a Arcádia Lusitana, espécie de academia que tinha como objetivo combater o mau gosto barroco, os excessos e exageros daquela escola. Aparece como escola na segunda metade do século XVIII, historicamente conhecido como “Século das Luzes”, época extraordinariamente definitiva para as ciências, o pensamento filosófico e as artes em geral. Cessam os trabalhos do Santo Ofício (Inquisição) A razão e o equilíbrio voltam a se destacar no panorama intelectual e aparece o Iluminismo, espécie de novo Renascimento que valoriza a Ciência e a pesquisa e que põe de lado a fé sem comprovação. A Ilustração, como também ficou conhecida essa época, é movimento humanístico- científico que se iniciara em pleno Renascimento, mas fora rompido pela Contrarreforma, e, agora, retomado através das obras e pensamentos de Voltaire, Rousseau e Montesquieu. O contexto em que o Arcadismo aparecerá como escola literária é de grande progresso: Revolução Industrial, Revolução Comercial e, finalmente, em 1789, a Revolução Francesa. Em Portugal, o Arcadismo será levado a efeito durante o governo do Marquês de Pombal (Pombalismo, de 1760 a 1808), que efetivou, naquele país, uma reforma política, econômica, social e religiosa. Fazem parte daquele período os seguintes aspectos: A) Iluminismo e Despotismo esclarecido; B) Expulsão dos jesuítas; C) o ensino leigo (não era preciso pertencer ao clero para lecionar nas escolas comuns ou universidades); D) a reforma universitária; E) a perseguição à nobreza. Homem muito importante para d. José I, rei de Portugal, casado com d. Maria, a Louca. Foi resoluto, mas parcial, infelicitando o clero, a nobreza e o povo. Penalizou pessoas de todas as classes Praticou toda sorte de prisões e homicídios Expulsou os jesuítas do continente e das colônias acusando-os de culpados por todo o atraso cultural português. Seus métodos eram violentos. Em vinte anos de poder centralizado e absoluto, ele reinou soberano. O povo, a nobreza e o catolicismo português receberam dele suas mais duras lições. Foi nesse clima de impasses políticos que surgiu o Arcadismo em Portugal. De modo geral, valorizou a vida simples e campestre... Mas... Fica a pergunta:
Por que uma escola, surgida em pleno
século de desenvolvimento e progresso industrial e econômico, tem como característica valorizar o oposto?
Talvez a resposta caiba naquilo que
presenciamos hoje: tem-se medo de perder contato com o que é natural. Os Árcades, à maneira deles, também estavam temerosos de que o progresso, as invenções como o navio a vapor e tudo quanto permitia a industrialização acelerada acabassem com seus paraísos de florestas conservadas e rios limpos, e tentaram preservar, ainda que no universo dos poemas, um tempo que fatalmente estava acabando. Fingimento árcade ◦ O poeta finge o campo como lugar ideal para se viver, finge-se pastor. (cada poeta tinha que escolher para si um pseudônimo pastoril) Aparecem assim, dois aspectos importantes: o pastoralismo e o bucolismo (campestre) Arte como imitação da natureza ◦ O poeta deve copiar ou buscar na natureza seus modelos. É a famosa mímese: quanto mais semelhante à natureza, quanto mais verossímel, mais perfeita a obra poética. Descritivismo: ◦ O Arcadismo descreve objetivamente. O poeta está muito mais próximo de um pintor. A descrição é indicativa de lugares felizes. Modelos clássicos: ◦ Usam, ainda que parcialmente, os modelos clássicos. O soneto não foi de todo descartado. Buscam a harmonia, a razão e valorizam o Bem, o Belo e o Verdadeiro. Uso da Mitologia ◦ Os poetas faziam uso em seus poemas, da mitologia greco-romana. (Neoclassicismo) Fugere urben – fugir das cidades Inutilia truncat – cortar os excessos, o que é inútil Locus amoenus – lugar agradável, ameno Aurea mediocritas – a simplicidade que o ouro (o dinheiro) pode comprar; a mediania do dinheiro Carpe diem – aproveite o dia, colha o dia Manuel Maria Barbosa du Bocage, o maior sonetista português do século XVIII Seu pseudônimo era Elmano Sadino ◦ Um poeta com má fama Sua obra divide-se em: - Produção Árcade - Tem como musa inspiradora Marília - O locus amoenus, o carpe diem e o fugere urbem aparecem largamente em suas produções durante essa vertente. ◦ Produção Satírica Faz poemas escatológicos, com os quais desanca as autoridades da época e critica duramente pessoas do seu tempo. Neles, a linguagem é chula, baixa. Escandalizou, com este tipo de poema, as instituições e foi acusado (e preso também) por incentivar a degradação moral de todos os que liam o que escrevia. ◦ Produção pré-romântica Enfrentando o abandono dos amigos e familiares e as dificuldades financeiras, já na última parte de sua vida, a sensação de abandono e solidão, de morte próxima, deram um contorno pré-romântico à sua produção. Nos poemas dessa fase há o lamento, a desesperança. O que mais se evidencia, no entanto, é a substituição do locus amoenus pelo locus horrendus. QUADRO GERAL a) Início: 1768 (meados do século XVIII). b) Fim: 1836 (princípio do século XIX). c) Livro inaugurador: Obras Poéticas (poesias líricas). d) Primeiro autor: Cláudio Manuel da Costa. e) Local onde o movimento nasceu: Vila Rica, atual Ouro Preto, Minas Gerais. f) Capital do Brasil: Rio de Janeiro. g) Movimento histórico importante: Inconfidência Mineira. Cláudio Manuel da Costa Tomás Antônio Gonzaga Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga Autores de epopéias: ◦ Basílio da Gama ◦ Frei Santa Rita Durão Patrono da cadeira número 8 da ABL (Academia Brasileira de Letras), Cláudio Manuel da Costa é considerado um dos maiores poetas brasileiros do período colonial. Advogado, era filho do lavrador e minerador João Gonçalves da Costa e de Teresa Ribeiro de Alvarenga. Depois de iniciar os seus estudos em Vila Rica (Ouro Preto) e cursar filosofia no Rio de Janeiro, seguiu em 1749 para Lisboa e, posteriormente, para Coimbra, onde se formou em Cânones, em 1753. De volta ao Brasil, dedicou-se à advocacia, sendo nomeado secretário do governo de Minas Gerais, cargo que ocupou entre 1762 e 1765. A literatura, sua grande paixão, não foi esquecida, e Cláudio Manuel da Costa criou uma academia, a Colônia Ultramarina. Depois, trabalhou como juiz medidor de terras da Câmara de Vila Rica, que era a capital da província mineira. Em 1773, adotou o nome árcade de Glauceste Satúrnio. Anos mais tarde, participou, ao lado de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, Inácio José de Alvarenga Peixoto e outros, da Inconfidência Mineira. Na mesma época, compôs o clássico poema "Vila Rica", pronto em 1773, mas publicado somente em 1839, em Ouro Preto, 50 anos após a sua morte. A poesia descreve a saga dos bandeirantes paulistas no desbravamento dos sertões e suas lutas com os emboabas indígenas, até a fundação da cidade de Vila Rica. Nas décadas de 70 e 80, escreveu várias poesias em que mostra preocupação com problemas políticos e sociais, publicadas na maior parte por Ramiz Galvão em 1895. Cláudio Manuel da Costa estava rico (possuía três fazendas, além de outros bens) quando se envolveu com a Inconfidência Mineira. Preso, foi interrogado pelos juízes no dia 2 de julho de 1789. Muito nervoso, comprometeu alguns amigos em seu depoimento, antes de ser encaminhado para a prisão, na Casa dos Contos, em Vila Rica. No dia 4 de julho de 1789, Cláudio Manuel da Costa cometeu suicídio dentro da prisão, embora alguns historiadores afirmem que o poeta foi assassinado. O seu corpo foi encontrado pendente de uma trave. Tomás Antônio Gonzaga, cujo nome arcádico é Dirceu, escreveu poesias líricas, típicas do arcadismo, com temas pastoris e de galanteio, dirigidas à sua amada, a pastora Marília. As "liras" refletem a trajetória do poeta. Antes da prisão, apresentam a ventura do amor e a satisfação com o momento presente. Depois, trazem canta o infortúnio, a justiça e o destino. As "Cartas Chilenas" correspondem a uma coleção de doze cartas, poemas satíricos que circularam em Vila Rica poucos antes da Inconfidência Mineira. Assinadas por Critilo (leia-se Gonzaga), habitante de Santiago do Chile (leia-se Vila Rica) e endereçadas a Doroteu (leia-se Cláudio Manuel da Costa), residente em Madri. Critilo narra os desmandos do governador chileno, o Fanfarrão Minésio (leia-se, Luís da Cunha Meneses). Por muito tempo, discutiu-se a autoria das "Cartas Chilenas", mas após estudos comparativos da obra com possíveis autores, concluiu-se que o verdadeiro autor é Gonzaga. Viveu intensa atividade intelectual na época em que o marquês de Pombal efetuava a reforma do ensino, quebrava a tradição escolástica dos jesuítas e combatia a nobreza. Daí Silva Alvarenga, ao sopro do entusiasmo da ocasião, ter publicado o poema herói- cômico O desertor, em 1774. Regressou ao Brasil em 1777, tendo como companheiro de viagem o irmão do poeta Basílio da Gama, Pe. Antônio Caetano de Vilas Boas. Começou, então, a exercer a advocacia no Brasil. Foi nesse quadro que Silva Alvarenga desenvolveu as suas qualidades de poeta, de mestre e de difusor de idéias. Instalado no Rio, abriu curso de retórica e de poética, em 1782. Sob o governo do marquês do Lavradio, protetor das ciências e das artes, tornou-se membro da Sociedade Científica do Rio de Janeiro. Poeta e político, Alvarenga Peixoto oscilou sua vida entre o desembargador e o poeta. Nascido no Rio de Janeiro em 1744 estudou no colégio dos Jesuítas em Portugal, e mais tarde “doutorou-se em Leis” pela Universidade de Coimbra, exercendo a profissão de Juiz em Portugal. Ao retornar ao Brasil, foi nomeado ouvidor do Rio das Mortes, em Minas Gerais, onde conheceu sua esposa, Barbara Heliodora. Tornou-se proprietário de lavras no Sul de Minas. Devido seu envolvimento com a Inconfidência Mineira, Alvarenga Peixoto é conduzido ao presídio na Ilha das Cobras – local onde escreve o poema em destaque. O poeta passou seus últimos dias em cárcere na cidade de Ambaca na Angola, falecendo em 1792. Sua obra não é muito vasta, visto que no ato de sua prisão, grande parte de seus pertences foram destruídos. Analisemos então um dos poemas encontrados em meio a seus manuscritos na Biblioteca Nacional de Lisboa, À Dona Bárbara Heliodora. O poema é dedicado à sua esposa. Composto por quatro quartetos, alternando de nove a doze sílabas em cada verso. Algo interessante é que, aproximadamente, após a sexta sílaba de cada verso o poeta insere a sétima sílaba com letra maiúscula. De modo que nos é possível duas leituras: a primeira de todo o poema: Bárbara bela, Do Norte estrela, Que o meu destino Sabes guiar, De ti ausente Triste somente As horas passo A suspirar. E a segunda, somente dos fragmentos destacados em letra maiúscula: Do Norte estrela, Sabes guiar, Triste somente A suspirar. Viveu intensa atividade intelectual na época em que o marquês de Pombal efetuava a reforma do ensino, quebrava a tradição escolástica dos jesuítas e combatia a nobreza. Daí Silva Alvarenga, ao sopro do entusiasmo da ocasião, ter publicado o poema herói-cômico O desertor, em 1774. Regressou ao Brasil em 1777, tendo como companheiro de viagem o irmão do poeta Basílio da Gama, Pe. Antônio Caetano de Vilas Boas. Começou, então, a exercer a advocacia no Brasil. Foi nesse quadro que Silva Alvarenga desenvolveu as suas qualidades de poeta, de mestre e de difusor de idéias. Instalado no Rio, abriu curso de retórica e de poética, em 1782. Sob o governo do marquês do Lavradio, protetor das ciências e das artes, tornou-se membro da Sociedade Científica do Rio de Janeiro.