Mother Ireland Estereótipos Segundo O’Brien, “os de seu povo foram os primeiros enterrados aqui, os primeiros de uma longa linhagem de fantasmas irlandeses.” (O’BRIEN,1976: 12)
Se você é irlandês, você fala suavemente, e é tido como
selvagem, devasso, bêbado, supersticioso, não-confiável, atrasado, bajulador e propenso ao mau temperamento, enquanto você sabe que na verdade uma verdadeira entourage de fantasmas reside em você” (23) Mitologia Na sua ressignificação do passado, dando voz aos fantasmas silenciados, O’Brien opta por descrever as origens irlandesas a partir de uma perspectiva mítica, portanto atemporal e alheia à história oficial. Ela inicia a partir de sucessivas invasões por Partholianos, descendentes de Javé, que foram extintos por uma pesse, depois conta a respeito dos Nemedianos que foram conquistados pelos violentos Formorianos, por sua vez seguidos pelos Firbolgs, que dividiram a Irlanda em cinco reinos e então conta da chegada dos druidas, ou Tuatha deDanann (filhos da deusa Danu). Por fim, a autora menciona os Milesianos, antepassados diretos dos irlandeses. Esses foram gauleses (celtas) vindos da Espanha, que derrotaram os Tuatha, e coroaram na colina de Tara (Hill of Tara), uma longa linhagem de reis irlandeses. Os Tuatha, por sua vez, se refugiaram no subterrâneo da Terra e reaparecem à superfície sob a forma de fadas com poderes mágicos. Texto paródico As convenções eram ocasiões para festividades. Os reis supremos, os reis menores, seus guarda-costas, os poetas, os advogados, as mulheres e os escravos, todos sentados em seus lugares e vestindo cores apropriadas para eles. (...) Suas peças de xadrez eram capazes de furar o cérebro de um homem e frequentemente o faziam. Os guerreiros sentavam-se com as cabeças de seus inimigos mortos debaixo de seus cintos e as vísceras caíam sobre os seus pés enquanto os soldados comuns punham musgo em suas feridas para que não sangrassem. (...) Quando o assado era cortado, ao historiador era dado um osso retorcido, ao caçador o ombro do porco, para o bardo e o rei os melhores filés e para o ferreiro a cabeça do animal! (14) Irlanda celta “países são mães ou pais, (...) e a Irlanda sempre foi uma mulher, um útero, uma caverna, uma rês, uma Rosaleen, uma porca, uma noiva, uma prostituta, e, é claro, a magra bruxa de Beare” (11) Todo mundo teve alguma coisa a dizer sobre a Irlanda – ensaístas, viajantes, advogados, núncios papais, juízes supremos – todos disseram o que pensaram ou o que tomaram por verdade, e então somos levados a acreditar que os irlandeses eram cordiais, teimosos, mesquinhos; que os ‘vulgares’ tinham tendência a beber cerveja e whisky em excesso, que os homens, as mulheres e as crianças eram todos viciados em tabaco, que fumavam em cachimbos de duas polegadas. (18)