1) O documento discute a tanatologia, a ciência interdisciplinar da vida e da morte, e como ela estuda a representação da morte no psiquismo humano e as reações ao luto.
2) Ao longo da história, o significado e os rituais da morte variaram entre culturas, como a cremação entre hindus e a incineração de heróis entre gregos.
3) Na Idade Média, a morte era mais comum e pública, ocorrendo em casa na presença da comunidade, diferentemente de hoje, quando
1) O documento discute a tanatologia, a ciência interdisciplinar da vida e da morte, e como ela estuda a representação da morte no psiquismo humano e as reações ao luto.
2) Ao longo da história, o significado e os rituais da morte variaram entre culturas, como a cremação entre hindus e a incineração de heróis entre gregos.
3) Na Idade Média, a morte era mais comum e pública, ocorrendo em casa na presença da comunidade, diferentemente de hoje, quando
1) O documento discute a tanatologia, a ciência interdisciplinar da vida e da morte, e como ela estuda a representação da morte no psiquismo humano e as reações ao luto.
2) Ao longo da história, o significado e os rituais da morte variaram entre culturas, como a cremação entre hindus e a incineração de heróis entre gregos.
3) Na Idade Média, a morte era mais comum e pública, ocorrendo em casa na presença da comunidade, diferentemente de hoje, quando
A morte constitui um dos maiores enigmas da existência humana. É considerada como um grande divisor das águas na INTRODUÇÃO plena constituição dos homens, é a mais universal das experiências e sua representatividade varia entre as culturas. Ao nascer, o individuo está em constante estado de preparação, para assim então, multiplicar e morrer. Porém, o ultimo citado, é obscuro, a ponto de ser negado durante toda a sua existência. Fato que aponta para o seu enfrentamento ineficaz. A Tanatologia ou ciência da vida e da morte é uma ciência interdisciplinar. É uma palavra de origem grega, derivada de duas palavras: Tanathos, o deus da morte e logia, ciência ou estudo. É, portanto, a ciência da morte e do morrer. O conhecimento e uma prática holística são as bases do cuidado interdisciplinar desta área. Inicialmente a tanatologia preocupava-se com o doente terminal, aquele hospitalizado, depois passou a preocupar-se também com a família deste doente, com os profissionais da área de saúde e com todos aqueles que, de uma maneira, ou de outra, estejam relacionados com ele. INTRODUÇÃO Hoje, a tanatologia estuda a representação da morte no psiquismo humano que envolve as reações ao luto, a rotina e as perdas diárias, isto é, as pequenas mortes, para que enfim, o homem entenda o que é chamado de “a perda maior”. Essa ciência é considerada tão antiga quanto a própria humanidade, pois o homem, destacando-se os filósofos antigos, sempre buscou desvendar os mistérios que envolvem o antes e o depois de sua existência. O estudo da tanatologia possibilitou um meio para resgatar o sentido da morte por meio da superação dos medos culturalmente instituídos propondo uma reflexão sobre o sentido da vida e o processo da morte e do morrer com dignidade. Para o ser humano, o ato de morrer, além de um fenômeno biológico natural, contém extrinsecamente uma dimensão simbólica, relacionada tanto a psicologia como as ciências sociais. Enquanto tal, a morte apresentou-se como uma manifestação impregnada de valores dependentes do contexto sociocultural e histórico em que se manifesta. A MORTE NA ANTIGUIDADE E NOS DIAS ATUAIS HISTÓRIA O significado histórico e social da morte varia de acordo com as diferentes civilizações. O processo do morrer recebe tratamento diferenciado na história dos povos. Uma das características do ser humano é a atribuição de significados e valores que ele imprime às coisas. “[...] Por isso, o significado da morte varia necessariamente no decorrer da história e entre as diferentes culturas humanas.” (COMBINATO; QUEIROZ, 2006). De acordo com a cultura e os costumes de cada povo, em épocas diferentes, o sentido dado à morte é distinto. Os sentimentos e ritos ligados a esse acontecimento variam conforme a evolução dos valores cultuados por cada sociedade. Os povos mesopotâmios tinham por costume enterrar os corpos dos mortos da maneira mais escrupulosa, sendo o cadáver HISTÓRIA cuidadosamente acompanhado de todas as marcas mais distintas de sua identidade pessoal e familiar, como seus pertences, insígnias e objetos de uso, suas vestimentas e até mesmo de suas comidas prediletas. A morte seria uma espécie de rebaixamento da vida, o apagamento dessa mesma existência. Já entre os antigos hindus a incineração crematória era o destino dado aos seus mortos. O cadáver era consumido pelo fogo, e as cinzas eram lançadas ao vento, ou nas águas dos rios, sendo o morto despojado de todos os seus traços de identidade. A cremação representava a purgação de todos os pecados. Para os antigos gregos, a incineração determinava dois tipos de mortos: o cadáver do homem comum e o cadáver dos grandes heróis. Os corpos falecidos dos heróis eram cremados na cerimônia da bela morte, onde os seus feitos no campo de batalha eram enaltecidos. A própria morte seria a prova de sua virtude, tornando-o um indivíduo cuja vida é digna de ser lembrada. HISTÓRIA Para os judeus e cristãos que acreditavam na ressurreição após a morte, esta seria o acesso para outra dimensão da vida que poderia no inferno ou no paraíso, conforme os seus feitos terrenos a partir da observância dos mandamentos de Deus. Na Idade Média a morte era entendida com naturalidade, fazendo parte do ambiente doméstico. Os cemitérios ocupavam o centro da cidade e faziam parte do cenário de vida das pessoas. Os mortos socialmente importantes eram enterrados no interior das igrejas. Aqueles menos importantes eram enterrados em um terreno ao lado, e os indignos sociais eram enterrados em vala comum que permanecia aberta até a completa lotação. O ritual da morte envolvia tanto a pessoa que ia morrer como os seus parentes e amigos. a morte é uma cerimônia pública e organizada. Organizada pelo próprio moribundo, que a preside e conhece o seu protocolo [...] Tratava-se de uma cerimônia pública [...] Era importante que os parentes, amigos e vizinhos estivessem presentes. Levavam-se as crianças. HISTÓRIA As pessoas que sabiam que iam morrer protagonizavam todo o ritual, despedindo-se dos entes queridos, fazendo o testamento, buscando se reconciliar com as pessoas e superar as mágoas. A comunidade participava ativamente de todo esse processo. De acordo com Moreira e Lisboa (2006), as pessoas morriam em casa, com a participação de toda a comunidade, o que as possibilitava vivenciar o fenômeno da morte de perto e, por estar ocorrendo com alguém tão próximo, era possível que fizessem uma identificação com o outro. “O conhecimento da morte era uma rotina e nenhuma criança crescia sem ter tido a experiência de ver, pelo menos, uma cena de morte.” Como um marco histórico-social, a revolução industrial HISTÓRIA trouxe uma nova ordem social que repercutiu nas formas de morrer, nos rituais fúnebres e no luto após a morte. A partir do capitalismo, com a necessidade de produção emergente, o homem passa a ser visto como mão-de-obra para o desenvolvimento da nação, portanto a necessidade de ser portador de um corpo saudável para o trabalho obrigou o deslocamento de doentes para locais apropriados para o seu tratamento. Esses locais seriam os hospitais. Com isso, veio à valorização do individualismo o que fez com que a morte fosse personalizada. Com a institucionalização das práticas terapêuticas, a morte saiu do espaço familiar para o ambiente impessoal das instituições de saúde. O moribundo ficou entregue aos profissionais que são pessoas estranhas ao seu convívio, privados da companhia de seus familiares e amigos. Estágios do luto Há algo que caracteriza o ser humano como tal e o diferencia dos animais, é a consciência da sua morte e finitude. Há muitas razões para se fugir de encarar a morte calmamente. Uma das mais importantes é que hoje em dia, morrer é triste demais sob vários aspectos, sobretudo é muito solitário, muito mecânico e desumano. A finitude refere-se aos aspectos clínicos da morte, o que denota o fim da vida, pela interrupção completa e definitiva das funções vitais. O MODELO DE KÜBLER-ROSS 1. Negação: este estágio ocorre quando é dada a DOS 5 ESTÁGIOS DO LUTO notícia e é influenciado pela forma como esta foi dada. A Estágios (de acordo com a internet) negação da morte é perceptível em todos os setores da sociedade, até mesmo entre os profissionais da saúde, sobre1. Negação a morte que comumente referem-se à mesma como óbito. 2. Raiva: quando não é mais possível manter firme o primeiro estágio de negação, ele é substituído por sentimentos de raiva, revolta, ressentimento. 3. Barganha: é uma tentativa de adiamento da 2. Raiva 4. Depressão morte; tem de incluir um prêmio oferecido por bom 5. Aceitação comportamento, as promessas podem estar associadas a uma culpa recôndita. 4. Depressão: ocorre quando não se pode mais negar e pode sobrevir um sentimento de perda. 3. Barganha 5. Aceitação: estágio em que não sentirá depressão nem raiva quanto ao “destino”. Não se pode confundir aceitação com um estágio de felicidade. O profissional, integrante da equipe de enfermagem, que luta sempre pela preservação da vida Equipe de às vezes sente-se incapaz e frustrado quando não obtêm êxitos em suas tentativas. enfermagem Portanto, deve se preparar para lidar com tudo isso, pois se trata de ocorrência muito comum no dia-a- na morte: dia do seu trabalho, para ajudar os outros ele precisa conhecer a reação psicológica da perda, saber identificar o luto normal e o patológico e entender a individualidade de cada um em reagir a esse acontecimento. A principal função do profissional é de assistir o doente, promover a sua recuperação e ajudá-lo a fazer o que não tem condições de realizar só. Torna-se de fundamental importância a boa relação entre profissional/paciente, pois muitas vezes esse profissional é a pessoa mais próxima do doente, que cuida de suas necessidades básicas e também simboliza o ele entre este e a família, tendo que lidar com os sentimentos dos parentes, as dúvidas e temores. a) Preparar o ambiente: o ambiente físico nunca é neutro, ele emite o tempo todo mensagens que podem ser de cuidado e
1. Lidando interesse como de extremo descuido e desinteresse e, no momento
da perda devemos atentar para o que a família precisa para sentir-se à vontade (café, almofada, sentar, etc. – no mínimo oferecer copo com a família com água);
Habilidades b) Acolhendo: fazê-los sentirem-se valorizados, isto é,
elogiar as forças da família, pois ao elogiar e oferecer uma nova opinião sobre si mesmos, cria-se um contexto para mudança, permitindo que descubram então suas próprias soluções para os problemas; c) Assumindo posturas físicas: o corpo “fala” daquilo que está no interior de cada um. Aproximar-se, ficar de frente, inclinar o tronco na direção das pessoas, manter contato visual, manter a fisionomia receptiva, concentrar-se neles ou um simples toque no ombro pode significar muito; d) Observando: atentar para as mensagens não-verbais e e) Escutando: muitas vezes os familiares necessitam apenas serem escutados para que possam ordenar e organizar sua experiência e, ao escutar, o profissional estará abrindo espaço para o alívio da dor. Não é fácil preparar-se para uma morte, os altos e baixos emocionais são constantes. No entanto, pode se tornar num 2. Lidando momento de reflexão e de crescimento espiritual. consigo mesmo A aceitação é possível quando o profissional admite de forma consciente que não se pode ter controle sobre a vida – Aceitação a obsessão pelo controle é conhecida como a fonte de frustrações e de alguns transtornos psiquiátricos quando exacerbados -, é preciso ter segurança no que faz e, principalmente, realizar ações de bom grado, ou seja, não destratar pacientes para evitar o sentimento de culpa após sua morte.
“A aceitação da morte constitui certamente um dos
maiores sinais de maturidade humana, daí a necessidade duma educação sobre a morte, duma ‘ars moriendi’ (Latim: arte de morrer), porque a morte, paradoxalmente, pode ensinar a viver.” - Oliveira (2002)