mundo. Esta visão errada, deve-se em parte ao
facto de que quando incorporados em seus médiuns, costumam
falar de jeito maroto, dançam de forma sensual, dizem piadas,
bebem álcool, e aceitam muitas das suas oferendas em
encruzilhadas, juntando ainda o facto de usarem as cores preto e
vermelho, que lhes dá ainda um ar mais sombrio.
As pessoas que são médiuns videntes, quando os veêm,
conseguem ver que usam por vezes tridentes ou outras armas
astrais, uma roupagem fluidica, e uma forma grotesca e
assustadora. Tudo isso para intimidar e amedrontar, os seres do
baixo astral com que têm de lidar.
Ora todos estes factos e relatos, incluindo seus métodos
agressivos de actuar, fizeram com que Exu fosse representado
como tendo chifres, pés de bode, garras, tridentes, e tudo de
ORIXÁS EM POESIA 85

maneira a parecer o mais demoniaco possivel.


Mas Exu não é demónio. Exu protege os encarnados dos seres
demoniacos que vivem no Umbral mais denso e negativo. Exu é o
braço armado de Deus nas trevas, é o policia do astral.
Por vezes, sua maneira de actuar, pode parecer demasiado
ofensiva e até maldosa, mas é necessário, pois os seres
demoniacos das trevas não entendem outra linguagem.
A picada de um escorpião, é combatida com o seu próprio
veneno...
Hoje em dia, seu simbolo mais usual é o tridente, mas em
África, ainda costuma ser representado como um falo, como era
inicialmente. Representando assim, o aspecto sexual que possui,
associado á copula e á virilidade.
Exu tem também o poder oracular, pois como se costuma dizer:
Exu tudo sabe, tudo ouve, tudo vê, e tudo transmite. É por isso
muito procurado e apreciadas suas consultas quando incorporado
em seus médiuns, pois logo vai falando e tentando arranjar solução
para todos os problemas.
Nas lendas Iorubás, foi Exu quem trouxe aos homens o Oráculo
de Ifá – os dezasseis odus com que se joga o jogo de búzios.
É costume dizer-se, que Exu tem duas cabeças, uma que olha
em frente e outra que em simultâneo olha para trás. E na verdade é
quase isso, pois Exu vive na dualidade.
Sabe fazer o bem, mas conhece o mal. Serve os seus
interesses, mas também o interesse alheio. Caminha direito em
caminhos tortos, caminha torto em caminhos tortos, só não
caminha direito em caminhos direitos.
Sendo Exu um elemento neutro, só actua de duas maneiras: ou
activado pela lei maior e actua como agente cármico; ou activado
pela magia.
Como agente cármico, é o responsável por esgotar o cárma dos
seres, actuando sempre sobre as ordens dos amados Orixás,
fazendo cumprir a lei e a justiça divina. Como agente mágico, actua
quando é oferendado ritualisticamente, por quem conhece os
mistérios da magia, actuando sempre na neutralidade, e declinando
sempre as responsabilidades em quem o activou e lhe pagou. Mas
neste caso, é preciso ver que existem vários graus dentro da
hierarquia dos Exus, e quanto mais elevado o grau, mais
ORIXÁS EM POESIA 86

conhecimento e luz possuem. Sendo que só aceitam trabalhos de


magia para prejudicar alguém, ou interferir no livre arbítrío dos
seres, os Exus que têm pouco grau ou nenhum. São Exus que não
têm ainda luz, e não sabem a diferença do bem e do mal. Inclusive,
na maior parte das vezes nem são Exus, mas sim Kiumbas –
espiritos caidos, do baixo astral, que se fazem passar por eles para
se saciarem com as oferendas. Os verdadeiros Exus de lei não
aceitam estes trabalhos, pois têm conhecimento e luz suficiente,
para entenderem que se o fizerem, estarão a ofender a lei maior e
serão castigados, despromovidos nas suas hierarquias, e atrasada
sua evolução. E se por acaso, alguém tenta activá-los
magisticamente para estes trabalhos, eles se viram contra quem os
activou.
Infelizmente estes Kiumbas farsantes de Exu e Pombagira,
conseguem muitas vezes penetrar em rituais nos terreiros de
Umbanda, Candomblé e outros cultos Afro, fazendo passarem-se
pelo que não são, aumentando ainda mais a má fama de nossos
irmãos Exus e Pombagiras.
Estas situações acontecem frequentemente, nas casas que não
têm a protecção de Exus de lei como deveriam. Ora porque o
dirigente da casa, é um pai ou mãe de santo farsante e a casa não
tem fundamentos nenhuns, ou os que tem estão mal feitos e sem
conhecimento; ou porque a própia casa, é muito dada e ligada a
magias negras, e assuntos que nada têm a ver com a caridade e
evolução espiritual.
Existem lamentávelmente, alguns casos tristes de actuações
destes Kiumbas, pois conseguem tão astutamente enganar as
pessoas, que chegam até a pedir sexo em troca de favores. Em
geral, encharcam-se em álcool, gostam de vestir-se de maneira
exageradamente sensual (quase despidos), fazem gestos
obscenos e usam um baixo calão. Falam quase sempre em sexo, e
gostam de se exibir, provocar e humilhar os demais, chegando
inclusive ao ponto de exporem em frente aos outros, a vida pessoal
das pessoas que vão em busca de ajuda.
É também verdade, que por vezes é necessário um Exu ou
Pombagira, falar rude com o consulente de maneira a que leve um
“choque”, mas um Exu ou Pombagira de verdade, em geral, fala só
ORIXÁS EM POESIA 87

e directamente com a pessoa, procurando sempre ajudá-la, não


fazendo nunca com que se sinta pior do que já está. Outra
verdade, é que por vezes, e em algumas casas, os verdadeiros
Exus e Pombagiras, deixam que os Kiumbas penetrem, criando
“armadilhas”, para depois os capturarem e encaminharem na
senda da evolução, segundo a justiça divina e a lei maior.
Desmantelando em seguida esses terreiros, causando problemas,
doenças, ou outras causas que vão afastando os médiuns,
deixando os dirigentes sós e a contas com a justiça divina.
De qualquer forma, todos os seres que vivem do mal, ou
fazendo mal a outros, vão ter sempre mais cedo ou mais tarde, o
retorno do que fizeram.
Convém também lembrar, e em especial aos que são médiuns
ou de alguma forma estejam ligados ao espiritual, que pela lei das
afinidades, só pode atrair bons fluidos e espiritos de luz, quem de
facto gerar em si sentimentos virtuosos e tenha acções nobres.
Pois caso contrário, más acções e sentimentos negativos, só
atrairão Kiumbas, maus fluidos, e espiritos trevosos.
Os seres do baixo astral, são alimentados pelas más atitudes,
maus pensamentos e sentimentos dos seres encarnados, ou
desencarnados. Cada mal que practicam leva-os para niveis mais
baixos, provocando ainda mais revoltas. Alguns caem tanto, que
perdem a consciência humana e os seus corpos astrais, e chegam
a transformarem-se em figuras grotescas e horrendas.
Em geral, considera-se que no Umbral existem sete niveis
negativos, sete camadas onde vivem e se purgam os seres
trevosos. Considerando-se que as ultimas duas camadas mais
baixas, estão na total ausência de luz, e são habitadas por seres
demoniacos que perderam na totalidade a consciência humana.
São estes seres que os Exus combatem principalmente, pois vivem
na maldade pura, e sempre tentando capturar para as suas hostes
mais espiritos caidos, levando a humanidade para a parte negativa.
Em outro aspecto, é Exu quem irradia nos seres a vitalidade, em
especial o vigor fisico e sexual. Exu pode vitalizar, isto é, aumentar
ainda mais as qualidades vibradas nos seres pelos Orixás, ou
desvitalizá-las conforme as necessidades e merecimento dos
seres.
Um Exu, tanto pode punir o ser que se desvituou e se afastou
ORIXÁS EM POESIA 88

da irradiação luminosa dos Orixás, desvitalizando-o e


paralisando-o, esgotando o seu cárma. Como o pode irradiar e
vitalizar, enchendo-o de força, de energia e vigor, caso o ser
caminhe no sentido correcto da lei divina. Sempre protegendo o
ser, sem nunca interferir no seu livre-arbitrio, congratulando-se
quando o seu protegido caminha no sentido da evolução, e
sofrendo sempre com as suas quedas.
A actuação dos Exus, Pombagiras e os amados Orixás,
englobam tudo e todos. Não só as religiões Afro-Brasileiras, mas
todas as existentes no planeta, pois todas têm o seu pólo positivo e
o negativo. Como é lógico, têm diferentes denominações,
consoante as diferentes religiões, zonas e culturas, mas sempre de
maneira a que possam desenvolver as suas missões, na realidade
material e nos planos sutis.
Apenas para terminar e dar um exemplo, na cabala judaica, os
Exus têm nomes que derivam do latim e das religiões pagãs.
Chamando por exemplo “Astaroth” ao Exu Rei das Sete
Encruzilhadas, “Hael” ao Exu da Meia-Noite, “Fleuruty” ao Exu tiriri,
“Belzebu” ao Exu-Mor, e “Klepoth” á Pombagira. Em alguns paises
orientais, a Pombagira Maria Padilha é conhecida por “Shinji”.

Caracteristicas dos filhos de Exu:

Assunto de carácter especial, comentado mais á frente junto


com os comentários para Pombagira.

POMBAGIRA

“Quem se deixar afundar no mundo dos desejos,


e beber o veneno da luxúria dos sentidos,
tornar-se-á no seu próprio escravo.”
ORIXÁS EM POESIA 89

Pombagira ou Bombogira, é o Exu feminino, complemento do


Exu masculino.
Dos sete Exus chefes de legião, apenas um é feminino, dai ter
ocorrido uma inversão deste conceito, dizendo que Pombagira é
mulher de sete Exus, sendo por isso prostituta.
Os Exus são nosssos irmãos, e já tiveram as suas encarnações
como humanos. Por isso, é perfeitamente normal que possa
ocorrer, que uma ou outra, dentro das várias falanges de
Pombagiras, possa ter sido prostituta em sua ultima encarnação.
Agora, não se pode generalizar todas por igual, apenas porque
uma foi “mulher de rua”. E nem mesmo a que tenha sido, merece
que a chamem assim, pois além de ser nossa irmã, está em outro
grau de evolução que nós não estamos, e trabalha em prol da
humanidade.
Agora, como os seres humanos são peritos em distorcer e
inverter as coisas que não entendem, facilmente encontramos em
algumas casas de culto aos Orixás, em dias de ritual de
“esquerda”, médiuns femininas completamente vestidas como
prostitutas, ás vezes quase despidas. Não porque as suas
Pombagiras o tenham sido, mas sim pelo conceito errado que têm
delas, e muitas vezes também, para extravasarem os seus própios
desejos intimos, impressionando os menos esclarecidos com
gracejos, malabarismos, convites imorais,e falando em baixo calão,
aproveitando a imagem já criada.
Estes médiuns, tanto femininos como masculinos, são aquele
tipo de gente que são desprovidos de qualquer qualidade nobre.
São pessoas sem escrúpulos, moral ou ética e que se aproveitam
da imagem distorcida de Exu e Pombagira, para exteriorizarem o
seu verdadeiro “eu”. Em geral estas pessoas, acabam caindo no
ridiculo, ficando desacreditadas, e segundo a lei das afinidades,
acabam sendo envoltas pelos obsessores, caindo em tormento por
parte destes.
É certo que Pombagira costuma demonstrar alegria, falar como
uma pessoa vivida, e dançar sensualmente. Mas não devem ser
confundidas as coisas, pois ela lida com a sexualidade das
pessoas presentes, para as descarregar do excesso desse tipo de
energia, e não para se exibir ou para ser idolatrada.
ORIXÁS EM POESIA 90

A função das Pombagiras está ligada á sensualidade, tentando


direccionar as energias sexuais dos seres para a realização e a
conquista de coisas nobres.
Como complemento do vigor e vitalidade irradiados por Exu,
irradia o desejo nos seres. Além de irradiar o desejo sexual
necessário e equilibrado, irradia também o desejo de ter uma vida
melhor, de evolução, de prosperidade, de crescimento espiritual, e
de todo o tipo de sentimentos virtuosos e nobres.
Como qualquer Exu, são também esgotadoras do cárma e
conhecedoras da magia. Incorporadas em seus médiuns, dão
consultas e “passes”, tentando sempre ajudar quem as procura.
Ganharam infelizmente, a fama de roubarem maridos e mulheres, e
destruirem casamentos e uniões, para quem lhes peça e lhes
pague. Ora, tal e qual como já afirmei, não vale a pena repetir
novamente, quem são as entidades que aceitam esse tipo de
trabalhos. Pombagira conhece sim, o coração e os sentimentos dos
humanos, podendo ajudar a resolver problemas conjugais e
sentimentais, mas sempre sem prejudicar quem quer que seja.
Tal como os Exus, usam a cor preta e vemelha. Seu simbolo é
um tridente com os garfos em curvatura. E seu dia da semana
consagrado, é tal como Exu, a segunda-feira.
Têm também a função de guardiões da lei cármica. E em seus
trabalhos, tal como os Exus, cortam demandas, desfazem
trabalhos e feitiços de magia negra, e ajudam nos descarregos e
desobsessões, retirando os espiritos obsessores e trevosos,
encaminhando-os para a luz, ou para onde possam cumprir suas
penas em outros lugares do astral inferior.
Quanto ás caracteristicas dos filhos de Pombagira e Exu, nada
comento pela seguinte razão:
Até á bem pouco tempo, todas as pessoas que eram
identificadas pelo jogo oracular dos búzios, como sendo filhos de
Exu ou Pombagira, estavam sujeitas a ser reconhecidas como
“filhos do diabo”. Então quando sucedia essa situação, acabavam
sempre por ser iniciadas para outro orixá.
Hoje em dia, e cada vez mais, vem se tentando essa
“dessincretização”com o diabo, que foi imposta pela igreja católica
e outras que se aproveitaram desse facto. E talvez Exu e
ORIXÁS EM POESIA 91

Pombagira, possam voltar a ser simplesmente, os orixás


mensageiros que detêm o poder da transformação e do
movimento; que vivem na estrada; frequentam as encruzilhadas; e
guardam as portas das casas, protegendo os humanos dos
espiritos trevosos. Porém, nem santos nem demónios.
Quadros
de
elementos
associados
a cada Orixá
OXALÁ

Caracteristicas:

Saudação: oxalá babá / exê uêpe babá


Sincretismo: jesus cristo / senhor do bonfim
Data comemorativa: 25 de dezembro
Dia da Semana: domingo / sexta-feira / em geral todos os dias
Signo astrológico: peixes / capricórnio
Numero: 10 / 8
Simbolo: estrela de cinco pontas / cruz
Cor: branco / cristal
Planeta: sol
Elemento: ar
Pontos de força: praias desertas / campos / montanhas / prados
Bebida: água mineral / vinho branco doce
Comida: canjica / acaçá / mungunzá
Pedras: diamante / cristal quartzo transparente
Metal: prata/platina / ouro branco
Essências: benjoim / lirio / almiscar / flores do campo / aloés
Flores: flores brancas em geral / rosas brancas sem espinhos
Ervas: tapete de oxalá (boldo) / manjericão branco /alfazema /
sálvia / sândalo / erva cidreira / baunilha
Incensos: lótus / sândalo / rosa branca
Vela: branca
Animais: pomba branca / coruja branca
Saúde: todo o organismo em geral
Chackra: coronário
Carta de tarôt: 5 o papa
Não é compativel com: dendê / vinho de palma / cachaça /
roupa escura / lâminas / cor vermelha

ORIXÁS EM POESIA 95
IEMANJÁ

Caracteristicas:

Saudação: oh doce yaba / odô fiaba / odô iyá


Sincretismo: nossa senhora da glória / senhora dos navegantes
Data comemorativa: 15 de agosto / 2 de fevereiro / 8 de dezembro
Dia da Semana: sábado / sexta-feira
Signo astrológico: caranguejo / peixes
Numero: 4
Simbolo: ondas / peixes / meia lua / estrela do mar
Cor: azul claro / cristal / branco e azul claro
Planeta: lua
Elemento: água
Pontos de força: mar
Bebida: champanhe / água mineral
Comida: arroz doce com anis estrelado / camarão / mamão
Pedras: pérola / água-marinha / turquesa / lápis-lazuli
Metal: prata
Essências: rosa branca / nenúfar / jasmim / orquidea
Flores: rosas brancas / orquideas / crisântemos brancos
Ervas: malva branca / nenúfar / rosa branca / musgo marinho /
jasmim / erva cidreira / lágrima de nossa senhora
Incensos: flor de laranjeira / rosa branca / jasmim
Vela: azul clara / prateada
Animais: galinha branca / cabra branca / peixe
Saúde: sistema nervoso
Chackra: frontal
Carta de tarôt: 3 a imperatriz
Não é compativel com: sapo / poeira

ORIXÁS EM POESIA 96
OGUM

Caracteristicas:

Saudação: ogum iê / patacuri ogum


Sincretismo: são jorge
Data comemorativa: 23 de abril
Dia da Semana: terça-feira
Signo astrológico: carneiro
Numero: 2
Simbolo: espada / ferramentas / lança e escudo
Cor: vermelho / azul
Planeta: marte
Elemento: fogo / ar
Pontos de força: estradas / caminhos de ferro /
encruzilhadas (centro)
Bebida: cerveja branca
Comida: feijão com camarão dendê / cará cozido
Pedras: granada / rubi
Metal: ferro / chumbo
Essências: cravo vermelho / violeta
Flores: cravos vermelhos / crista de galo
Ervas: espada de são jorge / comigo ninguém pode / aroeira / losna
carqueja / folhas de romãzeira / erva de são gonçalinho
Incensos: cravo
Vela: azul / vermelha
Animais: galo vermelho / cão / cavalo
Saúde: glândulas endócrinas / sistema hormonal / coração / voz
Chackra: laringeo / umbilical
Carta de tarôt: 7 o carro
Não é compativel com: quiabo

ORIXÁS EM POESIA 97
IANSÃ

Caracteristicas:

Saudação: eparrei iansã / eparrei oiá


Sincretismo: santa bárbara / joana d´arc / santa rita de cássia
Data comemorativa: 4 de dezembro
Dia da Semana: quarta-feira
Signo astrológico: touro / leão / virgem
Numero: 9
Simbolo: raio / eruexim (cabo de cobre ou ferro com rabo de
cavalo)
Cor: rosa / vermelho / amarelo
Planeta: lua / jupiter
Elemento: ar
Pontos de força: pedreiras / bambuzal
Bebida: champanhe / licor de menta
Comida: acarajé / abacaxi / espiga de milho
Pedras: citrino / rubi / coral / cornalina
Metal: cobre
Essências: patchouli / rosa amarela
Flores: flores amarelas / corais
Ervas: espada de iansã /gerânio rosa / açucena / louro / colônia /
erva de santa bárbara / folhas de bambu / samambaia
Incensos: cânfora / patchouli / rosa amarela
Vela: rosa / amarela / vermelha
Animais: cabra amarela / coruja raiada
Saúde: pulmões / sistema respiratório / coração
Chackra: frontal / cardiaco
Carta de tarôt: 11 a força / justiça
Não é compativel com: abóbora / rato

ORIXÁS EM POESIA 98
XANGÔ

Caracteristicas:

Saudação: kaô kabiesilé / opanixé ô kaô


Sincretismo: são gerónimo / são joão baptista / moisés / são josé
Data comemorativa: 30 de setembro / 24 de junho
Dia da Semana: quarta-feira
Signo astrológico: balança / leão / touro
Numero: 12
Simbolo: machado / balança / estrela de seis pontas
Cor: castanho / marrom / vermelho
Planeta: jupiter
Elemento: fogo
Pontos de força: pedreiras / montanhas / serras
Bebida: cerveja preta
Comida: amalá / abóbora
Pedras: pirita / jaspe marrom / meteorito / pedra do sol
Metal: estanho
Essências: canela / noz-moscada / mirra / flor de cravo
Flores: cravos vermelhos
Ervas: elevante / bétis cheiroso / alecrim / erva de são joão /
caruru / erva de santa maria
Incensos: mirra / alecrim
Vela: castanha / marrom / vermelha
Animais: tartaruga / carneiro
Saúde: figado e vesicula
Chackra: cardiaco
Carta de tarôt: 4 o imperador
Não é compativel com: doenças / cemitérios / caranguejo

ORIXÁS EM POESIA 99
OXUM

Caracteristicas:

Saudação: ai iê iêu mamã oxum / ora iêiêu


Sincretismo: nossa senhora da conceição / nossa senhora da
aparecida / nossa senhora de fátima
Data comemorativa: 8 de dezembro
Dia da Semana: sábado
Signo astrológico: touro / caranguejo
Numero: 5
Simbolo: coração / cachoeira / ondas
Cor: amarelo / rosa / azul / dourado
Planeta: vênus/lua
Elemento: água
Pontos de força: cachoeiras / rios
Bebida: champanhe / licor de cereja / água mineral
Comida: omolucum / banana frita / moqueca de peixe / maça
Pedras: ametista / topázio / quartzo rosa
Metal: ouro
Essências: rosa / lirio
Flores: rosa amarela / lirio / rosa cor de rosa
Ervas: manjericão branco / camomila / erva cidreira / arnica /
narciso / jasmim / colônia / erva de santa luzia
Incensos: rosa / jasmim / lirio
Vela: amarela / rosa / dourada
Animais: galinha amarela
Saúde: coração / ovários / utero
Chackra: umbilical / frontal
Carta de tarôt: 17 a estrela
Não é compativel com: barata / abacaxi

ORIXÁS EM POESIA 100


OXOSSI

Caracteristicas:

Saudação: okê arô / okê oxossi


Sincretismo: são Sebastião
Data comemorativa: 20 de janeiro
Dia da Semana: quinta-feira
Signo astrológico: virgem / balança
Numero: 6
Simbolo: arco e flecha / flechas
Cor: verde / azul
Planeta: vénus
Elemento: terra / ar
Pontos de força: matas / bosques
Bebida: vinho tinto / cerveja branca
Comida: frutas / axoxô – milho com fatias de côco
Pedras: esmeralda / quartzo verde / amazonita
Metal: bronze
Essências: alecrim / rosa
Flores: flores silvestres / flores do campo
Ervas: guiné / alfavaca / jurema / mangueira / alecrim / eucalipto /
abre caminho
Incensos: alecrim / eucalipto
Vela: verde
Animais: veado / javali / animais de caça
Saúde: aparelho respiratório / aparelho locomotor
Chackra: esplênico / frontal
Carta de tarôt: 6 os amantes
Não é compativel com: mel / ovo / cabeça dos bichos

ORIXÁS EM POESIA 101


NANÃ BURUQUÊ

Caracteristicas:

Saudação: saluba nanã


Sincretismo: santa ana
Data comemorativa: 26 de julho
Dia da Semana: sábado / segunda-feira
Signo astrológico: leão
Numero: 13
Simbolo: meia-lua / chuva / ibiri / ondas
Cor: lilás / roxo
Planeta: lua / mercurio
Elemento: água / terra - água
Pontos de força: minas / poços / lagos / lama / cemitérios /
pântanos / lôdo
Bebida: champanhe / água mineral
Comida: mungunzá / calda de ameixa / figos / batata doce
Pedras: ametista / ametrino
Metal: latão
Essências: lilás / lirio / orquidea / narciso
Flores: flores roxas / lilás / crisântemos roxos / violetas
Ervas: sálvia / manjericão roxo / dama da noite / colônia / cipreste
Incensos: violeta / camomila / lilás
Vela: lilás / violeta
Animais: cabra / galinha branca
Saúde: intestinos / dores de cabeça
Chackra: frontal / básico / cervical
Carta de tarôt: 2 a papisa
Não é compativel com: facas / lâminas / espadas / multidões

ORIXÁS EM POESIA 102


OBALUAIÊ

Caracteristicas:

Saudação: atôtô obaluaiê


Sincretismo: são roque / são lázaro
Data comemorativa: 16 de agosto / 17 de dezembro
Dia da Semana: segunda feira
Signo astrológico: capricórnio / aquário
Numero: 3
Simbolo: cruz / cruzeiro
Cor: preto e branco / preto branco e vermelho (omulu)
Planeta: saturno
Elemento: terra / terra - água
Pontos de força: cemitérios / grutas / praias
Bebida: água mineral / vinho tinto
Comida: pipocas / carne de porco / feijão preto / côco
Pedras: onix / olho de gato / quartzo branco e turmalina negra
Metal: chumbo
Essências: cravo / menta / violeta / lilás
Flores: crisântemos roxos e brancos / violetas / monsenhor branco
Ervas: barba de milho / hera / canela de velho / sálvia / cipreste /
fortuna
Incensos: violeta
Vela: preta e branca
Animais: caranguejo / cão / galinha de angola
Saúde: todo o organismo em geral / ossos
Chackra: básico
Carta de tarôt: 9 o eremita
Não é compativel com: sapo / muita claridade

ORIXÁS EM POESIA 103


POMBAGIRA

Caracteristicas:

Saudação: pombagira exu / laroiê pombagira


Sincretismo: diabo femenino / a mulher diabo
Data comemorativa: 6 de junho / 13 de junho
Dia da Semana: segunda-feira
Signo astrológico: sagitário / escorpião
Numero: 15
Simbolo: tridente curvo
Cor: preto e vermelho
Planeta: mercurio
Elemento: fogo
Pontos de força: encruzilhadas em T / passagens / cemitérios
Bebida: champanhe
Comida: padê (farinha de mandioca com azeite de dendê)
Pedras: onix / agata
Metal: ferro / chumbo
Essências: rosa vermelha
Flores: rosas vermelhas
Ervas: urtiga / hortelã pimenta / arruda / salsa / estoraque /
pimenta vermelha / pimenta preta
Incensos: rosa vermelha / arruda
Vela: vermelha
Animais: galinha preta / cão / bode preto / gato preto
Saúde: dores de cabeça / figado / orgãos genitais
Chackra: básico / sacro
Carta de tarôt: 15 o diabo
Não é compativel com: leite / sal / alimentos de cor branca

ORIXÁS EM POESIA 104


EXU

Caracteristicas:

Saudação: laroiê exu / exu omojubá


Sincretismo: diabo (também santo antónio em algumas zonas)
Data comemorativa: 6 de junho / 13 de junho
Dia da Semana: segunda-feira
Signo astrológico: escorpião
Numero: 15
Simbolo: tridente / falo/bastão-agô
Cor: preto e vermelho
Planeta: mercurio
Elemento: fogo
Pontos de força: encruzilhadas / passagens / cemitérios
Bebida: cachaça / whisky
Comida: padê (farinha de mandioca com azeite de dendê)
Pedras: onix / turmalina negra / rubi / granada / hematita
Metal: ferro / chumbo
Essências: cravo vermelho / arruda / estoraque
Flores: cravos vermelhos
Ervas: urtiga / hortelã pimenta / arruda / salsa / estoraque / pimenta
pimenta vermelha / pimenta preta
Incensos: arruda
Vela: preta e vermelha / preta / vermelha
Animais: galinha preta / cão / bode preto / gato preto
Saúde: dores de cabeça / figado
Chackra: básico / sacro
Carta de tarôt: 15 o diabo
Não é compativel com: leite / sal / alimentos de cor branca

ORIXÁS EM POESIA 105


VOCABULÁRIO USADO NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS

Abô - água dos axés, resultante da maceração em água das ervas


sagradas dos Orixás. Usada em banhos rituais (neste caso, tem de
ser usado no máximo 12 horas após a sua feitura, para aproveitar a
força das folhas frescas. Passado este tempo, entram em
decomposição, ficando o banho putrefacto, e podendo até criar
eczemas e doenças de pele), e em limpeza dos assentamentos
das entidades.
Agô - licença.
Agé - instrumento musical constituido por uma cabaça envolta em
uma malha de fios de contas, ou búzios.
Aiyé - mundo onde habitam os Orixás.
Ájá - sineta de metal composta de uma, duas, ou mais campainhas
é utilizada para incentivar a incorporação.
Amaci - banho preparado com as ervas consagradas a uma
entidade especifica, que serve para iniciar os filhos a essa
entidade.
Álá - pano branco usado ritualmente para dignificar os Orixás.
Alabê - chefe dos atabaques encarregado de entoar os cânticos
das diversas entidades.
Amalá - comida votiva oferendada a alguns Orixás.
Atin - pó mágico, em geral feito de pemba e outras substancias.
Axé - força mágica da entidade.
Axogun - importante especialista ritual encarregado de sacrificar,
segundo os preceitos, os animais destinados ao consumo votivo.
Babá - pai.
Babalorixá - cargo masculino da maior autoridade, de um dirigente
de uma sociedade afro-brasileira. Popularmente conhecido como “
Pai de santo”.
Balé - cemitério.
Bori - ritual que abre o ciclo iniciático do “filho-de-fé”.
Calunga grande - mar.
Calunga pequena - cemitério.
Casa de Santo - terreiro, ilê, ou barracão.
Contra-egun - trança de palha da costa, usada nos braços logo
abaixo dos ombros. Usa-se quando se quer somente a
ORIXÁS EM POESIA 107
ORIXÁS EM POESIA 108

incorporação de Orixá, pois como o nome o diz, não permite a


incorporação de Eguns (Exus, Pombagiras, Caboclos, Preto-
velhos, etc.).
Dan - serpente sagrada. Engole a própia cauda, representando a
eternidade. Sincretizada com Oxumaré
Dendê - palmeira africana, que se dá no Brasil. O óleo obtido dos
seus frutos chama-se “azeite de dendê”, e é utilizado para a grande
parte da elaboração das comidas de santo.
Dijina - nome iniciático dos filhos de santo dos candomblés de
Angola.
Ebô - oferenda, comida votiva.
Egungun - espirito dos ancestrais.
Egun - espirito dos mortos.
Equéde - cargo das mulheres que servem os Orixás.
Eran - carne vermelha.
Eran de eledé - carne de porco.
Ferramenta - peça que reproduz em miniatura os instrumentos
rituais da entidade.
Filho-de-fé – nome dado ao adepto das religiões afro-brasileiras.
Funfun - branco.
Ifá - Orixá senhor da adivinhação e dos oráculos. Também
chamado Orunmilá.
Inkice - Orixá.
Ganzá - instrumento musical semelhante a um chocalho.
Gongá - altar e sala, onde decorrem os rituais.
Ialorixá - cargo feminino da maior autoridade, de uma dirigente de
uma sociedade afro-brasileira. Popularmente conhecida como “
Mãe de santo”.
Iayá - mãe
Ifá - sistema de adivinhação usado pelos Babalaô (Babalorixá /
Ialorixá).
Ilá - grito de identificação do Orixá.
Ilé - terra.
Ilê - terreiro (casa de culto).
Ire - sorte, situações positivas.
ORIXÁS EM POESIA 109

Kiumba - espirito das trevas, associado a magias negras e


obsessões.
Maleime - pedido de perdão, clemência.
Marafo - cachaça.
Matamba - Orixá Iansã.
Mironga - mistério, segredo, magia.
Mojúbá - louvação aos Orixás e ás forças da natureza.
Obátalá - Orixá Oxalá.
Obe - faca usada nos sacrificios.
Obi - fruto comestivel, usado na comida para os Orixás, e na
adivinhação.
Ofà - instrumento simbólico de Oxóssi, constituido por um arco e
uma flecha unidos. Feito normalmente em bronze.
Ojá - turbante especialmente usado no Candomblé.
Ori - gordura extraida da semente do emi ou karitê, consagrada a
Oxalá por ser branca.
Orobô - fruto africano, preferido de Xangô.
Olodumaré / Olurum / Zambi – o criador.
Oriki - lendas e feitos de um Orixá.
Orógbó - fava de uma planta adaptada no Brasil.
Ossé - limpeza ritual dos assentamentos das entidades.
Otá - pedra que representa a entidade no assentamento, e onde
está concentrado o seu axé.
Pádé - rito e oferta a Exu no inicio dos rituais.
Peji - altar onde são colocados alguns assentamentos e oferendas
das entidades.
Pemba - giz preparado especialmente para os rituais.
Ponteiro - punhal.
Ponto - canto e desenho destinados a invocar a entidade.
Quizila - incompatibilidade.
Roncó - quarto de santo, onde ficam os filhos de fé que fazem
obrigações.
Saravá - saudação.
Terreiro - casa de culto aos Orixás.
Torso - o mesmo que Ojá.
Tronqueira - casa de Exu, na porta da rua.
BIBLIOGRAFIA

-Templo Sagrado de Umbanda


apontamentos do curso de Umbanda, 2007.

-Portugal Filho, Fernandez. Magias e oferendas afro-brasileiras -


Teoria e prática na magia do Candomblé. São Paulo: Madras
Editora, 2004.

-Romo, Rodrigo. Magia – prática e encantos. São Paulo: Madras


Editora, 2003.

-Castilho, João S. Xoroquê – O rei do ouro e da magia. -10ª edição.


Rio de Janeiro: Pallas, 2003.

-Vieira, Lurdes de Campos. Manual doutrinário, ritualistico e


comportamental umbandista / Supervisão de Rubens Saraceni.
São Paulo: Madras Editora, 2005.

ORIXÁS EM POESIA 111

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